quinta-feira, agosto 27, 2009

TEREI SAUDADES..


Terei saudades da mar
Quando na terra me esquecer.


Anda, vem amor,
Vem-me aconchegar.
Anda. Vem daí
Vamos marear.
Vadiar descalços
Pela beirinha do mar
Perdidos na areia náufraga
Que deu á praia.

As nossas pegadas
Darão o passo para acontecer.
Ficarás a saber
Que Tu és ainda o meu fogo
E que só dentro de ti
Sei, exausto, que me venci.
Juntos adormecemos,
Eu, Tu e o Mar.


Terei saudades de ti
Quando o dia amanhecer.


JF (Agosto 2009)

O SALTADOURO DO «TI TAINHA» por AML.

A Drª Ana Maria Lopes insere no seu Blog
http://www.marintimidades.blogspot.com/, um muito apreciável trabalho, em que descreve pormenorizadamente a técnica do «saltadouro» praticada pelo «ti Manel Tainha», um especialista da arte, e o seu ultimo praticante.Pelo menos no Canal de Mira,pois de facto ainda há bem pouco a vi praticar para o lado do Bico da Murtosa.
Fá-lo com muita segurança descritiva e junta-lhe uma dose inabitual de emoção e intensidade que nos conduz à sensação de participar no cerco. O que para mim, habitual leitor de AML, os Blogs do «Ti Tainha» têm de mais apreciável, é o entusiasmo com que a autora traz á conversa o velho pescador para que este com muita vivacidade, em linguagem própria, nos descreva pormenores da execução técnica da arte. E as palavras descrevem muito melhor o que é conhecido nas fotografias, ou até no vídeo que conheço sobre tal personagem, e sua técnica do«saltadouro».
Ainda sou do tempo que havia, na ria, muitos «saltadouros». A pouco e pouco esse número ficou reduzido ao do « ti Manuel das Tainhas».Figura típica da Praia, aquele mesmo que no vídeo sobre os «200 Anos da Costa – Nova» é evocado pelo Cap. São Marcos, ao referir-se ás chamas que consumiram o palheiro do «Chincalhão», exclamando: -oh…mulheras…oh mulheras, acudi! que o fogo a sair das telhas parecem arànhões.

Assisti muitas vezes a colocar estendal que era o montar do caracol. E fiquei vezes sem conta, por perto, a observar o empalmar das tainhas no redame, adoidadas com as batidelas no fundo da bateira e do bater da vara na água. Era de facto um espectáculo que nos prendia a atenção, e que agora com o registo em boa hora feito por AML, fica conservado para lembrança futura.
Não tenho tanta certeza de esta arte ter nascido na Laguna. Mas isso pouco importa.
O que me ocorre referir era outra técnica muito usada para apanhar as tainhas, especialmente utilizada no canal do Rio Boco. A da «esteira».
Consistia a mesma em rebocar a uns 20/30 metros, uma esteira. Por acção de batidelas no fundo enquanto a embarcação se deslocava contra corrente, as tainhas levantavam voo para aterrarem na esteira onde ficavam a espadanar até serem recolhidas. Curiosamente participei numa pescaria feita ali defronte da Vista-Alegre, em que a esteira era rebocada pela lancha «Borboleta», que possuía na altura. Apanhámos um balde de excelentes exemplares. E também curioso era que o próprio roncar do motor espantava as tainhas fazendo-as saltar quando entreviam a sombra da esteira a deslocar-se.
Aqui deixo este pequeno registo, que o Blog de AML me fez recordar.
E oxalá a autora continue a deitar cá fora muitos dos registos que foi arquivando.Vai sendo hora de os dar a conhecer.

Aladino

terça-feira, agosto 25, 2009

COLAGEM

Uma tarde em que não passei o tempo. Deixei apenas que o tempo deslizasse sobre mim, à espera não sei de quê.Talvez, absurdamente, de nada.
É !...vamos começando a nos habituar a tardes como estas em que o desapego nos tolhe,em uma obediência de espera, de nada.

