terça-feira, novembro 27, 2012


 

Miséria Intelectual


Não sei se os meus caros já deram por isso: agora os nossos sábios economistas já não falam por si, como pareciam  fazê-lo dois anos atrás ,onde pareciam saber tudo. Até como resolver o problema  num anito,diziam.

Agora colocam-se na sua posição,  a quatro, e dá de  perorarem pela dita ,cansativa e putativa troyka. Como a «voz do dono», é vê-los  a repetir a sua crença  nas juras  de que, o que é evidente para qualquer ser pensante ,não o é para eles, homens (?).Que não capitulam  mesmo perante o precipício : e aí vamos …..

Agora não se afirmam por si; exibem e argumentam, fornecendo os dados (vindos) da dita trupe. E tudo o que dizem  é : –  «segundo dados do BCE….»…«segundo dados do FMI» etc . Ao fazê-lo não vêm,  que  afinal,  o que tudo isto veio provar, é  que esta rapaziada partidária,  sabichona , era afinal  inapta, ignorante e incapaz . Que nem sabia o que se passava em sua casa.

Que estado lastimoso a que chegámos!!! E é isto a elite  dos nossos sábios ,todos ou quase todos ,Prof’s das muito e variadas Universidades que por ai pululam como cogumelos.

Porra: então se estes são assim, para que chateiam o espertalhaço Relvas ?
SF
A decisão de hoje ,do eurogrupo,  é uma lástima intelectual :uma confissão clara de que a receita é tão má que, ou se pára, ou o doente fina-se com certeza .  Só que começa a ser tarde para  o doente; nem  os santos lhe vão valer, tal  o estado calamitoso em que o puseram.
E por cá? Agora é que isto vao doer a sério.E o pior é que não se vai lá com manifestações pacíficas.Eu estou farto.É chover no molhado.E o facto é que isto está muito mais pôdre que em 24 de Abril.
SF

domingo, novembro 25, 2012


 

«Milena»
 
De vez em quando acontecem coisas sérias nesta Terra.

Surpreendente (e muito louvável) a iniciativa de «O Ilhavense».
Não só por promover  a edição do livro «Milena», livro que, diga-se desde logo,  se absorve  de um trago: inicia-se e tem-se logo vontade de o levar de uma tirada até final .Porque é um trabalho muito sério (e infelizmente essa seriedade não tem sido apanágio na abordagem da epopeia do Bacalhau).E muito bem organizado (o registo factual é brilhante), lindamente escrito na sua simplicidade narrativa. E acima de tudo de uma virtude intocável: o autor narra factos, mas nunca cede á tentação de se fazer figurante maior. O que, no relato bacalhoeiro, é pouco (ou nada) habitual.Mais propenso os autores  a auto- biografarem-se.

Sem duvida que o «Milena» é a figura central onde decorrem os «feitos». No caso azarados. Curiosamente lembro-me do «Milena – conheci muitos figurantes que lá deixaram suor e lágrimas –- e na minha memória de rapazito e ouvinte atento das conversas dos «bacalhoeiros», que duravam noite fora, por vezes  até ao nascer do sol, a ideia que retive é que sendo um «barco grandalhão», não era um mimo de lugre: mau de manobra, pesadão, muito trabalhoso para a pesca, alto de borda, diziam «ser barco de sorte má para quem lá embarcava». Certamente a má sina que o perseguiu em 48, terá acontecido em muitas outras campanhas. Os barcos, como os homens, têm alma. E por isso há uns de boa sina, e outros de sina danada.
«O Ilhavense» para lá de promover a edição, tudo fez para dignificar a sua  apresentação, dada a ausência do autor, muito bem representado por seu irmão..
Empenhou-se(eu testemunho-o)  na dignidade do acto.
Só não entendo porque não se deu ao livro o palco merecido. Este sim (!) merecia a sala do MMI.

Porque este livro fará história. Outros que lá foram pomposamente apresentados, nem no rodapé da dita, ficarão. A não ser que a sala (muito digna) da Junta de S.Salvador, tenha sido escolha própria de «O Ilhavense».

SF

sexta-feira, novembro 23, 2012


 

Hoje é dia de falarmos…de Ti.

