quinta-feira, julho 14, 2016










E desta vez valeu bem a pena....


Na sequência da minha sugestão,a ADERAV , propôs à Câmara Municipal de Aveiro,a correcção de uma enorme, e incompreensível, falta: a ausência na Toponímia da Cidade, do nome de um dos seus Maiores: João Sousa Ribeiro-O Pai da Pátria.


Recebi, hoje, da ADERAV a comunicação, provinda da Câmara municipal de Aveiro, que esta aceitara  a proposta daquela Associação ,e iria atribuir  o nome de João Sousa Ribeiro,a uma das artérias da Cidade.
Os feitos de Sousa Ribeiro, o seu altruísmo, a abnegação, a personalidade de uma reputação sem mácula, o saber, e a prestação de tão altos serviços, a Aveiro, mereciam que o seu nome perdure ,para sempre, numa das artérias da cidade, para memória futura.

Valeu pois, a pena, o trabalho que fiz sobre tão apelativa e histórica figura.

Espero agora que ílhavo ,de quem foi seu Capitão-mor ,o faça igualmente.
À ADERAV, em especial ao seu Presidente, Eng. Lauro Marques, o meu agradecimento


Senos da Fonseca









segunda-feira, julho 11, 2016



Nota:  Para a Homenagem que a CM de Mira  fez ao Mestre «Gadelha» ,foi-me solicitado  nas vésperas um texto sobre uma possível conversa entre um «mirão» e um «murtoseiro». Foi representada por dois excelentes actores do Seixo. Aqui a reproduzo.

                                    
   Ti Ricoca Mirão

 -  Atão vai vossemecê(?) Ti  Agostinho «Murtoseiro»…..está aí sozinho que até parece um gelfeiro  com lepra(deus me perdoe).Intè prece que lhe morreram os porcos da parideira,home.Vamos lá beber um copo desta auga que aqui trago, que  veio lá da lavra de Cantanhede ,a quem vendo  o moliço…

                                                       Ti Agostinho «Murtoseiro»

-  Abusaca -taí ,  Ricoca Mirão; esculhambrado, c’a bem preciso de me chegar a entender contigo ; andas praì a fazer um raso, a estroicegar no preço do moliço, a  dares  cabo do pouco pão que ganhamos para a boca….

                                                          Ti Ricoca

 Eu ?....eu que vendo os meus barcos, sempre bem atulhado nos quetes  inté  ás falcas…,ai eu é c’ando a estragar preços ?!!!.E vocês lá das Quintas, seus «labregos» dúm raio ,que vindes aqui ,descarregar o que já ninguém Vos compra….,,o que fazeis (?), tinhosos da ria. Pouco falta para o dar…

                                                            Ti Agosinho

Está maloservado, muito maloservado ….nós trazemos cá os nossos fios doirados, porque a ria pró nosso lado, tem os cabelos loiros, luzidios, que nós penteamos ,ancinho atrás de ancinho

                                                              Ti Ricoca

Olha !- mas nós,aqui no sule ,temos um moliço que mais parece uma alface acabada de apanhar ,fresquinha, bem regada.Com esta alface e o pilado  os nossos campos  da Gândara ,hão –de pintar-se de verde…

                                                                 Ti Agostinho

Um bom pilado me parece  vossemecê ….Verdes já são os nossos; aquilo é cada espiga de milho que parece ondular com a musica do vento. Então e o batatal…



                                                                  Ti Ricoca

Batata…batata..ora …nem mafales, que me mijo a rir :pacóvios . A «Pinta Cristos» é que consertou o santo lá  do teu Monte ,pôs-lhe uma batata na cabeça quebrada ,pintou-a…e agora que a batata  grelou na cabeça do santo, já dizem que foi milagre, e que  este anos vai haver batatas  na eira, mais que milho…..Sois mesmo labregos….

                                                                   Ti Agostinho

Ora vai-te gálico…és um pedinqueiro  mal aviado. Se nós somos labregos, sabas como se chamam  Vocês, daqui ,da borda do sule:?---pois ora toma:  Matolas.Tal qual. Assoa-te a este lenço que é pra não estares aí embeiçado .



                                                                      Ti Ricoca

Ná…. essa do Matola esta mal acontada.  Vocês dizem isso porque têm dor, do braço até ao corno ,dos nossos moliceiros, tão  matreiros, que mais precem fuselos. E então a oguentar uma zanagaia? Não há melhor. .Não é como os Vossos chançudos, com gajas de cu ao léu, brochadas, e passarinhas, a dar a dar….

