sábado, dezembro 21, 2024

 Aveiro :passado e futuro – Alberto Souto




Aveiro e o Futuro

Um olharsobre o livro « DO TEMPO tÂO pOCO » de ALBERTO SOUTO




Comecei (como já disse a razão) pelo que já foi dito no passado – “ Do Tempo tão pouco”, antes de degustar, uma a uma, as 101 propostas do “Futuro Para Aveiro”, sugeridas por Alberto Souto.
Livro, como logo nos alerta o autor, recolhido de ”textos de natureza heterogénea”, contendo intervenções (nacionais e outras, centradas (sobre) em Aveiro), homenagens a autores e figuras de relevo no universo aveirense (de hoje e de ontem, mas não só) , acolhe e convida à leitura pela “dispersão” dos assuntos, (perpassando) percorrendo, em jeito de memórias” cronológicas “, um período politico e cívico muito rico, vivido pelo autor, ao serviço de Aveiro, mas, e também, estendido à sua participação na esfera governativa.
O livro é, claramente, um registo por onde perpassa o cidadão (empenhado) esclarecido, possuidor de uma estratégia muito empenhada na construção de uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais sonhadora com o usufruto do bem estar.
O tempo é sempre pouco para os sonhos de quem coloca a fasquia muito alto. Alberto Souto descreve esse tempo (que reconhece ter sido “curto” para tanto sonhado) o que nos leva a crer (e bom seria) que ainda quer ter tempo para outros sonhos.
Do livro destaco, no cap.1, por actualissimo, o tema , “ Inteligência Artifial” .
Do cap.2, destaco “ A detenção de José Sócrates”, pela coragem e acerto das corajosas afirmações, de então, de Alberto Souto ( hoje cada vez cada vez mais actuais) quando afirma “se a politica tem de prestar contas á Justiça– e tem– a Justiça tem de prestar contas aos cidadãos– e deve”.
No cap3, insere A. Souto em “Os 100 Anos da Avenida / Notas para uma revitalização da avenida Lourenço Peixinho” resumidas a uma clara nomeação de 9 (nove) propostas que, bem poderiam ter evitado a pobreza urbana da paupérrima e desastrosa intervenção, recentemente levada a cabo.
E, como não poderia nem deveria deixar de registar, no cap. 3, a nótula sobre “A Cooperação entre Ílhavo e Aveiro. Por razões óbvias, detenho-me um pouco mais sobre estas reflexões de A. Souto.
Começa Souto por reflectir na virtualidade da recuperação do “Lago do Paraíso”. Ora, este desígnio, se completado por uma acção mais lata, a urbanização da frente da Ria, entre Vista Alegre e Aveiro (lago do Paraíso, foi, exactamente, um dos que, em 1998, insistentemente apresentei quando, inopinada e surpreendentemente, Ribau Esteves, logo após tomar posse no primeiro mandato da Câmara de Ílhavo, me convocou para uma reunião com um grupo de arquitectos, para (eu) sugerir elementos para um “novo desenvolvimento urbano “ de Ílhavo.
(Ora) Eu defendia há muito que, o histórico (porque evidente) desenvolvimento da Vila, (vindos das brumas da sua formação), alinhada com o correr dos inúmeros veios de água que vinham despejar à laguna, deveria mudar de paradigma. “Criar-se” uma extensão da uma urbe moderna, alinhada com o Canal do rio Boco, aproveitando (e preservando) a dádiva da natureza, trabalhando de um modo cuidado e criativo, um novo conceito de vivência comunitária. Partindo da chamada “Seca do Milena”, na Malhada (onde seria criado um Fórum desportivo, cultural, comercial, e um bem projectado Hotel sobre o canal), seria tratada (urbanizada) toda a frente da ria, criando polos para o seu usufruto e dinamização, acompanhada da recuperação em novo conceito, do aproveitamento das margens das Gafanhas que, a ocidente, bordejam a Ria.
Tenho continuadamente insistido (ano após ano) neste realinhamento da Cidade. E na criação de um Museu da Ria. Dois locais, sugiro, para edificação deste equipamento esquecido (que empobrece e distorce a história do “ilho”, figura central, inultrapassável e incontornável), e nos ponha de acordo com a história lagunar: ou na Costa-Nova, incluindo as Artes Grandes), ou, então, precisamente no Lago do Paraíso. Um projecto que ponha termo à vergonhosa (pseudo) Sala da Ria, do Museu do Bacalhau, onde pernoitam embarcações acantonadas e empilhadas, num canto de arrumos do acanhado centro museológico (projecto da Câmara presidida por Ribau Esteves), num perfeito e deliberado enviesamento da gloriosa e secular história dos “ilhos”.
Sem diminuir o interesse de leitura do cap.4 - “Apresentações e Nótulas” (em particular – obvio – sobre a apresentação do “Acima das nossas possibilidades” da minha conterrânea e amiga, Catarina Resende), retenho-me um pouco nas intervenções sobre “Homenagens e Despedidas”. Nas primeiras, sensibilizaram-me as nótulas sobre o meu colega e amigo de longa data, eng. Carlos Boia, que bem as merece. Todas e talvez mais palavras de apreço e elogio, pelo aveirense interessado que sempre foi, notável espírito empreendedor, de que Aveiro muito beneficiou. Sobre as Despedidas, quase diria “faço minhas as palavras de A.Souto”.
E assim chegámos ao cap.6, “Textos Dispersos”. Interessantes de serem lidos e apreciados. Destaco “Ética, Responsabilidade e Solidariedade “, uma abordagem a questões fundamentais que devem orientar toda a acção da práxis humana, mas muito mais exigível em todos os que assumem responsabilidades de gestão pública.
Ainda neste capítulo, uma nova abordagem ao tema emergente da I.A. de que ainda não percebemos as vantagens e, muito mais preocupante, desconhecemos os perigos. Se não dominarmos a sua evolução, a perversidade do algoritmo manipulador, mentiroso e alienador, pode fazer emergir consequências nefastas, irreparáveis, para a espécie humana. É bom que as campainhas comecem a sonar.
E por aqui me fico. Esperando com sinceridade que, o tempo que foi pouco, se alongue. Para podermos, assim, voltar a ter na condução dos destinos de Aveiro, um aveirense (de raiz) de provas dadas. Provas essas, bastantes para nos levar a acreditar que Aveiro pode renascer dos malefícios destes últimos tempos de desnorte.
Senos da Fonseca

Sem comentários:

 NA REGIÂO DE AVEIRO. NO BAIXO VOUGA LAGUNAR  João Paulo Crespo  O título do livro “Na Região de Aveiro. No Baixo Vouga” era já suficiente p...