segunda-feira, setembro 24, 2007

EU NÂO DIZIA ?!...

No passado Domingo,foi uma restolhda, com a A.S.A.E. a entrar abruptamente pelo marcado da Costa –Nova ,fazendo uma razia ,atirando para o lixo todo o marisco que estava à venda.

Ora há cerca de três anos –o tempo corre!- neste Blog, a propósito de demagogias propagandeadas pelo Sr Presidente da Câmara,então,alertamos do que poderia acontecer ,pois tudo parecia estar na mesma ,falando-se em Bilhetes de Identidade do Peixe ali vendido ,e outras palermices quejandas ,que agora se verificam, são, como quase tudo ,apenas exercicios de verborreia demagógica .

Atentemos, então, no Blog de 27 de Outubro de 2004
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Volta a venda da chaputa na Costa-Nova

B.I. para os filhos da (CHA) PUTA ?...não ,obrigado…

Pelos orgãos de Comunicação Social ficámos a saber que foi reaberto o Mercado de peixe da Costa -Nova.Era de facto degradante, espelhando o desleixo desta autarquia que nos coube, o estado de calamidade a que se deixam chegar alguns equipamentos públicos ; degradante e preocupante, quando no caso vertente se trata de um equipamento que mexe com a saúde publica.
Trata-se de um mercado novo , inaugurado há menos de quatro anos que se deixou chegar a um estado tal de perigosidade que a mesma obrigou as autoridades sanitárias a intervir.
Depois da casa roubada trancas às portas :Só que há outras intervenções ,do mesmo nível e da mesma índole , a necessitar imediato correctivo que a mesma autoridade deve concretizar de imediato..Não sei se está ainda na memória de alguns a campanha da “menina pescadinha” com que a Gelmar pretendia, há décadas, fazer passar a imagem das virtudes do peixe congelado. Mas deve estar ainda presente -porque recente -, no espírito de todos a campanha onde em outdoors de grandes dimensões profusamente distribuídos pelo Concelho ,o BOSS da TERRA DA LAMPADA , numa atitude da costumada demagogia afirmava que a partir de então “o peixe vendido nos nossos mercados vai " TER BILHETE DE IDENTIDADE”. Lembram-se ? “PAROLES ...paroles .. paroles” diria o outro . FARÒFIA e só farófia.. digo eu ....Dinheiro esbanjado em propaganda do que nunca SE FEZ, NEM SEQUER SE TENTOU INSTITUIR. Demagogia; propaganda mentirosa que foi metida na gaveta. Tudo como dantes ...quartel general de Abrantes!!!
O Mercado da Costa –Nova não reunia –e desde logo na sua concepção - qualquer tipo de adequação ao fim a que estava destinado. Era um nado morto .Um projecto sem pés nem cabeça, sem dimensão nem conceito, disfuncional ,tosco ,desconfortável ,totalmente ao arrepio da modernidade ,salvo as pindéricas colunas às riscas que estavam ali “ achapadas”não sei para quê.Mais grave é que concretizado ,não se tenha tido ao menos cuidado na sua manutenção , limpeza e higiene ,compatíveis com o seu fim. Sem lavagem diária ,sem desinfecções periódicas ,o seu interior chocava ,como chocava o seu exterior ,onde o cheiro nauseabundo dos esgotos na sua proximidade , atestava a duvida patente do seu interior ; nos passeios os dejectos exibiam-se aos (desatentos e descuidados) utentes que nele procuravam confiadamente , sem identificação de data e ou proveniência –o tal B.I. -,peixe ou mais grave, bivalves e outros mariscos. Todos sabíamos que a maior parte do marisco ali vendido era de proveniência directa da Ria sem passar por depuradoras – que construídas ali ao lado estão ás moscas -e ou até, apanhados em períodos de proibição publicamente publicitados mas não respeitados, nem sequer fiscalizados.
O piso do mercado , cerâmico sem isolamento ,hoje totalmente desadequado,porque ajuda a retenção de porcaria ,apresentava-se invariavelmente porco; as condições para os vendedores eram minimalistas .. Não respeitados estes, desrespeitavam eles também, as suas obrigações e deveres . Local ventoso ,frio ,desconfortável ,é impensável que tivessem sido ali gastos tão recentemente , milhões de euros do erário publico. Ao lado, o sector dos verdes e frutas, misturado com a venda de panos ,louças e afins ,de circulação por vias sem saída ,é no mínimo impensável..
Agora , na venda do peixe , depois da propalada reabertura constata-se , que nada de novo foi feito :bancas, na mesma ;as torneiras de chuveiro já não existem passada que está uma semana; bancas mais higiénicas prometem-se para as calendas, e apregoa-se também para aí uma cozinha (?!); tudo afinal como dantes ; e tudo vai acabar na mesma quando para o ano nos depararmos com a situação de total incumprimento por parte da Autarquia , da obrigação publica de manter a higiene em níveis diferentes da situação terceiro mundista , que este ano foi patente a ponto de merecer reparos públicos. Pestilenta ,caixas de esgotos a verter para a rua ( que justificação existe para a batelada de dinheiro gasto num saneamento que não funciona?!- é o que conviria saber ),ratazanas que substituem os veraneantes numa marginal transformada em caixote de lixo , a Costa- Nova ,praia que já foi a jóia da coroa ,exibe hoje uma degradante imagem de um desleixo obsceno.
Quanto ao bilhete de identidade do peixe miúdo ,( que os peixes GRAÚDOS têm cadastro), não deve ser necessário .Que o peixe que lá se vende, disse-nos uma peixeira sem papas na língua , são os coitados filhos da (cha) puta.
Aladino

