quarta-feira, setembro 30, 2009

Obviamente Sr Presidente:- demita-se....
Em 24 de Agosto publicámos aqui esta nota. Hoje a mesma não poderia ser mais actual .A história de Republica (exceptuando o periodo Salazarista) teve hoje um dos mais tristes e preocupantes episódios.Parece que a vingança não se soube servir fria.E Cavaco,tosco, inhábil, incoerente, irritantemente descontrolado veio complicar ainda mais, o que por sua-e só sua- e inteira culpa, criou:-um pequeno mostrengo destinado a meter medo e que agora o parece ter aprisionado nos seus tentáculos.As consequências desta tontaria ainda as não sabemos até onde vão parar.
Veja-se o que dissemos em Agosto
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CAVACO nunca me enganou
Sempre vi neste politico uma (total) inabilidade para desempenhar o cargo que ocupa.Direi confrangedora .Sempre que fala sobre qualquer coisa …a coisa custa a sair.Como professor de Economia sempre me pareceu um Contabilista que sabe, apenas e só, ler friamente os números sem perceber o alcance do seu significado.
Nestes últimos tempos Cavaco mostra uma falta de isenção incompatível com o lugar que ocupa. Fica-se sem se perceber muito bem quem é o candidato do PSD ás eleições de 27 de Setembro.
Esta da manter o tabu sobre as possíveis escutas recaindo sobre os seus assessores (ou até deixando pairar a suposição que Ele próprio podia estar a ser escutado ) não cabe na cabeça de ninguém. Mas é de uma total falta de sentido de oportunidade. Um verdadeiro tiro no pé, convenhamos.
Bem,a questão é :-se o PSD ganhar vamos ter cavaquismo por muitos e bons anos e este país ficará entregue à bicharada.Mas se o PS ganhar, depois dos últimos episódios bem se pode dizer : ou Cavaco se remete á sua insignificância politica( interior e mais ainda exterior) …ou demite-se.
Num país qualquer da Europa ,amanhã, em unissono, os Jornais clamariam : Sr Presidente : Obviamente,no superior interresse da Nação, demita-se.
Aladino

sexta-feira, setembro 11, 2009

D. Maria II em terras lagunares de Aveiro

Tendo visitado primeiro a cidade do Porto e depois o norte do País (Braga, Barcelos e Viana) a Rainha D Maria II decidiu visitar Aveiro, para o efeito tomando a barca em OVAR.
Esta visita e o hábito de suas altezas reais gozarem de uma passeata na ria, antecedeu as visitas do Príncipe D. Luís, que na ria foi conduzido pelo arrais Ançã, celebridade heróica que o Príncipe quis conhecer pessoalmente. E ainda, na ria, se passeou em mercantel transformado em bergantim real, D Manuel que de Aveiro foi, em cortejo náutico, apreciar o Farol da Barra.



Teria sido assim o bergatim real (?).(visita D Manuel.


Voltemos a D. Maria II.

Em 1852,mais propriamente a 22 de Maio, chegava D Maria e o seu séquito a Ovar. Há muito que a Câmara desta Vila, tendo notícia do facto, preparara, apesar de ter os cofres depenados, recepção estrondosa para receber a Rainha. E para o efeito não hesitou em pedir emprestados 2.375$498 reis a um tal «Cavilha», rico proprietário que logo abriu os cordões á bolsa para proceder ao empréstimo, concedido a um juro de cerca de 4%. Rainha à parte, negócios são negócios. Ou como o meu avô João, emigrante na América, dizia no seu inglês macarrónico: «bizinisses is biziness»
Para albergar a Comitiva mobilou-se um quarto com duas camas para o casal real, e outros dois,um para o Príncipe D. Pedro (futuro D. Pedro V) e outro para Infante D. Luís. E outro ainda, para o aio Visconde de Carreira. Pelas casas dos maiores da Vila (Médico, Administrador Concelhio, Vereadores, Clérigo etc.) foram distribuídos os restantes importantes da Comitiva.

