sábado, maio 15, 2010


Pois… pois… estava á vista….


A situação é grave. Era minha perfeita convicção, e disse-o aqui , ser a dita muito mais grave do que aquilo que por aí se ia falando. Há um claro défice qualitativo de informação em Portugal. Os problemas são debatidos, estritamente numa posição de confronto. E há poucos -muito poucos - analistas capazes de despirem as vestes partidárias e exercerem uma acção informadora/formadora. E assim não se sai do digo agora eu, desmente logo tu, relegando-se a leitura dos problemas do País para um plano secundário. Enquanto andávamos nesta,mais preocupados se o 1º Ministro mentiu ou não ao Parlamento,parece que ninguém relevava o facto de as coisas terem mudado – finalmente! - de um dia para o outro.
Eu avisei ,aqui no meu cantinho..O problema era muito mais grave do que aquilo que se andava a imaginar. O problema não se esgotava no risco de bancarrota de Portugal,Grécia ou Espanha. O ataque especulativo, a continuar , arrastaria não só esses Paises mas toda a União Europeia, e levaria o Velho Continente ao tapete. Inexoravelmente.
E por isso não se soube, ou se avaliou erradamente, o que aconteceu nesta ultima semana: a UE teve avançar com o sinal á Grécia,admitindo que isso iria acalmar os mercados..Mas foi logo intuido nas horas seguintes que isso não ia chegar.Foi então a hora de tocar a rebate,mas agora pela União Europeia.Percebeu-se-finalmente!- o erro de se ter avançado com uma união monetária antes de avançar com uma união económica (e ou até politica).Houve pois,que um sinal aos mercados e esse sinal impôs regras completamente novas. Para isso era preciso baixar abruptamente os defices, já objecto de correcção anterior. Mas agora drasticamente e em conjunto. Logo, todos os Primeiro Ministros se viram obrigados a desdizer o que tinham dito ,convictamente, há umas semanas(infelizmente não foi só o nosso,mas sim :-TODOS!!).
E agora a questão é mesmo a doer…

Se no ano passado se traçaram politicas de apoio ao emprego (tentando minorar a sua escalada,para isso desprezando os défices) agora quase que se vem dizer que é mesmo preciso apoiar o desemprego,incentivando-o (!)criando condições para o fazer aumentar ,especialmente na máquina do Estado. Aqui e em todos os Países.
Percam-se as ilusões: se estas(drásticas e penosas medidas ) não contentarem o «Big Brother» que manobra o ataque especulativo, um Ser invisível que ainda ninguém parece certo saber de onde provém - virão novas e muito mais penalizadoras medidas. Os tempos que se avizinham são dramáticos.
Ora pelos resultados da bolsa do dia de hoje, parece que as mesmas não chegaram para parar a especulação. As bolsas caíram de novo brutalmente. (Ao contrario do anunciado na TV ,a queda de Portugal não foi uma das mais altas mas uma intermédia. Grande ajuda a destes tipos inconscientes e péssimos analistas) .
Mas essa queda o que poderá querer dizer?
Precisamente:-que se o mal antes estava nas dividas soberanas, agora, o mal,estará na recessão que as medidas brutaisrestritivas ( mas necessárias ,imperativas!) irão certamente provocar.
A velha história :não foste tu ,mas o teu Pai…
E afinal o o que é que isto tudo quer dizer?
Pois uma coisa muito simples, que os nossos economistas parecem ainda não ter percebido: substituído o capital produtivo pelo capital que sem rosto que manobra na Bolsa, o sistema capitalista desmorona-se. O sistema está no estertor.
O Liberalismo selvagem estoirou; Marx previu este desenlace embora de um outro modo. Mas fosse de que modo fosse, era inevitável. O sistema acabaria por ruir logo que globalização explodiu e se desenvolveu anarquicamente e descontroladamente , na ausência de todo e qualquer controlo e a ritmo galopante.
SF
PS- Vamos continuar nos próximos Blogs a conjecturar, por conta própria, sobre esta questão quer do ponto de vista prático (reacção sindical) e teórico (novo paradigma económico)

quinta-feira, maio 13, 2010


Visita Papal– no timing certo….

