quinta-feira, dezembro 25, 2008

«Saber que será má a obra que se não fará nunca
.Pior, porém, será a que nunca se fizer.
Aquela que se faz, ao menos, fica feita.»
Bernardo Soares


Eu sei para onde quero ir

Pronto e parece que tem de ser. Uma vez mais recolher a trouxa e fazer o saco. Partir para outra aventura que a vida colocou –descarada e provocatoriamente - à minha frente.
Não tenho duvidas –e digo-o sem compaixão –que me sinto velho (?!) .
Mas calma! ; a vida usou-me muito e, por isso, nem posso ir para a beira da estrada e pôr – como nos automóveis -um letreiro: -«SEMI-NOVO»,e assim enganar os papalvos . Mas sempre punha, e não enganava ninguém: - «SEMI-VELHO».
De há uns tempos para cá passava horas – desalmadas horas -em frente destas teclas onde batia desesperadamente á procura de fazer coisa de jeito. Se calhar nada disso fiz. É certo que este cantinho começava a ser bafiento. E até por vezes me fazia esquecer que havia vida -e outros – lá fora que poderiam precisar de um pouco do meu tempo.
Pragmaticamente parto como sempre para estas «viagens»: pouca trouxa no saco e muita coisa a bailar-me na cabeça. Observo-me a até parece que me sinto como dantes sempre aconteceu: sem limitações de sonho.
Sinto uma pequena agonia. No interesse dos outros, pergunto-me: e ainda serei capaz? E recordo as agonias que sempre fui suportando e ultrapassando, logo que definido o rumo. Porque ninguém duvide: eu sei para onde quero ir. Como ir?
Venha o que vier, só há que seguir a máxima: o difícil faz-se num instante; o impossível demora um pouco mais.
De pé no estribo já nem sequer olho para trás. Só para a frente.

Vai começar
Uma nova batalha
Zangado com a vida?
Não!
Antes isso do que vestir a mortalha.

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E o Blog «A Terra da Lâmpada» ?
Volto a explicar: «A Terra da Lâmpada» usou e abusou -deliberada e provocatoriamente – de R.E.
O que ele representa (um perfeito exemplar, patético, do que vai por esse mundo da política á portuguesa) serviu para O ALADINO descarregar o azedume. Só porque foi o ultimo. Quiçá o melhor dos piores e medíocres responsáveis autárquicos, desta hoje infeliz parvónia (por ser mesmo isso é que já ninguém cá compra nada, como diz a Rádio Popular).
Ílhavo hoje faz antever o fim, que não vem longe, de desaparecer no mapa das «coisas» civilizadas. Ílhavo está desempregada. É uma cidade sem lugar entre as cidades. Perante o progresso , diz claramente :-não ,não quero!.

A missão histórica das sua gentes, dos seus irrequietos filhos, os que deram forma à diáspora, dos seus navegantes que fizeram história, dos seus artistas que reinventaram o belo nas suas mais diferentes formas e ou expressões, está esgotada . O olhar para as funduras do mar e lhe descobrir rumos ,embaciou-se. Toldou-se. Obscureceu no negrume do desencanto das lutas intestinas de desagregação social que a dilacera. Os seus filhos mais valiosos foram-se. Restar aqui, para quê?
Os que cá ficaram cabeceiam ao sol a sua velhice, coçam a orelha para ouvir o ranger da nora que despeja os alcatruzes de água (suja) que logo se vai, para que a besta possa continuar a andar á roda a fazer de conta que puxa o engenho .Porque se calhar é ao contrário. Aqui o engenho é que puxa a besta, cega e tonta, de tanto andar á roda a fazer que pensa..
Pois bem. Agora as coisas obrigatoriamente mudam. Haja respeito: não pelos outros mas pelas Instituições.
Perdi é certo a minha liberdade, que em caso algum se pode confrontar com o respeito institucional. Sempre assim foi. Tenho princípios éticos com padrões muito elevados.

