terça-feira, fevereiro 26, 2013

POSTAL DA CASA DO BICO  nº5
                                                              

 

A Tragédia de Juncal Ancho
E de repente o tempo chuvoso, como por encanto, suspendeu o incómodo do molha tolos. Molha tolos porque na Costa Nova, mesmo com este tempo, noutros lugares, desabrido, aqui,numa sota, salta-se logo para a rua. E claro, de vez em quando somos surpreendidos por uma garroa.
Saí  para o esticar de pernas, diário,sabendo que,mais ali ou mais abaixo encontraria a Zefa e a Tiberia. elas não eram mulheres de hibernar com um simples ameaço.
E lá vinham:
-  esta melhoria de tempo veio para ficar ou não ,minhas gentes? inquisilei eu.
- O tempo é como o marinheiro. Nunca se sabe se veio para ficar se para saltar amanhã para nova emposta, reflecte a Tibéria.Pois, isso mesmo.Muito arrazoàvel.  Era por isso que quando o meu Toino  achegava,eu não o fazia esperar, não fosse o mar chamá-lo à pressa. E ainda ele não tinha apoisado  o saco,e já eu o beliscava, espenicando-o todo,pronta para lhe tirar o «sarro» dos dias de lide, e achapar-nos  ao folhelho : à home que ando com uma fome de ti; anda cá meu bardáu, que te astrafego. E nem o deixava respirar ,tal era a força do abraço.Até parecia, mesmo, uma bárrega esgalmida .
-Delambida de um raio q'intè pracias uma santinha….
-Olhe Ti Zefa,comecei eu,tenho andado a pensar: Vossemecês alembram-se da tragédia de Juncal Ancho?
-AH ….olhe que não.Isso foi,sei lá; há que benícias .Eu só ouvi contar, era ainda muito novita. O  Ti Gaivotinha, esse  sim .Esse até p’rece que era um dos embarcados numa das «ílhavas» que levaram o pessoal à festa. Você conhece a história ?, acrescenta…
-Olhe que por acaso conheço, lia-a,e também ouvi nos Sete Carris, à Ti Tuna,  referi-la várias vezes.E como a pretendo contar com mais pormenores,pensei que Vocemecês me ajudassem.
-Atão hoje é você que fia fino e faz a despesa da conversa. Maneie-se que nós atracamos aqui ao murete.
Então aqui vai:
 Os «ílhavos» eram gente de grande fervor religioso, como sempre aconteceu com comunidades piscatórias.Mais tementes aos santos que à aspereza da natureza que defrontavam.
Não havia orago celebrado pela borda da ria  que não motivasse dia de folga das lides, e não impusesse uma ida de bateira, com a família e vizinhos, para cumprimento das promessas que amiúde se faziam – que aquela vida era um «cão». Ao mesmo tempo aproveitava-se  o folguedo para convívio,ou para  pôr  em dia  atrasado conversalhar  com conhecidos de fora, em trautos feitos, vulgarmente, por entre o escorropichar de uns copos de vinho batidos, de balcão em balcão, por entre as vendas do sítio.
De entre os oragos de reconhecido mérito - que festa de arromba elegia e glorificava - o S. Inácio do Bóco, assumia carácter de invulgar dimensão. A justificar reiterada devoção e consequente visita. O seu altar encontrava-se erecto em Igreja,lá em cima  debruçada sobre a ria, sita na colina que alberga no cocuruto o burgo. Logo ali ao dobrar da carreira da barca da «Forja» -  Fareja –  onde em tempos idos, ali fundearam as barcas e pinaças de  alto bordo que vinham mercadejar às Gândaras.Era visita obrigatória.
Num dos esconsos becos da chousa de Alqueidão, por onde se alinhavam tugúrios  de abrigo a pescadores,marnotos e saveiros,os dias que antecederam a festa foram de intenso parlatório,destinado a assumir  presença. Mas e também, perlengando sobre as   vitualhas a incluir no farnel ,que se queria, coisa de regalo .
Chegado o dia, o « Zé da Preta» mai-lo «Thomé da Fidalgota»,embarcaram amigos e familiares na «chinchas» desocupadas e escorreitas de tralhas e estrafegos, onde se aconchegaram  vinte e duas almas  devotas. Ainda o sol não despontava, desgarraram do cais da malhada aproveitando para isso a maré que já montava. Partiram alegres, folgazões e prazenteiros , para  uma grande jorna que parecia ser capaz de pôr ameno no estupôr de uma vida danada .O aquilão dava boa mareação, e quando o dia amanheceu tinham já na amura de bombordo o palácio dos Botelhos. A manhã acordava com  os maçaricos alvoroçados em matinas,  em procura do primeiro alimento.  O sol a levantar-se em hóstia de  vermelhão  suave,  prometia jorna acalorada, deixando ver a serra desempachada de névoa,limpa lá para cima,onde os montes luziam com o farfalho da manhã lá para as serras. Para  outras  bandas, onde um outro santinho  de especial devoção destas gentes ,o  S.Geraldo,  tem o seu pousio, na serra erma. 
Vogavam enfarpelados a rigor, os romeiros. De calção branco largueirão,  que se estendia até ao joelho encobrindo perna tisnada pelo sol e maresia; barrete descaído sobre o dorso, e camisão de linho, aberto, que deixava entrever o torso de gigantes da laguna .Elas de cara rija. Onde fulguravam dois olhos em brasa, ardentes e brejeiros, engalanada por chapelinho de veludo preso á nuca por lenço de merino,  garrido; chambre branco cingido ao colo que, pedinte de afago sensual,  repontava  nas pregas do camisa floreada. Saiote de baeta descendo rente até aos artelhos, escondendo de olhos gulosos a visão deslumbrante  de duas prendadas pernocas  que vinham desafogar nas chinelinhas pretas,cingidas aos pés de «gaivina andeira» por cordão de abotoadura. O calor a meio da viagem, fortalecido pelo reflexo na água espelhada da laguna ,fazia com que o busto do mulherio se esquivasse por entre o esconder das roupas de aconchego .E de entre rendas, brotassem como pombas brancas aconchegadas em ninho,peitos que assomavam e tentavam o olhar  de quem, guloseimando,  sonhava vê-los, tocar-lhe .Ou até  só até aspirar o seu perfume e aconchego.  
