segunda-feira, março 31, 2008

COMO VAMOS DE SAGE?...

Quando olho e me detenho a observar o que bóia por aí, na política, não posso de pensar no sophos de Platão.

Como é possível que quando ainda o tempo era menino e moço, ou o novo tempo ainda nem sequer tinha ousado, e já alguém pensava que o poder (só) deveria ser atribuído aos que sabem.

E entre outras coisas ensinava-nos que o politico sagaz – sem ela não há politico que se afirme -não pode ter só e apenas conhecimentos mas deve-lhe, sobrar temperamento.

E correcto é concluir que aqueles a quem falta o dito, são incapazes de governar. Porque tendem, ao menor espirro, a inclinar-se sob o poder, incapazes de combater os que só têm razão na multidão.

Para Platão não haveria governo se os que mandam não tivessem um pouco de filósofos -ou até – melhor seria, que os filósofos chegassem a reis.

Se assim fosse, estaríamos livres de uns carroceiros que do uso do poder só têm a visão do exacerbar de um ego patético, lerdaço, génios na patarrela mas medíocres na cidade.

Lá vamos. Esperem só um pouco…
---------------------------------------------------------------

EIS O HOMEM!

Dizia Platão que a politica era a arte de criar rebanhos, os quais se dividem em animais cornudos e não cornudos e, depois em bípedes e quadrúpedes. (…). A política é a arte de conduzir bípedes sem cornos e sem penas.

Foi preciso vir Diógenes com o candeeiro a atirar um galo depenado para o meio da academia e gritar «Eis homem de Platão»

Depenado sim; com cornos era indiferente. Porque, lá que os hay…hay…mas não o sabem. Ou sabem-no mas não se importam.

----------------------------------------------------------------------

CRESCE O QUÊ? - Só se for o cabelo…

Acabo de ouvir na televisão «Há uma coisa que cresce …cresce…cresce…»

Estes publicitários são uns exagerados. Que insistência. Não lhes chegava dizer «Há coisas

Em que era expectável que crescessem …»


----------------------------------------------------------------------

ESTRANHO ESTE VOLTAR DE CARA À VIDA….

De repente chocamos com pessoas por quem passámos uma vida e a quem, sem darmos por isso, nunca demos grande atenção, nem sequer nos detivemos para lhes dar uma palavra de encorajamento, tão assoberbados andamos a pensar que o importante é o nosso mundo.

Sou -ou contínuo – incorrigível. Atento numa pessoa e é como se ela (ou ele) passasse a fazer parte, imediatamente, do meu mundo. Consigo descortinar, ainda que por várias razões, que não há pessoas desinteressantes. Nós são que nem sempre estivemos atentos para as diferenças.

E ficamos a olhar, a saber como é tarde para estabelecer pontes.

Aladino

sexta-feira, março 28, 2008




SOMOS PORTUGUESES E BASTA… (2)


Fustigamo-nos, continuamente, flagelamo-nos seja em tempo de Paixão, seja fora dele. Sem ter do exterior um olhar crítico (o que se aceitava quando encerrados no Salazarismo, mas incompreensível quando hoje convivemos num mundo global da sociedade da informação), fazemos de um mosquito que nos cai no olho, o alarido de que, afinal o que nos atingiu foi, certamente, um elefante. E tanto chocarramos essa distorção que perdemos o espírito critico para nos interrogarmos se os elefantes voam.

1- Caso do vídeo

Já me entrou portas adentro, centenas de vezes. Desde há quatro dias que mesmo em zapping, não lhe consigo fugir. Estou farto da vulgata.

Com ele se deu a ideia que era algo de inédito, virgem, merecedor, por isso de repetição até à exaustão.Só por hipocrisia é que poderíamos vir clamar a ignorância sobre um fenómeno que começou há já muitos anos, e que se vulgarizou, aceite em silêncio por uma Escola (tudo que a compõe, note-se, não apenas e só os Prof’s) comodista, apática, permissiva e ausente. De que ouvimos falar continuamente e de que todos os que têm familiares na Escola, conhecem a imagem de cor e salteado.

Ora a meu ver, o problema – e isso é que deveria ser discutido – é exterior à Escola.
Mais: é comum – vulgar! – em todos os Países que não souberam superar os efeitos nocivos da sociedade de consumo.
Aos alunos antes da idade escolar falta educação, porque os pais também já primam pela ausência dela, e porque à medida que o tempo avança, essa carência se vai sentindo com mais acuidade, avança exponencialmente.

Comos Pais entontecidos pelo consumismo – valor (?!) que os miúdos interiorizam rapidamente – vive-se só para a posse, seja a que preço for. A posse sem limites e ou freio ou barreiras. Tudo parece lícito, quando feito em seu nome. Agregados familiares rapidamente desfeitos, porque o sentido do usa e compra um ultimo modelo, se transfere para os afectos, desfazendo-os, pulverizando-os, toldado o espírito pela paixão de um punhado de novos pixels, ainda que poucos e nem sequer testados. Os miúdos ensarilhados nesta mudança continua – e continuada – ficam entregues, desde muito cedo, a si próprios, vivendo isolados com – e para – os seus gadjets. Brincando sós e até sem amigos, porque os amigos que hoje criaram com os seus Pais, mudam em pouco tempo e aparecem os novos amigos que os novos pais lhes trazem porta adentro, numa rebalderia que parece não ter fim. Afectos ,foram-se...


Aladino

(PS: Durante o tempo (20 min ?!) em que escrevinhei o que fica dito acima, o vídeo passou meia dúzia de vezes.

quarta-feira, março 26, 2008


PULSO LIVRE


Tive o grato prazer – e até deleite -confesso, em ler com antecipação a edição do opúsculo contendo a mensagem que o nosso conterrâneo, Dr. António Malaquias, irá transmitir aquando da apresentação de «Pulso Livre», de Frederico de Moura.

Bateu certa a minha previsão sobre a pessoa mais indicada para enquadrar o esplêndido livro de Frederico de Moura. Difícil fazer melhor, senão impossível.
Porquanto A.M. junta à prodigalidade da forma como avalia o autor, um conteúdo exaustivo e subtil da personalidade daquele “que o que queria é que fossem libertados os «rústicos» de toda a espécie de grilhetas que os atormentavam». E que não gostava de se ater entre varais, e que até gostava de ter opiniões diferentes. Avaliação fundamentada em um contacto directo, próximo e até familiar, que leva o introdutor à leitura do «Pulso Livre» a sublinhar –o que reforça a nossa opinião –que não chega o passar-lhe os olhos por cima ,à vol d’oiseau ,sendo imperioso lê-lo ,mastigá-lo… e saboreá-lo. Pois só assim poderemos apreender a bonomia das deformações humanas, que sendo no livro (hiper) sublinhadas – que uma leitura apressada nos poderia conduzir a uma acentuação excessiva dos males – são antes uma expressão estética, subtil, de um olhar para o homem como resultado do meio em que se insere, «rústico» na superficialidade, mas xaroposo, doce, na verdade interior. E para o qual F.M. olhava com o mesmo desvelo paternal, idêntico ao que aquelas gentes dispensavam ao bulir do milheiral para lhe retirar as danosas, ou no gadanhar da leira para aconchego dos seus animais.

O opúsculo que em boa hora se entendeu registar, merece, ele também, uma leitura atenta.
Tem momentos de louvável ternura à mistura com outros de deliciosa erudição, orlada de citações tão a propósito, e tão bem enquadradas na prosa doce, que não resta outra atitude que a de nos deixar enlear, até ao fim, na dialéctica deste mestre, algures refugiado na sua toca que pena! – e que dela saiu para nos deliciar com a sua leitura do «Pulso Livre». Mas e fundamentalmente com a leitura que faz do autor, numa elegia à sua inquieta identificação com as raízes e as gentes da sua criação, impermeável a todas as deformações que lhe obliterassem, ou distorcessem, a fidelidade que parecia-e assumia- dever ao seu chão.

