quinta-feira, dezembro 25, 2008

«Saber que será má a obra que se não fará nunca
.Pior, porém, será a que nunca se fizer.
Aquela que se faz, ao menos, fica feita.»
Bernardo Soares


Eu sei para onde quero ir

Pronto e parece que tem de ser. Uma vez mais recolher a trouxa e fazer o saco. Partir para outra aventura que a vida colocou –descarada e provocatoriamente - à minha frente.
Não tenho duvidas –e digo-o sem compaixão –que me sinto velho (?!) .
Mas calma! ; a vida usou-me muito e, por isso, nem posso ir para a beira da estrada e pôr – como nos automóveis -um letreiro: -«SEMI-NOVO»,e assim enganar os papalvos . Mas sempre punha, e não enganava ninguém: - «SEMI-VELHO».
De há uns tempos para cá passava horas – desalmadas horas -em frente destas teclas onde batia desesperadamente á procura de fazer coisa de jeito. Se calhar nada disso fiz. É certo que este cantinho começava a ser bafiento. E até por vezes me fazia esquecer que havia vida -e outros – lá fora que poderiam precisar de um pouco do meu tempo.
Pragmaticamente parto como sempre para estas «viagens»: pouca trouxa no saco e muita coisa a bailar-me na cabeça. Observo-me a até parece que me sinto como dantes sempre aconteceu: sem limitações de sonho.
Sinto uma pequena agonia. No interesse dos outros, pergunto-me: e ainda serei capaz? E recordo as agonias que sempre fui suportando e ultrapassando, logo que definido o rumo. Porque ninguém duvide: eu sei para onde quero ir. Como ir?
Venha o que vier, só há que seguir a máxima: o difícil faz-se num instante; o impossível demora um pouco mais.
De pé no estribo já nem sequer olho para trás. Só para a frente.

Vai começar
Uma nova batalha
Zangado com a vida?
Não!
Antes isso do que vestir a mortalha.

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E o Blog «A Terra da Lâmpada» ?
Volto a explicar: «A Terra da Lâmpada» usou e abusou -deliberada e provocatoriamente – de R.E.
O que ele representa (um perfeito exemplar, patético, do que vai por esse mundo da política á portuguesa) serviu para O ALADINO descarregar o azedume. Só porque foi o ultimo. Quiçá o melhor dos piores e medíocres responsáveis autárquicos, desta hoje infeliz parvónia (por ser mesmo isso é que já ninguém cá compra nada, como diz a Rádio Popular).
Ílhavo hoje faz antever o fim, que não vem longe, de desaparecer no mapa das «coisas» civilizadas. Ílhavo está desempregada. É uma cidade sem lugar entre as cidades. Perante o progresso , diz claramente :-não ,não quero!.

A missão histórica das sua gentes, dos seus irrequietos filhos, os que deram forma à diáspora, dos seus navegantes que fizeram história, dos seus artistas que reinventaram o belo nas suas mais diferentes formas e ou expressões, está esgotada . O olhar para as funduras do mar e lhe descobrir rumos ,embaciou-se. Toldou-se. Obscureceu no negrume do desencanto das lutas intestinas de desagregação social que a dilacera. Os seus filhos mais valiosos foram-se. Restar aqui, para quê?
Os que cá ficaram cabeceiam ao sol a sua velhice, coçam a orelha para ouvir o ranger da nora que despeja os alcatruzes de água (suja) que logo se vai, para que a besta possa continuar a andar á roda a fazer de conta que puxa o engenho .Porque se calhar é ao contrário. Aqui o engenho é que puxa a besta, cega e tonta, de tanto andar á roda a fazer que pensa..
Pois bem. Agora as coisas obrigatoriamente mudam. Haja respeito: não pelos outros mas pelas Instituições.
Perdi é certo a minha liberdade, que em caso algum se pode confrontar com o respeito institucional. Sempre assim foi. Tenho princípios éticos com padrões muito elevados.

