quinta-feira, janeiro 07, 2010


Porque é que « isto» não muda?

Não deixa de ser singular este País, onde mais de 83% dos Professores teve avaliação de «Bom».
Todos percebem, mesmo os ceguinhos, o que isto quer dizer. Que a avaliação, tal como existe, é, pura e simplesmente um cozinhado entre pares, uma trama cooperativa que se auto classifica :-são todos «bons». Não há que distinguir. Há que os atar em molhada.
Todo o encarregado de educação percebe que há professores muito bons e bons; mas há também -e são muitos - os assim –assim. E os maus. Alguns indignos de continuar no Ensino.
Singular País este em que mais de noventa e tal por cento dos Senhores Juízes são classificados de bom para cima. Salvo um ou outro caso comportamental, quase impensável, leva um Juiz a ser classificado abaixo daquela fasquia. Então todos chegam ao topo. E para que isso suceda no final de carreira, é vê-los numa roda-viva, a ocuparem por pouco tempo as cadeiras.Só o tempo suficiente para as aquecer, e logo se levantarem, «meterem o papelinho», e dar lugar ao próximo que repete o gesto,and so.... Todos chegam a «almirantes». Ora nós estamos fartos de perceber que há muitos ,muito bons; outros bons.Mas outros execráveis. A desempenhar na área mais sensível da democracia: a justiça. Aqui só os muito bons deveriam ter lugar
Numa guerra não se entrega uma exército a uma general assim- assim, mas a um general de elite. Para batalhas pontuais servem os «generais» de segunda. Ora no caso de Juízes não se entregam grandes casos a Juízes medíocres (ou assim-assim).Por isso o sistema deveria permitir adequar o julgador á complexidade do processo.

«Almirante e Generais», mesmo que não haja navios nem canhões para brincar, têm a vida facilitada.Muitos deles – a maioria! - ocupam cargos burocráticos, sucessiva e paulatinamente, onde perfazem ,ancorados, as horas de embarque. E colecionam umas medalhitas para colocar ao peito em dia de festa, porque o que importa é, aguentarem-se vivos. A suceder, lá chegarão -bons e maus, ao topo.Para gáudio dos netos, ufanos de terem um avô Almirante(ou General).Com o que querem dizer,imaginarem-se descendentes de um Nelson, ou mais prosaicamente, de um Vasco da Gama ou Colombo, na arte marinheira.Ou um Bonaparte ou Wellington, ou um dos Magnos, na outra arte da guerra.Cavaleira, agora sem montada. Ou sendo a montada o Zé do Bordalo.
Poderíamos ir por aí adiante. Todos os desempenhos comprometidos com o Estado vivem de auto-defesa cooperativa. Vidè mesmo o caso espantoso dos médicos e do modo como a sua Ordem reage ao comezinho acto de pocriar novos médicos. Com a ideia peregrina de que o Estado tem a obrigação de empregar todos «os doutores» que saiem das Universidades. Porque terá o Estado obrigação de absorver todos( como os srs. professores), e não apenas os melhores para as necessidades detectadas?

Um individuo lá por frequentar a Universidade tem o direito de ser isto ou aquilo(doutor ,engenheiro, profe etc. etc.) ou apenas o direito de provar que o quer ser, sujeitando-se a escrutínio?
Hoje um tipo coça-se nos bancos da universidade. E como não sabe ser mais nada, quer logo de lá sair mestre,antes de ser aprendiz. Mestres de quê? De ignorância.
Recebo diariamente curriculum de dezenas de «mestres» sociais. Experiência profissional? Zero.
Um mestre pedreiro tinha que saber da poda. Um «mestre universitário» tem apenas de apresentar o seu curriculum como manda a UE. De acordo com as normas 9001.Qualidade só se for na fotografia.

Enquanto não tivermos uma sociedade integralmente gestionada pelo mérito, não viveremos nuns sociedade igualitária ( pelo menos)à partida, onde a cada um conforme as suas capacidades. Igualdade de direitos e também de deveres e oportunidades.
Mas não tenhamos ilusões. O recente folhetim da avaliação dos Professores, que se repetirá quando da abordagem dos Juizes, não nos permite, de facto,muitas ilusões. Este País não consegue reformar-se. Isso já vem do Liberalismo, depois com a Republica, depois com o Estado-Novo e, agora com a II Republica. O País não muda. Cria a cada novo impulso de onde parece irá sair um novo desígnio, uma elite que se serve do intuito reformista que rapidamente se esvai. Tudo se reconstrói diferente para que tudo seja igual de novo, esquecendo-se rapidamente do essencial: construir uma nova mentalidade que defina como teremos de vencer o futuro para preservar a nossa identificação como pátria.
Há pouco quem sirva.Mas há muitos -mais do que as mães - a servirem-se,a refucilar no sistema.

Aladino
PS_ Aqui há tempos pediram-me um favor.Ir dar umas aulas(blá... blá...) sobre Motores,a uns cursilhos de carta de navegador.Claro que me disponibilizei ,à borla,como sempre, a ir fazer o dito.Apresentei a documentação curricular,pedida: Curso de engenharia Mecânica,Curso de eng Maqunista;Professor da Faculdade de Engenharia.E mais importante:registo de ser um dos poucos (nem sei se único) egenheiro com projectos de motores ,registados e produzidos em Portugal,aprovadfos em variadissimos Paises da CEE.
Passado tempo disseram-me tudo bem ,mas tem de ir a Aveiro tirar um cursilho de «Formador».
Sim ? O que é preciso para isso ?
Saber ler.....
O bilhar é muito comprido?...foi a minha resposta

1 comentário:

Rui Dias disse...

Excelente!
Um abraço
Rui Dias

A « magana » que espere....  Há dias que  ainda me conseguem trazer interesse renovado, em por cá estar  por mais uns tempos. Ao abrir logo ...