Temos para nós que esta visita de Bento XVI a Portugal se deu em boa hora, com vantagens evidentes para ambas as partes.Concretizada no momento próprio, certo e adequado.
Já aqui o disse mais do que uma vez, mas é sempre bom repeti-lo: não sei o que é esse mistério da fé, na crença de uma qualquer divindade. Não me revejo nos que dizem a vida não ter sentido se não se acreditar numa outra (?!)- que ninguém sabe explicar o que será ou como se materializará, pois ao se materializar negava-se a si mesma .Mas nutro enorme respeito pela Igreja, pela prática religiosa ( excluído o beatério) que conduzida segundo finalidades cristãs ,pode trazer enormes benefícios à comunidade. E temo, até, que uma sociedade que não dá aos seus jovens uma educação básica (teórica),de princípios morais e éticos, se arrisca a desagregar-se rapidamente, por demasiadamente centrada numa lógica individualista .Fui educado dentro de princípios católicos, muito rígidos e fortes. Mas logo que chegada a idade de decidir por mim, foi-me dada total liberdade de escolha. Sem qualquer tipo de influência ,para um ou outro lado. A decisão foi inteiramente minha. E nunca a questão mereceu abordagem para se procurar entender o meu desvio.
Posto isto vejamos :
a) A igreja atravessa uma das maiores crises dos seus dois milénios de vida. Como disse Bento XVI, o grave da questão - a dimensão que a mesma tem no mundo - é que o ataque, a sabotagem, vem de dentro dela própria. Do vício -do pior dos vícios !- de alguns (?) dos seus representantes. É certo que a Igreja - e as Instituições dela emergentes - , conviveram sempre -e bem !– com a licenciosidade e o vicio. Muitos Papas encabeçaram a lista dos mais libertinos, viciosos, licenciosos e vis pulhastras, empunhando o báculo mais como gládio do que como símbolo doutrinal de Cristo. Só que pelo menos até ao século XIX a Igreja soube gerir dentro das suas paredes o vício carnal. Hoje não é o poder de um Rei, qualquer, que se atira ao Papa para lhe subtrair, esta ou aquela mordomia. É a Senhora toda poderosa da Comunicação Social que acolhe com intenso furor a denuncia do nefando e horrível crime da pedofilia.
Só os ingénuos não percebiam que o ambiente onde decorria a prática religiosa, católica, era fortemente propícia ao crime carnal. Só que enquanto o adultério se ficou pela frequência de camas das que se espenujavam, concessoras, frente dos pobres castos caídos na tentação das demoníacas ninfas , tudo era murmurado, passado no escondido do rebate dos templos entre as «ti zefas» das matinas,no abrigo do xaile que abafava o diz-se.Só desatentos poderiam ser levados a supor que o abrir do breviário era exorcismo bastante para afastar o diabo nos ataques ao terceiro pecado da alma.
Agora vem tudo escarrapachado, a bold, nos jornais, ou cacofoniado nas noticiários televisivos
com foro de moléstia onde já nada, nem ninguém, se aproveita.
Umas dezenas de casos viraram milhões. Hoje, pior que um Padre só um Politico.

O Papa precisava, por isso, de um banho de multidão que de um modo espontâneo lhe manifestasse a simpatia. Portugal e o fervor religioso das suas gentes e a sua identificação com Fátima, melhor do que nenhum outro poderia oferecer esse acolhimento afectuoso, quente e sincero.

b) Mas também é certo que o País precisava,também ele, de se reconciliar. Encontrar algo que unisse o seu Povo,afastando-o das querelas partidárias,encerrando por uns dias o coliseu dos gladiadores , onde diariamente se contam polegares. Para cima ou para baixo, matando ou esfolando, raramente percebendo. Todos estamos cansados do espectáculo.

Nas multidões que acolheram Bento XVI estiveram gentes de todas as cores partidárias(pois...pois!!!) estou bem certo. E nestes momentos terrivelmente difíceis que assolam a Europa - e não Portugal unicamente - é benéfico que exista um sentimento de unidade em torno de algo, mesmo que esse algo seja indecifrável..

O momento para o País foi pois de uma oportunidade flagrante. Parece mesmo que o País pôs a politica de lado e se sentiu capaz de se unir em torno de um sentimento comum. Salazar soube gerir bem o problema religioso no seu tempo. Usou a Igreja para pedir sacrifícios ao Povo, mas manteve aquela em respeito sempre que a mesma quis ultrapassar a sua vocação pastoral.

O tempo vai ser de pedir sacrifícios. E nada nos diz que seja por pouco tempo. Creio que o pior ainda está para vir. Para nós e para todos.

Claro que a fé não pode retirar ao Homem o sonho de um mundo mais igual. Infelizmente a Igreja condescendeu demasiado com o apetite da exploração dos mais fracos pelos mais fortes.
Talvez ainda seja tempo de se humanizar, mesmo que para isso, Cristo - um outro - «desça» à Terra. Ou seja, se afirme na Terra.
A Igreja sabe que não pode parar a Ciência. E sabe que a explicação está próxima.