A aragem do norte cedo lhes permitiu a demanda e o desembarque no cais do moliço ; sem delongas – que santos não esperam !- foi (logo) tempo de desembarque e de monta. Por caminho directo se alcandorarem até à Igreja que naqueles dias treluzia com o seu chão lavado, ensaboado a amarelo, e depois brunido . Junto ao altar dois tocheiros ardiam ajudando a quebrar a penumbra do templo a que só a porta dava entrada à luz do dia;castiçais de latão do tipo mourisco substituam em lindeza, que não em valor,  a prata afiançada.Só de pousio em outros templos de mais ricas alfaias. Nas paredes em quadros de talha doce viam-se imagens penduradas de Stª Rosa e Stª Eulália, e outras estampas catitas ou figuras de feições celestes. Prometendo bem-aventuranças por entre copioso enfeite de lírios, jarros, mimosas, madalenas e alecrim. Ajoujados em vasos de faiança local, que conferiam ao templo um doce e suave e lânguido perfume celestial.
Hora de ouvir a santa missa. Desbravar o terço benzido, deixar uma esmolna,  e cumprir o prometido .Satisfeita  a obrigação da fé, era tempo de lograr a sombra de  uma oliveira - que o sol mordia a terra-, e desempalmar o escabeche mai-las solhas bem emparadas na molhenga. E os bolinhos de bacalhau, que iam assim cumprindo, «o antes» .Até ao momento de desenfardar  o capão esplêndido: -cumpridos que estavam com a dignidade de quem se sente talhado para o fim ultimo do sacrifício, seis meses de cuidada engorda.E que, como «feito» da bem acerejada  assadura, exibia um jalme  a escodear sem demora, de cuja prática se soltava  fragrância  divinal . O vinho em reponta de maré, corria caudaloso  pelas gargantas ressequidas que dias de sóis estivais,  ou de noites de suão tórrido, exsudavam estas gentes da laguna. O Bóco, situado nas faldas das bairradas era sítio privilegiado de boa produção avinhada --fragrante e saborosa. E nesses dias, aproveitava-se a visita para da mesma se fazer adequada publicitação. Assim, não raro, excedia-se o que seria adequada emborcadura, para cedo se atingirem limites de comportamento pouco adequados que, por norma, descambavam em confrontos violentos –verbais e ou físicos -- pelos mais fúteis motivos.
Vista a procissão, feitas os últimos escorropichos  nos descansos dos tascos do sítio,  por entre risos musicais saídos das rebecas dos tocadores de ajuntamentos e anunciado lá para as bandas do mar o lusco-fusco da noite estival que embora preguiçosa vinha chegando, e com ela aragem frescota, era hora de partir. Levantaram-se as velas que era hora de voltar à vila. Pois que ao outro dia, madrugada ainda não acordada, ao primeiro  trilo de maçarico cantador, era hora de botar o botirão a coar.
Chegados lá para as bandas do pinhal da água fria, o vento tornou-se instável, prenunciando doido corropio  que impedia a boa singradura a norte;as mentes estavam toldadas demais para lhe encontrar o  jeito bom para nele navegar. É então que numa golfada rija, emborcada  pelo través, que a «Preta» vai direito à «Fidalgota» e lhe entra pelos cavername adentro, levando tudo á sua frente. Bica da proa embatendo com violência na cabeça da Zefa, embarcada na  «Fidalgota»,matando-a de imediato .
Foi o fim; gerou-se uma encarniçada luta mais parecendo uma verdadeira abordagem de corso, com o mulherio em vozearia espavorida  ao ver as naifas logo desembainhadas pelos seus homens, que  ébrios do tinto e da odiosa vingança, procuravam  sitio e carne por onde se espetarem.Uns, ainda dentro da embarcação , outros já na água aonde tinham vindo parar após embate.Todos pareciam esquecidos do semelhante «amigo e vizinho»,que se tinha, instantaneamente, transformado em figadal inimigo de que só a morte permitiria livração.
Foi uma tarde ensombrada de sangue. Vinte e uma vidas ficaram esventradas; umas dobrados sobre a amurada escorrendo para a laguna enquanto esbracejavam nos  estertores da morte. Outras boiando sobre as águas da ria que desciam para o mar, acompanhadas pelas águas tintas de tanto sangue esvaído.
Apenas um, de entre os romeiros do Stº Inácio, lograria escapar com vida .
À noite, temendo vingança de vizinho ou familiar, tomou lugar numa enviada que estava de partida para Setúbal, e desse modo lá escapou a destino mais do que certo .
O desembargador ao outro dia logo mandou uma patrulha para averiguação do desacato
No simples relatório que lhe chegou às mãos, apenas constava:
“ Das vinte e uma pessoas do foral de ílhavo(sic)desaparecidas , nada se sabe, senão o terem-se ausentado para parte incerta”.
E assim se deu como (legalmente ) encerrado, e sem identificação de culpados,um dos piores acontecimentos de sangue fratricida vertido por «ílhavos» 
Quando acabei  li emoção nos olhares das minhas companheiras de conversa.
-Linda mas desalmada estória. Pois :íamos a todas as festas da ria: Maluca, S.Paio, S.Jacinto .A todas onde houvesse santinho milagreiro. Para lá ia-se a cantar. Alegres,anchas e vivas. Para cá vínhamos moídas  com o  quebranto de tanta folia.
-Pois diz a Zefa. Parecíamos uma pégorra : para onde vais Maria (?) :p’rà festa!!!!!.De onde vens Maria (?): ao tiazinha, venho de onde havia festa.
SF  (Fev 2013)
 
