quarta-feira, julho 15, 2015


Deixa  ficar um pouco mais de Ti

 

 

Olha amor!

As coisas esta noite

Não têm de acabar desta forma,

Nem desta maneira.

Vá (!)... deixa aqui ficar

Um pouco mais de ti.

E dá me as carícias

Abre-me o portal

Do  teu palácio escondido

Sob a gramínea negra do teu púbis.

A noite dorme lá no alto;

Deixa correr o tempo

Que o sol acorda tarde.

 

 

Dá-me tempo para me perder

Na orgia dos  teus jardins  de areia,

Onde o mar se vem consumir na pedra

para nela adormecer.

Nas conchas das minhas mãos

Deixa-me agasalhar  os teus túmidos

Seios

Deixa que a noite adoce o arroxeado

Das suas pontas   

Para eu saciar a minha guloseima,

Perdido por entre os vales

Inocentes do teu peito .

Por onde ao entardecer

A  maresia parecia correr  apressada

Trazendo-me o ar quente feminino

Do teu coração, pois tu e só tu

Podes  ser a dadora  secreta

Do transplante dos teus sentidos

Para mim, que por julgar te perder

Quase morri.

 

 

Morrer de amor... não é morrer

É entardecer ao amanhecer

É sentir, descontente,

O contentamento da suavidade cristalina

Dos sentidos.

É um momento único

Onde até o ar, amiúde, dói

Diluindo as metáforas

Das doridas despedidas.

                  ..................

                  Ah! a tua mão

                   Nua, inquieta, nervosa,

                   Procura

                   Quase clandestina,

                   Algo onde se  abraçar.....

                   Percebo que abri autoestradas no teu coração.

                    Por elas vão os meus dedos passear....

                   Vou-me imolar no  fogo

                    Que corre do teu  ventre

                     Quente.

                    

 

SF. 15.7.2015


 

terça-feira, julho 14, 2015


«Ecos e Sussurros» dos Mares do Norte

Valdemar Aveiro em Bueu....

 


Acabada a prédica sobre a epopeia «dos bacalhaus» e quando me preparava para vir para o Hotel, enquanto o Valdemar  atestava, autografando, os livros adquiridos pelos «bueus»,  galegos, que deparo no r/c do museu Massó, com uma longa mesa onde se alinhavam  vitualhas, verdadeiras   iguarias que o Valdemar, sempre um gentleman, providenciou  em oferecer aos convivas: bolos de bacalhau, pataniscas ,línguas ,carinhas fritas. E tudo regado por um excelente e genuíno Dão, provindo da lavra do Editor.

Gostaria de descrever os elogios tecidos àquelas «tapas» excelentes. Caso para dizer : bué(u) de bom ....como hoje é moda, no léxico da rapaziada. Era um «lufa-lufa» ...um «chega-te para lá»....  no intuito de cada um chegar á distância de uma «braça», o suficiente para agarrar um bolo de bacalhau, e ou.....

Enquanto isso ...

O Valdemar lá continuava ancorado, rodeado de leitores interessados, livros na mão, postados em fima indiana, aguardando o autografo do ilustre palestrante.

Bonito serão. Que fez muito de promocional da nossa região.

SF

segunda-feira, julho 13, 2015



 

«Ecos e Sussurros»   do mar do Norte...na Galiza....
por  VALDEMAR AVEIRO

 
O Capitão  Valdemar Aveiro, um amigo de velha data, desafiou-me aqui há uma semana a, com o Rui Bela, fazermos um documentário sobre a pesca do bacalhau.O Valdemar ia fazer a apresentação dos seus livros, a convite de uma Associação de Capitães pescadores de BUEU (Galiza),mais propriamente  no Museu  Massó, e gostaria de ter um «pano» de fundo

A tarefa, dado o momento, não era fácil(no tempo disponível ).Mas ao Valdemar não podia dizer que não.

Convidado o Rui, pusémos mãos à obra(muito mais ele que eu ,claro...).

E na passada sexta feira rumámos à Galiza.Mais propriamente ao Porto Pesqueiro de Bueu..

A pequena Villa encanta. Umas praias magníficas banhadas por uma água caprichosa de um verde esmeralda de encher o olho, aqui e ali tingido por um azul safira, num degradèe verdadeiramente estonteante. Águas calmas, interiores, já bem longe das Islas Cies, banhando um areal  soberbo. Um «pueblo» tipicamente  galego, onde a cada passo se tropeça num bar onde no «altar» se podem  degustar umas excelentes tapas acompanhadas  de um soberbo e fresco  «albarinho». ali mesmo junto à praia. Ao centro do areal um pequeno estaleiro (a abarrotar!)  de embarcações de pesca da costa. Mais ao lado,  uma pequena marina e um ancoradouro exterior, onde amarram dezenas de embarcações tradicionais. O sítio deslumbrou-me, e jurei lá voltar.
 