Com esta motivação acrescida, conto ansioso pelas horas que faltam para ouvir falar de um Amigo que me tratou, tantas vezes, a mim – rústico de tantos saberes – dos meus excessos racionais, levando-me a entender que o mundo é fascinante desde que o olhemos com óculos adequadamente prescritos.
Senos da Fonseca

terça-feira, março 25, 2008




SOMOS PORTUGUESES, E BASTA…

Um dia, já lá vão cinco séculos, anunciaram-nos que tantos tinham sido os feitos, e tantas as glórias alcançadas, e tanto fora mundo dado ao Mundo, que dali em diante, nós, Portugueses, não precisaríamos mais de trabalhar (a sério). Abençoados por providência divina, encarnada no nosso excelso e venturoso Rei, teríamos daí em diante, direito a, pelo simples abano da árvore das patacas, e à sombra de uma palmeira, deitados, obter sem cansaço de maior o que precisássemos para sustento – e gozo!...

Já no século XX, vieram de novo uns tantos arautos apregoar que não era preciso trabalhar afincadamente pois que os eram os ricos são que iriam pagar a crise. Viu-se...E quase todos acreditaram que não era preciso trabalho, mas sim, emprego

O País encheu-se de Corporações. Cada qual a ver se melhor amealhava benesses. Individualizar nunca! avaliar : jamais!

Então, perdida a oportunidade de descentralizar para que cada nesga do país, perdido o Império, deitasse mãos à vida, cada uma tentando por si e para si, o melhor, todas as Corporações se ajuntaram na Capital, aí acampando, com o patriótico – dizem! - intuito de fazer bem perceber ao Governo (aos sucessivos governos), que este (s) só manda (m) no que aquelas deixam, de fora. E quando um deles se atreve a refilar, dá de convidar a malta - e primos, amigos e namorados -, pagar-lhes o trem e até uma bucha, distribuir-lhe umas bandeiras e pô-los a gritar um slogan:
A vontade é tua…Governo para a rua!
Nada de muito novo.
Salazar de vez em quando ensaiava «folclore» do género, para proveito próprio. Mas a multidão tanto vai num sentido como noutro.

Governar pelo espectáculo (força) da multidão. Num caso era para dizer que sim; agora é para dizer que não. Valha-nos isso, ao menos.
---------------------------------------------------

E ASSIM SENDO…



Dos trocos que crescem na distribuição do bodo aos ricos, o Governo serve apenas para, parcimoniosamente, os ir, a conta gotas, distribuindo aqui e ali, preferencialmente nos locais onde a gritaria for maior.

Por cá leio em «O Ilhavense», ano após anoconto já doze !..., que,

localmente as alfaias de trabalho foram postas de lado, desistindoa as Instituições de se afirmarem fortes e independentes, arrastando a população a acreditar que o que nascia era produto da vontade colectiva local e, por isso, dum modo mais claramente visto, obra sua. E assim tudo o que nascia era pertença colectiva. Primeiro mostrava-se trabalho.E depois não se pedia: exigia-se apoio.
Agora passámos a olhar para o Estado, para o Governo, com a ideia de que tudo de ali virá, UM DIA!
Queremos um novo Quartel de Bombeiros?!: pedimo-lo ao Terreiro do Paço. Queremos uma Misericórdia: requisitamo-la a Lisboa. E pomo-nos a assobiar, à espera que UM DIA! no-los dêem, sem mexer um passo, ou suar um dia.

Esperamos. Esperamos mesmo que passem anos – muitos anos! -, ainda que repetindo todos esses anos:- para o ano é que vai ser. (querem dizer: vem aí a paparoca…)

Esforço e rasgo individual, sacrifício, entrega: -foi-se. Compra-se tudo feito.
Os portugueses – de todas as partes – sentem que é mais cómodo estender a mão na pedincha, do que levantar o braço para trabalhar. E como têm da vergonha um raro sentido diletante, não se importam de se eternizarem no acto de estender o braço.

Tornámo-nos uns abanadores da árvore das patacas, impenitentes. Mais grave: - desavergonhados

ALADINO
(Cont)

quarta-feira, março 19, 2008

PORQUE ESCREVINHO

Tenho ultimamente abordado este assunto. Dizê-lo melhor que o nosso D Duarte era bem difícil:


Achey po boo e proveitoso remeduio alguas vezes pensar e de mynha mãao screver em esto por requirymento de voontade e folgança que em ello sento ;cá de outra guisa nunca o faria ,porque bem sey quanto pêra mym preta fazello o leixallo de fazer

D. Duarte («ENSINANÇA DE BEM CAVALGAR TODA A SELA»)

-------------------------------------------------



ALÁ É GRANDE.Eu SOU PEQUENO...

Seja no pino do Inverno, seja em Maio, ou até em Agosto, a mínima baixa de temperatura dá-me a oportunidade de, na costa Nova, acender a lareira.

Censuram-me o gesto. Que censurem. Que quando estou bem as censuras parecem-me pregações aos peixes.

Faço-o - eu que me adapto muito melhor ao frio que ao calor: -mais por passatempo que por necessidade, Passatempo para os olhos e para o ecrã onde o que vejo se reflecte. Interiormente.

Coloco-me, estrategicamente na posição que orquestrei quando projectei aquela casa.

Sentado em frente ao fogo que dança em labaredas numa coreografia irrepetível a cada acto, deixo que o brasido vá amorrentando enquanto lanço um olhar inquiridor a norte e a sul. Um simples volteio da cabeça, mo permite.

A tarde abranda; com ela as gaivotas tornam-se mais pachorrentas, menos erráticas. Fico a olhá-las enquanto o sol esmorece e sobre a coroa descoberta pela maré navega uma poalha ténue de neblina. O brilho do ar parece esmaecer.
Chegam os tardios – ou madrugadores – arroteadores do molusco. Abicam as embarcações, não se dando ao trabalho de alçar o barco; a maré desce. E daqui a pouco, toda embarcação ,da bica à ré, estará varada. A estadia está calculada. Horas para a vaza e outras tantas para a flutuação.
Envergando as botifarras que sobem até lhes servirem de albaióis, os navalheiros saltam lestos, prontos para catar o lodo sob o qual «as navalhas», ofegantes, respiram. Dois olhitos denunciam-nas traindo a sua posição. Antes de as borrifarem com o sal, param para acender um cigarrito; olham em volta, parecendo incomodados com a agressão à natureza.Mas encolhem os ombros e atiram-se de novo à cata. Eles procuram apenas a sobrevivência. A sua tarefa tem tanto de agressividade como a do seu antecessor erectus que espetou um Tyrannosaurus com uma lança de sílex.
Estendo o olhar sobre a paisagem. Os borrelhos aterram, dispondo-se estrategicamente alerta, prontos a levantar voo ao menor sinal de perigo. Fixo o seu sentido de auto-defesa. Como o meu. Não gosto que os outros interfiram no meu mundo, especialmente em momentos em que, como este , busco o calor exterior na lareira para compensar a falta do que me vai na alma. Ninguém, nenhum intruso se intrometa, senão levanto voo.

Resmoneando, emborco uma – um dois, ou três…- wiskies .Volto a olhar para longe, preguiçoso de despegar o olhar da paisagem. Vislumbro o Caramulinho recortado no azul avermelhado do lusco-fusco. Amanhã, se aqui vier cedo, vejo-o já todo plasmado num saltarico de verde, empertigado, soberano guardador da paisagem lagunar. As serras enclausuram-me. Vou lá e fujo. A planura lagunar dá-me liberdade. Fico por aqui aguilhado, preso na sua liberdade.

Sinto medo de a perder.

É nestes momentos que me acodem visões de um exército de belzebus, comandados por um al moeda (?) Ibn-el- Oribau, que à frente de uma horda de azenegues nazarenos ou encarnavos se propõe fazer palácios árabes, infiéis, mais altos que o Caramulinho, encarrapitados a boiar sobre a laguna.

