terça-feira, março 24, 2009

Mais um episodio da vida ,passou ,hoje,por mim .


É certo que episódios longínquos já pouco deles restam .Nem na memória nem da inteligência do que fomos, nem na emoção do que pretendíamos então .
Foi como hoje agarrasse num livro que já não lia há muito e o voltasse a folhear.Só que sem emoção; embora claro com tristeza.
Resta-me gratidão. Igual á que distribuo por muitos. Uma gratidão que teimo em ser abstracta, mais cerebral que emocional.
A vida vai cumprindo o calendário. E é melhor assim .Parece que retiro de cima de mim o enorme peso que sentiria que alguém tivesse pena de mim, ou por minha causa.
Não tenho pena de mais nada.
Envelheço – quem tem medo de o dizer e porquê?!- pressentindo que as sensações já não são como eram dantes.
Agora gasto-me diariamente nos pensamentos.
Abandono-me neles, procurando uma lucidez que não tinha quando não pensava, e agia. Agir é viver no tumulto incompossível . E por isso ,agora, vislumbro (apenas!)indiferença onde dantes estava revolta indisciplinada.
Hoje já não leio para sonhar, mas sim para reter dentro de mim. Para me couraçar e passar a ser insensível ao que me não está perto.Queria fazer o possível para me desligar da vida. E por isso estava a cumprir o roteiro, no meu refúgio. Tenho de fazer o possível para voltar ao caminho de onde me tresmalhei. Ou melhor: de onde me fustigaram para sair da toca onde obstinadamente me ia reconfortando.
Aos que por vezes me acusam de dispersão tulmutuosa direi- que talvez não !Dispersão unificada ,vá lá…Concedo. Descrente de toda a fé …ou descrente de todas as fés (melhor dizendo) como havia de esperar que alguém fizesse por mim. Por isso fui fazendo.

Aladino

quinta-feira, março 19, 2009


Se só os canários chilreassem no bosque, este era um cemitério de silêncio .

A um amigo que tem receio de enfrentar os leitores, disse-lhe aquela máxima :

Mostra o talento que tens ;pouco ou muito, não importa .Se só os canários chilreassem no bosque este era um cemitério de silêncio .

Eu julgo que cada um de nós deve «desprezar ?!» a sua própria apreciação ,sujeitando-se ,isso sim !-à apreciação de estranhos. Sem complexos . Mesmo nos grandes autores, nem todos os livros se suportam .Ou indo mais longe :-um grande autor tem sempre uma ou duas obras invulgares. O resto, só são «boas», porque são do referido autor. Não pela valoração da obra em si mesma.
Hoje dar conta aos outros do nosso ponto de vista banalizou-se. Tornou-se acessível atingir uma clientela .Depois, é saber geri-la . E aí é que nos confrontamos com a dificuldade.

Eu, falo com os outros enquanto isso me der gozo, e sinta que lhes dou -de vez em quando -prazer em me lerem.
Quando esse prazer mútuo se acabar:-ponto final parágrafo.


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Modernices

Foi preciso chegar a esta idade e julgar já ter ouvido e visto tudo que havia para ver e esutar, para ficar siderado quando me dizem « o prof. (fulano de tal ) está de baixa de parto ».
Julguei que o inexpectável provinha da minha dureza de ouvido,

-a profª queres tu dizer ….
-
o …não exactamente o Professor (……)
Já agora a Ministra podia incluir uma alínea na avaliação quanto ao desempenho de
« parideiros» acamados.

Visto bem as coisas, de facto ,o casamento entre «impares» pode tornar o caso banal.


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«A TANTO HONTA»

Quando os reis católicos esperavam receber uma oferta «de tanto honta» para não expulsarem os Judeus, de Espanha ,Torquemada atirou-lhes um crucifixo dizendo : "suas Altezas estão a fazer como Judas,a vender Cristo".Torquemada ,queria tratar-lhes da saude,na fogueira.

Os novos Torquemadas

Importante é tratar-lhes da agonia ,não o precaver da doença.(?!)

A História está repleta de figuras papais.Umas que contribuíram para a respeitabilidade da Instituição, granjeando-lhe adeptos.Outras verdadeiras figuras tenebrosas com as mãos tintas de sangue das degolas com que exercitavam as suas espadas, e a alma mais negra que os tições que sobravam das fogueiras onde grelhavam os inocentes, por delito de crença.

Faltava-nos um Papa pouco impressionado com a pandemia que dizima milhões de infelizes, cuja única culpa foi acreditar que o mal calha sempre aos outros.