Mas se perco essa liberdade, não sou um Cristo. Não tenho jeito nenhum para oferecer a outra face.
Ora de vez em quando é preciso mudar.O Blog TERRA DA LÂMPADA tem de se reorientar.
Ainda não sei bem, como. Para o ano se verá .

Aladino

sábado, dezembro 20, 2008

Num cravo ruivo para Ti

Pudesse eu sentir o bafo dos dias quentes
(para deixar de sentir a dor
A dor tremenda de me ver ainda acordado
(em tudo o que escrevi.
Nessas folhas em que amei e fui amado
(ainda que noutras, não sei (?), odiado..


Sinto a dor tremenda de nelas não ver gestos,
(seria que lá não couberam?
Ou estando lá, eu não os vi, tão escassos eles eram,
(a vida é «soma e segue».
Por isso quem me dera morrer num instante
(antes que o inverno mos negue.

Ateio as poucas brasas que ainda há em mim
(frias dos beijos que não recebi
E recuso o sono, a paz e a solidão que só hei-de querer no fim
(quando então longe daqui;
Mas não deixo, hoje, de escrever num cravo ruivo para Ti
(o que já não sei dizer a mim.

SF ( Natal 2008)

domingo, dezembro 14, 2008

Outro Natal..
Que salvei no naufrágio desta viagem acidentada, mas única, da vida?


Os vendavais são cada vez mais soltos.
Voltar ao desejado porto,
Ou naufragar, e deixar ir este miserável corpo ?

Seja para que lado enxergue
Vejo na tábua a tempestade
Fora de água sobra apenas, a vontade,

Que salvar deste naufrágio? A vida?!
Que importa? Já não há prémio;
Nem fama. Nem da amizade, sentido grémio?

Mas venha de lá a desdita
Eu ponho de lado a tristeza
Sorrindo-me da sua vileza.

E bebo convosco amigos
Às damas que bem amei
A quem no peito guardei

Todas que ao longo de lustros
Não me deixaram tempo para ódios.
Tão loucos e geniais foram os bródios .

SF (Dez 2008)

terça-feira, dezembro 02, 2008


Ser igual até ao fim tem um preço.

Aceito,embora por vezes com falta de algum fair-play, esta intricada história que já agora só me parece terá fim, quando me fanar,de vez.Sem ter tempo, se calhar, de dizer : so long, cuidem-se.
Quando as coisas estão feias não me perguntam, se eu quero ou não quero.Apenas me dizem: -tem de ser
E eu, curiosamente tão habitualmente refilão e contestatário – dizem, que eu não sou nada disso –mais pareci uma ovelha resignada, aceitando a minha sorte.
Desta vez,porém , exagerou-se.

Das outras era mais uma coisa a juntar às muitas em que eu andava envolvido. Agora não é bem assim. Tinha encontro marcado com uma actividade em que sempre me quis experimentar. E marquei esse encontro, planeando o tempo todo para mim, disposto a vivê-lo em autêntica liberdade. Era desse modo que eu queria estar até ao fim. Era pedir muito?!Que raio ,se eu não pedia mais nada para depois, deixassem-me ao menos comigo, o tempo que resta.
Vivia já longe das banalidades, olhava por de cima as tolas vaidades, gozava com as futilidades de uns bem-parecidos, e mais do que isso, benquistos. Espetava-lhes o aguilhão afiado e cáustico, e parecia-me, então , que finalmente me tinha encontrado comigo próprio.
De repente tudo deu em desabar.
Confrontado com o desafio, olhei-me ao espelho para saber como seria a minha cara a dizer : paciência. Agora não. E por mais esforço que fizesse, percebi que esta coisa de ser o mesmo ,passa obrigatoriamente por ser igual. E o facto é que eu queria (ainda) viver, a ser eu mesmo . Para isso era preciso (era obrigatório) não dizer que não.
E pronto. Não há outra história.
Não me mete medo o trabalho. Mete-me pena o que vou deixar de fazer. Mas se morresse também o deixaria de fazer, é certo. Por isso aceito a sina. Muito embora discuta : porque havia a história de se repetir uma vez mais, só que agora tão tarde?
Em balanço.Exerci a profissão(arduamente) trinta e cinco anos, mais coisa menos coisa. Levo trinta anos (ultrapassei –os) de serviço cívico nas Associações, onde me esfarrapei.
Nem um condenado era obrigado a cumprir pena maior.