Mas se perco essa liberdade, não sou um Cristo. Não tenho jeito nenhum para oferecer a outra face.
Ora de vez em quando é preciso mudar.O Blog TERRA DA LÂMPADA tem de se reorientar.
Ainda não sei bem, como. Para o ano se verá .

Aladino

sábado, dezembro 20, 2008

Num cravo ruivo para Ti

Pudesse eu sentir o bafo dos dias quentes
(para deixar de sentir a dor
A dor tremenda de me ver ainda acordado
(em tudo o que escrevi.
Nessas folhas em que amei e fui amado
(ainda que noutras, não sei (?), odiado..


Sinto a dor tremenda de nelas não ver gestos,
(seria que lá não couberam?
Ou estando lá, eu não os vi, tão escassos eles eram,
(a vida é «soma e segue».
Por isso quem me dera morrer num instante
(antes que o inverno mos negue.

Ateio as poucas brasas que ainda há em mim
(frias dos beijos que não recebi
E recuso o sono, a paz e a solidão que só hei-de querer no fim
(quando então longe daqui;
Mas não deixo, hoje, de escrever num cravo ruivo para Ti
(o que já não sei dizer a mim.

SF ( Natal 2008)

domingo, dezembro 14, 2008

Outro Natal..
Que salvei no naufrágio desta viagem acidentada, mas única, da vida?


Os vendavais são cada vez mais soltos.
Voltar ao desejado porto,
Ou naufragar, e deixar ir este miserável corpo ?

Seja para que lado enxergue
Vejo na tábua a tempestade
Fora de água sobra apenas, a vontade,

Que salvar deste naufrágio? A vida?!
Que importa? Já não há prémio;
Nem fama. Nem da amizade, sentido grémio?

Mas venha de lá a desdita
Eu ponho de lado a tristeza
Sorrindo-me da sua vileza.

E bebo convosco amigos
Às damas que bem amei
A quem no peito guardei

Todas que ao longo de lustros
Não me deixaram tempo para ódios.
Tão loucos e geniais foram os bródios .

SF (Dez 2008)

terça-feira, dezembro 02, 2008


Ser igual até ao fim tem um preço.

Aceito,embora por vezes com falta de algum fair-play, esta intricada história que já agora só me parece terá fim, quando me fanar,de vez.Sem ter tempo, se calhar, de dizer : so long, cuidem-se.
Quando as coisas estão feias não me perguntam, se eu quero ou não quero.Apenas me dizem: -tem de ser
E eu, curiosamente tão habitualmente refilão e contestatário – dizem, que eu não sou nada disso –mais pareci uma ovelha resignada, aceitando a minha sorte.
Desta vez,porém , exagerou-se.

Das outras era mais uma coisa a juntar às muitas em que eu andava envolvido. Agora não é bem assim. Tinha encontro marcado com uma actividade em que sempre me quis experimentar. E marquei esse encontro, planeando o tempo todo para mim, disposto a vivê-lo em autêntica liberdade. Era desse modo que eu queria estar até ao fim. Era pedir muito?!Que raio ,se eu não pedia mais nada para depois, deixassem-me ao menos comigo, o tempo que resta.
Vivia já longe das banalidades, olhava por de cima as tolas vaidades, gozava com as futilidades de uns bem-parecidos, e mais do que isso, benquistos. Espetava-lhes o aguilhão afiado e cáustico, e parecia-me, então , que finalmente me tinha encontrado comigo próprio.
De repente tudo deu em desabar.
Confrontado com o desafio, olhei-me ao espelho para saber como seria a minha cara a dizer : paciência. Agora não. E por mais esforço que fizesse, percebi que esta coisa de ser o mesmo ,passa obrigatoriamente por ser igual. E o facto é que eu queria (ainda) viver, a ser eu mesmo . Para isso era preciso (era obrigatório) não dizer que não.
E pronto. Não há outra história.
Não me mete medo o trabalho. Mete-me pena o que vou deixar de fazer. Mas se morresse também o deixaria de fazer, é certo. Por isso aceito a sina. Muito embora discuta : porque havia a história de se repetir uma vez mais, só que agora tão tarde?
Em balanço.Exerci a profissão(arduamente) trinta e cinco anos, mais coisa menos coisa. Levo trinta anos (ultrapassei –os) de serviço cívico nas Associações, onde me esfarrapei.
Nem um condenado era obrigado a cumprir pena maior.