Alá é grande! E não consentirá…

Eu sou pequeno .Bebo á saúde de Alá. Dele!.. e louvaminho todos os deuses que não consintam que eu deixe de dormitar à lareira, a descansar os olhos naquele oiro esparrinhado no azul lagunar.

Aladino

domingo, março 16, 2008

Marginalizado não ; «Marginal» assumido


Perguntou-me, não sem um certo ar de pena:

-Não te incomoda seres, assim tão marginalizado, por estes invertebrados que representam o poder serôdio, aqui…?

- Não pá, … não me incomoda, nada. Porque de facto eu não sou marginalizado por eles, eu sou, tão só, um Marginal (assumido) do lamaçal onde chafurdam.

-
----------------------------------------------------------------

SÍTIO PARADISIACO


Convidado, inesperadamente para uma charla na Associação dos Moinhos e Ambiente da Região da Gândara, deparei, quando lá cheguei (foi preciso GPS) com um local maravilhoso.
O ribeirão dobrava-se em curvas e contracurvas, até desaguar, enfim no caldeiro do moinho. Sobre o ribeiro que vinha desaguar á barrinha, debruçava-se uma vegetação luxuriante, que fazia de dossel em tons de verde, tão verde que a água nos parecia escurecida, à falta de receber os raios do sol ; choupos, salgueirais, faias, canaviais pendiam até lhe tocar. E nele pretendiam mirar-se ao espelho. Os nenúfares que quase escondiam as águas, povoando-o de verdura viva esparrinhada, cortavam a vaidade ao luxuriante arvoredo. Encarrapitados nesta paisagem, dispunham-se, porta com porta, seis moinhos, numa correria alva de fazer inveja a enxoval de noiva. Ao lado a casinha velha, comunitária, onde escarrapachado sobre uma fogueira, à antiga, fumegava um panelo de um caldo de feijão que ajudou a suportar a charla. A broa quentinha a sair do forno, feita de uma mistura de dois de milho para um de trigo ,era meiga, macia ,e se sobrelotada por naco de linguiça da lavra caseira ,tornava-se pecado mais provocatório que o dito original. Que diga-se, já agora que estamos com a mão na massa, nada tem de original. Ou dito de outro modo. Para ser original tem que se ser possuído de grandes dotes de inovação, para além de se suar às estopinhas..

Se me quisesse inspirar para descrever o tal Paraíso terrestre, era ali, naquela paz dos salgueiros, choupos e faias debruçados sobre o caldeiro onde o ribeiro era aprisionado, que iria buscar fôlego. O ribeiro parava para, depois de guilhotinado, se escapar e deixar cair sobre a roda do moinho, dando-lhe movimento, num ro ro continuo, a transformar o grão na alva e macia farinha, que ia, quartilho a quartilho, caindo para o saco..

O sussurro da água chapinhando na roda, ou o produzido pela leva encanada na vala do ladrão, gera uma sensação de irrealidade interior, libertadora.


Neste espaço idílico, não era fácil - imaginei! - deixar de dar uma trincadela á mação oferecido com segundas intenções pela Eva.
-----------------------------------------------


Por falar de maçã.

Já aqui, no ano passado referi como é bom comer um apetitoso pêssego.Mas a maçã é um fruto muito menos indigesto. E por isso deve ser comida muito mais assiduamente, e até regularmente.

Eu faço-o, ainda que agora, com muito menos frequência.

Fazia-o de manhã em jejum. Era uma boa maneira de entre vale de lençóis, mal desperto, gozar o prazer de morder uma boa maçã. Beber um copo de água depois de …sabia bem. Há outros que o bebem em vez de … São os trouxas…

Mas á noite, ao deitar, era ainda o melhor momento de acariciar a maçã, descascando-a ao de leve, e ferrando-lhe a dentuça. Ao princípio só pela borda depois, indo depois bem mais ao fundo. Saboreada, é tempo de cair na modorra sonolenta que nos envolve pós repasto, saciado o apetite, degustado o suculento fruto depois de um belo descasque. Tempo para, enfim, cair nos braços do Orpheu, ou ainda melhor se no aconchego de outros menos poéticos, mas bem mais humanos.

Desde cedo que fui aconselhado, e aceitei a recomendação dada por quem sabia da poda, de nunca comer uma boa maçã, mesmo que tenra – porque um pêro bravo(bafo?) de esmolfe, nem pensar – depois de uma farto e empazinador repasto. Pode parar a digestão, imbróglio que pode levar um incauto e apressado Adão a embarcar para o céu, direitinho. E isto céu e paraíso, bem melhor é tornar-se comensal deste último.

Um indivíduo deve apreciar e criar o hábito, de trincar a maçã do seu quintal; às vezes a maçã do quintal do vizinho é tentadora, mas indigesta.

Também por vezes podem ser apreciadas maçãs bravas, nos quintais à beira da estrada, sem muro de indicação de propriedade privada. Muito coloridas, muito polidas e até quase oferecidas, são tentação demoníaca. Resistir, persignando-se, defendendo-se da tentação, e seguir viagem com a maçã que leva ao lado, é indicado, posto o cidadão perante a demoníaca visão.

Há os que às maçãs mais duras, por falta de dentes para as trincar, as cozam, antes de as deglutir. É uma maneira de desenrascar. Mais vale uma, que nenhuma.


Agora uma questão da maior importância.

Este episódio do Paraíso mostra -à s(o) ciedade - que o assédio sexual perfidamente imaginado e como sempre levado até às ultimas consequência ,pela Mulher, que sendo a autor se costuma armar em vitima. .

----------------------------------------------------
Quer um Título de Mestrado, ou um Prémios Literário?….

Não espere… vá à NET


Já aqui o referi à exaustão.Hoje há prémios para tudo.Para premiar, mesmo, a estupidez.

E até ao que li, fazer engenheiros em oito sábados no Alentejo (são uns espetos estes compadres), li no Jornal e ouvi na Televisão. Estive até para me inscrever para, no final, poder dizer: desses também tenho um igual ao teu, ó maráu…

Vem isto a propósito da última oferta que recebi.

Conhecedores – diziam no mail - das minhas virtualidades de escriba (quem diria?) muy roconecidas em Leon et Castella - coitado do D Afonso IV- informavam que me tinha sido atribuído um prémio literário pela Universidade de Lèon, que seria comprovado por diploma, assinado e lacrado .

E para a cerimónia da sua entrega pelo Reitor Sr Jimenez Caldeiron (só nome impressiona, não é?) não precisaria de lá ir. Bastava mandar uma fotografia minha (do escriba) de casaqueta e gravata, Claro o Photo – Shop faria o resto.Até dar-me uma silhueta de intelectual.

Para o que bastaria enviar a módica importância de 1.250€.

Eu não Vos disse.

Qualquer dia verão a notícia :

“Universidade de Rilhafóis concede prémio ao projecto do novo Centro Cultural da cidade de Ílhavo”

Aladino

sábado, março 15, 2008

NINGUÉM QUER ANDAR ÀS ARRECUAS…

Não!..não gostei liminarmente do que ouvi, há pouco.
Não o que o representante da Fenprof disse, mas o que disse o Secretário de Estado :-que a avaliação para os 7.000 professores que se irá fazer este ano, «será a possível». Eventualmente diferente de escola para escola, agilizando o acto julgador, adaptando-o às capacidades possíveis, existentes, em cada uma delas.Isto não é, rigorosamente nada. Não há avaliações simplificadas, diferentes na aplicação ou na forma. Assim não é nada. É tão desmotivante como não a fazer.

A avaliação é um caso muito sério, acto pleno de responsabilidade. Por isso não aceito diferentes maneiras - escola a escola – de as fazer.Aceitava melhor uma cedência para adiar, desde que houvesse um compromisso assumido por todas as partes de que seria implementado, universalmente no próximo ano ,com empenho de ambas as partes.Salvo que este episódio não signifique senão um estádio do acordo que virá aí.

