sábado, abril 25, 2015




E venha outro!!!!!!!
 

 

Tantos a falar do 25 de Abril.

E tão poucos a cumpri-lo no dia a dia.

Esta cultura partidária, está esgotada. Se a Democracia na sua essência está ela também esgotada? Eu creio que sim...

E nesta atitude reside o meu mal. Aquilo em que creio, põe-me em contrapé com uma maioria que me rodeia. Uns preferem tão simplesmente viver. Chega-lhes.

A mim, viver não é bastante. Tenho de me interrogar permanentemente porquê, e para  quê, vivo. E só o pensar me basta.

O 25 de Abril enquanto criança fazia-me acreditar que um dia qualquer ...aconteceria...um novo sebastião. Hoje já não creio...

Hoje parece que o vento bateu nele, e que  todos os sonhos , ambições e desígnios (!),foram  vergados, deitados por terra .«Este» 25 de Abril não tem mais capacidade de voltar a ser. Talvez nem sequer de voltar a querer ser.

                                                  Já se cerra  o Abril dos quarenta

                                             Cuja  ementa

                                             Foi sonho já  passado

                                             De um   povo aquietado.

                                             Quero um  Abril novo levantado,

                                             Erguido pelo grito da turva

                                            Que de novo pelo sonho incendiada

                                                                             [ Grite:

                                                                              é por aqui que quero ir

                                                                             .... e não por aí.

 

SF 25 de Abril 2015


domingo, abril 05, 2015


Amigos:

 

 Não tenho qualquer tipo de religião. Tenho, do exercício das mesmas,  razão profunda de afastamento por me lembrar que as  maiores atrocidades sobre o indefeso humanoide, foram sempre( ou quase sempre...) levadas a cabo evocando falsos credos e equívocos deuses.

Por isso a Páscoa, pouco o nada me diz.Muito embora respeite todos os que assim não pensam. Neste dia, sexta feira, meu Pai comia só (e nada...nada mais...) que um rabo de sardinha salgada. Eu, por educação(e sem saber porquê), respeito a tradição. E hoje vi-me grego para encontrar as sardinhas (péssimas...diga-se...).

Foi um dia massacrante para mim. Não vesti o sudário para com ele amenizar as penas que a vida me trouxe. Não..não me queixo: pois se a vida assim procede comigo, eu também a enganei muitas vezes. Estamos pois, quites...

Mas agora (nesta noite) sobraçando a ria no meu paraíso-acreditem oh! incrédulos!, em boa verdade vos digo que o dito existe-  fui ali ao terraço, encher-me dela .E libertar-me.

Uma penetrante, acre e doce, intensa mas esquiva, maresia, chega-me brotando com uma intensidade   que me resgata, como individuo ,do pesadelo da memória colectiva que hoje é este País. Esta minha obstinação em disfrutar esta maravilhosa dádiva que me é oferecida, levanta-me alguns temores de ingratidão cósmica. Esta obstinação cativa-me. E comove-me. Maravilha-me. Sinto que tenho - ou me foi concedida!- uma alma imensa que não cabe dentro de mim, fisicamente.

 

Ao olhar a Lua lá nos meios da abobada celeste, hoje um pouco enfarruscada, fujo em me  perder no imbróglio desta imensidão que me perturba. E pouso os olhos na paisagem lagunar. Pareço antever  a madrugada, o nascer de novo dia, na peregrina ideia de que o meu dia, seja, amanhã , bem melhor que o de hoje.

Mas se não for, sigo em frente...

 

SF

sexta-feira, abril 03, 2015



 

Carta Aberta á Professora de Flauta do meu neto ....

 

Chegado o neto mais novo,  casa, para passar a Páscoa, comigo,  inquirido sobre as notas do período, lamentou-se o rapaz que, sendo boas a notas a  todas, teve de novo negativa a Musica.

-Eh! pá não me digas que não sabes ,nem ao menos, tocar ferrinhos?

-Não avô o problema é que não aprendo a tocar flauta....

-Ainda bem rapaz, isso é instrumento de meninas..

E vai daí resolvi escrever esta carta á Digmª Professora de Flauta:

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Ex. m ª Senhora Professora:

Triste e psicologicamente abatido, o meu neto(J.B..........) trouxe-me a notícia de, e uma vez mais, ser anotado com negativa, na importante e fundamental cadeira lecionada por V Exª, mais concretamente na matéria: FLAUTA.

Ora eu não estou em crer na dificuldade do instrumento, se bom e convenientemente manejável .Bem soprado, sempre acabará, mesmo que mal tocado, por corresponder ás pretensões do proprietário. E às expectatvas  da soprano.

Devo dizer a V Exª que ,sem dote algum que me indiciasse poder,um dia ,ser um «mozart»,fui um esforçado professor de «flauta». Instrumento proibido antes de Abril de 74,a que era atribuído um nome fellatiano, muito  poético mas estranho na compreensão literal portuguesa, muito mais talhada para os enfeites peitorais, foi depois introduzido nas camadas populares, decididas a aprender novas motivações sensoriais. E ai da novas gerações que não saibam tocar «flauta». A «sublevação» nunca será consumada.