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Ironia do destino ...ou de se ser.
Uns temem a avaliação.E protestam.
Outros que já foram avaliados-uma vida inteira!- aceitam novo desafio .E sujeitam-se a nova avaliação.
É assim .Uns querem a paz da inércia.Outros vivem como as velas ao vento: inquietos.
Tentei sempre sentir-me de bem: só comigo(!),sem me importar com o que outros pensavam.Só isso contou.Para isso ensaiei-me do todas as maneiras.Agora lá vai ser mais um ...ensaio.Não sei mesmo como me não tornei um «ensaista»,da vida...
Nunca deu para jogar o Carnaval, e fantasiar-me.Quem se fantasia mente ;quer ser outro(escrevi-o um dia para o Chio-pó-pó).Mentem desse modo a fingirem que não mentem.Ora isso é que não.
Que comodismo me haveria de levar a agora, a me esconder por detrás da máscara da indiferença?
Aladino

segunda-feira, dezembro 01, 2008


Illiabum no seu 65º Aniversário:


Horas, ainda, para registar a satisfação de ver o Illliabum festejar, com «pompa e circunstância»,bonitas e empolgantes, os seus 65 anos .
Olhar para trás e verificar que foi precisamente há quarenta anos que iniciámos -todos! - esta tradição de assinalar a data,foi reparador. Nessa altura não só com jantar de aniversário ,mas e também, com uma panóplia de acontecimentos que preencheram um programa do mais assinalável ,alguma vez feito nesta Terra, em termos culturais e recreativos. Mas não nos lembra de encontrar –nunca! - tanto fervor em volta do Clube como aquele que hoje nos foi assistir .Hoje, ali, estiveram todas as gerações :a «velha guarda» que só serve de memória; a «nova guarda » merecedora de rasgados elogios (em particular o Rui Dias, que conseguiu mobilizar,dinamizar e manter, uma excelente e empenhada equipa).E os putos – muitos! - que hão-de ainda por muitos anos saber guardar a jóia da coroa.
Bonita festa. O Illiabum está de parabéns.
Há quarenta anos tive a oportunidade de dizer que agradecia a todos –mesmo aos que tivessem feito muitas asneiras - o simples e mais importante facto :-o de fazer perdurar o Illiabum .Repito hoje o que então disse.Por isso no meu agrdecimento cabem todos.
Depois disso,é verdade, houve muita asneira e loucura . Que as mesmas sirvam de lição ,e o Illiabum seja ,ainda mais ,no futuro, um traço de união entre «os ílhavos».

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Começo a precisar de ter muito cuidado.

Dantes sucedia-me, amiúde, ver-me questionado. Nada me agradava mais. Empolgava-me, tão só.
Agora, talvez pela idade, passam-me rasteiras –como a de hoje-, totalmente inesperada.
Fico a pensar : será para mostrar que depois de velho até os cães lambem os beiços?!
Agradeço a intenção que esteve longe, certamente, do exagero do que pronuncio.
Mas cautelas e caldos de galinha (velha!), nunca fizeram mal a ninguém.
É que eu não gosto –nunca gostei –de me ver em tais situações, que me cheiram já a emprateleirar-me no lugar em que por teimosia -talvez só por isso - ainda não me quero ver catalogado.
Dizia-me um amigo: -ainda por vezes não acredito nos seus setenta.
-Pois olhe que eu acredito…respondi-lhe.
Et voilá. Chegou a altura tanto temida, de recordar as palavras do meu Pai:
-Quando disserem «bem» de ti em casa ,é porque estás pronto…

Está bem que ainda« cá» não chegou, mas dá que pensar…É melhor começar a acautelar-me…
Aladino

domingo, novembro 30, 2008

Esta corporação de políticos à la carte, ainda se vai arrepender .