E contudo a porcaria dos telemóveis, e até a Internet, vão-nos ligando à vida. Tudo preso por fios. Ou já nem isso existe porque tudo paira confusamente no ar que respiramos.
Com o livro pronto (entregam-mo terça-feira,se for será, se não for paciência ) a «Costa-Nova» fica arrumada para os outros.Para mim nem tanto.
Alguns apressados vêm buscar fotografias e depois trazem–me álbuns para eu ver. Hoje a tecnologia faz coisas maravilhosas.
Outros ganham finalmente coragem e olham para o que têm e vêm, e querem saber mais. Num ou noutro Blog, e por antecipação, começarão a palrar sobre o assunto. Olho para tudo com uma curiosidade alheada. Distancio-me.
Sou absurdamente diferente. O meu desassossego leva-me a acrescentar, sempre e sempre, algo à vida. Para outros a vida é simples. Nada se acrescenta. Cola-se.
Vive-se do «COPY» and «PAST».Nada se constrói de raiz.
Depois há coisas impressionantes.A necessidade de se viver numa sede de protagonismo febril.Sem primeiro se fazer uma auto-avaliação da medida exacta do que somos.

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O QUE TEM DE SER QUE ACONTEÇA…

Tardes como esta envolvem-me com o seu silêncio para não me estragar, ou perturbar, tudo que me perpassa pela cabeça.
Parece que (eu) estar, assim mudo a meu lado, me dá a ideia da minha total transparência. E vou pondo deste meu cantinho, de uma intimidade toda minha -só minha! - os olhos sobre tudo que mexe lá fora. Por vezes tenho a sensação de que não olho. Mas sonho.
E o que tem de ser: que aconteça. Sempre hei-de querer ver esse lugar onde não se vê. E só então, lá, fique a perceber o mundo a que pertenço. Porque neste me não entendo.
Chorar? Talvez. Mas se eu desse para chorar agora, toda a ria cabia inteira nos meus olhos.
E diria aos meus mortos: ouçam lá não voltem a morrer…deixando a meu cargo sonhar convosco.
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«CANÇÃO DO MAR»

Peguei – já nem sei bem porquê- uma vez mais na «Canção do Mar». Intriga-me aquele texto de GR. Sempre me intrigou. E só aos que não sabem ler, não pode deixar de intrigar.Há quem diga que uma fotografia vale por mil palavras.Coitados.Não as sabendo dizer,como é que as poderiam ler ...ou ouvir!
Porque por vezes ,em momentos como este, parece-me ouvir no som da voz do mar, uma voz que não é a dele. E que de repente se concentrarmos todos os sentidos nela: -cala-se!
Parece ser uma voz vinda lá do fundo, de onde se libertam as ondas, de onde se criam as tempestades, de onde a morte recolhe os afogados.
Ora hoje parece-me que vem de lá um queixume onde distingo a minha alma amortalhada.
JF

segunda-feira, agosto 24, 2009


Problema sério…

Um dos grandes males de que enferma a democracia portuguesa é a irresponsabilidade com que a Comunicação Social(e nesta em especial a escrita) fornece as notícias.
A um leitor atento fácil é perceber as noticias fabricadas. Mas mesmo um destes fica por vezes confundido com as aberrações noticiosas efabuladas, tendo normalmente origem em sindicatos que movidos por interesses obscuros vão activamente colocando, a seu bel-prazer, factos depois atribuídos a fontes geralmente bem colocadas, quase sempre anónimas, metodologia que serve á falta de melhor para o próprio escriba se auto inserir no grupo.
Claro que a única resposta para este estado de coisas é a selecção do leitor. Escolhendo o Órgão de Comunicação que lhe mereça mais confiança. Porque há OCS funcionando perfeitamente como pasquins partidários.
O problema reside no facto de a moléstia se transformar pandemia e afectar todos.
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As surpresas nunca mais param…