 

quarta-feira, fevereiro 20, 2013



Quem tem um Poeta,como amigo,não morre descalço.

Pois é .O Poeta  Cachim (este sim,repentista, é-o.Eu, como ele diz, sou um fazedor de palavras) amigo do peito ,quase sempre me responde em verso.Uma missão salutar para os meus estados de alma,por vezes azedos.
Ora ao  «Encolhi as asas e  continuei» (blog anterior) ,o Zé Cachim respondeu-me assim:


ESSA CASA À BEIRA RIA
ESSA CASA À BEIRA MAR
ENCHE-TE DE NOSTALGIA
SEM LIMITES NO OLHAR

VÊS TUDO QUANTO IMAGINAS
NAS GAIVOTAS A VOAR
VÊS INFÂNCIAS PEQUENINAS
QUE ESTÃO CONTIGO A MORAR

E VAIS VER, NÃO MORREM MAIS
VIVEM UMA ETERNIDADE
SEM LÁGRIMAS, SOLTAM AIS
A ISSO CHAMO SAUDADE

E É BOM ASSIM VIVER
COM UMA CANETA NA MÃO
PODES RIR, PODES SOFRER
E CANTAR NA SOLIDÃO


Zé Cachim


------------------------------------------------//


OH Zé eu respondo

Pois quem me dera ao menos viver
Com a caneta na mão
mas o raio da caneta já não escreve:
Sujeita á gravidade ja nao aponta o longe
Mas tão só vertical,ali onde tenho os pés.  
Causa certamente,foi desgaste por erosão.


Um abração
João Fonseca

terça-feira, fevereiro 19, 2013



POSTAL nº 4




S Bartolomeu :dia do diabo à solta.

Nem o despertador precisou de me chamar, nem o galo de cantar; parti no horário em que sabia, apanharia as «faladeiras».  E a meio do percurso, lá vinham as duas simpáticas pescadeiras, lestas e ainda desempenadas das pernas. Notei que vinham a gesticular fortemente, parando de vez em quando, especadas  na marginal.

Máquina a meia força, fui-me aproximando. Pàra a máquina!...,devo ter pensado.E fiquei a pairar, à espera que as duas,a Zefa e a Tibéria se aproximassem. E leme a bombordo, atraquei ao de labaró, e dei os louvados:

-Louvadas Vossorias, gente fina desta praia velhinha; mas ainda bonita e asseada,  como o são as sua cachopas .

_ Ah seu endrominador, você não perde tempo para,ainda não ter passado a mão da barca e já  está na mangação,seu camanduleiro.    

- Eh Ti Josefa essa de camanduleiro é que nunca ouvi. Astão o que é lá isso? Perguntei interessado no léxico vernáculo.