A disponibilidade de ambas as partes em continuarem o diálogo, cheira-me a isso, depois de o sindicato ter dito que hoje era o dia do sem regresso.

Ora para já também poderemos dizer, houve recuo dos Sindicatos.

--------------------------------------------------

AMIGOS SIM, MAS …«SEMI-VELHOS»

Nesta fase da vida em que me encontro há que ter selecção nas amizades que ainda se vão fazendo.Explico,desmotiva-me fazer amizades de última hora com pessoas da minha idade;ao contrário motiva-me ,ainda, fazê-las com pessoas mais novas .Mas não muito.
porque,

se o novo amigo for da nossa idade - ou mais velho - há fortes probabilidades de virmos a assistir ,doridos ,à sua partida .Estou cansado disso.

mas,

se o novo amigo for muito mais novo, perante a nossa provável antecipada partida, dirá«o velhote lá foi ;já tinha que lhe bastasse .Foi na idade».
Gaita, que falta de respeito!
Mas se o novo amigo for mais novo –mas não muito ! -olhará para o passamento com respeito, porque,interiorizará :- « bem ;é tempo de começar a meditar que esta hora chegará ,também ela, a mim ,mais cedo do que parece». E como começa a ver o tempo - e a terra !-a fugir-lhe debaixo dos pés - e talvez e só por isso- ao menos mostra-se respeitoso.
Ao menos …porque lhe pode acontecer o mesmo.
Sendo assim , novos «amigos»,a suceder ,só «semi velhos» que o mesmo é dizer ,poderem apor o letreiro de «semi novos».

Como os automóveis.Com garantia e tudo…

-------------------------------------------------------

BOA MALHA

Caso curioso que não interessa, aqui, particularizar, trouxe-me à ideia como deveria ser interessante, escrever, debaixo de férreo pseudónimo (não como o Aladino, escancaradamente denunciado).
Gozava-se com as apreciações que se iam ouvindo. Deixávamos de ser confrontados com hipocrisia; intuímos fonte sabida que quem apreciava, apreciava pelo conteúdo e não pelo rótulo do autor.
Ora foi sem querer, que recentemente me defrontei com tal situação do anónimato.Foi engraçado.Surpreendentemente engraçado.Boa malha.
E que teve o supremo gozo de nem ter soido jogada por mim . Que não foi jogada por mim.

------------------------------------

A «Pinta Cristos»


Ontem deu-me para passar ao papel, esta figura popular de Ílhavo, da primeira metade do séc XX.
Delirei com o que estive a fazer .

E chegado o momento do diálogo entre o abade Francisco dos Milagres e «o Cristo», ri-me a bom rir,sózinho e comigo próprio.Este é que é o verdadeiro climax orgasmico do acto de escrever.

Um excerto Cristo :

- que leva a Srª do Rosário escondido debaixo do cabelo, Francisco?

- batatas senhor ; batatas da« Maria» que Te pinta,Senhor...responde o Pª Francisco dos Milagres....

ALADINO

sexta-feira, março 14, 2008


QUE FIQUE CLARO...


Primeiro:


Não tinha lido último «O Ilhavense».Foi pessoa amiga, atenta, que fez o favor de me contactar, chamando-me a atenção para uma série de coisas que lá vinham, que talvez no seu entender, justificassem uma olhadela minha.

Curiosamente, a solícita amiga, tinha reparado numa estranha coincidência.
Num trabalho muito louvável – confirmo-o desde já em absoluto -a Prof. Isabel Madail vem publicando um Glossário de Regionalismos, no Jornal, de que me não tinha dado conta.
Ora, no Blog de há dias, disse-me a atenta leitora – eu teria empregue a palavra BALANDRAU, precisamente uma das que estavam incluídas no referido glossário. Coincidência pura, mas engraçada. Fez-me sorrir, pois que a utilizei, até hoje, uma ou duas vezes, se tanto. E embora, pessoalmente, não a considere um regionalismo, reconheço que a ouvi em Ílhavo. E logo por coincidência, a referi na data em que a mesma vem referida no Glossário, inserido em «O Ilhavense» (embora me pareça que com uma gralha de edição)

Nada mais do que a ocasional coincidência. Mas lá que as hay…hay…

O trabalho de Isabel Madail, que já há bem pouco tempo trabalhou num opúsculo com Hugo Calão, sobre o «Sr. Jesus dos Navegantes» – aqui referido na altura –, é apenas a confirmação do muito que esta ex-professora do Ensino Secundário, poderia, se o quisesse, ser (muito) útil à cultura ilhavense.
Depois da geração de vinte a cultura local ensombrou (e quase soçobrou). Ficou nos tinteiros. Fez-se pouco ou quase nada. Parece que nos últimos anos algo está a mudar, apenas e só produto da iniciativa de meia dúzia, completamente desamparados. Todos os que são capazes – e Isabel Madail, é-o -deveriam perder o medo, ou acanhamento, e deveriam publicar aquilo que sabem. E há muitos domínios ainda obscuros. Sugeri já, o quão interessante seria olhar com mais profundidade para a história da igreja, em Ílhavo, tão associada a mesma está à história da urbe e das suas gentes, que é impossível dissociá-las, até ao século XIX. Isabel Madail é uma dessas pessoas, entre outras, a conhecer bem esses meandros, podendo, pois, esclarecer muito que urge explicar, ou melhor conhecer.


Segundo


O curioso de tudo isto é que tenho já entregue na tipografia, pronto para edição «O Labareda». E o que é o«O Labareda»? É um escrito feito num linguajar mais do que regional, local. Que começando por ser uma coisa bem diferente, quando o terminei, cego ainda pelo olhar doce da «Amélia Labareda», e voltei atrás, ao olhá-lo encontrei, em rodapé – felizmente o Word foi-os registando e alinhando – cerca de 300 expressões (palavras) boiando no caldo do falar das nossas gente de antanho, servindo-lhe de conduto.

O que começou por ser uma (1) página para o Site, transformou-se num exercício em perfeita embriaguês que se foi escrevendo a ele mesmo. Estará cá fora em Maio.

Não sendo, pois, um Glossário, ou não o pretendendo ser, conterá, inevitavelmente, antevejo, algumas das palavras que Isabel Madail registou e tratou; e certamente muitas outras bem diferentes. Não há nada de mal. Antes bem pelo contrário. Tudo o que fizermos para enriquecer a nossa memória sobre o passado das nossas gentes, será bem-vindo.
E se feito esse reavivar de um modo sistematizado, orientado por profissionais como a Dr.ª Isabel ,então estaremos perante trabalhos de maior profundidade do que os feitos ao correr da pena, em exercício de paixão que teimou em não acalmar, inebriado com «O Labareda»,a «ti Norta» e a «Maria Pederneira» e «O Pilado», postos a esbarafustar.

-----------------------------------------

ESCANDALIZEI ?!…

Aqui há uns tempos parece que escandalizei quando, publicamente disse que «me estava marimbando para os que me liam, pois não era essa a minha preocupação quando escrevinhava»

Nos últimos dias tenho-me deliciado – é o termo – com a leitura de Luís Pacheco, o escritor maldito.

Ora nele, e no drama de uma quase loucura libertina perpassada pela genialidade, detectei algumas sensações que, com espanto, me são também comuns. Serei menos louco que Luís Pacheco. Vá lá! Certamente. O que serei-iso é certo- é um zero cultural perante um dos maiores da cultura portuguesa, que nela só não foi tudo, porque não quis.
Quando o vejo dizer que ficava passado (ele disse-o em calão, claro!) quando o elogiavam; e que ,ao contrário, restava muito melhor quando o atacavam e ou censuravam, pois ficava muito mais descansado porque ,assim ,o ajudavam a meditar...,
Reflicto,
na leitura de L.P. dei com aquilo que tenho repetido imensas vezes neste Blog: -as censuras motivam-me; os elogios (felizmente bem poucos) atrapalham-me, inibem – me.