Por cá –a comunicação parece não perceber qual é o seu papel –ainda se anda longe de intuir que estamos envolvidos –todos, mas todos os países do mundo,sem excepção -na mais terrível crise, que começando pelo descalabro financeiro-passível de ser resolvido-,descambou( já), numa crise económica da qual ainda nem sequer se conhecem os contornos, e muito menos a dimensão.Para dela sair ainda não se sabe bem qual será o custo.Nem quando tal acontecerá.
Se as pessoas –e os políticos encartados por maioria de razão –olhassem para o que se passa lá fora ,constatariam rapidamente que as lutas fratricidas, partidárias, parecem ter entrado em banho-maria ,pois depressa se percebeu, que fosse qual fosse a cor do poder (o poder politico reside no poder económico, parece que só agora se começou a entender) a situação seria-sempre!- incontrolável. Arrumadas as ideologias por uns tempos,é o momento de, em conjunto,responsavelmente,patrioticamente, se tentar perceber bem como foi possível chegar-se ao que se chegou.E depois de bem percebido, será então tempo para se definirem as soluções.Para que se não repitam os erros. Só depois é chegado o momento de se ajustarem contas com as ideologias.
Temos péssimos economistas. Só parecem descobrir e encontrar soluções depois da casa roubada. Mas os políticos, esses, são ainda piores.
Claro que com estes, até o Sócrates brilha .Pois a verdade é que por incrível que lhes pareça –até parece que querem que o Salazar cá volte para lhes explicar o porquê - ainda não perceberam que Portugal resiste melhor à crise do que a maioria dos países europeus.(Se Portugal em 2009 fixasse a taxa de desemprego, nos actuais 7,6%,ao contrário do que dizem ,isso seria um feito.O pior é que isso não vai acontecer)
Anunciar a recessão com pompa e circunstância, antes de ela ser tecnicamente comprovada é exercício de tola parvoíce de patarocos.É de puros ignorantes. Claro que vai haver recessão. A questão é quando iremos sair dela . Não é só problema de Portugal .Isto agora não dá para rir.
Ou rimos todos ou choramos todos.
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Já todos percebemos,
que os Sindicatos dos Professores foram completamente ultrapassados. A a partir de determinada altura os Sindicatos que tinham usado o problema para fins políticos, tiveram de se colocar em situação de muito maior intransigência, do que pensaram e previram. Porque a verdade é que não convém aos Sindicatos levar a guerra até ao fim, mas apenas alimentar a guerrilha.
A questão parecia residir no facto de os Professores não quererem avaliação nenhuma. Parecia, mas não era bem assim Porque em relação a essa matéria os Sindicatos sabiam que mais tarde ou mais cedo chegariam a acordo sobre a correcção a introduzir aos excessos burocráticos. E aí parava a guerrilha. Para o ano haveria mais …(Mao fartou-se de o ensinar...)
Todos os que alguma vez impuseram reformas sabem que é normal, aquando da aplicação prática ,ser necessário proceder a correcções e ou adaptações.
Creio que os Professores tinham consciência de que tarde ou cedo a hora da avaliação chegaria. Mas o que os Professores não queriam, antes do mais, era o famigerado Estatuto. E apanhando o comboio e as camionetas explicaram aos Sindicatos e ao Governo qual era, afinal, o ponto fulcral da sua luta.
Se calhar dou-lhes mais razão neste ponto –ou aceito melhor a sua nega corporativa - do que a nega à avaliação .
Pois poder-se-ia lá entender que quem mais avalia não quereria ser avaliado?
Sinceramente não sei como tudo vai acabar. Quem é capaz de apostar? Não sei se o têm notado, mas ninguém parece interessado em arriscar.
Aladino