-Ai não sabe ?!...pois..  pois.. eram os rapazotes enganadores .Ou as beatas na camandula: de terço de contas grossas à vista, as banguinas a fingir que iam a rezar, aquelas calamantronas. O que elas estavam era a fazer horas para irem ao confesso, onde o Padre Horácio lhes despertava a cocegueira  na  cricalhada. Que eu diga era um grande rascoeiro.Que diga-se dava abêgo a todas, astifazendo-lhe as necessidades. De boa boca ...tudo o que vinha á rede era peixe, desde que tivesse guelra avermelhada. Não havia beata, saltarina ou cantadeira de missa, que lhe escapasse. Trambolhão por trambolhão,ia-se o paraíso.Que a Eva também era danada p’rà cambalhota. E pr’a homem e mulher  mais saborosa  brincadeira, deus não inventou. Disques. 
-Ah mulher vê lá como falas aqui com o senhor. És mesmo uma desaussernada .  Lingua ruim e envenenada. Emboitas qualquer uma com a tua língua de vinagreira. Olhe aqui amigo: olhe c’a vida na companha não era só um enxogalho de má língua.Havia momentos de inquisilar a alma .Ó!...  Zefa alembras-te daquele dia do S. Bartolomeu ? Já ouviu falar neste santo?
-Olhe que sim ,respondi. Quando era rapazinho,nesse dia, as mães nem nos deixavam sair de casa. Diziam que andava o diabo à solta…Ainda me lembro que num deles, andava um tenente muito  emproado, muito   esturto, no cavalo, ali  perto da antiga esplanada, a mostrar-se ás garotas (que olhavam mais para o cavalo que para  o pelingrino ).O animal  espantou-se,tomou o freio nos dentes,  e foi como trovoada  por ali acima até casa dos Taveiras. Estacou; e vai o  pavante «tenentezeco» avoou e aterrou no Bico, no meio do lodaçal, emboitando a farda toda.
-Mas olhe c’a até andava o raio malino à solta ,desembolado. Eu conto-lhe:
(…) no dia desse santo ,era costume não se ir ao mar, pois  diziam, acontecia sempre que o pecadito fazia das dele. Mas naquele ano as semanas tinham sido tão más que já havia fome entre as gentes. O arrais Ti Cruz reuniu a companha e botou faladura:
-Eh …gente :eu ando desaquietado:  esta vida está de morte. E morrer por morrer, mais vale morrer no meio daquele estipôr, que por aqui, á fome. Por isso eu quero ver se tenho homens da minha ógalha.Ou meninas virgoleiras,  com medo de serem espetadas com a padela. .Maneiem –se os que querem embarcar. Fiquem os inxuns  a rezar ao belzebu.
-Aqui me tem Senhor, avançou o Bernardo» rompendo a fila dos brejoeiros  hesitantes. Cabeça alevantada, peito firme, alto como uma torre, forçudo capaz de erguer um mansarrão pelos gorgomilhos,olhos verdes da cor do mar,quando manso. Mas de onde saíam chispas quando irado. Ao verem o Bernardo , o Carlos ,o «Negrote»,o «Ranhoso»…e outro e outro… deram passo em frente.

