segunda-feira, julho 19, 2010

O Barco da Ilusão


Terminada a tarde
Feita braseira de mil sóis
Veio a noite primeva
Sem sopro nem sombra
Errando na ria, neste praiar do mar;
Os meus olhos, outrora sonhadores,
Olhando o que
Aos outros trará vida.
A mim, apenas vejo sorrir a morte.

Silêncio coalhado de prata,
Solidão estendida no sono impaciente
Cortada pelo pio de uma ou outra gaivota.
No meu choro correm bagas de gritos:
Já não virá o dia, algum dia(!)
Que há-de ser «novo dia».
A vida, magana :- não pára, enfim!
Avança ao som do toques marciais
Comandados pelo soar estridente do clarim.

Amanhã haverá nova alvorada
Azul ,enevoada, ou imprecisa
Pouco já me importa, ou colhe ,
Que chegue a fria madrugada
E apague e dê por finda
Esta errante caminhada.
Sou gaivota de asa ferida
Na borda do mar irado, enxerida
Esperando o barco da ilusão.
Colher amarras, alar a vela, largar do cais
E vogar além…ainda mais além... sempre além,
Partir como ave de arribação
Voltar ou não ?!

SF (19 /7/2010)

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...