Trabalhamos, trabalhamos…e quando pensamos que as coisas estão controladas eis que somos, ainda, surpreendidos com uma ou outra questão do passado que vem de novo perturbar tudo.
Isto cria um cansaço e um desgaste, enormes. Fica-se com um amargo de boca que nos entumece o espírito. Fico sem dúvida frustrado e revoltado. E claro, acode-nos a pergunta: porque raio é que eu me meti nisto, nesta situação calamitosa? A verdade é que ficamos sempre, e ainda na duvida, até quando teremos de resolver as trapalhadas que avultavam no CASCI.
Cansado e molestado.
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E por cá…?.
Por Ílhavo tudo como dantes.
Uns vão vendendo o bacalhau a pataco (salvo seja). Outros continuam em gozo de férias.
Eu que gostaria de saber é como pode um cidadão gozar férias quando tem trabalho de casa(e muito!) para fazer?!
Nesse aspecto há que elogiar RE. Se teve férias ninguém deu por elas. Agora, todos os dias está presente, de manhã à noite, falando-nos, não do actual mandato mas do próximo,como se não houvesse um acto eleitoral pelo meio.
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CAVACO nunca me enganou
Sempre vi neste politico uma (total) inabilidade para desempenhar o cargo que ocupa.Direi confrangedora .Sempre que fala sobre qualquer coisa …a coisa custa a sair.
Como professor de Economia sempre me pareceu um Contabilista que sabe, apenas e só, ler friamente os números sem perceber o alcance do seu significado.
Nestes últimos tempos Cavaco mostra uma falta de isenção incompatível com o lugar que ocupa. Fica-se sem se perceber muito bem quem é o candidato do PSD ás eleições de 27 de Setembro.
Esta da manter o tabu sobre as possíveis escutas recaindo sobre os seus assessores (ou até deixando pairar a suposição que Ele próprio podia estar a ser escutado ) não cabe na cabeça de ninguém. Mas é de uma total falta de sentido de oportunidade. Um verdadeiro tiro no pé, convenhamos.
Bem,a questão é :-se o PSD ganhar vamos ter cavaquismo por muitos e bons anos e este país ficará entregue à bicharada.
Mas se o PS ganhar, depois dos últimos episódios bem se pode dizer : ou Cavaco se remete á sua insignificância politica( interior e mais ainda exterior) …ou demite-se.

Aladino

domingo, agosto 23, 2009

Os Rios que quis levar ao Mar…

Espaço,
Galáxias;
Eu sei lá
Exactamente até onde vai o espaço sideral?
Não cabe em mim a noção do infinito, sem fim,
Por onde se passeiam vias lácteas
Errantes.
Penetrar num daqueles buracos negros
Ao encontro de um momento já passado,
Soterrado na massa ultra densa, inerte,
Tão negra como mil sóis apagados,
Furacão de sombra errante no infinito,
É regressar a uma nova infância.


Assombro-me( !) ou caio em paz ?,
Ao perceber que tudo comecei e nada dou por concluído
Fico quieto no silêncio à procura do infinito da razão.
Saio destas noites, sereno, mais convicto e reforçado
Que por muito que a vida esteja já puída
Ainda bate seguro este pobre coração
Á espera de uma nova alvorada
E outra …ou outra …ou outra ainda
De onde brote minha vontade renovada.


Sou eu próprio, assim, um mistério
Em contínua feitura, fazendo-me.
Sem um Deus que me guarde no seu Império
Ou uma Nau que me leve p’ra «ilha afortunada»
Para lá viver, aquém, na bruma
A sonhar
Com os rios que quis levar ao mar
Deixados encalhados na praia,
Feitos espuma.
SF (Agosto 2009)

segunda-feira, agosto 17, 2009

A ESCOLHA NÃO É ENTRE PS + (?)...MAS PS- E O RESTO.