                                   
                                                                   Villa de BUEU

Em Bueu  existe um Museu -o museu MASSÓ- museu náutico interessante, albergado num edifício de antologia. Que uma família rica doou ao Município para tal finalidade. No frontispício, duas pedras graníticas, imponentes, exibem em baixo relevo uma  nau e  uma caravela, quinhentistas, identificando o local.

Bueu é  uma praia  que « quixo facer honra do seu nome. Unha salgadeira ,um forno alfar e um tipo especial de ânfora ,gardan  a memória de intensa vida deste lugar na época dos romanos. Co passo do tempo das salgas, deram passo às conservas», lê-se num folheto local.

«Bueu», é pois, a designação de uma ânfora romana.

 

                                                

                                                                   «BUEU»

A história de tão cativante lugarejo, está ligada ao domínio peninsular romano, pois ali existiu uma fluorescente industria de olaria ,cuja peça  mais notória recebeu a designação de «bueu».E a afamada (e bonita!) ânfora deu o nome ao lugar.

Voltemos á apresentação de Valdemar Aveiro...

Às vinte uma horas  a sala do auditório  do museu Massó estava repleta de interessados em conhecer,  ouvir e partilhar com o  autor da série de livros (são ja quatro)  os «ecos» duma história vivida de pescador do bacalhau, primorosamente trazidos à memória recente. Muitos à falta de lugar, enchiam o corredor de acesso. Meia dúzia de conterrâneos nossos, fizeram gala em mostrar o apreço por Valdemar Aveiro,e compareceram. E nem faltou um caprichoso e galhardo «Confrade  do Bacalhau», trajdo a rigor, despertando a curiosidade dos que olhavam aquele insólito gabão, num dia quente estival, quase intolerante. A vida de confrade «oblige»...ou julgam que é só andar nos «comes e bebes»?
                      
 
 
                                      Um  «Confrade» a rigor...e um «paisano»
O que mais me impressionou foi o interesse demonstrado,as muitas perguntas a que Valdemar com a sua proverbial ,pausada, e lucida eloquência, soube dar. Dando-se ao luxo de exibir um curioso sotaque, e  até léxico, galego. E encheu ...a rede....

 

                                       


                                            VALDEMAR AVEIRO a «dar o lanço»

 Mas acima de tudo gostei,porque o que  me foi dado assistir, está nos antípodas do observado em «outros locais», onde não vislumbro essa camaradagem. Nem  o carinho que muitos colegas de profissão, hoje também eles retirados da faina, mostraram ,em Bueu, por Valdemar  Aveiro. Quer elogiando-o como um excelente  profissional, mas acima de tudo, muito singular e relevante, pelo seu  carácter de camarada solidário, sempre pronto a ajudar.


 

                                   


Amigos, camaradas e....curiosos.

(cont)

domingo, julho 05, 2015


 E o «Costa-Nova» navegou......

Hoje a Ria vestiu-se a primor: a embarcação «Costa-Nova», pediu-lhe licença para um passo de dança, no seu majestoso tablado.

Um tango?

Nem por isso: vento de 25 nós, vaga forte, marés vivas, vaga empolada: a «catraia» atrevida, entrou...e... mostrou-se: elegante, de linhas tão suaves que não se sabe onde começam as redondezas e...se vão esconder as «entradas»... (de águas, seus malandros viciosos !!!!).

A «catraia» é atrevida. Gaiata e gosta de fandango, saracoteando-se ao mais leve afago que lhe indica o rumo.

Parece querer fugir, e logo volta, rosa encravada nos lábios, ancas bamboleantes, olhar guloso, sem pedir «amuras» só a pedir:

– Dança comigo: as coisas vão e não voltam mais... não.. não te queixes que não há vento. Há vento sempre que um homem e uma mulher quiserem...
 

 
Gira …gira...coração...

Vem dançar a música da vida

Que já não sabes tocar

A tua deusa...é a mulher ausente

 Vestida no meu corpo presente

Não… não a quero trair

Nenhum beijo traduz

Ou atenua

A fome desse corpo imaginado.



SF.  


 

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...