Conselheiro Queiroz,um notável
ilhavense (sabia?)
Julgo um pouco ultrapassada, por
vezes feroz questiúncula, sobre a naturalidade
das figuras relevantes. Uns puxando a brasa à sua sardinha, se a mesma terá visto
a luz na santa terrinha. Logo outros clamando-a, evocando que, a pertença, deverá ser vista à luz da
escolha que o dito figurante tenha feito por decisão própria, optando pela
comunidade onde viveu(e exerceu) a vida.
Ílhavo tem muitos e delicados
casos deste tipo: refiro por exemplo Alexandre da Conceição, Mário Sacramento, Euclides
Vaz (etc) e, refiro agora(o que para muitos será novidade) o caso do avô de Eça
de Queiroz ,o conselheiro José Joaquim de Queiroz,um dos mais notáveis
lutadores na revolução liberal que eclodiu em Aveiro em 16 de Maio de 1828.Revolução que pretendia
opor-se á politica anti constitucional miguelista.
No seguimento desta tentativa
revolucionário, liberal, Joaquim Queiróz, foi preso. ,conseguindo fugir. Depois
de alcançada a Galiza, refugiou-se em Plymouth. Julgado en absentia foi condenado
a atravessar as ruas do Porto de baraço ao pescoço, para depois subir ao
cadafalso, e aí ser degolado.
Após a restauração do regime
absolutista virá a desempenha altos cargos na nação : Juiz desembargador do
Tribunal de Relação do Porto( e da Baía ),mais tarde Ministro e Secretário de
Estado dos Negócios Estranjeiros, e deputado.
Vamos então à questiúncula
levantada em meados de novecentos, quando o ilhavense Prof António Maria Lopes, levantou no jornais da época, a
tese de que, “quando se afirma ter sido o Conselheiro Queiroz um aveirense
notável” se deveria referir,” outrossim ter sido o Conselheiro Queiroz um notável ilhavense”, que Ílhavo deveria ter homenageado e louvado, como
um dos seus filhos maiores.
O caso levantou forte celeuma com
os “amigos cagaréus” de então..
Certo é que o Prof. António Lopes
teria razão....
Vejamos: Joaquim José de Queiroz,
foi filho de D Joana Leonor de Almeida e Sousa e de José Marcelino Próspero de
Queiroz, tendo nascido a 8 de Janeiro de 1774,em Eixo –Quintans. Este facto foi
confirmado pelo próprio na exposição enviada, em 1805, a sua Majestade
: nela ”Diz Joaquim José de Queiroz
,Bacharel formado na Faculdade de Leis, nascido no lugar das Quintans ,termo de
ílhavo......etc).
Ora Quintans só foi anexada a
Aveiro, em 1853 logo muito depois do nascimento de Queiroz. Quintans pertencia
à jurisdição de Ílhavo. Logo:– é correcto
dizer-se que Queiroz nasceu em Ílhavo.
Mas se duvidas houvesse (no local escolhido para viver)....
Em 1796 o Conselheiro Queiroz foi
alvo de devassa e preso. Vivia então em Verdemilho. E para onde foi levado?
Para que prisão?
Pois precisamente para Ílhavo(não
para Aveiro), pois Verdemilho naquela data, ainda pertencia a Ílhavo.
Assim, o Conselheiro Queiroz, nasceu
e viveu em Ílhavo ,e o correcto será dizer-se ter sido um dos mais notáveis ilhavense. Só que a verdade, sabemo-lo
bem hoje, Ílhavo nunca tratou de acarinhar e chamar a si os seus mais notáveis.
Por isso se diz amiúde: “Ílhavo boa madrasta, mas má mãe”. Os exemplos pululam
por aí, e ainda bem recentes.
Não creio hoje que este problema seja importante ou tenha significado. Os
tempos mudaram. No meu tempo de rapaz a “luta” ilhavenses-cagaréus(ainda) era
terrível, frontal e feroz.. Hoje até
exportamos um ilhavense-gafanhão para Presidente de Aveiro. A “globalização” assim
o exige.
SF
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