Por cá tudo igual. Tudo mal.
Por «aí» não sei. Mas não tardarei a sabê-lo.
Hoje, ao lembrarem-me da tua falta, diziam-me à laia de consolo – certamente (!) – da minha sorte (?) de: – ainda ir vivendo:
Olhe que não, olhe que não… atalhei com doce comiseração: isto de ir vivendo mais um dia, não é bem ter um dia a mais. É a lucidez de ter a consciência de se ter um dia a menos para fazer tanta coisa que se pretendia fazer.
Não sei exactamente, onde, mas li (ou ouvi alguém dizer) que a vida não tinha sentido. Eu sempre,assim, o pensei, duvidando do dito. Para mim o que terá sentido é o calor humano que pomos no fazer das coisas da vida. Nos princípios e ideais que nunca abandonámos, na ética com que a vivemos etc.
 
 
 
Por isso ao preocupares-Te, não em usufrui-la, mas em ultrapassá-la nas suas minudências, deste-lhe o sentido que falta, quando se vive …, por viver.
Hoje, a cada dia que passa, percebemos a dimensão da Tua preocupação em ultrapassar «o consentimento da Tua vida».
Um dia perguntaram-me de onde vinham as minhas «certezas» (?):
Do olhar para o céu e não me impressionar com a sua lonjura. E olhar aqui para a beira, para quem vai a «meu lado» na vida, e sentir-me tão longe de cada um. Não me impressionam (e cada vez menos) os «deuses grandes». Importam-me, isso sim, «os deuses fracos». 
Por isso Te entendi quando parecia que todos os dias (santos e não santos, para Ti todos eram iguais na angústia), a vida te flagelava de propósito, desafiando-Te.

João

(Nota : este Blog deveria ser lançado na web em 25/11,dia da morte da Zeca.Por erro informático,adiantou .Aqui fica o reparo)

segunda-feira, novembro 19, 2012



 

Por cá vamos indo…

 

Cá por casa tudo continua como «Ela» gostaria que estivesse. Coisas com as quais respeitosamente, eu concordava, a que  me fora moldando ao longo dos anos de uma vida partilhada intensamente. Houve altos,houve baixos?: claro, mas apenas alevanto de vento que logo passava; para o que bastava uma abordagem,doce, pelo meu lado «ronca».

Uma  sabedoria de vida que nem todos conseguiam facilmente abarcar : o convívio  fácil com as pessoas fáceis, para com quem tinha -sempre!–um gesto ou uma palavra de carinhosa brincadeira, quando não  um dito que transformava uma maledicência num sorridente  remoque; mas bem ao contrário a fuga às gentes artificialmente emproadas  que dificilmente tolerava. Tudo na Z. era natural transparente e frontal. Demasiadamente frontal.   

Agora : os sapatos deixados á entrada, desalinhados,  é uma das poucas liberdades   que desde já  assumo transgredir. Não havia meio de me corrigir: entrava  e logo iam sapatos para aqui ,casaco para ali, calças para o varandim: à medida que entrando no meu refúgio  respirava a sensação de eu, só eu ,e mais ninguém, tinha o direito de transgredir as regras da boa arrumação . Pacientemente zangada, ia apanhando tudo e colocando o rol no local aonde ao outro dia, eu encafuava o que lá estivesse e me fosse distribuído para vestir. Poderia ser amarelo, azul às riscas, o que quer que fosse: - eu vestia (ainda que fosse uma meia de cada côr). E agora, grande trabalho é o meu,este, de aprender onde estão as coisas. Apesar de que ultimamente, pressentindo o desfecho, me foi dando referências do local de armazenagem..

 No meu luto interior ( e só esse é meu!) recordo-lhe a dimensão solidária, o dar-se inteira e integralmente a todos –mas é que era mesmo todos …tantos!!!-que dela precisassem, independentemente do preço que muitas dessas atitudes nos acarretassem. Tomada a decisão,   assumíamo-la  por completo.