Nas escadarias da Igreja, o Presidente da Câmara, M. Bernardino de Carvalho, recebeu a Rainha. Introduzida no templo foi celebrado um Te-Deum com real solenidade a que não faltou a distribuição de esmola aos pobres da terra. O príncipe consorte D Fernando II e o Infante D. Luís, esses, tinham ficado para trás desejosos de apreciar o Castelo da Feira.
À noite foi servido lauto jantar a quantos couberam no acanhado Salão dos Paços do Concelho. Findo repasto houve beija-mão real. O jantar deveria ter sido rico em saborosas vitualhas (certamente peixe) pois que mereceu farto elogio da Comitiva, e em particular, do Duque de Saldanha
[1].
A vinda de suas altezas às janelas dos Paços do Concelho para admirar as iluminações feéricas
[2](?) e ouvir os acordes de música prodigalizados pela Banda de Caçadores 6, foi um momento entusiasticamente saudado (e vivido) por uma multidão interessada em ver uma figura da realeza de que apenas teriam uma ou outra vez ouvido falar. Nos seus trajos tão característicos, onde avultavam e sobressaiam os espantosos chapéus de presilhas com as suas abas largueironas (cerca de meio metro), sustentadas à copa por presilhas de seda [3](cordões, travancas) e borlas no corrupito, as gentes locais chamavam particular atenção dos gentios da comitiva.




Ovarina com chapéu de Presilhas(grav.Portier)

Os homens da beira-ria apresentavam-se de tamancos, envergando as suas características manaias e camisas de abotoadura, colete encarnado e gabão de varino, cingido á cintura. Barrete vermelho debruado a cetim.
Homem e Mulher de Ovar(Grav.Palhares)

O quadro não deixava de ser vistoso e singular, especialmente rico em exotismo, cor, espectacularidade e originalidade do vestuário das gentes varinas, já afamados e conhecidos pela beira do Tejo, por onde pululavam muitos naturais idos destas bandas, os quais mesmo na capital, mantinham os traços diferenciadores da sua cultura lagunar.
Começaria cedo o dia seguinte.
Logo pela manhã a Rainha acompanhada pelo seu marido, o Príncipe alemão, Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, assistiram á missa na Capela de Stº António, onde nas mãos do Frei Zagalo, reverendo abade da mesma, depositaram choruda espórtula.
E foi quando suas altezas por volta das nove e meia da manhã se dirigiram para o cais de embarque, que se relata, terem sido mais de 12.000 ovarinos (já naquele tempo se exagerava a dimensão das manif!) a ocupar praça e as avenidas que iam na direcção do cais da Ribeira, para assistirem ao cortejo real.



Desfile da Comitiva (D.Manuel)

Notícias da altura referem que as embarcações reais e da comitiva teriam sido acompanhadas por mais de 6.000 entusiasmados(e animados) habitantes da Vila até ao cais, para aí se despedirem da sua Rainha. E muitos outros nos seus mercantéis, e ou de moliceiro, fizeram questão de comboiar o cortejo lagunar, levando D. Maria a Aveiro.
A Rainha e marido seguiram num mercantel coberto por toldo, hasteando o pavilhão real, especialmente enviado pela cidade de Aveiro. Em oito outras embarcações vieram os coches reais. E em muitas outras barcas teriam vindo os príncipes e restante comitiva. O trajecto foi animado pelos acordes das Banda de Caçadores 6 dos amigos de Ovar.
A despesa com esta viagem entre Ovar e Aveiro atingiu o valor de 90$040 réis.
A comitiva chegaria a Aveiro, ao cais na Porta da Ribeira, aonde foram entregues as medalhas da cidade à Rainha.Desde as pirâmides ,de um de outro lado do canal, no Alboi e no Rossio do S.João, se viam embarcações a lançar flores sobre «o mercantel real».Das casas da borda do Canal, caíam colgaduras,panos e bandeiras; havia muito povo a dar vivas à Rainha, erguendo chapéus, tabaqueiros e tudo que servisse para criar agitação entusiástica.
Aladino






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[1] Anais do Município.
[2] A iluminação, feita com lanternas estava pendurada numa torre especialmente erguida para o efeito
[3] Presilhas de seda de cinco mil réis




sexta-feira, setembro 04, 2009


DEIXA QUE TE LEVE….