-Ti Joana, encaneire o pessoal,e vamos lá com Deus, que ele nos cubra com o seu divino capote,vamos dar lanço  nem que seja para o escabeche:- disse o ti Cruz para a «arraisa» Joana, a chefa da companha em terra..
Foi ordem que provocou uma restolhada. Redes pra dentro, sacada à borda  desenvencilhada,mangas enroladas  a que se juntou o cálão e a mão da barca. Chama-se o abegoeiro. Que trouxesse quatro  juntas de hercúleos  bois, pois  há pancada rija; e meter o meia lua a vogar,obriga a que a muleta vá até à borda, e que os bois,enfeixados nas arnelas, metam barriga mar dentro para dar impulso.E assim  ajudar  a embarcação a boiar. A entrar mar adentro..
E foi então, quando as duas juntas estavam com água pelos ruços, borregando em  ir mais dentro, aguentando  a vergastada  e o aguilhão da  vara inclemente que lhe zurrava nos costados, que uma vaga atravessa o meia lua. O Arrais grita num vozeirão:
-Rema !  Riba….Ó…Ó …riba…Eh! raios …diabos…  riba para a vaga …Seus langões.  Dai força aí no mieiro, ou ides  hoje todos para o inferno das profundezas .
Numa arrancada, mistura de vontade com medo,o barco dá um esticão para aproar à vagalhoça. Mas presa à embarcação, a junta  de bois de estibordo é arrastada com a ré da embarcação. E eis que os bois  perdem pé .Cabeça e cornadura de fora, tentam ferozmente desenvencilhar-se do cordame que os prende à embarcação. Num repente, vê-se o Bernardo astirar-se à auga,e com a navalha libertar, do barco e do cabeçalho,os animais. E  nadando para terra,resoluto ,entrega a ponta   da corda ao pessoal,que água até ao pescoço, alam o pobre animal para terra.
-E o outro?  Você sabe lá (?!),diz a Zefa inquirindo-me…
-Pois e outro Ti Zefa …..adianto, pronto a ouvir o resto deste quadro vivo ,expressivo, luta de gigantes com o mar,
- Pois: a Ti Joana mulher d’um carago, nadadora exímia, tinha-se atirado  e saltara para os costado do boi que resfolegava .E atirando –lhe o saiote preto para os olhos, filada ao cornígero animal, forçara-o a virar-se para terra. O animal sentindo areia debaixo das patas pareceu ganhar alento. E zás que ala tarde. Recuperado «pé»,ajudado pela vaga, e pegado pelos cornos pela Joana, o animal desenvencilha-se do mar e parte em corrida  resfolegante pelo areal adentro. Vai por ali fora e...De repente: escafedeu.
 Estaca, e a boa arraisa Joana voa e aterra de barriga no areal. Só que o saiote e fralda, ficam espetados nos cornos do boi. E a Joana esparralhada no areal, mostra o alvo traseiro. Bonito e redondinho. Firme, parecia montanha amaciada por mão divina.
-E quereis saber Senhor (?): entra a Tibéria de quarto.Pois todos aqueles zamparinas , gadagem que cobiçavam tudo que fosse mulher, viraram a cara (e os olhos !) libertando a Joana de córar de vergonha, ao ver-se exposta como a sardinha na sacada.
-Todos?. Todos não, diz a Zefa ,com um riso malino na cara.Não !.... o Bentinho «Cagaréu», que diariamente mirava guloso  aquela mulher tão liró,parecia  hipnotizado ao ver a  meia lua da Joana tão ajeitadinha e torneadinha. E ògadinho não tirava os olhos daquele quadro que parecia um retábulo real.Até que a voz da Joana trovejou:
-Que estás a olhar, pelintra? Gálico (!), nunca viste o  traseiro da balcória da tua mulher ? queres chari-lo? .Anda esculhambrado,  astreve-te  que eu filo-te pelo gasganete e amanho-te a tripa que tens entre pernas para escaço.
-AH chopa :morrendas se nao falendas.Que tinhas tu de comentar que Bentinho viu o «rabinho» de anjo da Ti Joana?   òspodias  ter terminado sem teres emboitado a estória. Assim : quando a arraisa Joana se pôs de pé,já o meia lua atravessara o mar quebrado e fazia emposta  à procura do cardume ….


 

SF .

 

domingo, fevereiro 17, 2013



Encolhi as asas …e continuei

 

Tive um sonho.

E nesse bonita pompa de sensações

Olhei pela janela

A contemplar, espantado, o voo de uma gaivota;

Na curva que deu para vir ter comigo. Via-a!

Asas esticadas, tinha na ponta de uma, o azul do firmamento

E na outra, o azul riscado da ria.

Já acordado  espero como ela,agachado,

A chegada do ocaso arroxeado

Para no crepúsculo  esconder as amarguras,

De ser um barco à deriva, perdidas as amuras.

No sonho voltei  por momentos a ser criança

A pensar que a vida é sempre azul

E que no azul só há «penas» brancas.

Estremunhado, despertei :

A minha vida foi um vale de lágrimas,

Seco (!),

Porque nela raramente chorei

Apenas encolhi as asas…e continuei.

SF (Fev 2013)  

sábado, fevereiro 16, 2013


A Capela das Almas (de novo)

 
Aproveitando o dia de intermezzo carnavalesco,fui dar uma volta pelos alfarrabistas no Porto. E num deles encontrei uma preciosidade: nada mais nada menos um exemplar da Revista «Branco e Negro».O  nº44 de 1897.
Este número traz um artigo de Diniz Gomes muito interessante, como o eram  todos aqueles em que rendia devota  homenagem ao seu «ílhavo»[1]. Surpreendente é que o artigo insira fotos com alguma qualidade, umas que já possuo ( prosapiamente como se diz, Arquivo do Autor iiiiiiiii!) e uma, para mim inédita. Da célebre «Capela das Almas» ou «Da toira», numa perspectiva inédita.
Desde logo uma questão: a foto é anterior a 1897,o que é notável(e todas as outras!).Eu catalogara estas fotos de inicio sec XX. São pois anteriores ,fiquei agora a saber.
Aqui vai a foto:
 
             

 
Tratando-se inicialmente de um simples oratório que ficava no rio da vila, situado no “meio” da calçada, que de Alqueidão vinha dar à Praça, foi com o produto advindo do «altar do mesmo», construída a Capela das Almas - onde a Irmandade das Almas suportava o encargo com os três capelães. E em que todas as segundas-feiras se dizia missa cantada por sufrágio das mesmas. Estava situada no canto sul actual«largo do Bispo», tendo uma forma hexagonal semelhante á Capela da Srª das Areias ;era pertença da Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco, sendo referida nas Informações de 1758, do seguinte modo :
“Fora da Capella há modernamente hum que podemos chamar oratório ainda que nelle se não diga missa. Fica no sitio chamado Rio da Villa em meyo da Calsada atravessa Alqueidão e vem ter à Praça. Chamam-lhe vulgarmente as ALMAS DA TOIRA. He um painel dellas de barro que está imbutido na parede das casa de hum Fulana Toira de alcunha, e faz frente para o rio”
Por isso se designava o local da sua implantação por Largo das Almas. Esta Capela foi sagrada pelo Prior João dos Santos em 12 de Junho de 1771.
  