Mas mais espantoso foi a afirmação de L.P que dizia : quando escrevo quero é lá saber do leitor. Ele fazia aquilo para si e nem sabia se o ia publicar. Se lhe dava gozo, fazia-o; se não lhe dava, rasgav. O leitor que se lixasse…dizia…

Ora é isto mesmo o que eu quis dizer com a minha – oh! céus – terrível afirmação.

Explico: as coisas quando começam, são só e exclusivamente feitas para mim, mesmo. O gozo inebria-me.Por vezes o difícil é parar. Ora durante o tempo em que as palavras são só minhas, divirto-me. Tenho mesmo medo que o prazer se vá.

Mas quando chego ao fim e dou por mim, num caso ou noutro, a entender (sem ouvir opinião seja de quem seja) que aquilo até «tem forma e virtualidades» para ser publicado, o gozo finda. Vai. Esfuma -se.
Começar a corrigir, pôr-me no lugar do leitor, avaliar o sentido, o ritmo, tudo enfim, torna-me ansioso, enerva-me, força-me, retira-me todo o prazer ao trabalho (nesta fase já é trabalho, por vezes forçado). A naturalidade com que surgiram as ideias que deram corpo ao escrito, desaparece como por encanto. Parece que me chego a aborrecer com aqueles que um dia, eventualmente, me poderão vir a ler, parecendo culpá-los do prazer que me retiraram, de aquilo não ser só para mim.

A primeira fase exige-me espontaneidade, naturalidade, sinceridade. Deixar-me levar pela intuição sem esquemas rígidos: escrever tudo de um jacto, sem uma emenda, sem a preocupação de ser bonito, pois é só para mim. A segunda exige-me paciência, esforço, insistência, que por vezes se transformam em sofrimento.

Expliquei-me?!. Então esqueçam o que disse… o escriba.

ALADINO

quarta-feira, março 12, 2008

ACEITAR A AVALIAÇÂO É PROMOVER-SE,PROFISSIONAL E SOCIALMENTE



Ou me engano muito, ou as coisas vão evoluir no sentido de agilizar a avaliação dos Professores, e de uma forma experimental, libertá-la da complexidade burocrática excessiva.E através dos conhecimentos retirados do ensaio , melhorar de imediato sistema, até que, daqui a dois três anos, os Professores venham a reconhecer que o caminho não poderia deixar de passar pela avaliação, e isso no seu próprio interesse.

Não reconhecer os resultados medíocres do nosso labor (por mais esforçado que seja) provocado por deficiências estruturais do sistema, e não tentar auto-promover a reforma, participando e dando o contributo, é um cruzar braços, é um encharcar de tédio, é comportarmo-nos como abúlicos, desinteressados da vida.

Eu gostava que os profissionais percebessem que o sentido de vida está no entusiasmo, no orgulho, no sacrifício com que nos atiramos ao desempenho da nossa profissão.Ou até fora dela...

----------------------------------------

AS PARLAPATICES…do costumeiro

Com o seu habitual riso afivelado em exibição alarve da colgateana dentuça, mesmo quando fala de coisas sérias – o que leva a considerar a hipótese de ele próprio não se levar a sério – Ribau Esteves dizia ontem na SIC – Noticias, que não admitia insinuações a Rui Rio, pois que ele, Ribau, tinha uma Câmara incluída entre as mais bem geridas no País (ih! Ih! Ih!) sujeita a auditorias de grande cuidado e atenção.

Nada mais mentiroso!...

Basta ler o «O Ilhavense» de 10 do corrente, e saber que por ordem dele, o PSD local chumbou uma auditoria (externa) proposta pelo PS, que tinha o apoio dos restantes partidos.
Aliás pela mesma notícia ficámos a saber que a dívida da CMI, admitida por J Oliveira (QUARENTA MILHÔES DE EUROS! – é obra!!!... sem obra) tem, pois, toda a razão de ser a versão correcta. Quem mentiu foi o pantomineiro Esteves. Com o chumbo da auditoria, RE perdeu claramente a face.

Ri-te… Ri-te….que no fim ainda te hei-de ver chorar …. Ó manholas.

E habituado, aqui, neste lameiro, a tratar assim estes problemas, leva para Lisboa o vício.
A tranquilidade inefável com que verborreicamente afirma dislates e trapaças deste tipo, é impressionante. Pompa palavrosa, ênfase na retórica, efeitos cénicos no despejo de futilidades:- eis o discurso vazio do prócere.

Marcelo Rebelo de Sousa considera as palavras de R.E são tolas. Pacheco Pereira, delas diz, que são patetices a que se não deve ligar. Vozes de burro…

Olhem se fosse eu a dizer isto?
---------------------------------------------------


É BOM …

Ontem num grupo de comensais, um pouco inesperadamente, ouvi da boca de um dos presentes, um rasgado elogio ao« Zé Balseiro».

Gabava o presente – ele médico também – no Zé, a sua extrema fidelidade ao «amigo», a sua integra forma de estar, a sua inegável, mordaz e inteligente, ironia, e aquela indesmentível rudeza que por vezes fazia gala de exibir; se e quando fosse necessário, chamar os bois à canga. Era uma rudeza genuína, daquelas que vinham e logo iam, passada a borrasca.

Ora o elogio saiu sem o autor, sequer, saber ou imaginar, a relação próxima – tão próxima que eu nunca a soube, bem, distinguir da votada a um irmão – que existiu entre nós dois, vida fora desde menino até à sua partida.Que nunca teve momentos baixos nem altos, porque foi sempre de grande cumplicidade. Na casa dos seus Pais, sempre me senti como um filho mais novo, pois era constante a minha presença, numa vivência intensa e próxima,quase diária.

Qual não foi a surpresa do companheiro de mesa quando puxei dos meus galões. E recordei muitas das cumplicidades – e foram tantas! - tidas com aquele companheiro de jorna.
Às tantas o colega do José, disse-me:

-Espere aí. Então estou a ver que você era «o tal» de quem ele falava, dos jantares do 25 do dito, da gravata preta, etc. etc.

-Pois: eu próprio! O que reunia á volta de uma mesa -que era provavelmente das mais plurais reunidas nos tempos convulsos pós 25 de Abril – uma plêidade de amigos que iam da extrema esquerda à extrema direita, que, descontraída e de um modo plural, mas não menos vivamente, numa elegia à amizade, reforçavam os laços de amizade, desse modo.Como que a cobrindo com um balandrau, obviando a que a conturbação dos tempos os folgasse, ou sequer deslaçasse, desse modo mantendo intacta a proximidade que vinha de muito atrás, e que era necessário preservar a todo o custo. O que aconteceu até que um atrás de outro, foram partindo. Fui ficando desagradavelmente só,apenas com as recordações.

E porque o Dr. Balseiro fazia gala em se levantar sempre que pronunciado o nome de Salazar, por sacanice, passávamos a jantarada a evocar o fradalhão de Stª. Comba. E o Zé a levantar-se, tantas vezes quantas o excelsopara ele, claro! - nome fosse pronunciado.


Aladino

sexta-feira, março 07, 2008

Um canto novo virá.


Minha terra

Minha amada de sempre

Minha terra para sempre


Terra de gentes

Da ria, do sol

E do mar,

Porque Te sinto chorar?

Eu sei que já não és hoje

A mesma que foste outrora.


Tuas azenhas já não choram

E o teu sol já não brilha,

Tua ria está cansada de correr

Para se ir afogar no mar


Mas Tu estás longe de morrer!

Um dia lá virá um canto novo

No bico de uma gaivina

Que pousará levando-te acreditar

Que com ele chegou a hora

De devolver o sonho ao teu povo

E pô-lo de novo a ousar..


De novo a navegar….

