Os nós da vida......
INQUIETUDE...A VIDA COMO ELA É ...Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a exsudação (sofrida) do homem foi capaz de retocar, sinto-me, apesar de tudo, contente comigo mesmo.É isso. Não tenho feitio nem género, nem jeito, de poeta silingórnio, à espera que aceitem as minhas queixas. Sonhando - e só - com o belo, porque incapaz de o viver, ou até de o tentar construir, cá vou indo.Não simbolicamente nas palavras para os outros, mas, de facto, para meu gozo pessoal. Egoísta ?!...- talvez, se assim o quiserem.Não saber - até ao fim ! - se sou o que pareço, ou, tão só- e mais importante - se sou de facto o que queria ter sido. Nada de complexo, nem em «complexos» estados de alma. Sou claramente - e só (!) - um inquieto.E mais nada.Não culpo a vida por não ter sido a que queria que fosse. Porque a vida não tem culpa de eu não ter sido capaz de ser diferente ; e porque, ser pouco ou muito, não é importante. Importante é ser verdadeiro : - comigo e com os outros.Se eu tivesse a possibilidade de tirar um bilhete para qualquer parte, para aí ser diferente do que sou aqui, queria mesmo era «vir» para aqui,e ser o que sou. E não para outro lado.O que posso dizer é que a minha «estória» está cheia de vida que quis ser vivida desta maneira. Sem concessões, mas sem demasiadas queixas.Sempre que fui atingido não me preocupei demasiado em me interpretar. Bastou-me saber que outros - muitos outros, milhões (!), uma imensidade - são, dia a dia, hora a hora, muito mais profunda e ingratamente atingidos. O que foi (sempre) suficiente para me estimular a sobreviver, e a não me queixar. Que gozo dariam «aos outros», os meus queixumes?...Não subsisti nulo ; de modo nenhum. Dessa postura me pretendo liberto.Eliminei a fé para dar espaço à razão ; tarefa que não sendo fácil, nem cómoda, é contudo mais verdadeira.Não tenho sonhos fantasmagóricos, porque (con)vivo bem com os meus fantasmas. Que não são complexos. Porventura «reais», demasiadamente reais para me meterem (muito) medo.Tudo o que sei, aprendi-o. Não o herdei por programação externa, vinda de onde viesse, ou porque via arribasse.Sou por isso, impulsivo, violento às vezes, mas só com a barbárie dos profetas.Doce (?), poucas, é certo. Nobre sempre, vil nunca. Amigo fácil. Inimigo difícil.Tudo me interessa ; mas nem de tudo fico escravo. Ou de quase nada.Salvo da amizade.(Senos da Fonseca)