E hoje apeteceu- me falar delas.....
A emposta do regresso
– Ah!, chopa, ... Maria!... atão disque c’a Josefa do Tarinca lá de cima, a fidalgota, deu pra contribar o casório da sua Luísa com o «Toino» Lavanco?... aquilo é que m’a saiu uma mancatufe...
– Assim o dizes, rapariga... Canté (?!): – o que c’ria a inchada?!... o rapaz a modos não é nada cible, nem é nada calamantrão, muito menos um simpras, pois inté nem parece nada um caniné botadinho à boa parte... Não senhor, crendas lá ver o estendal que o pai do Toino fez; apracia banéga ao rossaló... o estipôr.
– S’ta p’rece... o coitado do rapaz não é um mancatufe... nem ó vida!... mulher; e inté dizem que tem umas ecolomias.
– Tens rezão cachopa... O «Toino» Lavanco não é nada xana n’a senhor; c’a o meu Zé, Deus lhe dê voa biaje – venza-o Cristo e S. Savastião, trê abés e um pai nosso – diz, inté!, q’é um bom reçoeiro, nada como oitros zamparilhas que não maneiam o cú no safar da rede; o arrais Tomé da catralga já o embarcou de camboeiro e ele astreveu-se na t’refa. A Luísa que parece uma tísica – deus me perdoe!, ...em nome do Pai, Filho Esp’rito Santo... – inté ia vem... vem. Quisera-o pr’á minha, que «vem» o merecia... que eu fazia uma festa de arromba com zabumba e tudo...
– Cal-te óspois aí... vai mulher..., andas desocupada dessa cabeça... deixa a cachopa q’ela chegada a hora tem muito quem lhe meta as três cavernas adentro... «inté p’reces augada».
– Tendas razão – que ao labaró é que as coisas se fazem d’reitas... e ele anda p’ra aí tanto mancatufe, tantos langões... nosso senhor, libre-nos S. Bartolomeu e as Alminhas da Toira.
– É assim mesmo, anda p’aí a inquisilar, ca qualquer dia, um zamparilho apanha- a de costas, e vai com’a lâmpada: só c’o viés de ficar limpa como a Igreja do Prior Zé, deixa-a de barriga maior que a sardinha da desoba; anda aí tanto pixano e ela parece bem augada do ca tu sabes... É simpras, ...mas gulosa.
– ...Mogadinha de mim se isso assuceder... é uma restrabulha... astrevesse-se algum, c’a o pai faz um serrafaçal que levava tudo na frente... Olha c’a fúfia da Zefa lá de cima, quando o Padre Morgado lha disse c’o rapaz não era um probezinho, quinté tinha uma chincha, a merdosa “Olhe senhor abade, «inté o TI ESSE», tem uma chincha”... asfazer pouco dos nossos homes, a fúfia! E não lhe deu mais corrume nenhum... c’o abade desandou inxerido com o frieldade da Zefa.
– Olha sabas o que te digo:
– A Zefa é uma opiniática mal “cosida”... preceves?
– Ah mulher, cal’te sua desbocada: – «u c’astás» tu p’ra aí a dizer...
– É o que lhe digo Ti Maria, se fosse como aqui a cachopa “c’a té tenho «calo» dos trimbaldes do meu Zé, de tanto me vaterem nas «náudegas»”...
– Ah! mulher de «labishomme» q’uessas coisas n’a se apregoam com’a sardinha c’aí levas... depois, s’é fraca – dizem que é «ogalho» a ti...
– Conversas... sabe o «c´a penso»?!; a Luisinha na tinha era remada pró Toino, q’ué cá dos noissos, e quando chegada a hora de meter o remo ao escalamão, a chopa aborregava. E o rapaz c’a dizem ser píxaro e pediqueiro de saias, inda ficava a ver navios...
– Cal-te aí... oh! alma penada, não digas isso... que t’a podem oibir raios... de estrafego!... olha vamos é avusacar aqui um bocado, aproveitar para escofenar o peixe, c’a óspois na benda é uma fona e a gadagem d’ibalho diz c’andámos ao mal mainço por aí, invez de bir a d’reito...
– Olha, cal’te que vem ali a Josefa...
– Boas tardes Sra. Josefa... – sorri prazenteira a Ti Maria, chegada à faladura com a Zefa... – Nóis a falar dos santos e eles oprecem. Vons olhos a bejam... a sua Luisinha?... cada vez mais bonita... a santa!... a Sra do Pranto lhe dê um fidalgo da sua igualha, c’a bem m’rece a coitadinha: Olhe Sra Zefa, quer sardinha da nossa, bibinha a vrilhar como um buzelicum – olhe c’inda ri – viemos numa corriola p’rà trazer fresquinha com’àuga...
Senos da Fonseca
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