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Ironia do destino ...ou de se ser.
Uns temem a avaliação.E protestam.
Outros que já foram avaliados-uma vida inteira!- aceitam novo desafio .E sujeitam-se a nova avaliação.
É assim .Uns querem a paz da inércia.Outros vivem como as velas ao vento: inquietos.
Tentei sempre sentir-me de bem: só comigo(!),sem me importar com o que outros pensavam.Só isso contou.Para isso ensaiei-me do todas as maneiras.Agora lá vai ser mais um ...ensaio.Não sei mesmo como me não tornei um «ensaista»,da vida...
Nunca deu para jogar o Carnaval, e fantasiar-me.Quem se fantasia mente ;quer ser outro(escrevi-o um dia para o Chio-pó-pó).Mentem desse modo a fingirem que não mentem.Ora isso é que não.
Que comodismo me haveria de levar a agora, a me esconder por detrás da máscara da indiferença?
Aladino

segunda-feira, dezembro 01, 2008


Illiabum no seu 65º Aniversário:


Horas, ainda, para registar a satisfação de ver o Illliabum festejar, com «pompa e circunstância»,bonitas e empolgantes, os seus 65 anos .
Olhar para trás e verificar que foi precisamente há quarenta anos que iniciámos -todos! - esta tradição de assinalar a data,foi reparador. Nessa altura não só com jantar de aniversário ,mas e também, com uma panóplia de acontecimentos que preencheram um programa do mais assinalável ,alguma vez feito nesta Terra, em termos culturais e recreativos. Mas não nos lembra de encontrar –nunca! - tanto fervor em volta do Clube como aquele que hoje nos foi assistir .Hoje, ali, estiveram todas as gerações :a «velha guarda» que só serve de memória; a «nova guarda » merecedora de rasgados elogios (em particular o Rui Dias, que conseguiu mobilizar,dinamizar e manter, uma excelente e empenhada equipa).E os putos – muitos! - que hão-de ainda por muitos anos saber guardar a jóia da coroa.
Bonita festa. O Illiabum está de parabéns.
Há quarenta anos tive a oportunidade de dizer que agradecia a todos –mesmo aos que tivessem feito muitas asneiras - o simples e mais importante facto :-o de fazer perdurar o Illiabum .Repito hoje o que então disse.Por isso no meu agrdecimento cabem todos.
Depois disso,é verdade, houve muita asneira e loucura . Que as mesmas sirvam de lição ,e o Illiabum seja ,ainda mais ,no futuro, um traço de união entre «os ílhavos».

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Começo a precisar de ter muito cuidado.

Dantes sucedia-me, amiúde, ver-me questionado. Nada me agradava mais. Empolgava-me, tão só.
Agora, talvez pela idade, passam-me rasteiras –como a de hoje-, totalmente inesperada.
Fico a pensar : será para mostrar que depois de velho até os cães lambem os beiços?!
Agradeço a intenção que esteve longe, certamente, do exagero do que pronuncio.
Mas cautelas e caldos de galinha (velha!), nunca fizeram mal a ninguém.
É que eu não gosto –nunca gostei –de me ver em tais situações, que me cheiram já a emprateleirar-me no lugar em que por teimosia -talvez só por isso - ainda não me quero ver catalogado.
Dizia-me um amigo: -ainda por vezes não acredito nos seus setenta.
-Pois olhe que eu acredito…respondi-lhe.
Et voilá. Chegou a altura tanto temida, de recordar as palavras do meu Pai:
-Quando disserem «bem» de ti em casa ,é porque estás pronto…

Está bem que ainda« cá» não chegou, mas dá que pensar…É melhor começar a acautelar-me…
Aladino

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