A bestialidade do dito, por insensato e perigoso chocou todo o mundo. A Igreja católica mostrou o melhor do pior ,do seu fundamentalismo.

Hipócritas as palavras de Ratzinger : tratem os doentes da sida gratuitamente.,pediu

Assim o importante,na ideia deste bento beato é tratar-lhes da agonia ,não o precaver da doença.

Aladino

domingo, março 15, 2009

Horas vagabundas

Roubaram-me as horas vagabundas,
Perdidas na sem razão do fugir à lógica da vida.
Já nelas me não descortino, especado
A olhar o fulgor do sol a se esvair, envergonhado.
Horas de vida sem tempo
Em que eu era o mesmo sem ser igual;
À procura de um ou outro momento
Em que a tua imagem viesse num cavalo alado
Ali,se sentar ao meu lado
Para alivio dos meus ais entediados.

JF (Março 2009)

sexta-feira, março 13, 2009


Morreu o Tiago.

Direis! – «tiagos »há muitos …mas
O Tiago era uma das três crianças-com paralisia cerebral que as trasformavam em ser vegetativos, apenas - que o Hospital de Stª Maria solicitou a todas as Instituições do País para lhes dar acolhimento. Só o CASCI respondeu presente. Era assim o Casci e espero que continue a ser: não se diz faz-se!
Estas três crianças obrigavam a um funcionário permanente 24 em 24 horas. Sempre atento às sondas, às máscaras respiratórias, aos sinais que indicavam uma mudança de estado.
Eram as mascotes de todos os funcionários e recebiam a visita de todos os que de fora visitavam a Residencial. Uma festa era o mínimo que se podia fazer.E mesmo que sem qualquer resposta, havia a ilusão de aqueles corpos vergados á paralisia, sentiam os afectos.
Quando o Tiago foi para o Hospital, logo houve colaboradores que se mantiveram continuamente a seu lado, autorizados (ou até solicitados) pelo pessoal do mesmo.
Embora esperada, a notícia espelhou-se por toda a comunidade do CASCi. No funeral, havia lágrimas sentidas em muitos (em quase todos os rostos) dos muito que quiseram dizer-lhe um ultimo adeus, e o levaram até à morada final. Pois. Finalmente o Tiago passou a ser um igual a todos os que lá moram.
Sem qualquer referência familiar, o Tiago ficou em sepultura de meus bisa-avós. Cá pela família sepulturas é o que não faltam. O Tiago tem assim companhia para todo o sempre.
Vim do cemitério a pensar que tenho motivos evidentes para continuar a pensar como penso. Se houvesse uma Divindade, esta não consentiria em «tiagos». E a Divindade devia estar a pedir perdão à Super – Divindade que Lhe está por cima -sim porque para haver Divindade era preciso que outra Divindade Superior a criasse,and so – pela sua perfídia de Pai permitir germinar a semente que, devendo amadurecer no futuro, afinal, nem chegou a perceber o que era isso a que se chama vida.
Vim com a impressão estranha de que a minha compreensão estava vaga, desocupada, apenas decidida a continuar por continuar.

Aladino

sábado, março 07, 2009

Crónica de um «Mau Malandro» versus uma «Boa Malandra» (parte II)

É costume receber feed back sobre alguns Blogs, especialmente quando estes conseguem mexer com as pessoas. Que é , afinal ,o que pretendo .Há comentários de vários tipo. Alguns bem apanhados, provocatórios, mas também cheios de sã e graciosa irriquietude.
Desta vez não resisto a, com a devida autorização, transcrever este

Caro eng:

Li o seu Blog Crónica de um «Mau malandro» acossado. Não foi para mim novidade. Mas sobre o mesmo ouvi conversa de café que não deixo de transcrever, tanto quanto possível ,fielmente:
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Estavam, então, duas amigas minhas no parlatório, sentadas á mesa do café , quando entre a degustação de umas natas quentinhas baptizadas com um o’clock tea , a dada altura uma resolve interpelar a outra:

-Então Cla….. leste o Blog do F….Aquele tipo é de um descaramento reles .A gabar-se de pertencer a uma raça em vias de extinção. Coitado…está gá-gá de todo.
-Pois . .pois . Vê lá tu: às vezes parece um progressista da m….Outras, quando se confessa, um reaccionário nojento. É perigoso…para os bons costumes.
-Deixa lá, não há perigo, que os nossos homens nem lhe dão ouvidos…Olha!... a propósito: - como vai o teu S…
-Ai filha!..bem .Tive muita sorte…ficou lá em casa a mudar as fraldas ao miúdo e depois ainda lhe disse para me ajeitar umas roupitas. Queria que tu visses; logo quando chegar a casa está tudo que é um «capricho de homem!..».
-Olha! - o meu dá mais para aspirar ,limpar o pó. Assim tarefas mais de homem … percebe...mais pesadas . Sabes, daquelas que cansam…
-Oh rapariga I… tem cuidado que o podes cansar e depois já sabes, nada de brincadeira…
-Credo ….não tem importância .Isso não falta p´rá aí quem queira …brincar. Machistas folgados ,danados p’rá brincadeira, ainda há que sobre …
-Pois : qual igualdade, qual carapuça. O novo estádio vai Superioridade feminina,já.!. Nós havemos de lá chegar. Eu lá em casa, já pus bem claro :por baixo nunca!...
-Oh mulher também não sejas fundamentalista. Caprichos só que os que não nos dêem prejuízo.
(risinhos…)
Por achar curioso mando-lhe esta crónica.
Um abração . Cuidado não se canse. Elas não sabem nem sonham….
A «Boa» Malandra

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Comments.

1- Fico muito agradecido por saber que afinal ainda há conversas interessantes, profundas, de fazer inveja ao «Erro de Descartes», nos cafés de «Terra da Lâmpada». Bem o diziam as «Pedras» do Paradela.
2- Eu não partilho o optimismo da C…..Há machistas ,mas são poucos,E a mais, quebrados da espinha.

Aladino

quarta-feira, março 04, 2009

Crónica de um «mau malandro» acossado .


Hoje cheguei atrasado ao meu «posto de trabalho», 10 minutos. Poderia arranjar desculpas : visita á Residencial ,etc etc. Mas não. Mandei anotar o atraso.
Dir-se-à : porquê (?!) se eu não tenho que dar satisfações a ninguém, nem recebo á hora, ao dia ou ao mês .
Parece !..que não tenho .Mas tenho :o meu patrão é estuporado .
Em boa verdade Vos digo :aquele que não exigir a si ,não pode –nem sabe- exigir aos outros.
Sempre sucedeu, isso, comigo .Desde novito (com 26 anos) comecei a ser « o vigilante» do meu cumprimento - e nunca mais deixei de o ser pela vida fora. Sou eu e só eu, em permanente auto – avaliação, que sustento a obrigatoriedade e me imponho regras.
Mas….

O acima dito vem a propósito de ontem, ao fim do dia, pessoa amiga me informar, num mail, «que tendo estado com uma pessoa que me conhecia , a rapar-me na casaca», concluíram,ambos, ser eu um desordenado inveterado.

Enfim; recebem-se assim, e de noite ,depreciações(ou apreciações destas!).
E fiquei a pensar : se calhar sou mesmo …
E mais se adensou essa convicção ,porque…

(Em verdade Vos digo :e
u não mudei para pior . O mundo é que mudou).

Então não é que durante o jantar (de ontem ), a minha mulher entendeu, também ela, invectivar-me, porque diz (só agora ,vejam lá !) «que eu sou um caso patológico» de desordem e um «refinado machista».
Eu?!...
Isto do Dia da Mulher, começei eu a matutar com os meus botões, é,de facto, perigoso. Ainda que seja apenas um em trezentos e sessenta e quatro, vejam no que dá. Raio de modernices.
É assim : chegados a velhos (usados!) começam a acusar-nos do que risonhamente suportaram a vida inteira. Agora, é tarde… En veritè : je ne regrette pas,rien de rien ,fica desde já esclarecido.Ponto final.
Então do que sou, afinal, «acusado» ?
...«que chego a casa e os sapatos ficam a fazer companhia ás chinelas, á porta, para que alguém(?!) os guarde (em boa verdade Vos digo :- guardá-los para quê ,se ao outro dia os vou calçar?) .
....«que na sala ficam as calças .Pior ainda ! : o casaco fica onde calha» ….à espera que «alguém» mo ponho no sitio certo( em boa verdade Vos digo que quero isso para não recorrer ao guarda fato e tirar outra roupa em vez de a andar a procurar ).
De manhã – «dizem» –, o caso é muito pior,
....apontando-se o dedo à mania doentia de eu fazer, sempre, duas coisas ao mesmo tempo.( em verdade vos digo que julgava que era uma virtude ,pois assim vivia mais tempo)
«Descrevem» melodramaticamente , assim, a cena :
.....que «me levanto ,ligo a TV ,ponho os auscultadores wireless, enquanto ligo e levo comigo o computar. E sentado ( onde todos se sentam, àquela hora do dia) ouço o noticiário e ponho o computador em cima do roupeiro(em verdade Vos digo ,especialmente comprado para o efeito, ,julgando que ninguém tinha percebido), abrindo- o para ver os e-mails da noite».
E que arrumados os interiores, «faço as abluções matinais, operando, sempre, duas em um ».
Onde é que está o mal?-pergunto, enquanto continua a acusação de,
...que « regresso ao quarto onde machistamente (ah ?! sóagora é que o descobriram!) tomo o pequeno almoço» -(em boa verdade Vos digo que gosto, de facto,de«pausadamente?!», engolir o chá enquanto me vou vestindo.)
Qual é o mal? Custa alguma coisa fazer um chá?
Não!...,
mas logo « apontam»,
....que «com os amigos,nas tainadas, faço tudo na cozinha ,esmerando-me em pratos complicados. Em casa, ao contrário, nem sabes acender o gás,(sic)» .
( pois... pois …:- primeiro acendia o gaz …depois fritava um ovo, e qualquer dia estava a lavar a louça (coisa que nem com os amigos faço ,como eles sabem ..) Aonde é que está o mal? contraponho, adiantando, vingança …vingança !!!):
-É por essas e por outras que depois têm que instituir o casamento gay : ambos a fazer o mesmo. Um dia na cozinha …outro dia no ....