S. F.
Março 2008

quinta-feira, março 06, 2008

OU FORA OU DENTRO …
Assim é que não podemos estar


Quando dizemos que alguém mente, distorce,baralha ou confunde, estamos precisamente a dizer que esse alguém tanto pode ser o Ministério, como então, os Professores. Neste exacto momento, confessamos, temos dificuldade em perceber, QUEM?

Se for o Governo pouca importância terá. Mude-se para melhor, e que venham outros fazer o que este não soube fazer.

Se forem os professores pior. Porque estes não se podem mudar.Não temos melhor, nem pior ,pois como parece, preferem ser todos iguais.

Essa é a grande diferença.

Mas seja o que for que acontecer, por favor, tirem este «Ensino» do estado de coma (induzido ou real?!)

Culpa de quem? De nós todos…

SF
Avaliação (Eis a questão)


No meio desta confusão ,alguém mente ou distorce ,ou baralha ,ou confunde .
Quem ?
Não há duvida que o País tem interesse em sabê-lo
------------------------------------------------------------


Portal do Ministério da Educação
N B -os sublinhados são nossos

P: O que se avalia no desempenho dos docentes?

R: A avaliação incide sobre duas dimensões do trabalho docente: (1) a avaliação centrada na qualidade científico-pedagógica do docente, realizada pelo coordenador do departamento curricular com base nas competências); (2) e um momento de avaliação, realizado pela direcção executiva, que avalia o cumprimento do serviço lectivo e não lectivo (assiduidade), a participação do docente na vida da escola (por exemplo, o exercício de cargos/funções pedagógicas), o progresso dos resultados escolares dos alunos e o contributo para a redução do abandono escolar, a formação contínua, a relação com a comunidade (em particular com os pais e os encarregados de educação), entre outros.
Cada uma das duas componentes, a avaliada pela direcção executiva e a avaliada pelo coordenador de departamento, vale 50% no resultado final da avaliação.
P: Como se faz a avaliação?
R: A avaliação é um processo transparente, participado e sujeito a múltiplos controlos de qualidade.
A avaliação faz-se no interior de cada escola, tendo em conta a diversidade de funções e actividades desenvolvidas pelos professores. Inicia-se pela definição de objectivos individuais e inclui o preenchimento da ficha de auto-avaliação, a observação de aulas, a análise de documentação, e culmina com o preenchimento das fichas de avaliação pelos avaliadores, a realização de entrevista individual dos avaliadores com o respectivo avaliado e, finalmente, a realização da reunião dos avaliadores para atribuição da avaliação final.
Está também prevista uma conferência de validação das propostas de avaliação com a menção qualitativa de Excelente, de Muito Bom ou de Insuficiente pela comissão de coordenação da avaliação.

P: Quem define os objectivos?
R: O professor avaliador e o professor avaliado, por acordo, definem os objectivos individuais, que devem corresponder ao contributo de cada docente para o cumprimento dos objectivos do projecto educativo e do plano de actividades de cada escola.
-------------------------------------------------------------


Bem: vamos continuar a tentar perceber que Escola queremos.

SF

Edita-se, com agrado, o texto recebido hoje .Felizmente sempre há alguns que sabem explicar porque não querem (embora sem explicar o que querem)

Haverá muitos mais ,certamente ,que deveriam fazer o mesmo.


Logo se possivel comentaremos

SF
----------------------------------------
Mitos da escola pública socrática

Sou professor e ainda tenho a paixão por trabalhar na sala de aula com os meus alunos. Sou também pai de uma aluna que frequenta a escola pública. Nunca fui militante ou eleitor do Partido Comunista (a quem reconheço virtudes e defeitos). Não fiz a minha formação académica superior (nove anos: licenciatura, estágio no ramo educacional e mestrado na Universidade de Coimbra) na Universidade Independente e, contudo, também me considero defensor do rigor e da exigência na educação. É justamente em nome desses valores que desejo aqui desmistificar o conteúdo e a forma das políticas educativas do Ministério da Educação (ME).

1. Esta redentora ministra da educação optou por legislar em catadupa sem nunca ouvir os professores. Desautorizou as escolas e execrou os seus professores, desprezou os pareceres do consagrado Conselho Nacional de Educação e abjurou as opiniões de todas as associações profissionais de professores. Ainda que mal pergunte: existe algum País democrático onde um Governo tenha desejado e conseguido instituir uma reforma em qualquer das suas áreas vitais sem a participação maior ou menor dos seus protagonistas? Alguém acredita que seja possível e legítimo implementar em Portugal reformas, por exemplo, nos sectores da Saúde e da Justiça à revelia das opiniões de médicos, enfermeiros, juízes e advogados?
2. Este ME, porque desprezou as opiniões dos professores, engendrou, unilateralmente, um sistema de avaliação de docentes kafkiano, perverso e impossível. É kafkiano porque não são claros os objectivos e os critérios de avaliação basilares exigidos e, por isso, as grelhas de avaliação instituídas são tão labirínticas e herméticas que transformam o mais meritório e excelente professor (avaliador e avaliado) num frustrado, taciturno e, nos casos mais patológicos, prepotente escriba. É perverso porque tratando-se de um modelo de avaliação arrevesado, desgastante e muito controverso deveria primeiro ser discutido, experimentado e corrigido, e não iniciado de modo impetuoso a meio de um ano lectivo; é perverso porquanto põe professores de áreas disciplinares diferenciadas e em muitos casos com competências científicas e pedagógicas inferiores a avaliar os seus pares; é perverso porque põe ao mesmo nível e condiciona a avaliação de professores de áreas disciplinares tão heterogéneas como Educação Física, Educação Tecnológica, Introdução às Tecnologias da Informação e da Comunicação, Educação Moral e Religiosa Católica, Matemática, Ciências, Português ou História pelas classificações académicas dos seus alunos; é perverso porque admite que a avaliação dos professores possa ser condicionada por pais e encarregados de educação, os quais, salvo honrosas excepções, mal conhecem os professores, raramente vão às escolas e quase sempre responsabilizam os docentes pelos erros dos filhos e deles próprios; em última análise, é perverso porque, a médio prazo, vai, inevitavelmente, criar nas escolas um ambiente de forte crispação e extorquir aos docentes ainda mais tempo e tranquilidade para aquilo que eles têm a obrigação de fazer melhor: preparar aulas e leccionar. É impossível porque muitos docentes titulares terão tantos professores para avaliar que não irão conseguir conciliar no seu horário lectivo as aulas leccionadas nas suas turmas com as aulas assistidas nas turmas dos professores avaliados; é impossível porque não existem inspectores disponíveis com formação científica adequada para avaliar os professores titulares avaliadores de todas as disciplinas.
3. Este ME engendrou, unilateralmente, um novo diploma de gestão escolar que limita a democracia directa nas escolas públicas. Na prática, suspeito que autonomia das escolas continuará a não passar de mera retórica. Entretanto, aumentam perigosamente os poderes do Director (antigo presidente do Conselho Executivo), que deixará de ser votado em eleições directas maioritariamente pelos seus pares. O Conselho Pedagógico passa a ser nomeado pelo Director e terá apenas poderes consultivos, facto que pulveriza o princípio do primado das questões pedagógicas e científicas sobre as questões administrativas. Os professores perdem a maioria no Conselho Geral (antiga Assembleia de Escola) – que, entre múltiplas funções, elege o Director – em nome de uma suposta abertura inovadora das escolas às autarquias e à comunidade local. Isto apesar de todos sabermos que esta velhíssima aspiração esteve sempre contemplada no sistema ainda em vigor: com efeito, a ainda actual Assembleia de Escola já integra vários elementos da autarquia e da comunidade local que, como a realidade tem demonstrado à saciedade, são em regra incapazes ou estão indisponíveis para participarem de forma mais empenhada e criativa nas escolas. Por outro lado, os agrupamentos de escolas passam também a depender mais do poder dos autarcas, os quais agem muitas vezes movidos por interesses arbitrários e são não menos vezes desprovidos de sensibilidade e conhecimentos científicos, culturais e pedagógicos para interferirem de forma francamente positiva nos destinos destas instituições.
4. O novo estatuto do aluno decretado quase a meio do ano lectivo determina que, em nome do combate ao insucesso escolar, os estudantes dos ensinos básico e secundário não reprovem por faltas injustificadas. Doravante, estes irão poder comparecer nas aulas quando lhes aprouver e depois fazer sucessivas provas de recuperação nas disciplinas onde forem acumulando excesso de faltas. A ideia é peregrina, e é o mínimo que apetece dizer: desresponsabiliza os alunos e os seus encarregados de educação; potencia actos de indisciplina e de total absentismo que constituem já o drama cada vez mais insuportável de tantas escolas; responsabiliza e desautoriza os professores e até parece não compreender que tais alunos só providos de inspiração divina poderão reunir condições mínimas para alinhavarem as respostas às questões enunciadas nas provas atrás mencionadas.