Eu não sou,nunca fui, um indefectível de ninguém, nem de nada.

De Sócrates, admiro(muito) a sua vontade.
Gosto de tipos como ele, a entregarem-se de alma e coração(e corpo), a lutar por convicções, a bater-se corajosamente mesmo quando a sorte vira completamente o sentido do jogo. Mesmo atingidos os noventas minutos, vai a todas, com a mesma vontade com que começou, a saber perfeitamente que nisto de politica, ou vence-se, ou morre-se. Não há meio termo.

O seu Governo, foi sem duvida o melhor desde 25 de Abril. Houve mudanças estruturais que nunca, antes, tinham sido, sequer, equacionadas. O facto da dita esquerda radical lhe cair, despudorada e demagogicamente em cima, é prova disso mesmo. É inegável que a reforma da Segurança Social foi uma delas.Com pleno êxito. Matéria de transcendente importância que só por si marcaria(e bastaria)para uma legislatura. E no «Ensino» muita coisa mudou, para melhor .E se mudou .É óbvio. Não podemos julgar, influenciados, apenas, na melhor ou pior aceitação dos Professores em relação à avaliação. A extensão do inglês a todas as idades escolares,o Magalhães – só mentecaptos podem duvidar da revolução que esta iniciativa vai causar no futuro-,a reorganização do Parque escolar,a entrega das Escolas a directores para assim restabelecer a capacidade de decisão e autoridade na Escola etc, etc,foram factos inegáveis, de validade indesmentível. Porque a verdade manda dizer que o ensino se transformara num lameiro. E que só uma ideia corporativa, cega e surda,sem querer qualquer tipo de co-responsabilidades, assumidas, exaltada por um Sindicato fundamentalista,totalmente à revelia da realidade dos tempos ,pode achar que um enquadramento dos Professores, baseado numa avaliação coerente(não o é hoje ainda mas virá a sê-lo), foi crime de «lesa profissão». Poder-me-ão dizer que a metodologia da avaliação é confusa ou complexa. Corrija-se,pois um sistema de avaliação, seja de que for, não se faz assim do pé para a mão.Há que o pôr em prática,monitorizá-lo e, claro, introduzir as correcções que se entenderem necessárias.Há que fazer...fazendo.
O Ministro das Finanças foi (de longe) o melhor Ministro desta área ,no pós 25 de Abril. Sóbrio ,seguro, sabendo muito bem o que queria e por onde ia, foi, meta a meta, excedendo as expectativas. E este País pareceu mesmo querer dar o salto definitivo, o ir além da Taprobana(leia-se Pirinéus).Até que a maior das crises financeiras de que há memória, vinda do exterior, veio, acabou como não podia deixar de acontecer, de atingir em cheio o nosso País, afectando e de que modo, a sua economia real. Até tal acontecer o Governo de Sócrates fez o que nenhum outro foi capaz de fazer. Portugal começou a respirar. Mas e mais :começou pela dinâmica das novas tecnologias a indiciar que Portugal tinha uma palavra a dizer no futuro da Europa.(já aqui falámos dessa capacidade)

As energias renováveis foram uma mira totalmente certeira, e Portugal tem hoje, nesta matéria decisiva, um lugar de destaque na Europa.
Foi portanto pena que a crise viesse estragar parte do trabalho feito.
E pena ,muita pena, que os Partidos não desprezassem o acessório – a chicane política- para se colocarem de acordo em relação a algumas matérias essenciais: investimento, emprego,politica social de combate à crise e Justiça(sim porque a Justiça não pode continuar a funcionar em roda livre ,como funciona).

O tempo para o período eleiçoeiro-do bacalhau a pataco- esse viria sempre, e então aí, cada um caçasse desbragadamente os votos usando todo o tiupo de exercício demagógico.
Na grande maioria dos Paises Europeus,o combate á crise fez-se com co-responsabilidade.Pois que não havia outros meios diferentes para atacar a crise.