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Bruxo ?

Não ,apenas bom observador.

Então onde estão os B.I do peixe e marisco?

Onde está a tal cozinha ,necessária para a venda de marisco cozido?

Parolles…Parolles …são só…Parolles …

E O PS onde está? Continua em férias? Nada diz ? Nada denuncia?

A TERRA DA LÂMPADA VOS CONTEMPLA.


Aladino

quarta-feira, setembro 19, 2007

AQUILINO RIBEIRO



O grupelho de monárquicos ,deveria querer dizer - sobre a ida dos restos de Aquilino Ribeiro para o Panteão -o mesmo que o Padre Gonçalves teria dito na despedida do jovem Aquilino,do colégio de Lamego (onde o seu comportamento era motivo de séria preocupação):

-Não és mau rapaz ,mas se não voltares, passa-se aqui bem sem ti!

Com uma diferença .
O grupelho habituado ao bom rapaz, que parece ser Sua Alteza, um D. Duarte imbecilizado a pensar que é «Rei» pelas vias urinárias dos seus anteriores , parece vislumbrar, no Aquilino, um terrorista carbonário,que por isso não merecia ser acolhido no altar da Pátria. Mas, parece, lhe não negar as virtudes de grande escritor .

Aquilino foi um grande da literatura portuguesa; um dos seus maiores. Indubitavelmente . Provavelmente, junto a Camilo ,o que maior léxico, reuniu e repôs ,no renascimento da escrita pátria.
Não (só) pela quantidade do mesmo, mas no modo como o integrou numa escrita criativa – arrevesada ou não – por onde perpassam figuras de uma beleza notável .Onde se destaca esse notável Malhadinhas ,adorável e excitante figura do almocreve ladino ,espirituoso ,sarcástico e refilão.

Eu sei …
Sei que hoje na escrita se prefere, a ideia à forma .Esta por vezes surge escanzelada ,despida, quase que nos impressionando ,como um morto vivo de Auschwitz nos penetra .Como figura humana ,que ainda parece ser, mas agonizante ,esquálida. .Eu não aprecio essa forma .Mas não lhe nego, defensores .

Continuo, porém, a sentir-me bem quando, volta e meia, regresso aos mestres :Aquilino , Torga , Camilo e Eça (etc),para me deliciar com os que se preocuparam com a beleza da forma ,escrita.