sexta-feira, novembro 28, 2008


Os painéis do Moliceiro, em tese académica


Clara Sarmento publicou a sua tese de doutoramento nas Edições Afrontamento, livro que foi apresentado durante o Colóquio sobre Lixas Filgueira, acontecido no MMI,nos assados dias 17/18.
O livro que vinha «ensolarado» pelo prémio CES para jovens Cientista Sociais da Língua Portuguesa, privilegiava – dizia - temas marginais polémicos e tendencialmente ignorados pelos meios académicos. Prometia, de facto.
Li-o, com algum esforço, diga-se. Não porque a matéria não me interessasse.Mas é extraordinariamente redundante, gongórico, quase circular, muito circular, para explicar uma coisa há muito intuída, que não oferece qualquer tipo de polémica, na verdade.
O esforço da autora levou-a a escrever meio milhar de páginas no fim último de tratar a icnografia e a mensagem escrita, dos painéis dos Moliceiros.
Ora que os painéis são uma expressão de arte popular, isso já o sabíamos há muito. É bem certo que nunca, antes, fora feito um estudo profundo aos actos discursivos e à sua moldura cultural tão intensa e redundantemente. Neste trabalho de tese (e por isso compreende-se a textura) a autora, servindo-se de uma enxurrada de citações (nacionais e estrangeiras) procura explicar os rituais e os juízos do quotidiano, fruto dos valores e condicionantes sociais que tenta identificar nas gentes lagunares. A autora vai incessantemente -e quase diríamos teimosamente - á procura das diversas ideologias (?!) que confluem no espaço da acção dos moliceiros e se reflectem nas pinturas e legendas dos seus painéis.
E aqui não foge ao deixar-se cair em alguns chavões habituais: influências do regime corporativo, bacalhau, etc.
Claro que centrada apenas numa questão particular – embora muito singular - se comparada com a arte popular que enforma o Moliceiro, no seu todo, a autora ao de leve chega a esbarrar com um ponto que urge esclarecer, e que até hoje ninguém o fez: os painéis dos Moliceiros apareceram com o barco ou foram (por costume) inseridos mais tardiamente?
Andamos em volta disso. Neste preciso momento admitimos que os paineis pintados teriam aparecido tardiamente,já no séc. XIX, e só numa parte restrita das embarcações do moliço.O barco esse terá surgido na Laguna por fins séc.XVII e de certeza por todo o séc.XVIII, ao contrário do que a autora pensa e alvitra. Confundir o barco com os painéis é excessivo.
A ser assim há que perceber que os painéis não terão sido uma expressão da cultura lagunar, vista no seu todo – cultura popular marítima -, mas apenas a expressão ritual de, apenas, uma pequena parte das suas gentes. E aqui surge a questão: quem eram essas gentes diferentes, que mandavam pintar os painéis dos seus barcos, que usavam nos costados dos seus bois, bonitas e cromáticas cangas? E que até brochavam os arcos triunfais das suas festas religiosas com as mais garridas cores.Daí o nos parecer excessivo falar de uma entidade regional, a expressar os valores e condicionantes socioculturais. Apenas um nicho, tal nos parece, a nós.
Escrito numa linguagem rebarbativa, académica, hoje muito pouco interessante e pedagogicamente errada se inserta em livro de divulgação, porque impossível de fazer passar para o público, o livro tem, contudo, as virtudes de uma tese para apreciação restrita, sendo muito útil para estudiosos futuros encetarem variadas aproximações, citando-o.
Resumindo : como tese aplaude-se. Como veículo de informação /formação duvida-se que atinja os seus fins, porque pouco acrescenta ao que já tinha sido feito.
Aladino

terça-feira, novembro 25, 2008

O não saber dizer que não!...


Hoje talvez sinta, ainda mais,
Que a vida tem pressa,
E que em breve vai acabar a dura inquietação
E me libertarei, como Tu,
De viver a obsessão,
O não saber dizer, que não!