As resposta postas em prática, e que tiveram,cá, a oposição demagógica de todos,sem perceberem o essencial,não fora a forte determinação de Sócrates, não teriam sido levadas à prática.Ainda hoje estaríamos a discutir o sexo dos anjos.
Aqui-em Portugal- até parece que o problema do desemprego foi culpa exclusiva de Sócrates.Onde é que o problema teve contornos diferentes,apetece perguntar aos distraídos?
Ora manda a verdade dizer que se esta crise nos apanhasse no tempo daqueles governos de trapalhada ,não só o caso viraria catástrofe como ninguém dentro daquele período era capaz de tomar medida que se visse ,como bem se demonstra pela total falta de propostas do PSD.
Que a crise é geral e interligada,vê-se; -logo que um começa a respirar e sai do ventilador ,logo por arrasto os outros o seguem.
O importante para nós é saber se estão tomadas medidas para não deixar(aqui e em todo o lado)reaparecer de novo «as bolhas».

Mas também importante é decidir a quem vamos confiar o País.O País não pode ser governado por PS+-não adianta estarmos a falar, levianamente, de possiveis soluções,no caso de...
O PS tem ,como Sócrates indica,e em nosso entender bem ,que escolher entre PS e o resto...
Em democracia urge assumir responsabilidades.

SF

domingo, agosto 16, 2009


ESCRITORES E PAIXÕES

Tinha a ideia de que Lobo Antunes seria um tipo incapaz de olhar para outra coisa que não fosse a sua trabalhada escrita. Mas ele já tinha avisado. Só que como nos disse que " Hei-de amar uma pedra”não fazia adivinhar que a pedra tivesse requinte de brasileira. A minha relação com os seus livros foi sempre má; muito boa,sim,mas com as suas crónicas.Excelentes. Acho que ele se leva demasiadamente a sério, mortificando-se (como o ouvi dizer de si, muitas vezes) com a aventura de escrever coisas diferentes, de um modo diferente. Profissional da escrita com longo percurso -e hoje notável reconhecimento - diz que por vezes “duas linhas lhe levam o dia inteiro a garatujar e outro tanto a corrigir”; e ou modificar.
Li há pouco que se apaixonou por uma brasileira muito mais nova que ele, e vi-o retratado num gesto afectuoso a receber,no aeroporto, a sua nova namorada -eu que julgava que isso era coisa que há muito tinha esquecido - cingindo-a num amplexo amoroso de que o não supunha capaz.E ainda de ramo de rosas, na mão.
O artigo que acompanha as fotos do papparazi, contém, até, coisas «graves»não provadas, respeitantes a velhotes de mais de sessenta..
Por exemplo, diz a certa altura que, se um homem de sessenta e tais não tem a fogosidade de um de vinte,compensa o facto com outros argumentos (???) ( vide jornal CM). Com rosas,certamente. Tomei apontamento, vá lá saber-se as voltas da vida quando um tipo fica patareco e dá de oferecer flores a uma primeira que lhe faça uns esgares amorosos (?), não de paixão, mas de compaixão.