Aquilino, assombra-me ,por não ter sido , apenas –e já era muito !- um notável escritor .Mas pelo homem que foi; até mesmo, se quiserem, no seu pendor revolucionário, quando jovem andou perto dos regicidas .Aprecio-o , naquele modo de jamais joeirar fosse o que fosse; de varrer a testada a varapau, ou à bofetada ,como o fez nas bochechas do fradalhão de Viseu ;ou na rispidez com que tratou o «nosso» P. Manuel Ançã ,quando este o expulsou do seminário de Beja (ainda bem !..para as letras nacionais) .Admiro-o, quando opondo-se ferozmente a Salazar , sofreu o estigma do exílio.De onde voltou muito mais rico de saberes, mas a pensar o mesmo, como antes de ir, a escrever esse «Quando os Lobos Uivam»,livro que adquiri atrás do balcão ,proibido que estava pelo fradalhão de Stª.Comba .
Mas curioso : Salazar de ele disse, quando ordenou inquérito à PIDE

-“Comece o seu inquérito por Aquilino .É um inimigo do regime .Dir-lhe-à mal de mim ;mas não importa, é um grande escritor”

Tão grande que até Salazar lhe reconhecia a dimensão

Eu não sei se Aquilino gostaria desta andança das suas ossadas. Provavelmente apreciaria mais que corrigissem o crime de se não ver incluído nas selectas por aprendem(?!)os nossos jovens.

Ele sabia que não escrevia para o povo: porque este, dizia «não sabia ler e se soubesse não gastava dinheiro a comprar livros» .
Mas que diabo .o povo então era outro, e as necessidades muito maiores do que os dispensáveis livros.
Mas isso era no tempo da outra «Senhora»

Agora, fica mal ,a um País ,não mostrar um dos seus maiores.


Aladino

«OUTONIÇO»




Acordo hoje ,

Nesta manhã que sendo linda

A mim, doente me parece.

Como as folhas das árvores que o Outono empalidece.

Olho o céu que se mostra, aqui, pequeno

Sem lonjuras onde pouse o meu olhar

Além!

Estou triste ,ao olhar a minha gente deprimida

E eu ,outoniço, também…



Senos Fonseca

(acordar em Ílhavo, Setembro 2007)

terça-feira, setembro 18, 2007

D. MANUEL II EM AVEIRO.

Neste ultimo sábado, recebi a visita do Prof. Dr. Tavares da Silva .Já lá iam muitos bons anos –quase diria mais do que uma vintena –e nunca mais tínhamos contactado.
Foi professor Catedrático na Universidade de Coimbra ,onde nos conhecemos ,e tinha, e tem, julgo, uma casa –singular –que creio herdada do seu Pai, na Barra ,ali perto do farol. Foi certamente das primeiras, a ali, ter sido edificada. Casa que recuperou, num processo que me lembra ,difícil, no relacionamento com a Câmara de Ílhavo, de então.
Trazia-me, o Professor ,um interessantíssimo trabalho ,produto de uma investigação sobre a visita de El Rei D. Manuel II, a Aveiro ,em 1908,a que nunca se teria dado o devido relevo. Eu, pelo menos, nunca tinha dado por tal.
Li o livrinho ,com muito interesse .Muito bem escrito ,referenciando os jornais da época aonde vai beber informação, com o atractivo, extra, de conter fotografias inéditas ,de muito e relevante, importância.
Um excelente trabalho, denunciando uma atenção muito activa na recolha histórica.Saliento dois ou três pontos:
a) A explicação do cadeirão oferecido ao Rei, que lhe serviu de assento na visita, em bergatim real -um simples mercantel !- à Barra .
Este facto fez-me pensar no motivo da visita, que o autor não refere. Associando a data (cem anos após a abertura da Barra -1808) é de colocar a hipótese de ter sido, a comemoração de tal acontecimento, a razão da mesma. Ora aquele cadeirão pertencia ao Salão Nobre da Câmara de Aveiro, e nunca foi reposto. Existem onze, e continua a faltar um. Está no Palácio de Vila –Viçosa.

