A viagem de Circum-navegação (2)
Uma vez mais e
com imenso prazer, estive presente na Sociedade de Geografia para ouvir uma
curiosa dissertação sobre o momentoso e actual problema das comemorações
conjuntas da célebre viagem de circum-navegação ,levada a cabo por Fernão Magalhães
e Elcano.
Aberta a sessão
pelo Prof Ferreira Coelho,foram palestrantes centrais ,curiosamente, os dois
irmãos, engºs Mattos e Silva.
Quer um quer
outro, deixaram nos presentes uma teoria que insiste na hipótese de Fernão
Magalhães ter sido um espião de D. Manuel . Deliberada e “maquiavelicamente” enviado
à coroa Castelhana para fazer a viagem às “especiarias”, por travessia do canal
que liga o Atlântico ao Pacífico, algures a sul dos brasis.
Mesmo não
concordando com a teoria da conspiração exposta,por razões que adiante aporei, certo
é que não deixou de ser interessante todo um aflorar de coincidências, de questões
ainda mal explicadas, para as quais os irmãos Silva e Mattos, carrearam grande
e prolixa informação, visando “provar” a sua perspectiva histórica
Tive
oportunidade de intervir.
Insisto na
ideia:- não é o momento próprio para discutir teorias mais ou menos improváveis. Outro tanto é tempo de
glorificar, mundialmente, o feito: a viagem em si mesma. O maior feito da época das grandes navegações em mares longínquos,
em mar aberto. E se é indiscutível que, num caso ou noutro, o know- how que a suportou e tornou possível,
é inteiramente português, já que todos os conhecimentos, inclusivè onde se
situariam as Molucas (sdesde 1512) próprio conhecimento do
local do canal, conforme Pigafetta esclarece, era do conhecimento do capitão português.
, foi por Magalhães
aprendido nas navegações e contactos tidos anteriormente ao serviço de El Rei D
Manuel,até o
Resta quem pagou
a viagem.3/4 foi suportado pela coroa de Castela(verba aliás totalmente
recuperada pelas especiarias que o único navio que chegou (Nau Victória),trazia no seu bojo)e
¼ por financiador flamengo (Cristoval de Haro),aliás o que naquele tempo era
habitual ,nestas grandes explorações.
Nau Victória de Elcano
Pelo que dizemos
acima, é pois lógico ,racional, que
Portugal e Espanha comunguem numa comemoração conjunta apenas não contestada por círculos xenófobos.
Quanto à teoria
de Fernão Magalhães ser, ao fim e acabo, um espião de D Manuel, há factos que o
parecem desmentir, de todo.
A viagem fosse
levada a cabo, por portugueses ou espanhóis,
na boa verdade ela não tinha
nenhum interesse para D Manuel. Os portugueses tinham já chegado, e tinham-se
estabelecido ,iniciando intensas negociações (compras) nas Molucas( ver carta de Serrão a Magalhães) . Mais:
tinham já, a noção que as Molucas estavam no hemisfério pertencente (segundo
Tordesilhas) a Espanha (lia-se na própria carta de Serrão: a distância, admitia
o aventureiro português, a quem Magalhães salvara por duas vezes, entre Malaca e Ternare (uma das cinco ilhas
das Molucas-onde residia, levava a poder assegurar que as especiarias se
encontravam na demarcação de Castela”. Assim D Manuel estaria confortável enquanto
por lá não navegassem navios espanhóis.
Mas, claro,
havia muitos outras razões que não cabem aqui para contrapor à teoria da
conspiração.
Uma outra e
julgo que importante questão mal debatida: - o regresso de Elcano ter sido
feito pelo Cabo da Boa Esperança. Claro: Fernão Magalhães já tinha dado instruções
em caso de....que o regresso seria pela
rota dos portugueses. Porquê?:- porque o regresso ao canal era dificílimo (contra
vento),acrescida da travessia no sentido oeste-leste ser quase impraticável E
porque era um caminho muito mais longo ,sem local para carenar e refazer as
podres naus castelhanas. E só por isso. Elcano percebeu a validade do conselho
de quem sabia....
Senos da Fonseca
Os- Curiosamente: aproveitando tempo disponível visitei
livrarias. E eis que encontro aquele que se intitula “o melhor livro do Ano “ Portugal
e o segredo de Colombo” - A conspiração secreta que enganou os Reis católicos” de Manuel Silva Rosa.
Mais uma teoria da conspiração dada a letra de forma. Extensa qb, 600 páginas
onde se reclama a nacionalidade portuguesa(nascença) de D Cristobal Colon,em
Portugal.
Claro que o adquiri, como outros. E até já o
li até à pag.100. Livro que seja o que seja, contém uma informação disforme
sobre coincidências –ou não- pretendendo –creio que inutilmente- rotular Colon
de nado e criado em Portugal.
Está na moda ...e vende...
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