A maior parte da legislação produzida por este ME tem apenas um propósito: aumentar rapidamente o sucesso educativo através da burocratização sistemática das escolas (como se educar significasse burocratizar); manter os alunos todo o dia fechados em escolas vedadas e, em demasiados casos, nada aprazíveis, bem como converter estes locais em “fábricas” capazes de produzir em massa e com menos dinheiro um sucesso educativo formatado e desalmado – como se o complexo sistema educativo das escolas portuguesas pudesse ser decalcado por decreto pelas cartilhas tecnocráticas que determinam a organização de uma qualquer empresa capitalista; como se o grande desiderato das escolas fosse comprar, vender e obter chorudos lucros …
Mas, como é depois possível que a melhoria do sucesso educativo vislumbrado nas estatísticas possa coincidir com o sucesso científico, educacional, técnico e artístico intrínseco obtido por cada aluno? Decididamente, esta é uma questão que os amanuenses do ME, a sua infalível ministra e o rigoroso engenheiro Sócrates desprezam e devolvem aos professores. De facto, esse não é um problema digno de ocupar os espíritos dos governantes portugueses, os quais vivem tragicamente divorciados do mundo real e são desprovidos de qualquer imaginação e sentido prospectivo.
Entretanto, enquanto estes se entretêm com as suas diáfanas jogadas políticas, os professores lá vão continuando a desenvolver estoicamente o seu trabalho de campo em condições cada vez mais insuportáveis – turmas mais numerosas; alunos mais desmotivados e mal-educados; apoio psico-pedagógico insuficiente prestado aos alunos necessitados; professores com horários de trabalho formais mais repletos, mais níveis, mais turmas, mais alunos e menos horas semanais para leccionar a cada turma; burocracia inútil e esquizofrénica (torrentes de reuniões, mais grelhas, matrizes, relatórios, actas, planificações, planos educativos e uma panóplia de outros documentos inenarráveis para elaborar); nenhum tempo para pensarem e planificarem as aulas; nenhum tempo para actualização científica; tempo e paciência esgotados para descodificarem a forma, o conteúdo e o alcance metafísicos das sucessivas leis evacuadas pelo ME; serões perpétuos passados a elaborarem e corrigirem resmas de fichas de avaliação; ambiente escolar mais arrebatado e, em certos casos, violento; indisponibilidade de tempo para a família.
Quando estará este Ministério da Educação disponível para reflectir e debater com os professores as questões de fundo e disfunções da escola pública (currículos, programas, práticas pedagógicas, a obscena burocracia em que as escolas soçobraram, qualidade e caminhos do ensino profissional, obviamente, processos de formação e avaliação de professores, etc.)? Até quando estarão os professores dispostos a consentir que a arrogância e o folclore pseudo-reformista das políticas educativas deste Governo abastardem irremediavelmente as suas vidas e penhorem o futuro do País?

Luís Filipe Torgal

quarta-feira, março 05, 2008


COMENTÁRIOS:


Em relação aos últimos Blogs tenho recebido algumas reacções ,por mail ou por telefone .De um modo geral , insurgindo-se com as minhas posições .

Tudo bem .É salutar .É compreensível .

Assim é que deve ser .

O que eu estranho é que sendo matéria tão discutível os «Professores» não se tenham aberto ao dialogo publico, local ,explicando-nos in locco, as suas razões. Era uma maneira de se perceber que a discussão da «ESCOLA» deve também ser local.Com factos de todos conhecidos.

SF
----------------------------------------------------------------------------------

From : Dr .Francisco Meneses

Normalmente reservo-me o direito de estar calado nestas questões da educação,
mas o seu post «Assim não vamos lá» mexeu um bocado comigo.
Escrevia António Sérgio, pela voz do seu «Califa», «Melhor é ainda pensá-las bem!». E é a isto que eu o convido, com a amizade de quem se conhece há muitos anos.
No tal post, começa o engenheiro por diluir as culpas do estado a que isto chegou no mundo da educação:«andámos a brincar ao ensino», «Destruiu-se …e nada se construiu ...».
Depois, num passe de mágica, estreita a tal diluição das culpas para «a maior parte deles nunca mais soube o que era se actualizar»; a seguir a maior parte passa a ser «molhada»; os órgão directivos das escolas passam a ser os «ditos conselhos directivos», até chegar à «indecorosa falta de assiduidade do professorado»
Finalmente, numa espiral de quase insulto, é «esta classe profissional que pensa ter direito a emprego saído da Faculdade» (A propósito, também não era assim no seu tempo?), que não quer ser avaliada, é reaccionária e vai acabar encurralada nas escolas!

Veja lá como eu, e muitos milhares como eu, se não devem sentir ao ler tal «naco» de prosa!
Porque será que toda a gente que passou pela escola acha que tem direito a ser especialista em educação?!
Não será melhor seguir o conselho de Sérgio e «pensá-las bem», engenheiro?

PS: Como já há muitos anos conheço o seu «feitio» impulsivo, não lhe levo a mal o desaforo e se algum dia quiser falar de educação a sério, será um prazer.
Um abraço
F. Menezes
------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------