b) O autor chama a atenção para um facto ,que, sendo, historicamente
vulgar, não deixa de ser interessante .Aveiro e sua População receberam em apoteose S. Majestade. .Dois anos depois, o mesmo Povo ,exaltava, vindo à Rua, com o advento da República.
Todas as revoluções têm elites que as comandam .O Povo reage ,quase sempre do lado vitorioso.
c) Nos créditos fotográficos, saliento o grupo fotografado em frente da
estátua de José Estêvão .
Raparigas (trajadas a rigor) e rapazes, todos funcionários da fábrica da Vista –Alegre. Poder-se-ão, talvez, identificar alguns dos fotografados. Em resumo : um bom esforço do Prof. Tavares da Silva. Que interessa a todos os estudiosos da história de Aveiro. A ler e guardar.
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SENHOR JESUS DOS NAVEGANTES

Claro que apreciei a brochura de Hugo Calão –está ali um potencial investigador com créditos firmados ,que pode ir longe, oxalá não perca a vontade - e que julgo ter contado com a colaboração de Isabel Madail.

Nela se refere a fusão entre a história local e a história religiosa, tão ligadas elas estiveram ,pelo menos até ao século XIX ( XX).
Uma ideia de aplaudir. São pequenas histórias que fazem grandes histórias .
Estão de parabéns os autores.
Mas creio que há ainda por lá ,muito mais a pôr, cá para fora .

Façam favor de o fazer

Aladino

domingo, setembro 16, 2007



(Na despedida)

Ria Esquiva

Quando pela frígida madrugada
Entras devagarinho ,
Parecendo envergonhada
E me dizes psst!
Tão de mansinho,
Sabes bem que te acolho e recebo,
Oferecendo-te o meu corpo
Para que nele te aconchegues, enrolada
Mesmo que já não sirva para nada

Cubro-te com bragal de linho bordado
Teu corpo feito de lindas águas
Agora cansado.
E deixo que adormeças
A sonhar com o norte
E com as gaivotas grazinas
E os peixitos traquinas
Que te debicam o peito
E assim afugentam a morte
Salvando-se da má sorte

Acordado velo
Para que nada perturbe
A paz do teu sono, tão belo
Até que a manhã desponte
E seja eu a chamar
Para te acordar ,psst!
Para que não percas
O grandioso momento
Em que o Sol te vem beijar
E as grazinas traquinas começam a gorjear


Partes sem nada dizeres
A recomeçar teu fadário
Sem nada fazeres
Ou de mim algo quereres
Deixando-me em lágrimas banhado.
E sem que dos teus lábios
Venha palavra meiga,
Partes em alto devaneio
Bonita, bela e esquiva.
E eu aqui resto, sem vida


Senos Fonseca
16 de Setembro 2007

FIM DE ÉPOCA 2007

sexta-feira, setembro 14, 2007

FLEXIBILIZAÇÃO . SÓ DOS TRABALHADORES?

Ocorrem-me graves preocupações ,ao ouvir posições tão desencontradas sobre a chamada Flexibilização laboral .Está na ordem do dia ,está na moda ,e diz-se :- veio para ficar

Tenho imenso receio de que se esteja a pedir demais aos trabalhadores , em nome de uma competitividade ,que pensa colocar-se no terreno, por via de um retrocesso social.

Tive, ao longo da vida profissional , oportunidade de perceber a vantagem - e tentar várias vezes - ,soluções flexíveis .Um código de trabalho espartano dificultava conseguir soluções ,sem perigo de mais tarde ,o feitiço se virar contra o feiticeiro. Era muito difícil conseguir coisas positivas ( lembro-me da tentativa do horário seguido com pausa curta para almoço ;férias etc.. etc)

Se este problema da flexibilização ,se fixar em acordos, caso a caso ,considero um avanço perante novas situações laborais a exigirem outro tipo de resposta, mais adaptadas à realidade .

Se a flexibilização se tornar Lei Geral ,então estaremos perante uma clara agressão à força do trabalho .

