sexta-feira, julho 21, 2023

 

Se
tivesse de fazer um « Prólogo » ao livro « SABERES QUE TORNARAM POSSíVEIS AS GRANDES NAVEGAÇÔES PORTUGUESAS »,seria assim:



Prólogo

Alguns que escrevem livros, acostumam fazer nos princípios prólogos de sua defensão ,o que eu não fiz. E mais quem quem pode dizer mal de mim, que bom seja, pois aos maus não posso fugir, mas por qualquer parte sempre me hão-de maltratar .E contudo, eu não dou licença que alguém possa ser meu juiz ,senão quem ler os livros, senão quem ler os livros que eu li, e com tanto trabalho ,e tão bem, ou melhor, entendidos. Ainda assim a sentença  há-de ser que para emendar meus erros escrevam da mesma matéria outras obras melhores ,nas quais mostrem saber mais que eu, disto falamos.,(.....) e bem sei que não deixam de repreender  senão o que não entendem.(....) E não convido eu, aos que mais sabem , cuidando que os não há aí no mundo ,mas seria eu mais ditoso que as minhas faltas fossem causa do proveito que sua  doutrina pode fazer. Ser eu curto em meu escrever e não ser mui ordenado, com bons exemplos ,e a falta de algumas coisas que deveria escrever e não fiz.E contudo ,o que com razão pode ser repreendido ,eu confesso que o não escrevi com malícia e pode-se emendar. Antes peço a quem conhecer meus erros, que os emende ;e todavia não murmurando em sua casa, porque desfaz em si.


(autor Fernão de Oliveira in « Gramática »)



terça-feira, julho 18, 2023

 Por congostas a requererem muita atenção....


A minha intrusão pelos meandros da considerada “Primeira Gramática Portuguesa” de Fernão de Oliveira, tem sido difícil mas curiosa.Sinto-me perdido naquele emaranhado de explicações de uma língua “nova” que desejava ser imperial,para isso desligando-se da paternidade do latim.

No fundo  subscrevo inteiramente de não estarmos perante uma Gramática, mas um trabalho sobre “A Linguagem  Portuguesa”.



Tem partes (para mim, pobre gramático) rebarbativas. Tem de se andar ,voltar atrás ,decifrar e tentar perceber a ideia (explosiva ) do autor.

Só um pequeno exemplo (poderiam ser muitos...muitos...)

Sobre dicções (Cap XXXIV)

(....). As dicções apartadas (simples ou singelas) são aquelas cujas partes não podem ser dicções inteiras, mas dividem-se somente em sílabas e letras(....) Dividem-se ,pois,as dicções singelas ou apartadas ,como dou, dás, dar  e como és e em sílabas se dividem como damos, somos e andamos, e não se podem dividir em dicções ,como fazer, porque  fa. por si não diz nada e zer tampouco(....)

Vá lá um engenhocas meter-se nesta molhada....

Bem;  adiante...

Às tantas dou com esta pérola - Cap XXXI

(....)porque foram feitas em Aveiro ,nome de lugar porque dantes nesta terra,morava um caçador de aves,ao qual,como de alcunha ,chamaram aveiro....

Ora tomem lá. Andaram tantos filólogos a pregar sobre a origem de Aveiro, e Fernão Oliveira já no Séc XVI o tinha explicado.....

Há sempre tempo de aprender (?---)

Como diz Fde O:

A Linguagem é figura do entendimento,e assim é verdade que a boca diz qunto lhe manda o coração e não outra coisa:antes não devia  a Natureza criar outro mais disforme monstro do que são aqueles que falam o que não têm na vontade(.....).Como dizia Laércio: os bons falam virtudes, e os ,maliciosos ,maldades (...)

Senos da Fonseca


  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...