sexta-feira, dezembro 31, 2010

Onde estão «os céus» prometidos (?!)



Grande desatino
Percorre este tempo
Num turbilhão de emoções;
Crianças, velhos e novos,
Todos (!)
À espera que chegue o momento
Em que trazido na noite,
Enovelado no chaile do vento,
Chegue o adulado menino.


 Mas o menino não virá.
Para quê (?) regressar ao ponto de partida,
Se o Homem é negação de obra-prima,
Clamorosa imperfeição da obra divina.


Se o menino viesse
Encontraria de novo,
Na praça, os Vendilhões
A chorar (pel)a pobreza do Povo.
Choram a pobreza mas não O servem.
Alarido de carpidores,
São os mesmos que em surdina
Nos púlpitos do templo
À uma se levantam, votam
E a decretam.
De novo (e sempre!) em nome do Povo traído
Prometem um mundo novo.


Eu por mim desiludido
Náufrago varado na praia afortunada
Procuro na rosa-dos-ventos
Orientes (ou ocidentes?)
Novo rumo para esta pátria ousada.
Nova epopeia iluminada,
Em demanda de outra Antília de novo amanhecida,
Bem lá nos longes do mar, ainda escondida.

Deus , Ó Deus: porque ficam assim tão longe,
Inacessíveis (!),
Os «céus» que prometeste?



SF. (31. Dez. 2010)

terça-feira, dezembro 28, 2010

E assim escorrega o ano para o seu fim.

 
Foi um tempo mais que concedi a mim próprio em busca de me conhecer (?). Ou melhor me entender. Será que esta constante vontade de me inquirir – ou solucionar - é comum às outras pessoas, ou existe só nos que sonham a vida? Eu fui - e sou - um eterno e constante sonhador .Não de coisas boas, mas de coisas diferentes. Querer sempre estar com quem não estou, ou estar onde não estou. Ou não estar onde estou, a fazer o que faço por não me atrever a fazer mais do que faço.

Por isso me ensaiei de diversas maneiras, e em diversos tempos. E não sei se gostei das maneiras que vivi, ou se depressa desejei mudar outra vez. Só por simples pensar que haveria de encontrar um modo de não sentir a saudade de um passado morto. Facto é que sonhar é sempre mais fácil, que viver. E por isso ainda não compreendi bem se o que faço é não querer viver, e desculpar-me com o sonho de...

Vivo constantemente intranquilo. Intranquilo que amanhã só me atreva a sentir o que sinto hoje, e não me atreva a sentir-me diferente. Vida perdida, insatisfeita. Difícil entender-me nesta quase doença de não ficar, sempre e só, pela satisfação do que é preciso. Estar sempre a criar mais - ainda que coisas inúteis -, a desejar o que não preciso para o corpo mas desejo para a mente. Preciso de a alimentar constantemente. A realidade nunca me apaga a sede. O sonho, esse, sim. Refresca-me; e por vezes se exagerado, embriaga-me.

Acodem-me sentimentos, quase ridículos. Porque impossíveis. Alguns dos meus sentimentos quando os tento explicar, parecem aos olhos comuns, ridículos.

Perturba-me a gratidão. Confrange, colocar-me na posição de agradecido. Se o que faço não requer agradecimento, quando são os outros a fazer-mo (mesmo que infimamente), não sei o que hei-de mostrar: agradecimento ou indiferença (?). Por isso reajo perturbado.Com extremo pudor.

Julgo por vezes – e atrevo absurdamente a citar-me - como homem livre. E o facto é que sou incapaz, de estar ou ser, só. Não conseguiria viver sem os outros. E com quantos mais, melhor. Deixo-me engolfar na vida por essa incapacidade de me pôr de fora. E desse modo perco a minha liberdade – não a de espirito – mas a de servidão. Sou uma espécie de servo livre, quando muito. E é bastante sê-lo.

Excluo de mim para os outros, confessar a amargura. A amargura de até aqui ter superado tudo, menos as lágrimas, não as exteriores, mas as interiores. Não as que se vêm mas as que se deixam correr para dentro. Só nossas. Violento-me a pensar …. E não querer pensar. Dói-me a inquestionável verdade de ter, finalmente (!), sabido que nem todos os impossíveis são possíveis. Que os há, mesmo impossíveis. As feridas que a vida foi deixando nada têm de comparável à ferida que só não é insuportável, porque por vezes perco a consciência dela.

E finjo.

SF

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Terra de acocorados.A que ponto chegámos!….


Depois de um dia tormentoso entre paredes do IPO, chego e deparo com um pedido de chamada de atenção para o último número de «O Ilhavense», «embrulhado» num apressado pedido de desculpas de um participante no acto inqualificável.