Ontem no «Le Monde» –em que procuro refugiar-me do tédio que sinto por esta comunicação social que temos ,macabra ,sórdida e doentia –li um curioso artigo sobre a comparação entre as Multinacionais e o regime Hitleriano.
Talvez uma semelhança ; mas o regime de Hitler- ao menos !- tinha um rosto .E uma multinacional não tem .No fim nem se podem levar a Nuremberg, aqueles que trucidam tudo e todos ,em nome de interesses especulativos , bolsistas. Numa pequena empresa os bens do dono ,respondem pelas asneiras ,Numa multinacional ,nada responde por nada .Ou quem paga, são os de sempre.

E o movimento sindical – não este que temos ,velho e caduco –como irá responder ?
Aqueles que andam a apregoar a beleza da Globalização ,ainda não perceberam que ela é, apenas e só ,um estádio superior do mais feroz Capitalismo ?
Agora sem rosto ,nem culpados.

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FAZER, OU FAZER QUE SE FAZ …?

Preocupa-me uma certa inquietação de ,ao nível nacional, me parecer que o Governo ,faz um pouco de conta que faz ,quando deveria a todo o custo ,fazer mesmo ,e já !...

Explico .

Aceito que um Governo Socialista coloque como estratégia ,obrigar todos a participar na resolução da crise .

Mas,

1-Em primeiro todos deveriam contribuir .E os que têm mais ,suportarem mais .Entendo isso e pela minha parte sujeito-me, de bom grado ,em contribuir o que me for estipulado Mas o que me parece que o que está ser feito ,é que são sempre os mesmo a pagar.Não se corrigem questões escandalosas …
Um Governo Socialista não pode aceitar, e muito menos proceder como tal…injustamente.
A crise em Portugal ,criada pelas loucuras e desvarios anteriores está a ser paga ,por aqueles que podem menos. Pela classe mais baixa e média.
2- O tempo de crise teria de ter um limite temporal ,perfeitamente -ou pelo menos tão aproximado -quanto possível.
Isto é :agora vai ser assim …e depois vai ser assim .Então todos perceberiam para que era o sacrifício. Era pois uma estratégia assumida com transparência.

Dou por mim a recear que muitas coisas não estejam a andar.
Na Saúde –não vejo melhoras para lá do gastar menos ,nem vejo medidas de disciplina que limite os abusos .E claro ,vislumbro a evidência de que o sistema de saúde evoluirá em desfavor dos que menos podem .
No Ensino ,verifico algumas melhoras .Mas vejo enorme confusão na definição de pontos cruciais: o de captar o interesse dos professores para participarem na tarefa ;na definição das regras de disciplina nas escolas; na autonomia das Escolas dentro de um sistema bem definido; na questão da harmonização do estatuto de Bolonha com a realidade do actual sistema do ensino superior, etc etc

Na Justiça ,tenho a amarga sensação ,de que com o sistema corporativo a funcionar em pleno ,todos os esforços sejam em vão .É um caos .Mete dó ao ponto a que chegámos.

Politicamente :

Mais grave :se os actuais não dão conta do recado ,nos outros campos políticos ,a situação é mesmo trágica .
Piores .Muito piores.

E então, o que esperar desta salgalhada nacional?
Ou esperarmos alegremente ,até que nos transformemos ,pura e simplesmente numa região da Europa?
Ò ! Fernando Pessoa :para quê a tua Mensagem ?

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EFICÁCIA -PREVENTIVA


Há coisas que me parecem simples e com eficácia segura .

Porque é que os encarregados de educação não são obrigados ,no principio de cada ano escolar ,a apresentar um relatório sobre os seus educandos, onde citem, por exemplo :

1- Se o seu educando teve no ano anterior alguns indícios de perturbação psíquica ,sugerindo necessidade de aconselhamento, e ou, acompanhamento.
2- Se teve problemas comportamentais na vida social ou familiar (ou questões de gravidade com Justiça) que justifiquem acompanhamento próximo
3- Se verificaram mudanças de outro tipo –ou novos hábitos -,sugerindo evolução a ter em conta.
Julgo que tal atitude seria um óptimo preventivo para situações cada vez mais preocupantes , porque inesperadas. E o esforço para, na Escola, haver tratamento destes dados por pessoal para o efeito preparado, não seria de todo desproporcionado face aos ganhos, evidentes.