Aliás pouco faltou para o «voyeur» ter mandado parar LA para o interogar que chumaço era aquele que lavava debaixo do caso .A carteira?., seria?:-perguntaria.
- Rosas meu caro -diria LA desapertando o casaco
Eu aceito como natural uma paixão de Ana Plácido por Camilo. Julgo que Heminghway inspirava vulcões amorosos. Já Fernando Pessoa sempre me pareceu - como de facto o foi-inspirador de uma paixão platónica de uma Ofélia triste. Saramago já com provecta idade, atraiu uma Pillar que lhe trata dos negócios livresco, e, certamente, lhe faz, diariamente, a cama. Lobo Antunes sempre tão ciumento de Saramago (de quem diz cobras e lagartos «do escriba», que diz ser, o autor do «Memorial do Convento»,e…),não lhe quis ficar atrás e pimba: há dois meses cruzou olhares conspícuos com uma brasileirinha que embuchou pelo beiço.
Que pena eu não ter jeito nenhum para romancear. Agora que andava mesmo a precisar de «moçoila» que me fizesse com jeito um cafonè anti stressant.
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Só vale o que disser ….
A morte de Sonaldo, esse extraordinário artista,homem bom ,terno, um ser de eleição sob o ponto de vista de uma prática e posição humanista, invulgares, arrastou com as confidências que sempre ressaltam nessas alturas,afirmadas por próximos que referem um certo esbatimento das duvidas que o actor teria sobre O Divino , na fase final da sua vida.
Não me parece correcto esse tipo de confidências ,sem que o visado cá esteja para poder defender-se.
Acontece com frequência invulgar que muitos que em vida não demonstraram qualquer apetite pelo mistério da Fé, chegados a uma altura de fragilidade(física, emocional ou psicológica) fazerem uma aproximação tardia ao transcendente.
Eu, aqui, já o repeti : as minhas opções só são válidas e poderão ser invocadas enquanto estiver na posse de todas as capacidades físicas e cognitivas. Ninguém tem ,pois, o direito de falar sobre mim em matéria tão difícil a que eu, e só eu, posso dar explicação cabal.
E também não creio que a existir um Deus -imagem superior do homem – o mesmo ficasse contente, e certamente irritado com o atrevimento de quem tendo levado uma vida a desmenti-Lo -ou pelo menos a procurá -Lo noutro sítio,o da racionalidade - e que só por oportunidade de jogar em todos os tabuleiros, viesse, no fim, apostar em todas as bancas.
Não ! ..Era mais fácil eu entrar pelo buraco da fechadura do céu mantendo as minhas convicções até ao fim ,do que oportunista , batesse á porta do S Pedro a dizer que fui um indefectível crente do seu reino. Eu se fosse a Ele, perante esse atrevimento, corria-me aos pontapés…
Há tempos uma iluminada(da fé) dizia-me: agora é altura de te chegares mais a Deus,e pedires-Lhe com mais humildade…
-Pedir o quê, se Ele a existir, já me deu o que tinha para me dar. Devemo-nos contentar com o que temos. E esta chegou-me-respondi-lhe a sorrir .
SF (agosto)