Não deixa de ser curioso: à frente das audiência televisivas, na segunda-feira, dia 31,melhor que Sócrates só a Telenovela «Deixa que te leve».
Um acirrador de Sócrates diria: mas como pode um programa onde a pretensão do entrevistado (daquele ou de outro qualquer politico) é o de pedir que o povo se deixe por ele conduzir – levar -, ombrear em audiência com uma telenovela de título tão sugestivamente idêntico na finalidade da pretensão?
Não há dúvida que o povo português naquela noite escolheu, claramente, que o deixassem levar. Por isso aderiu em massa aos «shows» que indiciavam esse desígnio.
Indubitavelmente a questão é, a de que tudo que cheire «a deixem que te levem» desperta um certo masoquismo, latente na complexa estrutura psicológica de cada um dos indígenas destes pais, em quem mais do que «ir» -leia-se fazer - o que quer é que «o levem».
Deste modo é natural que este povo, acredite e adira, às propostas mentirosas de facilidades do crédito bancário, às viagens quase que oferecidas (pagas depois, claro…), às donas Brancas (BPP e muitas outras), aos telemóveis onde se pode falar interminavelmente de borla,etc.etc. E, claro, no bacalhau a pataco eleiçoeiro. Ora é também por isso que aceita, ou dá atenção, a uma Comunicação Social que deliberadamente, sem pudor, insere notícias fantasiosas, inventadas, para atingir quase sempre fins tenebrosamente obscuros. À espera que o Zé Povinho se deixe levar, sem reflectir muito na atoarda que lhe lança aos olhos.
Bem,
Eu que escolhi (na dita seg-feira) deixar-me levar pelo Sócrates, fiquei satisfeito:- ele conseguiu que muitos indecisos se deixem levar....
A mim ele não me levou a lado nenhum onde eu já não estivesse. Simplesmente é para mim inquestionável que ia mais depressa com ele para o «céu», do que com a Manuela para o «paraíso». O «céu» de Sócrates é a realidade em que vivemos estes últimos anos. Vislumbrou-se um País diferente, foram criadas condições para o ser no futuro. Chegada a crise arregaçaram-se as mangas para a combater. O «paraíso» da Manuela, nem sabe se as macieiras medravam.
Quanto ao mundo do Padre Francisco, já sou velho demais para acreditar em demagogias baratas. Olhem para o que ele diz – é bom sonhar -, mas não acreditem. Pois nada daquilo era para fazer, em caso de….
Aladino

quarta-feira, setembro 02, 2009

A roda nunca pára. Nunca!

Conto os anos por cada mês de Setembro, de cada um deles.
Ligo pouco à data de aniversário, até porque começa com ela o ano que pretendo levar até ao fim. Eu quero. Ainda e sempre.
Mas chegado Setembro começa como que o desencanto, a noção de que rapidamente este (ano) já se foi…
Daqui ao fim é um tiro.
A passagem do tempo é, por assim dizer, pelo menos para mim, relativa. Ou melhor a velocidade com que se esgota, não tem (para mim) a mesma escala: - suportável até este período, e inclementemente apressada, a partir de agora.
O tempo (meteorológico) sente-se de repente, parece também mudar. A cor empalidece, os finais do dia são tristonhos, e isso causa claro mal-estar. O banquete que me chegava deste azul da ria visto da minha janela parece estar já nas arrumações. No levantar da festa.
O sol inclina-se cedo para o ocaso, a fragrância da maresia dilui-se no resfriado da noite e no ar perpassa um fluido de melancolia, e até de saudade. De nós…
A beleza onde diariamente dessedentava a intranquilidade de espírito de tantos afazeres, languesce, definha. Paira no ar um certo torpor espreguiçado, esmalmado. Uma promessa de voltar um dia destes. Volta de certeza. Nós é que poderemos já aqui não estar.
Inquieto, dorido, penso nesta dança corrida que é a vida humana. Começa de quê e para quê?
Não sei. Sei contudo apenas, e com certeza, onde acaba. Na dança (da vida) as gerações sucedem-se. Ela, a mangana, mantém-se.
A vida é um carrossel. Gira entre montanhas e profundezas. Entramos a rir; saímos descorçoados por a viagem ter demorado tão pouco
Por vezes temos a sensação de parar nessa dança das voltas. Pura ilusão. Estamos redemoinhando apenas; a roda continua a girar, e nós corremos dentro dela. Mesmo parados estamos a correr no tempo. Nunca para trás. Nunca! Sempre para a frente.

Aladino

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