From : Dr. João Resende

É óbvio que no ensino, como em todas as profissões, há de tudo. É óbvio que a progressão na carreira acontecia naturalmente, mediante a presentação de um relatório crítico (que era analisado) e de uns créditos em acções de formação, muitas vezes ridículas, que em nada contribuíam para o enriquecimento da actividade profissional dos professores. Havia professores a progredirem com acções sobre danças de salão (e gabavam-se disso) e outros com cursos de pós graduação frequentados em universidades. Tudo foi feito ao abrigo da lei e com a acreditação dos organismos estatais, que assim desbarataram os dinheiros que foram chegando da Europa.
Reconheço que a ministra neste aspecto impôs alguma moralidade ao exigir que 50 % das formações fossem feitas nas áreas disciplinares dos professores. Mas, actualmente, não há formação em inúmeras áreas e os professores poderão ser impedidos de progredir na carreira por esse motivo. Se quiserem, que vão a Lisboa e que paguem a dita formação. Não têm dinheiro nem tempo para isso os professores.
Este ME tem apresentado um conjunto de medidas de forma precipitada e que transtorna o ano lectivo. Faz sentido que um estatuto do aluno seja implantado a meio do ano lectivo? Faz sentido que o estatuto do aluno venha confrontar as escolas, os pais e os alunos com um novo regime de faltas que não distingue os efeitos das faltas justificadas das faltas injustificadas. O Tio acha bem que um aluno que falte para andar na vadiagem ou para ficar na cama seja posto em pé de igualdade de um outro que sofreu um acidente ou faltou por motivos de saúde. Resultado, para os dois casos, são os professores que têm de elaborar provas de recuperação, reunir para analisar os resultados das referidas provas e tomar as decisões. O ME mandou aplicar a lei. Passadas umas semanas veio mandar suspender alguns artigos até ao final do ano. As escolas não sentem chão debaixo dos pés. Em que é que ficamos? Os pais perguntam-nos "Como é que é?". Hoje dizemos-lhes um coisa, amanhã outra. Faz sentido que nos exames de português uma resposta de quatro linhas com 4 erros graves tenha de ter a mesma cotação que uma resposta sem um único erro? Se calhar faz, até porque o referido estatuto do aluno infringe várias regras gramaticais de forma escandalosa.
Nesta altura do ano, relativamente à Avaliação, é absurdo teimar em impor um sistema de avaliação que contém insuficiências, falhas e aspectos burucráticos que de forma séria e honesta se poderão ultrapassar. É absurdo querer que um professor "titular" - o dito avaliador - que poder ter ao seu encargo 6 ou 7 turmas, em alguns casos, seja obrigado a avaliar 20 ou 30 professores com seriedade. É desonesto considerar que um professor de Matemática ou de Educação física sejam beneficiados ou prejudicados consoante os resultados escolares dos seus alunos. É lógico que nestes parâmetros o primeiro, por muitas qualidades que tenha, será sempre menos pontuado do que o segundo.
Os instrumentos de avaliação não estão prontos mas o ME quer que este sistema vá para a frente, custe o que custar... e já estamos em MArço.
É lógico que um professor que lecciona disciplinas teóricas, que exigem elaboração de testes e a respectiva correcção tenha o mesmo número de horas lectivas e não lectivas que um professor de Moral ( essa disciplina cujos professores são escolhidos pelo Bispo mas que são pagos pelo EStado)?
Conhecemos todos professores que têm um segundo emprego em ginásios ou em negócios pois a sua vida enquanto professor só existe dentro da escola e há outros que prolongam em casa, por muitas horas o trabalho da escola.
Em suma, este sistema de avaliação é cego a estas e a outras injustiças e sendo aparentemente muito corajoso, não tem coragem para atacar o essencial. A avaliação vai acentuar as injustiças que existem.
É verdade que o ME e o governo querem apresentar resultados. Há, efectivamente, mais alunos nas escolas e por mais tempo. Há crianças a almoçar em contentores (cá em Ílhavo, por exemplo). Há muitos meninos a aprender inglês e música nas escolinhas. Também é certo que os miúdos passam, a meu ver e de muitos pais que conheço, horas de mais em espaços exíguos e sem as condições desejáveis. Entendo que a solução da massificação vai trazer maus resultados. O barulho, a confusão, a desordem e a indisciplina grassam nas escolas e têm aumentado imenso. Mas os professores têm que apresentar resultados! Custe o que custar. O ME vê as escolas como fábricas de resultados. Vê mal.
A sociedade, tal como está, e não sou só eu a defenfer, exigiria um modelo de escolas mais pequenas, com menos alunos, como forma de responder aos problemas de exclusão e "abandono" familiar que não existiam antigamente. Os problemas humanos e sociais dificilmente se combatem massivamente.
No ano passado, o ME insistiu em ir para a frente com a TLEBS. Os professores (alguns) cumpriram as orientações mas em Abril, ne sequência da contestação de inúmeros especialistas na matéria, resolveu suspender o diploma. Quem cumpriu teve que, a partir dessa data até ao final do ano, dizer aos alunos "Isto afinal já não é assim!" e teve que começar a substituir a terminologia nova pela antiga. Vai-me dizer que isto é normal?. O ME diz hoje uma coisa e a poucos meses do fim do ano lectivo, altera as regras, sem o menor pingo de vergonha. Já frequentei uma accção de formação promovida por este ME. Foi um caos em termos organizativos. Alteravam as datas e locais das sessões na véspera... um caos.
Por estas e muitas razões não confio nos políticos que de forma ligeira e irresponsável comandam ou descomandam as escolas. Os professores que andam nas marcham têm os seus motivos, muitos deles. Só alguns é que andarão ao sabor da corrente.

JR
----------------------------------------------------------------------------------------
NOTA . O Blog está aberto a todos os que desejem exprimir os seus pontos de vista.
SF
Aviso da Paróquia

"Lembrem-se que quinta-feira começará a catequese para meninos e meninas de ambos os sexos."

--------------------------------------------------

Duro… mas não trôpego

A propósito da minha dureza (de ouvido, entenda-se!) uma amiga diz que começa a ser inapetecivel falar comigo.

Começo a entrar em saldo.
Para que me hei-de eu ralar. Até porque a dita dureza me dá um jeitão: ouço muito menos estultícias e bacoradas, à minha volta.

Desligo.e pronto. Não me chateia quem quer …mas quem eu deixo.

A pagodeira acabou-se.

---------------------------------------------

Educação...ou falta dela


Finalmente torna-se claro que o problema dos Professores resume-se, só, a: Avaliação.

Só quem estiver distraído não o percebe. O resto é troco …mal contado. Pessimamente mal contado. Parece que se engoliu uma cassete.

Eu entendo a resistência às mudanças. Andei sempre em luta com essa atitude.
Levei uma vida a pregar que o caminho certo é mudar. Mudar todos os dias, nem que seja, só e apenas, a disponibilidade para mudar, amanhã.

O que não entendo é:

Se os Professores não querem este modelo de avaliação, qual é que propõem?

Isto mete-me confusão.Porque quando não quero uma coisa, explico o que quero... em vez de ...e de imediato. Ora eu vejo contar historietas que podem distrair, mas nada explicam.

Uma coisa me parece: -este problema que está em cima da mesa, é no fundo uma questão de Educação. E os professores (generalizadamente) não estavam educados para entender que chegou o momento de concretizar do que já se falava há anos (a avaliação já era prometida há mais de uma dezena de anos) mas que nunca fora concretizada.Por pressão dos sindicatos e o medo dos políticos.
------------------------------------------
Medo dos Professores serem avaliados pelos alunos.

Primeiro isso não é exactamente verdade.
A avaliação estatística comparada, entra, só e apenas, com um peso despiciendo na avaliação final. Essa comparação estatística pode – e deve – é ser muito útil para o professor se autoavaliar.
No nosso tempo, apesar de tudo, a verdade é que os professores eram mesmo avaliados pelos alunos. E os melhores eram por norma os mais exigentes. Tínhamos orgulho em ser aluno do Carneiro, do Jorge, do Euclides do José Tavares etc. etc. Já vinha detrás esse orgulho no nosso professor: ser aluno do Zé Lau, doGuilhermino ou da Vicência etc, era Estatuto.

Hoje nem o nome se sabe do «profe». Porque como todos tinham (têm) de ser bons, o nivelamento fez-se por baixo. E os bons – que são muitos! - andam misturados com tudo o resto.

Aflige-me como os bons aceitaram, cordatamente, andar este tempo todo em má companhia, deslustrando-se. Pensando, apenas e só, no problema material.

----------------------------------------


Os Professores estão a comportar-se como a mais conservadora classe profissional .

Lamento profundamente.

Terão uma percentagem grande de razões para fazer derivar o caminho, corrigindo o que saiu fora do controle.

Deixaram esse diálogo para os Sindicatos (Fenprof). Desastre. Porque é também verdade que estes tipos dos sindicatos deveriam ser sujeitos, eles também, avaliados.Não. Andam há trinta anos a falar do mesmo, no mesmo tom.

Há dias reparei atónito com o cabeça de contestação da questão de Anadia. Reconheci-o pelo palavreado, pois já nem me lembrava da cara.E disso: olha este é o Paixão, o delegado sindical que me deu cabo da mona.

O palavreado na contestação ás urgências de Anadia, era o mesmo,no delegado sindical que conheci há uma dúzia de anos.Que sabia de cor a cartilha, e não pensava: vomitava-a, num fundamentalismo «al-quediano».

----------------------------
Diálogo …mas …


Gostaria muito que se chegasse a um diálogo. Com cedências nos pormenores, mas não no fundamental. E gostava de saber, se é verdade que no projecto há -ou não – uma lata capacidade concedida às Escolas para cada uma aplicar os critérios, atendendo à especificidade da Escola.


Aladino

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...