Aladino

terça-feira, setembro 04, 2007

Aquilão


Foste cantado por Plínio

Quando vindo lá da serra

Trazias contigo

O perfume da urze e o cheiro da caruma.

Descendo, encosta abaixo , caminho ínvio

Sobrevoando a terra, apressado,

Para te vires refrescar na laguna


Exsudaste o marnoto

Fazendo-lhe correr rios de suor

Enquanto cometias o prodígio

De transformares água em flor,

E assim nascia o sal.

Mais do que um milagre.

Igual, só o vivido no natal!




Teu sufoco causticava

O moço do moliceiro

Que de vara ombreada

Percorria a auto estrada da borda

Na procura de um novo veiro.

Enquanto lá ao longe

Um maçarico sonolento ,acordava.




Fazias do mar ,lama

Levando contigo a «xávega»

A paragens que pareciam infindas.

E o arrais endoidado por ti

Seguia-te como à sereia

Sem saber se havia mar e norte

Ou se o atrevimento findava, em morte.

Senos da Fonseca

4.09.2007

segunda-feira, setembro 03, 2007

MEU CRIDO HOME :


Várias pessoas solicitaram-me ,que arranjasse e divulgase ,a célebre carta ,que no lançamento do «Ílhavo -Ensaio Monográfico» a D .Maria José Cachim –sua autora – deu a conhecer .Acabada de chegar ás mãos, apresso-me a divulgá-la no Blog ,já que a mesma é um documento notável, pleno de humor ,uma recolha dos falares simples das nossas gentes ,servido por uma capacidade invulgar de reprodução de conversas «de borralho» daqueles tempos .

À Maria José Cachim, aproveito para agradecer a sua colaboração , que enriqueceu ,sem duvida ,o simples apresentar do meu trabalho ,nem ò vida ,tão interessante como a sua missiva.


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CARTA RECEBIDA NO BACALHAU E ENCONTRADA DENTRO DE UM VELHO BAÚ. CORRIA O ANO DE 1930.
OS TERMOS SÃO GENUINAMENTE ILHAVENSES; OS COMENTÁRIOS FEITOS PELO DESTINATÁRIO, TAMBÉM AUTENTICAMENTE LOCAIS, SÃO DA MAIS PURA IMAGINAÇÃO.
NA LEITURA DESTA CARTA PROCUROU-SE REPRODUZIR, O MAIS FIELMENTE POSSÍVEL, O SOTAQUE ILHAVENSE, QUE NA ÉPOCA ERA TÃO CARACTERÍSTICO DA NOSSA GENTE.


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CRIDO HOME

Que estas duas letras te bão incontrar bem que aqui onde me dachastas istou de prufeita saúde.

DE PRUFEITA SAÚDE: E EU QUE M' AMOLE, ESTIPOR!

Alembras-te Manéu, acando te fostas imbora, foi pra mim uma desóstinação, ráio, chorei baba e ranho de sóidadas. Olha, a nossa baquinha...

A BAQUINHA, TÁ LINDA, ÀS MALHAS PARCIA O ÁRQUIRES CANDO LHE DEI A MÉZINHA PRÁS BEXIGAS. FICOU DE SETE CÔRAS!

impriu c'u imprasto que fizestas, coitadinha e lá medrou. Istou chóia de chança por isso. Manéu, queras saber qu'a cachumenta da tua mãe qu'anda sempre nessa bida...

C' A RAIO DE MULHER ! QU'ELA TEM A BER C' A MINHA MÃE ? DA MÃE DELA NU FALA, O ESTIPÔR

Agora meteu-se cu'a cubilheira da tua cunhada...

QUEREM BER QUE TENHO A FAMÉUGA TODA NA CARTA !? CUBILHEIRA, A MINHA CUNHADA ! CUBILHEIRA É ELA, QUE BAI CONTAR TUDO O QUE OIBE.

Onte, cando eu estaba a prantar as coibas ó lume apraceu-me cu'a cundessa da broa bazia e qu'ria uma traganeira p'ra fazer migas. Agardeceu, mas o fito dela era oitro, era auserbar a minha bida. Eu nu me contriba e cando a nossa cunhada, esse côdre, passa, toda prosa no adro...