Aladino

terça-feira, maio 04, 2010

Somos um verdadeiro país da treta…

No Parlamento, enquanto o País se confronta com uma crise que mais do que a real, é resultado de pressão especulativa vinda de investidores que apenas querem prolongar o que anteriormente vinham fazendo -uma verdadeira guerra dos tempos modernos - um grupo de Inquisidores, pré-anuncia até á exaustão,tal como nos tempos de Torquemada, a certeza, por mera convicção, que os actos heréticos do PM o terão de levar à fogueira. Ainda que nada de concreto fique provado..

E se se verificar que não foi ele que sujou a águia….prolonga-se a dita turma inquisitorial, nem que seja para dizer …

- pois sim mas a água vai suja e estamos convencidos que foi V Exª o provocador de tal. E se não foi, bem poderia ter sido.

Exibem os grotesco e façanhudos inquisidores gestos de juízes implacáveis,predispostos a mostrar que é ali, na assembleia do povo – facto que repetem até à exaustão - que reside, agora, a senhora de olhos vendados, justiceira ainda que céguinha, balança na mão sem que importe saber o lugar do fiel.

Ao fim de cada audiência os justiceiros saltam(!), agarram um qualquer microfone e olhos no publico, sorriso vitorioso clamam : está visto!...o crime é evidente .
Onde? Importa pouco.
Como?...pensamos nós de que, é bastante..
Quando? …ao jantar ou á ceia …ontem … pouco importa .Mas que houve…houve, essa é a convicção da Santa Mesa da Inquisição.

E o País que lhes paga as mordomias olha estupefacto para esta salada de politica e justiça, mixing explosivo.
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Só se forem à bruxa…é que acertam !!!

Mas do que eu estou a gostar mesmo, é daqueles descamisados economistas, todos ex Ministros.
Por acaso-ou talvez não - qual deles o pior!..
Pois agora vão em peregrinação a «fátima» falar com o papa Cavaco .
Este anunciou, esta semana, que já há sete anos tinha previsto o que ia acontecer a Portugal.
E até o escreveu. Tal feito ,só por si justificaria um prémio Nobel.

Mas a verdade é que eu - e todos ! - sabíamos muito antes do Prof Cavaco Silva o que viria a acontecer a este País .Desde o tempo em Ele que foi preclaro Ministro das Finanças, e, depois, 1º Ministro.
Da Europa vieram,então TIR’s de dinheiro. E o que fez ele nesses tempos de herança soarista?
Lembram-se?
Assim o que o Sr. Professor previu com antecedência de sete anos, eu previ com antecedência de vinte.
Isto de ser economista é bestial.
Só sabem explicar o que aconteceu , porque acertar no que vai acontecer, só se forem á bruxa.

C.S. vai receber o bando dos sete, e dar-lhes espaço televisivo .Para que digam, não o que eles pensam – o que pouco importaria aos portugueses que os conhecem de outras empostas -mas o que Ele pensa(?!) mas não se atreve a dizer, preto no branco.
Andou a dizê-lo no ultimo ano via Manelinha. Posta esta na prateleira arranja agora este grupelho de bruxos cuja paga será - eu o prevejo :
Um para Gov. do BP ,outro para Pres. da CGD, um outro para Ministro das Finanças, outro para chairman da PT, ainda outro para Ministro Economia, outro para a REN.(ou vocêspensam que eles estão mesmo preocupados com o destino da Pátria?)
E….o Medina perguntará o atento leitor ?
O Medina fica sem cargo.Com reforma antecipada por incapacidade mental, atingido que foi por esclerose múltipla em estado adiantado.

Aladino

Ps- Não meus caros;não é preciso ser bruxo. A continuarem as coisas como vão, não é só Portugal que vai á bancarrota. Vai toda a Europa. Porque a questão não é dos investimentos serem errados, grandes ou pequenos, prioritários ou não.
Não!- o que está errado é sistema.
Mas como dizia o outro: morrer de caldeirada nem custa
A.

sábado, maio 01, 2010

1º de Maio.
Recebo um texto.Aprecio-o e pressinto nele algumas sólidas particularidades.
Não sendo meu subscrevo a justeza do significado da leitura: o confronto presente no desafio que poderá ser sempre o ultimo.
Publico.
SF
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Dia do Trabalhador.