Por isso o nosso meio «familiar» era grande e preenchido. Se não pudemos fazer melhor, não foi porque nos eximíssemos  a uma ou outra tarefa por mais  difícil que fosse, para  o concretizar. Apenas porque não foi possível, fazer melhor, dentro das circunstâncias.

Espantosamente dedicava aos seus animais ,a mesma dedicação que dedicava aos seus. Não ia a lado nenhum sem a sua companhia. Podia tentar convencê-la a ir a um longo passeio: ia se os «meninos também  fossem». Ponto final! O mundo da Z. era o seu mundo próximo. O dos seus.

 E assim não havendo outra hipótese, um dia  fomos –finalmente! – todos.  A trabalheira para meter nos hotéis(em França e Espanha) os cachorros embarcados em malas, foi coisa épica. De outro modo os passeios ,só poderiam ter o máximo de duração dois dias.

Casaco,calças,ou outro, de que eu me esquecesse uns meses, desapareciam como por encanto. À pergunta : então  onde está «aquilo»?. Ora : olha dei a quem mais falta tinha delas que tu….Eu encolhia os ombros, claramente satisfeito….Um dia um ladrãozito entrou-me na casa da Costa.Quando foi apanhado e  fomos chamados á GNR para prestar declarações, às tantas dei que tinha vestido um belíssimo casaco de cabedal,meu. Claro que perguntei: de quem é esse casaco ? É seu :gostei muito dele,respondeu-me.

Tire-o ,já…E quando o rapazola cumpria a ordem diz a Z…: deixa, que o casaco até o tinhas esquecido na Costa. E ao «rapazinho»,faz-lhe jeito. E fica-lhe bem. A ti já te estava apertado, ora….

Fisicamente  a  Z. era um poder do senhor: agarra aí…e eu dizia, como é que te atreves?…e afinal era eu que desistia.  Esquerdina, tinha uma força desusada naquele braço ,e ai de quem o quisesse experimentar.

Bem poderia aqui estar até amanhã a falar de pequenas incidências da nossa vida em intimidade que se prolongou por mais de sessenta anos.

A secretária onde escrevo começa a estar um pouco desarrumada. Como eu. A vida também começa a desarrumar-se dentro de mim. Nunca me subordinei a nada e agora o vazio toma conta de mim.

Emocionalmente ,sinto-me equilibrado. Sobre factos futuros, não tenho curiosidade de maior. Sobreviver.
Os condenados sabem, que amanhã ou depois, os espera o cadafalso. Aos ditos  a decisão humana substituirá  a  interferência  do destino .Seremos  nós diferentes desses condenados, só porque aspiramos a uma morte sem data pré-anunciada?

Prossigamos, então, nesse intervalo, surpreendendo-nos mais a nós do que aos outros. Viver a vida por inteiro, é impossível. É ficção.
Vivamos a vida arrumando vivências, saudades, memórias, sem abdicar de viver o resto com dignidade. Aspergindo  a monotonia  da inconsistência dos dias, acreditando que só vale morrer de pois de ter amado. Mas não apenas…

Vejo para aí tantos louco a fazer-nos acreditar que acreditam nas suas delirantes loucuras, que começo a sentir  estar a perder  a minha pobre lucidez. Os meus sentimentos são fortes de mais,mesmo para quem arranja argumentos para os colocar em causa. O que os meus sentimentos podem, é estar errados com a vida.

SF

sexta-feira, novembro 09, 2012


REENCONTRO





Vem Ria!

Corre e vem roubar-me a este desengano

A este silêncio amargo que me entedia,

Tão intenso que o seu «ruído» me ensurdece.

Tenho frio de ver a noite, tenho sede de  ver o dia.


Vem Ria!

Foi no meu mar interior que o rio da vida veio desaguar;

Trouxe no seu ventre o inverno da vida.

 Vejo pessoas como barcos negros a navegar

 Cruzando o breu da noite sem se verem, ou sequer saudar.


Vem Ria!

Traz contigo o vento para varrer as minhas penas.

Quero nele verter as minhas rosas de espinhos

Quero nele sentir o ressoar do meu coração distante

Quero que ele me traga a parte do meu sonho que pereceu.


Vem Ria!