                                                                          Ti Agostinho

Não me diga Vossemecê, que quando passa por um barco lá  do norte, não olha, a inquisilar  com as paxonas que  pintamos na ré ? Eu já o vi, toleirão ,a rir-se…. a mijar-se a bom rir, com aquela  da Ti Maria a queixar-se co galo lhe dava cabo do pito

                                                                            Ti Ricoca

Tendes razão….essa é das melhores. Vocês andam sempre na vida airada. E levam as cachopas às festas, enloilam-nas, e depois ,olha: murtoseiros parecem uma praga….e filho de murtoseiro ,é raça que devia desaparecer: só turvam águas…

                                                                              Ti Agostinho

Ei….ei….Ricoca dum raio !... estás sempre a inquisilar c’oa gente, estupor, inxerido dum raio. C’a mal te fizeram os murtoseiros? Pra vocês quem não for de Mira são uns paleques…A vocês ,quintè vos chamam os marronteiros .Xiça ca nome!!!! Marronteiros…óguentadores das marradas ? Isso é uma gadagem, ao de labaró…..Olha eu cria é que me disseses, porque é que o Vosso Moliceiro nasceu encolhido, sem a chança  do nosso…

                                                                                 Ti Ricoca



Ah!!! Tu não sabes a história?!.Atão bebe mais um copo q’eu conto-ta. O mestre Clemente, afamado construtor Mirão ,mandou um ajudante ve, a Avanca, os barcos que o Ti Banca,-um dos maiores mestres de sempre!- fazia. O Rapaz tomou nota, olhou, mediu na passada e veio  a correr contar ao Mestre CLemente: «eh! Mestre o barco é assim ,como se andasse résvés com a auga. Parece nem bordo ter. A ré é de cu fechado, cagarete para o arrais .A proa é que é muito estranha. Olho parece….parece….um  peito de uma galinha tísica,a olhar para trás…..

E o mestre Clemente logo serrou, aprontou tábuas, pregou, e ás tantas virou-se para o ajudante:  rapaz e quantos passos de cumprido?

O rapaz que era muito alto ,de longo pernil ,disse: onze. O Clemente, um Mirão baixinho ,andarilho ,de pernas maneadas, contou onze das dele.

E aí tens: o que vocês chamam depreciativamente Matola, não tem o bico de Pato esganado ,do norte, mas um peitinho de franga… bem engraçadinho. E mede os onze passos do Ti Clemente, e não os onze do Zé  «Calçudo», ajudante.

Mas é lindo; maneirinho, bom nas popas ,e de leme. Feito com arte.

Não como a vossa ´labrega, que parece feita à navalha. Parece uma casa. Só lhe falta a cumua…..

                                                            Ti Agostinho

Aí é que vossemecê se engana Ricoca,  cora mastro. Tem cumua livre: é só arrear as fraldas ,por o dito na borda ,e oh!!!!   que delícia….prós peixinhos.

Vamos : vai mais um copito prá deita…..E sérios: VIVÒ’s Mirões e os Murtoseiros,gente da nossa, esgravatores da ria, andarilhos do areal, gente como não há outra em Portugal..

                                                               Ti Ricoca

VIVÒ…….


terça-feira, julho 05, 2016




A estranha leveza dos escribas….



Esta investigação em que me encontro afundado ,dá-me cabo da cabeça. E do corpo.

Lidas e comparadas, colhidas todas as informações, surgem-me evidências de erros vindos de afamados literatos. É incrível a «leveza do ser», com que se fazem afirmações, desgarradas do contexto e do historial que lhe está na génese.

Não sou assim, para meu mal.

E ainda bem .Exige-mo a formação  profissional que tive. Compreender ,aprofundar, perceber porquê…é uma constante.

 Ontem ouvi uns pseudos académicos que afirmaram ,a pés juntos,que os barcos do mar,iam daqui ,à vela ,para a Caparica. E até sonharam com a vela (igual á do moliceiros, disseram!!!!) e o buraco que se fazia para montar um leme.Outro afirmava que o «ilhe» pescava na Apúlia ,com a Xávega .

Outros entendidos afirmam que as redes de Sesimbra eram do tipo das do Algarve. My God!...

E baralham a Arte Nova, com a «chinchorra» e com a «mugiganga» ,a que até  chamaram  Arte Xávega. Para estes entendidos, a grande descoberta é dizer, pomposa e convencidamente ARTE XÁVEGA (estão a tratar arte de pesca com se fosse  ARTE NOVA,ARTE BARROCA… ou outra)e não Arte de Xávega (que só o foi no Algarve) .E esquecem que na gíria piscatória as artes sempre se designaram de alguma coisa: arte do «chinchorro», arte da «mugiganga» etc.

Tenho andado numa leva a confirmar as minhas deduções sobre a ARTE GRANDE (Nova) . De praia em praia, ouvindo arrais.

E hoje foi o dia de ouvir a Pàleta,um das ultimas «fazedoras» de rede ,descendente de uma família das Artes. E com ela,passo a passo, fui-me inteirando dos truques. Verdadeira Arte de…
«Pàleta» a ultima redeira




E então dei conta dos disparates que ao longo do tempo se foram dizendo.

Entralhando


Entralhar é algo que tem um saber ancestral incluído. Transmitido de boca em boca.Mas tive de o perceber ,como há dois anos levei lições de um mestre ,de como entralhar   um tresmalho  ,enquanto me dizia: isto requer alta matemática!!!!.

 Amanhã haverá outro campo de aprendizagem.

Não porei uma afirmação no livro,  A GRANDE SAGA DOS «ílhavos»,sem ter a certeza de que é indiscutível.

SF

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...