Em 4.01.1911,a seguir à implantação da Republicas, é requisitada pela C.M.I, uma vistoria ao Director de Obras Publicas Distritais  sobre as condições de segurança da Capela,sita na praça do peixe, que se dizia serem precárias. A vistoria explicita a situação de ruína e a Câmara de Abel Regalla, António Paradela, Carlos Santos Marnoto, José Simões Ramos, Júlio Carvalho, Domingos Gago, decidem colocar em «Praça»  a sua demolição, questão que levantaria forte  polémica e criaria  um vivo mal estar entre as populações. O preço ajustado para a demolição foi de 341$000  réis (acta de 18.01.1911),tendo-se ainda deliberado proceder à venda dos bens existentes na Capela(?!)

Em 4.01.1911,a seguir à implantação da Republicas, é requisitada pela C.M.I, uma vistoria ao Director de Obras Publicas Distritais  sobre as condições de segurança da Capela,sita na praça do peixe, que se dizia serem precárias. A vistoria explicita a situação de ruína e a Câmara de Abel Regalla, António Paradela, Carlos Santos Marnoto, José Simões Ramos, Júlio Carvalho, Domingos Gago, decidem colocar em «Praça»  a sua demolição, questão que levantaria forte  polémica e criaria  um vivo mal estar entre as populações. O preço ajustado para a demolição foi de 341$000  réis (acta de 18.01.1911),tendo-se ainda deliberado proceder à venda dos bens existentes na Capela(?!)

               

Hoje a «razão» evocada parece não convencer. Porquanto a Capela tinha sido construída em pedra vermelha de Eirol e, tendo pouco mais do que um século, nada de especial para um templo. Não seria de esperar que o seu estado fosse assim tão mau como se apregoou. A sua arquitectura hexagonal conferir-lhe-ia, ainda e provavelmente, um acréscimo extra de estabilidade.

A questão foi, clara e inquestionavelmente, de índole politica, pois o regime nos primeiros passos, pretendeu desde logo limitar a influência do clero «reaccionário», a quem culpava do estado de ignorância em que se mantinha a população, com o fito ultimo de assim melhor lhe extorquir os parcos rendimentos que iam engordar as fortunas dos párocos, corruptos e de gula material desenfreada, como era voz corrente. E se esta noticia posta a circular percorreu o país de lés a lés após a implantação do regime republicano, as reacções populares fizeram-se sentir, especialmente no norte. Ílhavo não escaparia à onda.

SF



[1] Não sei para quando e porque se espera, editar essa raridade de identidade ilhavense «Costumes e Gentes de Ílhavo» de Diniz Gomes. Um livro de culto….

segunda-feira, fevereiro 11, 2013



 

 

 

O que valeu ao «Cantigas»  é que  o raio do canário …era canária…
Intriguei-me nestes últimos dias, de nunca mais ter postoa vista em cima à  Tiberia e à  Josefa que como  por encanto desapareceram do mapa. Afinal, nesta ultima  segunda- feira,  novo encontro.  E fiquei a saber porque se eclipsaram: peixeiras na praça ,esta fecha às segundas.E é  só neste dia que elas vêm desenferrujar as pernas.

