sábado, setembro 27, 2014



Votai...e votai bem....


E pois bem: fiel ao que desde a primeira hora, afirmei, não irei votar.Isso não significa que não tenha uma clara proximidade a um dos candidatos.
Mas claramente...não gostei de timming escolhido por Antonio  Costa,para se atirar a esta disputa.A política tem pouco de ético.Eu sei isso.Mas há mínimos a cumprir,nesta guerrilha do vale tudo,a qualquer preço.
Não estou optimista,sobre se o P.S ganhará algo de muito significativo,com este episódio,um pouco burlesco.Dificilmente vejo que num ano  as chagas se curem.
Fica claro:  Antônio Costa ou ganha tudo....ou perde tudo.Não há para ele meio termo.A jogada foi muito arriscada.
Antonio  Jose Seguro, se perder, ( o que acontecerá) terá mais tarde outras chances.Basta - lhe esperar,com as malas, que o comboio apite duas vezes.
Custou- me muito!assistir aos espectáculos televisivos ....Que contudo,era previsível,fossem exactamente,o que foram.
SF

 Quando recordar….irrita….


 

Um telefonema de um amigo de longa data, que comigo caminhou na diáspora que foi o «assalto» dos ílhavos à enseada dos «mouros», ferozmente acantonados no CVCN, onde se julgavam, donos e senhores de tal histórica instituição, trouxe-me à recordação a «estória» desse tempo. E logo,as muitas e variadas peripécias até que, varrida a praça forte dos infiéis ocupantes, foi tempo de refazer o arraial.

O campo que encontrámos, era quase tudo, escombros. Tudo era podre, como eram os ocupantes. O Clube penhorado por todos, sem crédito, sem nem qualquer dose de confiança, caloteiro madraço qb.

Ora entre muitas coisas, feitas num verdadeiro sprint e em com desarcado trabalho (sim, porque há camaradas que pensam que as coisas aparecem feitas por obra e graça do Espirito Santo, que deu no que deu…),mas ainda maior imaginação, mesmo envolvidos num turbilhão continuo de processos judiciais, feita a tomada posse em fim do ano, na primavera seguinte, estava  já o Clube a marear, imparável. Uma Direcção excepcional.
Disposto o CVCN  –como o fez! – a dizer no panorama dos Clubes navais: contém connosco porque queremos ser os melhores.

Bem ,mas nesta véspera da Sr ª da Saúde, esse amigo(por sinal também adversário aquando das famosas caldeiradas) ligou-me a «chorar» de ver o estado de abandono a que o CVCN, chegou. Mete dó, de verdade…De degrau em degrau foi-se afundando, inexoravelmente, e poderá até ser conduzido a um beco sem saída.

Bem …

Algo que a Direcção daquele tempo pôs em marcha, foi trazer à Srª da Saúde a Regata dos Moliceiros, carreando gente para a festa, animando e embelezando a Ria com o colorido estonteante daquelas embarcações do historial lagunar .



      …e lá vieram (Foto Rui Bela)

Poucos saberão como foi trabalhoso, convencer(quer na ideia, quer materialmente),os arrais a virem, pela primeira vez, à Costa-Nova. Gente de trato amigo ( depois de vencido o primeiro contacto, que é sempre muito difícil),foi necessário bater porta a porta, e com muita insistência,dar garantias de serem, arrais e famílias, bem acolhidos. Eles nem sonhavam, o que iria ser !

Julgo que teve importância decisiva, a feijoada das noites de sábado, servida na Garagem Samuel Maia, a Arrais e familiares, mas e também, o desafio inédito da «Melhor Caldeirada».Que veio substituir o estafado concurso de painéis. Com um valor pecuniário que cobria largamente as despesas, havia prémios de certa dimensão para as melhores do concurso. Esta iniciativa levantou grande interesse e curiosidade, e perto do meio dia de Domingo, muitos eram os curiosos, vindos apenas para apreciar, e degustar, as caldeiradas apresentadas a concurso. Verdadeiras obras  primas do cardápio lagunar, tal  o seu vernáculo extremo.
                                         





 



 
 
                                                   Fotos Rui Bela
 
Vinham os familiares e amigos das tripulações, que aproveitavam o fim da tarde de sábado, e a manhã de domingo, para visita ao Orago, mas e também, à célebre feira de então.