sábado, agosto 15, 2009

ANGÚSTIA

Temo o dia
Em que traído deixe escapar
A angustia que vou guardando,
E me faz sangrar.
Mas que escondo – sei lá!-
Tantas vezes, mesmo de mim .
Não sei exactamente quando.
Mas um dia
Deixo de fingir
Que desprezo o afecto teu.
E o sonho, a noite, o desejo
Ai ! tudo belezas da minha mentira
Que julgas?
Que fora eu
Sem dela me alimentar,
Para que todos os dias ao acordar
Tenha sempre e ainda, vontade,
A vontade de não desesperar.

SF 04/08/2009

sexta-feira, agosto 14, 2009


Despeço-me da noite à espera que nasça o dia…
E assim vou sobrevivendo extasiado com a vida.

As noites quentes, apreciadas do meu terraço são belas, de uma intensidade que chega a emocionar. A lua salta lá dos longes serranos ,alevanta-se ,primeiro mortiça mas nos 20º é já brilhante , deixando que a ria traga o seu reflexo afogueado até ali, a uma mão de distância. Trago dois copos – um para mim e outro para o amigo que há-de comparecer.Chegará? E faço saltar a rolha. Beberico o meu, e como ele, afinal não chega- nunca chega!-, vou pensando no que tem de ser, há-de acontecer. Mas enquanto não, cumpra-se o tempo a tempo, e as promessas.
Chegam os pirilampos criqueiros. Espalham-se aqui pela frente, tagarelando, roncando, buziando. Observo-os e pareço ansioso de me intrometer no seu ritual de engaçar a crosta que a maré deixou à vista.
O amigo definitivamente não vem .Agarro no seu copo brindo e bebo-o.
Horas de deita.
Depressa: - há que matar o tempo ,antes que ele nos mate, antes que chegue a hora ou momento. Antes, um ultimo olhar -qualquer deles pode ser o ultimo - olhando fixamente tudo o que os olhos olhando podem ver. As estrelas brilham poderosas no deserto infinito parecendo diamantes espalhados pelas suas areias. Apetece-me colher uma delas para a dar ao meu amor.
De manhã desvenda-se o mistério, e ponho-me a futurar a vida. E a agradecer – não sei bem a quem :- talvez a ninguém !- o belo que é acontecer a renovação em cada alvorada que se ganha. O bom é continuar a vida ,amar amando.E que a tirana não seja só para nela se estar ,mas para que, se seja.
Momento para me deslumbrar com as primeiras horas de um novo dia. De ir por aí –pressentindo toda(?!) a gente,ainda adormecida, enquanto eu a olhar o sol vou rasgando o espaço à procura do meu caminho. Tudo é tão calmo. Nem a água bule na quieta melancolia do despertar lagunar. As gaivinas ainda sonâmbulas têm preguiça de esvoaçar, e aproveitam para mais um codorno tranquilo.
Sigo direito ao mar. Gosto de o ver praiar logo de manhãzinha. As ondas vindas de longe parecem cansadas, e o sussurro do seu enrolar a desfazer-se de espuma, tem um inebriante fascínio. O perfume da maresia mistura-se com o acre dos carneirinhos que ainda vão sobrevivendo. Encho o peito desse ar húmido que me penetra.
Manhãs de oiro e de cetim que me envolvem tonificando a vontade de ir adiante no caminhar da vida, ousando.

SF (agosto 2009)

quinta-feira, agosto 06, 2009

REESCREVER A VIDA…


Um espantoso luar
Baila prateado sobre a Ria
Vem acompanhado por ligeira brisa perfumada
A deslizar sobre as quietas águas
Enredando-as na maresia.
Na noite, deslumbrado
Sôfrego de me encharcar no belo,
Inebriado pelo êxtase,
Procuro reescrever a vida.

Há nesta noite amanhecida
Um sonho no vento
Um sonho no ar
Um sonho por desvendar.
O de te levar pelas águas
Em passos ledos
Para lá da imensidão
Onde restaremos quedos.
A deixar que o amor mande ousar,
Os meus olhos pousados em Ti
A desfolhar a flor da primavera
Teu corpo de mulher aberto
Sorvido até que chegue a madrugada.

SF (3 Agosto 2009)

quarta-feira, agosto 05, 2009


Estivemos a um passo de conseguir..
Resta-nos a consolação de termos sido pioneiros à escala Mundial

Tenho seguido com enorme curiosidade e atenção, as noticias do carro eléctrico Renault – Nissan, e acode-me á cabeça o projecto que dirigi e concretizámos, da primeira scooter eléctrica mundial.
Tivemos mais ou menos, há dez anos, as mesmas ambições de solucionar o problema de um veículo limpo. Claro que esta terminologia não é totalmente exacta, pois se o veículo é, de facto, limpo, aquando da utilização, a energia para carregar as baterias, obriga, na mesma a emissões aquando da sua produção.
Há duas questões que me levam a pensar que o grupo vai ter, praticamente, os problemas que nós defrontámos (menos o apoio governamental que nós não tivemos).