  Senhor  :dantes era uma fona .Daqui p´ra Ibalho ,fazer a venda e voltar  pela noitinha ,derreadas, esgalfas ,mais tesas que o carapau ressequido que não tivera freguesa..Aí sim (!) é que estas perninhas que agora parecem mijadas(com sua licença) eram roliças ,duras e torneadinhas. Ai do zamparilho que se astrevesse a meter-se no meio delas.
-Era assim, era…. ajunta a Zefa. Às vezes era já noitinha e o que valia era que aquele caniné do Labareda nos esperava .Até  que todo o pessoal arribasse à Maluca, feita a venda na Vila..
-Atão hoje não têm nenhuma estória para me contar? interroguei eu…a meter cunfia.
-Crédo ,você parece q’ué bruxo .Olhe!...vinha agora a lembrar com a Zefa da história da  Pauseira «Canária», que era uma savelha   de se lhe tirar o chapéu. Mulher danada, de sim ò sopas.Mulher de ou  fora ou adentro a meio é que se não podia ficar.
-Conte lá Ti Tiberia….conte raios que sou todo  interessado.
E a Zefa não se fez rogada.
- A  Pauseira tinha na sua casinha, ali nas dunas, um canário que estimava muito. O raio do pássaro , um dia apareceu esmorecido .Parecia que tinha lançado um grapelim  ao trapiche  e de lá não saia ,nem para molhar o bico. E pior ,nem piava.O  estipor do canário,dizia o Luis «Cantigas» ,o  serrazina do home da Pauseira: -dá-lhe uma «passarinha »a ver se o bicho desperta.Olha  que o  bicho tem, é falta da «passarinha». T’ asseguro.
-Pois , quem não tem falta da passarinha és tu,«Cantigas» .Há benícias que nem lhe pões a vista em cima. A vista e o resto ,raios, diz inquisilenta a Pauseira ao seu homem. P’ra ti esconjurado ,«passarinha é o garrafão do tinto. Ora vai-te ,que eu tenho mais  que fazer c’abanar o traseiro.
«O Cantigas» lá foi a resmungar  para a vida. A «Pauseira ficou a fazer horas para ir p’rà escorcha, aproveitando para fazer  um caldo de conduto para a ceia. A meio da manhã batem ao «portaló».
-Quem bate? E o que quer ,diz ao tempo que abre a portinhola. Cá fora, especado, o Arnaldo «Mijinhas», uma espécie de botadinho à parte, atrapalhado e nervoso, diz à Ti  Pauseira:
-O Ti Luis mandou-me aqui ,dizendo para  Vossemecê me dar «passarinha» que ele não teve tempo de lhe pôr a boca em cima.
-O Luis mandou-te mesmo ,para eu te dar a «passarinha»? Ai ele quer mesmo enfeite? Anda cá filho ,que eu dou-te a dita. E agarrando o «Fininho» puxou-o a si com força, atirando-o para o catre disposta a cumprir ordens, que  Capitão manda imediato obedece.
Só que o Arnaldo pouco dado a empostas do género ,incapaz de ciar em mar tão encapelado  ,fixou com pavor à trabuzana que para ele representava  a Pauseira , e  espavorido,  dá de se libertar do corpo da fera desembolada ,escapulindo-se  ao lancão  d’alentada mulheraça.
À noitinha ,quando o Luis «Cantigas» voltou da faina ,a Pauseira não esteve com meias palavras:
-Olha lá ó seu  zamparilho, atão tu agora já não te satisfazes com a «passarinha», e mandas substitutos p’rà   aconchegar?
-C’a estás tu pra aí a xanar, raios? Eu mandei o «Fininho» buscar o garrafão de vinho. A que tu chamas «passarinha»,homessa (?!).
-Homessa (!) digo eu ; o que te vale é que  o raio do canário é canária. Senão a estas horas  estavas mais enfeitado que o manso do  boi  amarelo do abegoeiro Ti Aparício.
-À ganda  Ti Zefa.  Vamos lá acabar a voltinha, que para a semana vossemecê  conta-me outra. Combinado, remato eu  bardaleiro ?
-Pois atão .Se lhe der volta, apareça lá pela praça .Há lá bom peixe. O que está a dar,agora, é  a chaputa» .De entupir uma jàja.    

 SF ( Fev 2013)

 

sexta-feira, fevereiro 08, 2013





Encolhi as asas …e continuei.

 
Saí de um sonho.
E nesse bonita pompa de sensações
Olhei pela janela
A contemplar, espantado, o voo de uma gaivota,
Na curva que deu para vir ter comigo.
Via-a (!),
Asas esticadas, tinha na ponta de uma, o azul do firmamento
E na outra, o azul riscado da ria.
Já acordado,  espero como ela agachado,
A chegada do ocaso arroxeado,
Para no crepúsculo  esconder as amarguras
De ser um barco à deriva, perdidas as amuras.
No sonho voltei  por momentos a ser criança
A pensar que a vida é sempre azul
Que no azul só há «penas» brancas.
Estremunhado, despertei :
A minha vida foi um vale de lágrimas,
Seco (!),
Porque nela raramente chorei

Apenas encolhi as asas…e continuei.

SF (Fev 2013)  

quarta-feira, fevereiro 06, 2013



Oh! doutor ponha lá um espelho...…
E uma vez mais lá fui, hoje, ao castigo anual.
Deixar que Dr Ricardo (urologista) abuse da minha permissão (excepcional !) e me espete dedo acima, até ao que diz apalpar a dita próstata. E depois ,ainda por cima, pagar por tal maldade.
É um brincalhão. O que não deixa de ser importante e menos doloroso,sob o ponto de vista psicológico.
À saída diz-me :
-Meu caro eng.  você está porreiro .Tem aí uma próstata para mais vinte anos, sem chatices .
-Olhe doutor, já agora: eu como representante da CEC (Comissão  dos Espetados no Cú),sugiro que todos os urologistas devam ter um espelho no consultório.Para que o cliente esteja mais descansado, ciente do tipo da maldade que pelas suas costas lhe estão a fazer.Não apareça um maroto.
 
