domingo, julho 19, 2020



Pedaços referenciais da história da pesca do bacalhau.




A gravura abaixo,  incluída no livro “Gloucester on The Wind” é, sem dúvida, um documento de grande importância, ponto de referência para melhor situarmos a epopeia portuguesa da pesca do bacalhau. Excelente referencial que valeu a procura..
Há quem pense que a história da pesca do bacalhau é,só e apenas, a transcrição das listas de embarcações e respectivos capitães que a organização das pesca, largamente documentou a partir de 36. E é só. “copy e past” e já está.

Ora já no primeiro livrinho “Nas Rotas dos Bacalhaus” ,editado em 2005 ,tivemos a oportunidade de ir exactamente  ao recomeço das tentativas para marcar presença, de novo ,nos mares da Terra -Nova, depois da nossa expulsão no Séc.XVI.Registámos então um notável documento sobre  a tentativa falhada da Companhia de Pescarias Lisbonense, referenciando a ideia induzida , a convicção depois de apreciados os documentos que, na constituição da mesma, estariam envolvidos capitais judaicos. A Companhia  Lisbonense, em 1835, enviou a pescar á Terra Nova, 5(cinco) escunas.

Terá sido mesmo, em 1842, que Portugal terá tentado  negociar com os franceses e ingleses,a possibilidade de constituir uma base  para a pesca sedentária (concessão) na Terra Nova.,o que não conseguiu. A Companhia pretendia usar o Faial como o ponto de tratamento e secagem do bacalhau pescado. Isso levanta ou indicia que, não só os capitais eram judaicos ,como os promotores estarem muito ligados comos Açores.E mais. Tudo que lemos levou-nos a crer que, a presença de açorianos na Nova Inglaterra(Gloucester) era já corrente, há muito.E que os Bensaúdes, por exemplo,entre outros, teriam delegações comerciais com as fisheries de Gloucester.

Pois  agora encontramos no livro acima referido, uma gravura onde se referem pescadores açorianos, com o seguinte rodapé :  “ Pescadores Portugueses que estão entre os mais duros e astutos entre os pescadores no Atlãntico Norte”(1880).


Pescadores Açoreanos (1880)
 Fica agora claro: os portugueses,e em particular os Açoreanos ,já há muito que frequentavam aquelas águas,e até muitos deles,ocuparam lugares de capitães de schoonners,algumas mesmo ,sua propriedade.


                             Cap.João Silveira da schoonner  Leonor Silveira




Assim torna-se claro, e evidente:
As famílias Bensaúde e Mariano(de origem judaica), já de há muito (cremos de 1845) mantinham relações comerciais com as fisheruies de Gloucester.

E assim ,em 1855, a Bensaúde encomenda um navio de bacalhau que vem comandado por capitão português (açoreano) José Ferreira da Cunha.Logo os irmão Marianos (judeus) fazem encomenda de nova carga de bacalhau : só que agora(1855) ,adquirem ,carga e navio. Este,  o hiate SparK  capitaneado pelo. mesmo  Cap.Ferreira da Cunha,será rebaptizado Julia I (O capitão Cunha era familiar dos Goularts ,irmãos Marianos).



Julia I
O Julia I era uma escuna hiate de dois mastros.Acabou por ser transformado (1895)em Portugal ,num lugre de três mastros, armando   na Figueira da Foz.

Os irmãos Bensaúde, entretanto,  adquirem uma escuna inglesa( “Hydranta”) rebaptizando-a “Creoula”.E em 1873, adquirem o lugre “Argus”,para em 1889, adquirirem a escuna “Hortense”. Face aos bons resultados  mandam construir, em
S .Pedreo de Moel o patacho “Social”.Em 1873, uma escuna de nome “Dauphin” vai á praça nos Açores. Bensaúde compra-a ,mantendo-a na pesca da baleia. Em 1874 muda-lhe o nome para “Gazela”,enviando-a para Lisboa onde sofrerá total remodelação nos estaleiros de J.Mendes ,em Setubal.E o “Gazela”irá pela primeira vez ao bacalhau comandado pelo cap. Paulo Bagão.

Por sua vez os Marianos, compram o patacho “CorriD.Allen”rebaptizando-o “Júlia II”. Em Março de 1889,adquirem o hiate “Julia III”(que tinha sido construído em Fão.
O Cap. Ferreira da Cunha resta em Portugal e passa a ocupar lugar na Administração do Mariano & Irmão , que irá passar a “Atlântida”,fixada na Figueira da Foz.

Senos da Fonseca


terça-feira, julho 14, 2020





Doris & Schoons


Ontem chegou mais umlivro(notável ) com fotos danteriores a 1900 e algumas dos primeiros decénios de novecentos.Centenas de fotos e informação .Assim vou absorvendo o historia dapesca naNova Inglaterra,aprendizagem  que ,depois de estudar a pesca bacalhau francessa,teria para uma mais completa informação de aprofundar.