Em primeiro lugar a autonomia de 120 Kms, anunciada, é boa mas insuficiente: nós, na scooter, tínhamos 50 km. Comparado com a utilização scooter /automóvel (potência/peso) a nossa solução estaria até mais consentânea com o que se pretende do desempenho/utlização de um automóvel, e ou,de uma scooter. . Só que estas autonomias não são reais, pois dependem muito da utilização e da vida do veículo. E no real, poderemos estimar vinte por cento menos. Num carro é problema de monta.
Enquanto se não alcançarem os 300kms de autonomia teremos sempre dificuldade em impor o veículo. Na scooter se tivéssemos ao tempo a felicidade de os fabricantes de baterias produzirem(na altura) baterias de iões-litio, teríamos chegado aos 100kms.No caso da scooter mais do que suficiente. Corri o mundo á procura de interessar algum fabricante que se propusesse á tarefa .Impossível. A tecnologia de então não o permitia.
Acresce um outro problema: os recarregamentos. Os carregamentos lentos não põem problema de qualquer espécie. De noite há tempo mais do que suficiente para fazer uma carga lenta. Mas e recarregamento rápido, em estrada, põe muitos problemas. Porque é falácia falar em posto de abastecimento capaz de debitar carga instantânea. Para ultrapassar esta questão nós com a EDF (a EDP francesa) abordámos a hipótese de conceber um sistema de gavetas para que as baterias fossem trocadas nos postos de abastecimento de energia. Não é impossível, mas não é fácil.
Estivemos mesmo perto ,muito perto, do registo da história. Todos nós que trabalhámos no projecto admitimos que com m ais apoios tínhamos lá ido. Fomos de longe os primeiros à escala mundial. Tudo o que este automóvel conterá ,a scooter já o tinha: recuperação de energia, indicação nível de carga, gestor de baterias etc etc. Lançámo-nos muito cedo .Mas impunha-se . Mesmo para a Renault-Nissan parece-me cedo. E não sei se não será um Flop.
Eu, depois da experiência recolhida, acredito que a solução do veículo limpo não passa por aqui, mas sim pela motorização alimentada a hidrogénio.
Mas enfim, consola-me o adiantamento de dez anos em relação a todos, mesmo a estes monstros da indústria.
E cada vez com mais razões para pensar que a massa cinzenta (e a capacidade inventiva) portuguesa, bem aproveitada, é genial. Por isso, este caminho das novas tecnologias, é um desafio que, se continuado, nos recolocará de novo a dar cartas ao mundo.
Gostei de fazer o que fiz. Gosto de ver os outros percorrer o caminho que então cheio de ilusões -
mas não só! - percorri.

segunda-feira, agosto 03, 2009


Ria minha….meu bem …achega-te

Hoje, nesta noite do crescente, a Ria cumpriu-se.
E eu festejei-a. Abri uma garrafa de champanhe, e aqui estou a brindar com ela. Neste, como em todos os lugares desta casa por mim reinventada no sonho de a fazer diferente, única, festejo-a.
O rasto da lua esparralha-se pela água quieta, vindo nesta hora lá do sul, refulgindo num tom esverdeado de ágata que me penetra, inunda, e subverte, os sentidos. Deste meu pousio ,recanto desta casa que uns dizem «tolaria», desfruto, guloso enquanto bato as teclas, este deslumbrante desnudo de uma ria tão inesperada, como bela. Como as mulheres recata-se uns dias para logo noutros nos prender deslumbrante.

Tolos os que não amam. Tolos os que, cegos, não percebem, ou não entendem, os sinais de vida.
Viver não custa(a alguns…).Saber apreciar o deslumbrante que é a vida, isso é que é difícil.
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Volta não volta, distingue-me…

É! .. volta e meia o despecuniado peralvilho aparece…
Parece que o «verme» tentou meter-se (uma vez mais!) comigo. Ou baralhando, meteu-se com o outro eu.
Ora:
Se se meteu comigo a resposta é:
-Não respondo a cretinos que não distinguem « bosta» de pão» -parafraseando o saudoso Frederico de Moura.

Se se meteu com «o outro», eu
- Guardo o «escólio» para o dia em que …
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(Aviso:a imagem abaixo é só para adultos)



Aviso à navegação:



Familiar trouxe-me esta foto.




Confirmadora. Já nasci com «eles»….
Por isso mesmo, tenho de fazer jus aos que, assim ,aqui, me botaram.

SF

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