Resumindo e concluindo : eu acho, ao contrário. que sou exemplar (toma!).
Pois (reformado) saio logo de manhã, não chateando mais ninguém todo o dia, deixando o «palácio» totalmente para «a rainha» da casa». O que peço são coisas simples: que me arrumem os livros que deixei espalhados, que decidam o que vou vestir ao outro dia, ou o que vou comer à noite etc. etc . Enfim, o trivial de uma «rainha».(isso de valer mais ser rainha um só dia ....,são historietas)
«Melhor»?- só de encomenda,pensava eu de que. Afinal verifico que todo o mundo me aponta defeitos. Dentro e fora …
Paciência. Agora já é tarde. Tivessem –me educado.
Eu nunca mudei. O mundo é que foi mudando,para pior. E eu não me consegui adaptar às modernices.
Ainda bem …
Aladino
PS- Aos leitores desculpem este desabafo. Às leitoras, o desejo que os seus homens sejam modernos (mesmo que depois se queixem )

domingo, março 01, 2009


Uma valente pega de caras….

Foi isso mesmo que ontem aconteceu em Espinho.
Não me recorda de um discurso político feito com tanta força interior(o da fonte luminosa ,talvez ?!)

Sócrates mostrou ontem, de um modo claro e impressivo, que não é refém -como alguns anteviam- das tentativas provindas de fontes fandelgas, na tentativa de o derrubar fora das linhas que limitam o campo onde se desenrola o jogo. Em jogadas baixas, em que o próprio «árbitro» parece também chuçar, num carrascal ultramontano e pérfido ,cobarde, bilioso, onde perpassa inquisitório probante servido ás colheradas, como se fosse óleo de fígado de bacalhau ,agoniador, a escorregar pelos gorgomilos abaixo de uma alma penada, condenada a ler e ou a ouvir boa parte da Comunicação(Desinformação) Social .

Nenhum homem que tivesse a consciência intranquila , por muito actor que fosse, seria capaz de improvisar(?) discurso tão frontal, vigoroso e lúcido. Ontem vi ali um grande politico ,mas acima de tudo vi um (grande) Homem. Cheio de determinação. Que também cede aos momentos de emoção, deixando transparecer nesses momentos quanto amargo tem sido o caminho.
Bem pode aquela côca televisiva , que semanalmente vem abrir «a cloaca» -já agora que de excitante só reside na duvida de se saber se é porto franco ou canal de esgoto - esforçar-se a esfarrapar no ceguinho; ou um jornaleiro ( pago á jorna ,não um jornalista) vir feder para o publico com o caso nauseabundo do Freeportus, confundindo liberdade de comunicação com libertinice execrável. Já todos perceberam e contribuíram para o peditório dos interessados que tal súcia defendem.
Ouvi hoje o director da SIC, numa posição corporativa, verberar Sócrates dizendo que este “tem de resolver o problema que tem (!!!)com a justiça, em vez de o resolver com os jornalista”.Repare-se na aleivosia: que problema é que Sócrates tem –até hoje ! - com a justiça? Ou a justiça para o director da Sic, são os Jornais e a TV que a «fazem», e executam?.

Ora eu não sei se é Sócrates que tem um problema com a Justiça ou se é a «justiça» que tem um problema com Sócrates.

Aladino

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