Às duas dava-se a partida para regata, em frente da muralha. Era um espectáculo assombroso, empolgante, soberbo, apreciar os inúmeros truques usados por estes mestres da vela a procurar (à  dentada, á paulada, ao achega-te para lá, por todo os meios) a melhor posição de largada.

 

                                     
                         ............................procurando posição (Rui Bela)

 

O povo estendia-se por toda a marginal, participando  com grande alarido  no apoio aos seus mais próximos.As viragens de amur a,executadas ali a dois passos da muralha, estendido o bordo até ao ultimo momento – quando a assistência já gritava e fechava os olhos, prevendo a batidela desastrosa – na pretensão de ganhar barlavento ao que está ali ao lado, são feitas debaixo de imprecações,em alta vozearia. «Agora!»…«agora» (leme)…« mete»(pá)  …e «calca…calca» (calcador) estipôr……maneia-te .E logo do lado vinham gritos :«amuras!....amuras…aaamuras!».



…e assim era o CVCN (Rui Bela)

 

Quiseram os deuses que em certas, das várias regatas, o vento soprou forte, e que o pano retesado, levado ao extremo, conduziu ao raro espectáculo, que era ver um moliceiro em «cuecas»,com os baixos à mostra. Vira!? …não vira?!..Ahhhhhhhhhhh, safaste-te desta. Aquele pessoal sente o barco como o cavaleiro tauromáquico. E governa-o com simples toques (aqui, ali,mais doces ou mais apertados…), que o Moliceiro parece entender, reagindo de imediato ao «desejo» do seu arraias. O Moliceiro, vela a panear, bombordo-estibordo, leme um chinquilho metido, sai ás arrecuas, como ginete em elegante garbo de trote, a dar posição de investida, ao seu cavaleiro.

Depois da regata, atracados, atenuada  a sede, garrafão passado de barco em barco,por ali ficavam até ao receber dos prémio. Que o CVCN, tinha o maior gosto em entregar, orgulhoso  desta iniciativa, que reputo, ser  das mais brilhantes do seu historial. E foi numa dessas conversas que ouvi a Ti Armanda «Russa», descrever-me as virtudes, da proa do Moliceiro para o supremo acto do amor. Onde tinha feito seis filhos: mãos nas «cheleira», pés bem assentes na antepara, e o suave erguer ao céu da proa onde se estendia em espera sôfrega, faziam toda a diferença.....Sabe amigo ,dizia-me marota: agora as fidalgotas chamam-lhe queques.(ou parecido),nós chamávamos -lhe: avia-te!!!..
 
 
                                      
                                   ...alinhados (fotoAML)
 

 A regata custava 500 a 800 contos!!!. Que importa? A « arquitectura económico -financeira, dada ao CVCN, permitia isso, e muito…muito mais….Hoje prefere-se ir aos Bancos, para as despesas corrente!!!!!!. Depois queixem-se…..

Voltando às Regatas :

Chegámos  a um grau de relação tão próxima que as gentes da Murtosa, da Torreira, das Quintas(a quem rendíamos presença, nas suas regatas, como nosso moliceiro « O Ilhavense») que eles nos tinham(e têm), como os amigos da Costa-Nova.E respeito pelos nossos Arrais. (João Senos e Pedro Paião) aquém foram desvendando todos os segredos dessa obra prima lagunar: O Moliceiro.

Recordo pois, sem saudades, mas apenas com o sentimento de uma enorme experiência vivida

e com a sensação de um desafio, cumprido.

Mas voltaremos ao CVCN.

 

SF
Nota; para o êxito destes eventos, foram fundamentais, o saudoso Daniel, e a  directora  TC. 







domingo, setembro 21, 2014


Amanhã, de novo,o amor, trazes-mo Tu.

 
 

No leito

Revolto onde tudo é desalinho

Postas-te possuidora

Sentada sobre mim.