Entre muitas outras lá vem o histórico conhecimento do aparecimento do Dory pelo Lowell em 1793.


Tanta asneira que se disse àcerca desta pequena embarcação.Até autores reputados(?!( afirmaram (e esreveram) ser originario do Douro(dory).

Pois agora embora já o tenha deixado bem claro no livrinho Schoonner's   Bacalhoeiras ,da Colecção Farol(já ºá disposição) hoje deixo mais um documento que repete e atesta o feito.

Este livro (Gloucester on The Wind) tem imagens que nos prendem a atenção. Era madrugada alta e eu deliciado a ver(o meu ver é catar os pormenores e fazer comparações).

Hoje deixo aqui duas ou três.Deliciem-se.











Senos da Fonseca

domingo, julho 05, 2020


Ílhavo infectado por alzheimervid-20



  • Ontem assisti a mais um capítulo do processo de decadência de Ílhavo.
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  • Há muito que a minha perplexidade vinha aumentando. Aumentava à  medida que me fui apercebendo que, os decisores culturais instalados na poder local, empenhados como andam na compra/venda de enlatados( que vão distribuindo, “cais a cais,milha a milha”,vá lá que só alcançam 23!...), vinham esquecendo algo de básico: relembrar aos presentes alguns dos nossos (e seus) maiores de antanho. E o ano era convidativo para tal missão.
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  • Ílhavo perdeu a inteligência e a consciência social do seu passado. E expia em estertor, contaminado por um  vírus pandémico tipo alzhmeier colectivo 20, que não mata,mas provoca desinteresse, esquecimento,. Ílhavo não precisava de ser confinada, porque já o era: física, espiritual e socialmente. Já não há nem idiotas com algumas boas ou má ideias. Porque em Ílhavo já ninguém pensa. Não pensa, nem quer pensar : toda a vida, espiritual e intelectual, amortalhou-se. Finou-se.
  • O mar por tradição? Já era....
  • Os novos mandantes, mudaram o rumo,  entraram terra adentro. Encalharam. Para quê ir mais longe? O gosto está no fato feito. No fatico, pensam, os iluminados. Não interessa o que se dá, mas como se dá. Às colheres ou pelo gargalo. Em Ílhavo engole-se ...bete-se palmas. Bacalhau basta...
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  • A Câmara poderá ter no seu seio, engenheiros, jardineiro, coveiros etc. Só não tem um decisor(para não lhe chamar outro nome) cultural. Porque o desígnio ou ilustração dos seus vereadores, estaria nos seus actos. E estes confinam-se à vozearia da faneca que, garante-se, é  expressa em  papel pautado, musica celestial..
  • Esta fartura de pimba tem como objectivo levar as gentes a não pensar. O cidadão (mesmo o que andou com livros na mão a fazer de conta), não pensa nem discute. Encolhe os ombros e vai à vidinha. Não lhe tendo sido pedida opinião(quem em ílhavo paga imposto),sentem não lhes ser necessário ter carácter.E não tendo de arrastar o pesado fardo, daquele, melhor se dobram.Viver é só e apenas o momento. Pouco interessa o que está para trás, nem o que há-de vir.
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  • Ora este ano havia a singularidade de festejar duplamente os  centenários de nascimento, de duas grandes figuras do passado ilhavense: Mário Sacramento e Mário Castrim(Manuel Nunes da Fonseca).
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  • Não me atreverei a dizer que, a dimensão(no seu todo) destas figuras de referência seja igual. Mário Sacramento é um valor pátrio: cidadão  de carácter impoluto, sem uma ruga que lhe tolde a grandeza, um condutor tolerante mas incansável em procura dos caminhos da liberdade, fraternidade e igualdade.Um profissional médico lembrado pelos mais desfavorecidos e notado pelos colegas de profissão. Um intelectual que ombreia com os maiores ensaístas do seu tempo.
  • Não é ílhavo que honra Mário Sacramento. É Mário Sacramento que honra Ílhavo. Este esqueceu-o. Desonrou-se...
  • Mário Castrim foi um jornalista crítico, um obsessivo defensor  de uma escolha assumida: de um mundo que queria melhor. Ensaísta, dramaturgo,escrevia excelente e facilmente. Sempre com o aceno do garrote do lápis azul censório, pendente sobre os seus escritos. Num outro plano ,Mário Castrim merecia ser lembrado.
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  • No meio deste pandémico esquecimento, salvou-se o Jornal local “ O Ilhavense”.Espero que não se esqueça de quem vem a seguir.
  • Senos da Fonseca
 

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...