TODA PROSA. TEM RAZÃO, TEM TUDO BÔ NAQUELE CORPO!

benzo-me logo e agarro o sino saimão, corrujido, Manéu, t'arrenego dos maus olhados, qu'inda me põe cobranto na nossa cozinha.
Ai Manéu, canto me custa a passar o tempinho sem ti, manóia-te daí, home, há aqui tanto trabalhinho p'ra fazeras...

AH MULHER DUM RAIO, P'RA OITRA COISA NU ME CHAMAS TU. SÓ P'RA TRABALHAR E EU AQUI CUM BUNTADE DE TUDO E DE M' AGARRAR A TI, CACHOPA.

Onte fui oibir um sarmão por tua intenção e queras saber, a Rita da Benda ficou à minha beira, ai, rico Manéu, fedia qu'estrecalaba, aquele raio era só cachaça e mijo!

NUNCA FOI D'OITRO MODO ! MIJO E CACHAÇA ! GRANDE ESTIPÔR, ESTA MINHA RIT A !

Eu tinha lebado uma escadoça e estaba mesmo incangada de todo por ter labado as pias e as gamelas p'ra tindêr a brôa mais cedo e inté pensei: crendas ber que bou esgómitar c'u aquela fedorenta ! Mas o sarmãozinho foi muito lindo, Manéu. Dormi que m'arregalei...

A SONHAR C'U PADRE, QUERAS BER !

estaba fauta, sabas?

AI, AI,AI,AI !!!

E nu m'óguentei nas grulas, mas foi muito lindo! Olha Manéu, a nossa Ana...

A MINHA MENINA !

está munto esmarada, caredo, troixe da mestra uma cópia qu'é um'ássociação. Lá está ela ali abusacada à mesa da cozinha a ler aquelas coisas lindas e a comer a marenda ! Há-­de ser uma gobernadeiraça, a noss’Ana... .

AI ISSO HÁ-DE SER !

O nosso Tóino...

O TÓINO SAI AO PAI. TRABALHAR, SÓ OBRIGADO.

cada bez s'aparece mais c'u atado do teu pai...

MAU, MAU !

coitadinho, que Deus o tenha em descanso. Se le mando fazer cauquer coisa, faz-Ia a mangar, é um esconchabo, aquele moço! Anda d'amôras cu'a Maria Rosa do Ti Jaquim, lá a inloilou e ela disse-Ie que sim. Estão sempre derretidos, os estipentos...
CUM QU' ENTÃO DERRETIDOS ! S'ELA ENCHE TEMOS BOTA ABAIXO NAQUELE FOCINHO QUE LE DOU EU !

A porta da cozinha está toda esconchabada, uma rabanada de bento impandeirou-le c'u taipau qu'assiguraba a parróira. Agora tenho que ter oirêlo na saugadeira por bia dos guatos qu'a tampa que le fizestas também arriou duma banda...

RAIOS PARTA A MULHER ! FAÇO SEMPRE TUDO MAU ! GEITOSINHO SÓ A ANA E O TÓINO !

A Micas do Janêlo, coitada, lá s'impandeirou, ó fim de tantos dias, coitadinha ! Diz qu'i... que foi um mauzinho desconhecido, ou uma coizinha ruim, eu cá no sei ó certo! Deus a lebou esfaufadinha de sofrimento!

AMÉM E BOA BIAJE !

A Rosa da Fonte também nu anda nada bem, o esprito do sogro da nossa comadre meteu-se c'u ela e, coitadinha, aparece uma probezinha. As noitas são todas d'alebante. .

CAU ESPRITO, CAU RAIO ! SÓ SE FOR ESPRITO DE CARNE E OSSO !

oitro dia fui por ela e, na cozinha, vi tudo esfaucaçado, ele eram coibas, ele era choiriça, ele eram batatas, era uma. desorde naquela casa. Uma truquia cumpleta. Os cachopos choramingabam cum fome. Esquentei-os e avrigüei-os e ela nem deu por isso. O home dela desapraceu e a família nu se dá c'u ela, é sempre uma râxa porca.