Perplexo li que os elementos do PSD, na Assembleia Municipal,tinham chumbado-por unanimidade!- uma mensagem de congratulação pelos 30 Anos do Casci .

Que esta Terra se vinha transformando, neste ultimo decénio, um lameiro nauseabundo, fedegoso, insuportável, eu já por diversas vezes o tinha anunciado.

Mas nunca me passaria pela cabeça que os conspurcadores, abjectos farsantes, tivessem perdido toda a condição de seres pensantes. Tendo uma expressão corpórea, parecendo que têm forma , medida e peso que os apontaria como seres racionais ,têm afinal ,apenas e só, a condição de preguiçosos -ou raquíticos - cerebrais.Mudos e quedos, apenas sabem na hora de votar levantarem-se para cumprimento do ensaio que lhes foi ministrado, no antes. Vivem sem carácter nem opinião. Um e outra, desnecessários, para quem é invertebrado dos pés à cabeça.Vivem (vegetam!..vegetam..) de cócaras.

Ílhavo no seu habitat político perdeu a inteligência. Perdeu até a consciência moral, perdida a integridade intelectual. Mais : - perdeu a vergonha.

Mas o que mais me impressiona é que um daqueles biltres atolado no corixo se apresse a, por detrás da cortina, pedir desculpa á Instituição da ofensa ( no intuito que esta não retalie sobre próximos, seus), desculpando-se com a disciplina partidária.Com quem confunde a Instituição? Com o corifeu que lhe mais ordena?

Depois de ler o dislate, já não tive oportunidade de responder ao borraça. Faço-o agora. Contas saldadas.

-Não se preocupe. Quando bater á porta, o Casci reduz-lhe as patas a metade e faz de conta que Você é um HOMO ERECTUS. 
 
Aladino

Nota .Se o leitor quiser conhecer estes panarras,vencidos da vida, visite : http://www.cm-ilhavo.pt/main.php?srvacr=pages_41&mode=public&template=frontoffice&lang=pt&layout=layout&id_page=41

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Noite de ausência….





Nestes dias sem noite

Sento-me à lareira

A olhar, indiferente,

As rabanadas na mesa,

Os pinhões e ovos moles

Queijo e iguarias tais,

Café, bacalhau e grão

Cardápio de todos os Natais

Em casas onde não falta o pão.

(Por onde andarão os comensais?)



Mesa cheia, e eu, vazio.



Mato com whisky a solidão.

Volto-me entre dois suspiros

Retiro a mão que me suporta a cabeça

Fixo o olhar em algures, distante,

E vou por aí aos tropeções dentro de mim

Em claro desatino

À procura de mim, menino.

(Por onde andarão «aqueles» tais?)



A felicidade não está no que temos;


Vai «naquilo» que perdemos.


SF (Natal 2010)

domingo, dezembro 12, 2010

30 ANOS A DAR-SE

Queria ver-te sempre assim
Parecendo que foi ainda ontem,
Era então a madrugada dos sonhos
Quando te vi nascer.

Poder aqui contar
Em cada imagem
Em cada linha deste verso
O querer que ultrapassou a miragem.
E ousou, ousar.

Quereria hoje olhar o sol
E nos longes da memória de então
Contar as queixas de antemão desiludidas.
Longo e extenso é o rol
Desse tempo apaixonado, irrecusável
A querer chegar a qualquer lado,
Que lado? – a todo o lado.

Era o mundo da fraternidade
Que apelava, ali, à nossa frente,
Girava …girava, imparável.
Nele havia
Olhos em rostos de silêncio
Que a miséria desenhara,
Onde uma lágrima fugidia
Corria, à tua espera.

Foste então
Ancoradouro seguro
Aconchego macio,
Veludo
Para pés nus de tanta criança.

Foste abrigo quieto,
Cais de desembarque,
Substituto de ausência,
Para quem tinha sido e já não mais era,
Senão anseio de existência.

Foste mão estendida
Que se deixa entrelaçar
Nas mãos sujas
Dos meninos da poeira.
Sozinhos, sentados à beira da estrada,
Sem sonho maior que a ilusão
Sem ilusão maior que nada
Colhem o vento sem forma,

Na noite sem tempo,
Dum tempo que é nada.

SF ( 30 anos do Casci  )






Hoje trinta anos vividos

As estrelas continuam no céu.

Só que encobertas pelas nuvens.

Há muitas escondendo a dor.

Outros serão os fados

Ninguém sabe o que serão

E que importa?

Fados serão….



A vida nunca foi um paraíso

No jardim resta ainda tanta flor……

  FREDERICO DE MOURA De novo veio à baila Frederico de Moura, a solicitação de mestranda para recolha de informações. Boa altura para o traz...