Lá fora as águas dóceis

Da ria correm

É verão

Deixa-as ir

Nem eu sei para onde, elas, irão.

Tempo onde os morangos

Sangram colorindo

Os teus lábios

De um rubor vilão.

 

 

Deitado

Com as mãos pousadas

Na nuca,  peço- te

Sossego,

Vencido.

Sobre mim sinto o aroma

De todo o teu corpo

De amor entontecido.

 

 
E toque a toque penetras- me,

Corpo eriçado, curvado

Esfinge de helena

Grega,

Peitos túmidos espetados

Pela força dos teus braços

Sobre os meus joelhos,

Deixas apenas que a espuma das palavras

Chegue aos lábios

Num estertor de animal ferido.

 

 

Só nós meu amor

Só nós ..

No mundo não existe

Alguém!....ninguém!....

Tudo à volta é  o nosso rumor.

 

E continua o frenesim do teu

Bamboleio ritmado

Fausto festim

De corpos incendiados

No carmesim da colcha enrodilhada.

 

 

Só nós meu amor,

Só nos..

Ninguém ouve a música que sai

Dos nossos corpos amurados

Em outras margens.

Ai!....

 

 

 

O vai vem, o sobe e desce
 
teu,                                                                                                                                 

Permitem aos tropeções

Um corpo dentro

De outro corpo, 

A dar  amor às golfadas

 

 

Soergo- me um pouco

Para que avances mais;

Um degrau de prazer

Ainda mais (!?)....

Trazes então a boca

Ao encontro da minha.

A perversão

Da tua língua húmida

Faz -me enlear

No  mais  gostoso paladar

Do teu doce amor.

É a ria que não pode parar.

 

Envolvo -me na dança

Frenética dos nossos corpos

E vou ao teu encontro

Implorando que me abras

As portas do teu porto.

Negas- me!

Hoje a possuidora és tu!

 

E é então que me apertas

Entre teus joelhos

E bem preso, manietado

Puxas- te toda à frente

Levada pelo  desejo

Imparável

 de seres toda

Toda minha.

 

E eu pássaro

De asas quebradas

Soldadas

Pelo fogo do amor intenso,

Imenso !

Abandono- me aos gestos nupciais

Colho a tua mão

Entrego me ao prazer

De esbeijocar   os dedos

Puxo- te a cabeça

De um modo doce

Quase a medo

E enleio- me no teu cabelo

A ouvir os  compassados  ais

Do teu fim de linha.

 

E vem o silêncio

 

Lado a lado,

Inertes, os nossos corpos brilham.

Saciados

De tanto sal de beijos

E afagos

É tempo de morrer a teu lado.

Neste espairecer lento

No gozo de gastar o ultimo

Alento.

 E tantas loucuras dizer

Que importa?

Palavras leva- as o vento,

E de novo, o  amor

Amanhã, trazes-mo tu.

 

 

SF   Setembro 2014

segunda-feira, setembro 01, 2014


 

Entre as dunas


A duna estava deserta;

O céu parecia ter subido

Ainda lá  para mais acima,

Quando a areia se acolchoou

E o pássaro que fazia pio-pio

Calou-se um instante,

Para não nos perturbar.

 

Era já moreno o dia

Quando o abraço perpétuo

Te transformou, Menina,

Mulher.

Navegámos por entre o rio do desejo

 À descoberta das suas margens,

Fazendo da duna

 O barco dos nossos beijos.

 

Entre o juncal a saber a feno

E o cheiro da alfazema marinha,

Procurámos aconchego para um corpo

Entrar ,doce,

No outro.

As bocas eram tão jovens

Que arder, era saltar de uma para a outra

Até o vento nelas se incendiar

 E iluminar os esponsais.

 Foi ali, tão perto do mar

Era Setembro.Na areia frágil,

E meiga,

 Ondulada docemente pela brisa

Escrevemos

«Para sempre…»

 

Éramos nós, amor…

Éramos nós. Só nós.

Separados do mundo

Saciando a sede;

Em  cada espasmo matando

A inocência ali abandonada,

A cada entrega, consumada.

Só nós….

Viciados no vício de nós.  
 
SF    2 Set-2014

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...