Ó DIABO, AQUI NU TENHO RAZÃO, A COISA ESTÁ MESMO MAU. BÊ LÁ SE FAZAS AUGUMA COISA POR ELA, RIT A.

Olha Manéu, estas duas letras já bão munto cumpridas, mas deixei a nubidade mais triste p'ró fim. Se calhar estou oitra bez pranha...

NU ME DIGAS, CARAGO !

. Bê lá home o que tu fizestas ! Cáde ser da gente ! Mais uma boca p'ra comer e nós cum tão poucas possas. Se fôr... paciência... chapá-Io fora é que não...

LÁ ISSO NÃO, QUE SOU HOME DE RESPONSABILIDADE !

A gente tem c'óguentar, mas parece que já estou niquenta e biqueira p'ró comer. Bai ser uma bergonhaça, c'us nossos filhos já tão graúdos.

CAU BERGONHAÇA, CAU RAIO ! BERGONHA DEBIAM TER AUGUMAS MADAMAS NA TROMBA QUE DESFAZEM DE DIA O QUE FAZEM DE NOITE !

O nosso aido mete raiba, Manéu ! A nobidade está toda a nacer...

ISTO É ANO DE NACIMENTOS, JÁ 'STOU A BER !

queira Deus que medre depressa p'ra nu mexer nu abanço, que nu é munto, mas s'eu ajuntar augum, podemos mercar a leira do Tóino da Esquina que Deus tem...

ESTE ESTIPÔR NU SABE MESMO ESCRUBER: DA ESQUINA QUE DEUS TEM ; ATÃO DEUS TEM A ESQUINA ! DEUS TEM O HOME QUE ESTABA À ESQUINA. JÁ NU INTENDO NADA DISTO. ADIANTE !

e já nos arremediaba mais auguma coisita. C'u toicinho na saugadeira, as coibitas nu aido, era só o cunduto de bez em cando, nu achas, Manéu?

E O TINTO?

A nossa porca, cum lecença do autar da mesa, qu'stá posta, pariu dez porquinhos, uma gabela dêlas, graças a Deus. S'êlas imprirem bou bindê-Ios ós treze e arrecado o dinhóiro p'ra cumprar a indrómina p'ra t'ir esprar à Barra, cando chegaras...

A MINHA RITA D' INDRÓMINA NOBA ! ATÉ O CORAÇÃO SE M' ALEBANTA !

qu'ai Manéu, s'eu adrego de ber apontar as belas do teu barco lá ó largo, ai Manéu, a tua Rita atão mais prosa c'as serigaitas de Sanjónas nenhuma delas me ganha no amor qu'arde aqui no meu peito, raio ! Hei-de abraçar-te cu'as ganas todas da minh 'alma, oiça-me Deus !

AH, MULHER DUM RAIO, SE T’APANHO ATÉ T'ESTROCEGO ESTIPÔR !

E agora, Manéu, termino, por hoije ! Arrecebe dos nossos filhos muntos bâjos e de mim, raio, arrecebe um bâjo más grande qu'á boca da nossa Barra...

ESTIPÔR! CUM' Á BOCA DA BARRA. ESTA MINHA RITA TEM CÁ UMA BOCANA !

da que t'espera e que nunca t'esquece.

Rita da Purificação

Já m'esquecia. Olha Manéu, fiz uma proméssia. S' eu nu'stiber pranha e a nossa baquinha parir uma bezerra bais pegar no andor da procissão do Senhor Jasus!

INDA POR CIMA ! ELA É QUE S' ADBERTE E EU É QUE . ME TRABALHO !

mas se já nu tibéras lugar, atão dou cinco merreiszinhos pr'ajuda da faxa noba do Sanhor Jasus qu'a cabeleira, essa já'stá paga !

Rita da Purificação

ORGANIZADA E PREPARADA POR MARIA JOSÉ CACHIM

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Aladino

            Os nós da vida.... ..  INQUIETUDE... A VIDA COMO ELA É ...  Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a e...