Traz-me o azul para nele embrulhar as recordações

Onde nem tudo, no passado, foi falso

Quero recordá-lo para o volver presente

Trazer para junto de mim, quem está ausente.


Vem Ria!

Oh! Quanto nos afastámos neste verão de dor

Recomecemos, hoje, o nosso inocente amor.

Deixa que este tempo  do não viver, não dura sempre:

Eu vou acordar deste sono falso, deste cansaço aparente.


Vem Ria!

Eu não sonho possuir-te, ser contigo carnal

Não: contigo não quero ser, assim, banal

Quero voltar a ver-te nua, mas não possuída

Quero voltar contigo ao pedaço de vida interrompida.  


SF. Nov. 2012

quarta-feira, novembro 07, 2012


 

CARPE  DIEM versus  BEATUS ILLE

A propósito do CARPE DIEM publicado (3Nov 2012), à medida que as horas  silenciosas vão correndo, vou  eu discorrendo….
Creio que sempre que  a vida nos prega uma partida, paramos e juramos: é agora .Parece  chegada a altura de procurar viver segundo Horácio , o poeta  venesino.
Viver segundo as regras do poeta era viver na suprema virtude (perfeição )da vida.
Seguir Horácio –e muitos juraram segui-lo ,e imitá-lo –tinha entre  outros saberes (  virtudes) o  beatus ille, que seria o viver «afastado» , num modo (propósito) contemplativo. Ora manda a verdade dizer que os nossos Árcades, cantavam esse viver. Só que  não muito longe do bulício (e prazeres)da cidade. Era o tal viver lá fora, cá dentro. Quando muito cantavam as suas Odes nos jardins públicos, a paisagem citadina que imitava (?!)a «Arcádia» pastoril.
Por mim, também aderia (poeticamente) ao CARPE DIEM.
Só que prometi fazê-lo um ror de vezes, e voltei sempre ao mesmo. Mas tantas foram as vezes que jurei dizer palavras que afinal nunca disse; tantos foram os gestos ensaiados e logo fenecidos á nascença; tantos foram os sentimentos que guardei só para mim, quando os devia lançar ao vento e deixá-los ribombar por todos os cantos….,A cada promessa ensaiada, logo voltava à estaca zero.
 Chego pois á conclusão, que (já) não mudarei, embora o tenha prometido, agora,uma vez mais.
E  por isso continuarei a querer importar-me ;e continuarei a querer saber; e continuarei a aceitar sofrer. E continuarei a guardar a sete chaves muito dos meus sentimentos, que não contarei  a ninguém. Que levarei comigo. Como levarei os gestos e as palavras, os sorrisos e as lágrimas.
E vou andando. Continuarei a deixar-me agir impulsionado por um qualquer sonho. Não tenho outro modo de me deixar existir. Parece que nunca aprendi. Ou não quis.
E discorro: os avisos e propósitos de Horácio, ficaram registados  nos compêndios literários. Morrem lá enterrados, bafientos. Utopia inalcançável..  

SF  (7 Nov 2012)

sábado, novembro 03, 2012


 

       Carpe diem

 

      Recolho-me aqui, bem para junto de Ti

       Na tentativa de me render à filosofia

        Da natureza que nos criou e alimenta.

       Carpe diem ,

        É a mensagem que me pareces recomendar:

        Saber é proibido.

        Querer saber o fim que um qualquer «deus»

        Me dará, é proibido.

        Saber se faltam ainda poucos

        Ou muitos invernos, que um qualquer «deus» me concederá,

        Saber até se este  não será o ultimo,

        É proibido.  Fugaz, é a única certeza da vida.

         Mas se o for, que  sendo este o ultimo

          Não seja o menos importante.

         Traz pois contigo as musas para com elas beber

         Todo o meu vinho;

          Que o melhor  não fique guardado

         Bebamos à vida; olha que o tempo é ciumento

         E foge para longe de nós.

         Deixa-o ir; fica aqui junto de mim,

         Nunca acredites no amanhã!

          Vamos aproveitar o que a vida nos oferece

           E colher  cada botão acabado de florescer

           Antes que só nada mais haja que espinhos

            Para  viver ou..morrer.

             SF   1 Nov 2012

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