quarta-feira, novembro 10, 2021

 


               Batalhão Guarda Municipal 

                                                                                                         

                                                                                               O Sembrismo “amarelo”

Em 29 de Março de 1834, é criada a Guarda Nacional, fixando-se que a mesma deveria instituir um batalhão em cada concelho. Batalhão esse que vem a organizar-se em Ílhavo, em 1836, ocupando os cargos de co- mando, por eleição municipal, o tenente-coronel Luís António Lomba, o major Francisco Monteiro e o ajudante António José da Rocha. Para capitão da 2ª Companhia foi escolhido José Ferreira da Cunha, um bravo que muito se distinguiria na justeza de carácter, na rectidão de princípios e na ousada valentia que patenteou em momentos críticos da política local. 

Em 13 de Setembro de 1836, a Câmara Municipal faz a aclamação, com toda a solenidade, da Constituição de 1822, aclamação que, registe-se, teve lugar apenas três dias depois da realizada em Lisboa, antecedendo o mes- mo acto que viria a ser realizado no Porto, a 17 de Setembro do referido ano. 

Por esta revolução destituía-se a Carta Constitucional, partindo-se para a formulação da Constituição de 1838 que aparece referida no brasão da Bandeira do Batalhão de Ílhavo. 

 Destas contradições, muito embora a carta se tenha mostrado flexível e tenha respondido aos mais diversos compromissos políticos, o referido suporte constitucional não suportará a ânsia de mudança motivada pelas rupturas entre os siste- mas sociais e políticos e, assim, em 1838, aparece a Constituição Setembrista, cuja intenção seria a de reconduzir o sistema aos princípios democráticos, mas que teria uma vigência curta, de me- nos de quatro anos. 

                                                 

Em 1846, depois de uma reorganização em que,fundamentalmente, se instituiu que os coman-dantes não fossem eleitos pelos municípios, mas.sim pelo governo, o batalhão de Ílhavo passa, a partir de 26 de Agosto de 1846, a ser comandado por Alberto Pinto Basto que, em Outubro do mesmo ano, lhe muda o nome para Batalhão da Vista- Alegre.Título que lhe foi conferido pela Junta do Povo de Ílhavo, vindo também a ser conhecido por 1o Batalhão dos Artistas. 

                                                         Bandeira do batalhão de Ílhavo

E é deste período que se conhece a intervenção do batalhão nas lutas liberais, quan- do as populações de Ílhavo e de Aveiro, sob o comando de João Carlos do Amaral Osório e Sousa, 2o Visconde de Almeidinha, do Morgado da Sr.ª da Nazaré, se juntam aos setembristas do Porto, no pronunciamento do Minho contra o golpe palaciano de D. Maria, considerado uma traição da corte, marchando sobre o Porto, posicionando-se em Vila Nova de Gaia. A 28 de Outubro desse ano pode ler-se em O Nacional. 

Ontem perto da noite tivemos nós, os portu- gueses, a satisfação e a honra de ver entrar nesta cidade, o honrado e valente general visconde de Sá da Bandeira, à frente de alguns batalhões na- cionais de Ílhavo e da Vista- Alegre (O Nacional, n.o 130). 

Foi este o batalhão que acompanhou Sá da Bandeira na acção de Valpaços (Val-de-Passos), tentando atrair o inimigo para fora das muralhas de Chaves492. Desta acção valorosa nas lutas turbulentas do século XIX serão atribuí- das ao batalhão de Ílhavo, por portaria de 22 de Novembro de 1846, quatro Medalhas do 1o grau da antiga e muito nobre Ordem da Torre e Espada,do Valor Lealdade e Mérito pelos serviços prestados em Val-de-Passos. O fim do regime monárquico começava então a delinear-se. Regressando ainda a 1834.

Após as guerras civis, o país assistiria a um ferver revolucionário continuado, vindo das lutas entre um radicalismo que, queria não só a igualdade civil, mas também a igualdade política advinda do sufrágio de toda a nação – e não apenas de uns tantos. E um liberalismo monárquico constitucional que, muito diverso na sua formação, fixava direitos apenas a quem deti- vesse um determinado grau de riqueza – ascensão burguesa– aspirando a uma democracia parlamentar num capitalismo económico, com garan- tia do respeito pelas liberdades individuais. Um meio percurso entre uma monarquia e uma república, puras. Depois da morte de D. Pedro IV sobe ao trono D. Maria II. Exceptuando as grandes urbes (Porto e Lisboa), o país não se reconhecia no regime. As zonas rurais, onde a igreja detinha ainda enor- me peso, mantinham-se miguelistas.


 

                                                        Revolta da Maria da Fonte

Razão porque a luta irá intensificar- -se entre setembristas – ordeiros ou radicais – e cabralistas, situando-se entre o radicalismo e o miguelismo. A reforma do sistema fiscal levantará uma onda de protestos. No Norte do país, no Minho, as novas leis de saúde, impedindo os enterros nas Igrejas, obrigando-os a irem para os cemitérios, fará eclodir a revolta popular da “Maria da Fonte” (1846). Pretendeu-se ver na “Patuleia” – soldadesca sem disciplina – (na qual, como anteriormente referimos, em 1847 combateu o batalhão de Ílhavo, também designado por batalhão da Vista-Alegre ou dos Artistas, integrado nas forças setembristas de Sá da Bandeira) uma segunda fase da revolução popular da “Maria da Fonte”, o que na realidade não é exactamente correcto.  

 










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A « magana » que espere....  Há dias que  ainda me conseguem trazer interesse renovado, em por cá estar  por mais uns tempos. Ao abrir logo ...