Preocupei-me sempre em demonstrar que a «flauta», não é, só em si ,e por si, um instrumento de sopro. Não!.... É um instrumento onde a movimentação, suave mas certeira do dedo, extrai todas as virtualidades da «cana»- Digo «cana» porque  naqueles primeiros tempos, o popular caniço, era o instrumento menos espaventoso, mas bem mais redondinho(muito mais popular) ,e por isso mais alcance das camadas mais desfavorecidas. Não na «cana»-longe disso!-  mas na disponibilidade partouze «pífara».

Com muita paciência -e por boa causa,registe-se - ensinei que não era apenas um simples movimento labial que fazia «vir» a musica celestial». Não. Definitivamente. A corrente tumultuosa  vinda das profundezas, perturbadora da razão e do espirito, e dos sentidos, furacão que eleva o mortal ás alturas dos deuses,  só se consegue com um suave -e  bem ajustado- manejo dos dedos, nos orifícios  instrumentais.

Fico pois perplexo como é que V Exª, formada numa Universidade moderna, certamente «praxada» e certamente solicitada  -certamente «et por cause», outras por «cause e Comp.»-para o citado exercício instrumental, com que a massa estudantil desfilava  metaforicamente ilustrando grupos  estudantis, não consegue explicar a matéria, na sua complexa mas saborosa, complexidade. Melhor é voltar á reciclagem....

Tomo  a liberdade de informar V Exª de que me predispus ao seu tutelar Ministro, Crato de nome, cretino de ideias, a oferecer-me como voluntário para o exame de avaliação nesta matéria,  certo de que não  me disponho a julgar, mas a exercer uma avaliação continuada da aprendizagem na matéria (assim sim,é que se aprende o ofício).    

Reconhecendo a importância de que o propósito luso está no saber «musical» do corridinho flauteado, à portuguesa, sou,

De V Exª muito penhorado

 

SF

quarta-feira, abril 01, 2015




Aveiro (cont): Capela de S-João Baptista
 



 

Incluo hoje este documento fotográfico que marca um momento histórico para Aveiro.

Depois de implantada a República, numa certa, incontrolada e assanhada  atitude, houve por todo o lado a destruição, pura e simples, de diversos templos ligados à Igreja. Cujas posições  muito próxima do miguelismo não tinham ,ainda, sido digeridas pela ala mais jacobina  republicana. e porque um clero pouco evoluído, retrógrado, ainda ignorante e com medo de perder os privilégios ,era feroz oposição para os princípios republicanos,

Aveiro ,cujos ideais  liberais tinham sido pagos com a vida e o desterro de muitos dos seus heróis, não poderia ter escapado  a uma vingança, ainda que simbólica. Curiosamente já tal tinha sucedido com a destruição da Igreja de S.Miguel, sem duvida um templo anterior à formação Pátria .E assim, o templo do S. João Baptista, do Rossio, será completamente destruído, nada dele restando : arrasado pedra sobre pedra .

 




                                                     Foto 1-      A Igreja de S.  João  ainda erecta

 



                                          Foto 2-   Restos da Igreja de S. João (já praticamente demolida)

O local, que cremos é perfeitamente identificável ,ficava sobre a curva do canal  do Côjo (o principal) contornando o Rossio, frente à ponte da Dubadoura (também em tempos conhecido como da Ribeira, ou canal das Azenhas)..
 







foto3-  Rossio






Foto 4-Outro documento,  na curva do canal
 
Usando  uma leitura do Mapa de Teixeira Albornaz (1641) poderíamos (?) pressupor que a referida Igreja, é, pós  aquela data. E pós Estaleiro de S João, que ali esteve instalado. Só que não sabemos a data exacta do trabalho de Albornaz, em Aveiro, integrado no lindíssimo  Atlas de El Rey Planeta. De facto entre a data da publicação e o inicio da representação de todos os portos da Península, mediaram décadas.



                    Grav.1-Detalhe de Aveiro por  Teixeira Albornaz. Vê-se nitidamente a representação do Estaleiro de S. João.(Atlas de El rey Planeta)

 

 Grav 2-A Vila  Séc XVII

Já na representação do mapa que pretende desenhar a Vila em 1696,também nela não se assinala nenhum templo no Rossio.. Teria sido posteriormente  erecta?.

Na verdade o templo de  S.João começou a tomar forma em 1607.

Com a destruição da Capela de S.Miguel, demolida em 1835,as relíquias de  S.Sebastião oferecidas por D João III,depois de um devastador surto de peste e que lá estavam, guardadas a três  chaves, vieram para a Capela do S. João  Baptista. Em grande, vistosa  e muito concorrida procissão:-referiu-se ao tempo. As relíquias continuaram a ir na  procissão, que todos os anos se realizava a  20 de Janeiro .

A Capela de S.João deveria ter sido erecta numa zona(ainda) alagadiça ,de marinhas e quando da sua destruíção  pode ser   apreciado um enorme palheiro pertença da marinha de sal, anexa.



foto5-A Capela de S.João Baptista de outro angulo e casa anexa

 

SF -Abril 2015

(Foto 2 e3- Horta Carinha col.postais) Restantes : Onda vídeo -Rui Bela-

 

 


  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...