E sobre a próstata dar para mais vinte, o bom seria que me garantisse que o que o  que lhe está intimamente ligado, durasse esses vinte ano. Senão que se lixem os vinte anos….
E até para o ano.
SF (Fev 2013)

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

 
Amansar a fera….
Manhã cedo,que a cama nunca fez bem a ninguém,senão para morrer mais comodamente instalado, já que para o resto,para os actos mais lúdicos, a palha e areia, são bem melhores aconchegos, saí para o passeio habitual. Jogging,como agora soe dizer-se,né?.
A ria esplendorosa. Estanhada, nem uma tainha nela bulia. Sol brilhante, já bem alcandorado, depois de trepada a serra do caramulinho,onde aqui e ali ainda se avistavam, uns farrapos sem contornos definidos...O sol invadia tudo, escorraçando a neblina matinal.
Com espirito (já) bem desperto, deixei-me contagiar pela frescura da manhã, reforçando a alegria de  sobreviver a mais uma noite. Apetecia-me  ficar ali suspenso das horas, imutável na paisagem.
Foi pois, um prazer, ir por aí abaixo de um modo tão leve, alegre, quase que num sentimento de imponderabilidade.
OH!!! se alguém com espirito criativo tivesse reposto na beirada da ria,frente ao palmeiral, a antiga esplanada, e criasse um ponto de passeio e lazer, que requalificação se teria feito a esta linda, intrigante, irrequieta e volúvel Costa-Nova!. Coisa bonita só de ser imaginada.
Mas adiante.
Eis que lá do sul, vinham duas pescadeiras ainda desempachadas, em passo mexido, firme e decido, em conversa galhofeira. Chegadas à minha beira abrandaram. E uma delas (ambas sessentonas; uma trajada de luto elucidativo) dirigiu-se-me,  sorridente:    
-Oh (!)  meu senhor acha que somos velhos?
-Quem ? ,perguntei...Todos nós?...
-Sim ....sim...respondeu a rir-se…
-Não; acho que somos já,, é  um bocado usados, atalhei.
-Oh estipor diz a outra: eu que pouco ou nem usada fui. Mas tu que de tanto uso até criaste ferida nas costas, de tanto as esfregares na areia.....
-Ora ora ...se mais usara mais gozo me dera  filha....Quanto mais uso mais òstifação..raios.
-Tem razão mulher; o que é preciso, é amansar a fera...adiantei eu.
-Pois tem razão amigo (!) - disse a desbocada já com intimidade ganha num minuto. Mas é que o «bichano» aqui da Josefa só bebia e ronronava. Pouco ligava á «bichana», ógadinha por uma festinha.
-C'alte aí ,sua esculhambrada, atira a Josefa ofendida. Olha que o Toino(deus o tenha no céu e lhe dê o que lhe tirou nesta vida:- dizia a Josefa enquanto se benzia),inté era danado prá brincadeira.Só que depois com  o espinhaço e as rezas daquela marafona ,a Cláudia do Zé Linguiça, foi-se abaixo do espinhaço. E do resto, rapariga. O pobre bem queria, queria….eu que o diga….mas fio torcido não passa por buraco d’agulha
-Ensebasses o fio rapariga…   
Há dias que nascem bem. Dias bons para se nascer.Também. Mas
 absurdamente desgraçados para se morrer,se fôr o caso.
 Porreiros para um recém nascido se interrogar: valerá a pena? Mas absurdos para ponto final à duvida.
SF  (fev 2013)

domingo, fevereiro 03, 2013



Olhares…

Olho esta feira de vaidades tontas (e de  uma ignorância endémica),com distanciamento (doloroso), mas com certa dose  de ficção que o mesmo é, e que tudo há-de acabar. Conquista de poder e prestígio a qualquer preço, sem um mínimo de cultura humanista. E  claro de  saberes. Reinado de falsa pompa de todas as realidades.
Olha-se para estes impreparados políticos  e percebe-se em cada um (onde já param as excepções ?)  a soberba do : sei tudo!!!
Se ao menos tivessem de Severo a ideia de que sabendo tudo ,nada valeu a pena, ainda seria razoável. Mas não. Estes peralvilhos de fatico e gravata chinoca, gentiaga estupida mas soberba e monstruosamente insensivel,  pensa que vale-se tudo…desde que permaneçam na montra. Nem que o estar na montra seja como as putas (trabalhadoras) de Amsterdão .Com a diferença : aquelas dão o que é seu. E esta camarilha rouba o que não é seu. Estes maltrapilhos não perceberam que todos os filmes têm um END.
Não sei se já repararam :em nome da democracia pretende-se um país feito de estrume humano.Num tempo dito democrático,a ofensa vil aos  mais fracos é divertimento de tiro ao alvo.
Eu sempre sonhei .Mas quando não consegui erguer-me aos céus, não tive medo de aterrar na terra. Estes tipos não sonham : deliram no banquetear-se do suor dos mais fracos.

Ai aguentamos ..aguentamos!  Talvez te F…ulriquizinho….

SF  

 

            Os nós da vida.... ..  INQUIETUDE... A VIDA COMO ELA É ...  Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a e...