Manhã serena, maré baixa, laje descoberta, brisa refrescante.
Desço a calçada do Algodio e chegando à estrada, sigo para norte. Subo pelo passeio junto à praia. Mais ou menos a meio, o muro interrompe-se e umas escadinhas na rocha dão acesso à plataforma rochosa, a laje,. Desço-as e ando com cuidado.A rocha está molhada e escorregadia. Um homem está dentro de água, a pescar. Estou na areia. Encontro o abrigo confortável de uma grande pedra. Parece um “fauteuil”. Acomodo-me. O mar olha para mim. Percebo o que me está a dizer.
Primeiro Ele. Sempre. Descalço-me e vou ao encontro dos pés do mar, por enquanto só os pés. Ao sentir a quente frescura da água, é só o tempo necessário para levantar o ferro e ir fundeá-lo ao meio da praia onde as ondas já o são, embora timidamente
[Soube da detenção de Pinochet numa auto estrada italiana e, depois de a celebrar, apressei-me a telefonar à minha companheira.]
A esteira às riscas brancas e azuis,estirada sobre a areia. O saco em cima onde procuro um fato de banho. Hoje é o encarnado, só o encarnado pode ser. Os óculos, a touca.Por fim as botas de borracha. O mar espera-me. Está só. Na praia, em toda a praia apenas dois jovens. Deitados para se ampararem do vento. Começo por cumprimentar com cerimónia, baixando-me até que as mãos toquem com devoção na água. Lentamente vou avançando para que a temperatura do corpo e a do mar se harmonizem. Nunca sei quando é o ultimo encontro, por isso cada um pode ser esse. Nada se repete, muito menos no amor. A vida é um permanente recomeço.

[Foi longa a luta no Chile no exílio. Os camaradas da resistência interna não lhes deram um único dia de descanso.]
Vem a primeira onda, estou preparada para me entregar e para recebê-la. Elevo o corpo e sinto o embate do mar contra o peito.Tem força,o mar, tem muita força.O fogo é a cor do fato de banho, mas isso não é para vencer-te.Mas sim para te convencer. Estamos completamente sós:eu e o mar mar. Todo inteiro para mim e eu para ele . Os que estão na areia presenciam o nosso delírio. Invejam-me,com certeza. Uma mulher e um mar abraçados em desmesurada entrega.
[Agitámos, escrevemos artigos verdadeiramente agitadores, subversivos, porque a verdade é sempre subversiva……Mas tenho a certeza de que os nossos artigos foram apreciados pelos que sofreram, pelos que sofrem, pelos que ainda mantém a esperança e não se cansam de afirmar que um outro mundo é possível.]
Deixei o relógio em casa. Para que quero horas? Hoje não o largo enquanto não o vir saciado.
A maré sobe como um ventre grávido, primeiro lentamente e no fim do tempo avolumando-se como um gigante.
[Numa dessas pausas conheci as duas irmãs e o irmão mais novo de Oscar Lagos Rio. Os quatro possuíam uma beleza inquietante…E os quatro olhavam para o mundo através de umas pupilas que passavam velozmente do castanho a um verde suave e transparente.]
Ainda um mergulho, um afundar em busca do que está para além, há sempre um mais além a desafiar a imaginação. A despertar os sentidos para emoções novas.
[Oscar Lagos Rios tinha sonhos dos quais às vezes falava: gostava de ser piloto de Fórmula Um e era, além disso, um óptimo mecânico de automóveis. Também gostava de estudar agronomia me confessou uma tarde em casa dos pais durante uma festa familiar.]
Agora é tempo de sair, estamos tão bem que nem damos pelo Sol a esconder-se por detrás das nuvens. O mar quererá descansar? Ou tem receio que eu adormeça? Quem estava na praia deve ter ido almoçar ou merendar, que horas são mar?
[Algum dia se escreverá a verdadeira história daqueles dias ,algum dia escreverei sobre aqueles anos felizes de compromisso e entrega total…]
Lentamente dirijo-me ao lugar onde está o saco. Retiro a touca os óculos as botas o fato. Seco ligeiramente o corpo, visto o biquíni, penteio o cabelo, ponho o panamá , os óculos graduados e deito-me e de barriga para cima à espera que o sol reapareça para me aquecer.

[Oscar Lagos Rios foi visto pela última vez no regimento Tacna de Santiago. Ferido em La Moneda, juntamente com outros elementos do GAP, foi brutalmente torturado pela soldadesca.
Amarraram-lhes as mãos com arame farpado, suportaram os interrogatórios mais inumanos e degradantes…e nenhum deles falou, entregou ou traiu aqueles que ainda resistiam]

E enquanto assim estou vou pensando
[Algum dia se escreverá a verdadeira história e então os audazes ocuparão o lugar a que tem direito]
Sonho...levada pela mão de Sepulveda.Que não escreve.Esculpe a pedra da memória.
Chamo-me M.R.

            Os nós da vida.... ..  INQUIETUDE... A VIDA COMO ELA É ...  Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a e...