Não sei ainda hoje
( nunca o saberei !)
Se alguma coisa Te devo
Além das palavras que guardei
Para Te dizer – será o medo(?!),
Que vai começar nova caminhada

Se a levar até ao fim,
Ficarei à beira do caminho,
Sorridente,
A olhar para a divida saldada.
Não exactamente por mim
E também não só, por ti.
Mas acrescentado um palmo de ilusão
Ao sofrimento de tanta gente,
Valeu a pena,
O não saber dizer, que não!...

SF(25.11.2008)


( no dia em que a Zeca se «esqueceu», e disse não à vida; e eu me preparo para desarcada e peregrina caminhada )

segunda-feira, novembro 24, 2008

EMBARCAÇÕES TRADICIONAIS

Tive ,nestes últimos dias, o prazer de me embrenhar na leitura de dois livros.Pela matéria versada(Embarcações Tradicionais) ,ou, num dos casos, por acresecento de, a autora,ser nossa conterrânea, tornaram a tarefa «obrigatória» mas apetecível(pelo menos um deles ).
São «Regresso ao Litoral » de Ana Maria Lopes e «Cultura Popular Portuguesa» de Clara Sarmento .Deixemos por ora o segundo, e detenhamo-nos no primeiro.

Numa bela –excepcional(!) – estampa das Edições Culturais daMarinha,AML, oferece-nos um olhar atento,litoral percorrido de lés a lés, em buscas das embarcações tradicionais perdidas -ou em via de se perderem.
A autora explica : seduzida quando terminado o curso de Filologia, pela obra de Baldaque da Silva «O Estado das Pescas em Portugal», elaborado em finais do Séc. XIX e que hoje é, ainda, a bíblia da matéria, com citação obrigatória quando se aborda o património cultural marítimo do Litoral português,AML,atira-se ao traballho (em 1960) de ir reverificar a situação passado que estava mais de meio século .E assim a sua tese de licenciatura, depois editada pela Revista de Filologia com o titulo «O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterraneísmos», passa, ela também ,conjuntamente com o seu inspirador, a ser de citação obrigatória. Sem duvida,conjuntamente com B.da.S, os trabalhos mais completos e sistemáticos produzidos até meados do Séc XX, na matéria.
Ora AML, por casualidade, intencionalmente -ou por simples paixão que foi necessário satisfazer - efectua em períodos (anos 80 e agora 2006) que correspondem a mudanças profundas e definitivas na estrutura, e até sobrevivência da pesca artesanal, novas visitas, registando cronologicamente o sistemático desaparecimento das embarcações que durante séculos tinham povoado a beira- mar. Embarcações agrupadas em famílias diferenciadas que tendo por objectivo último a pesca no mar litoral , a exerce(i)am com instrumentos de trabalho (barcos e artes) com especificidades próprias, produto muitas vezes das suas origens, outras por diluição das mesmas misturadas com novas aculturações ,outras tantas por especificidade das condições do mar onde a faina se desenvolve(i)a.
AML -neste novo trabalho de investigação -, regista com o rigor que lhe é habitual, a situação nos períodos referidos. Junta-as às observações de 60, e com elas coteja os registos de Baldaque da Silva. Parece pois simples, a formula . Só que se imagina complexo e esfalfante, o trabalho, a percorrer o litoral de lés a lés, um litoral extenso, à cata de sinais (já raros) ,detectando os enganos( e até as simulações), anotando e cartografando os tesouros ainda encontrados.Tal e qual um filme digno de um INDIANJONES
Escolhidos os ingredientes , agora com objectivo bem fixado ( descartar mediterraneísmos pouco conseguidos, e o principal ,pondo de lado o registo das artes, que para aqui, pouco ou nada acrescentavam ),AML junta (e serve-nos) um texto limpo e límpido ,sem artificialismos desnecessários, sem academismos retóricos ,remetido ao essencial que é o de completar a informação das imagens, situando-as .Magnificamente servida destas –em qualidade e quantidade e inserção(!)–levará alguns mais distraídos a dizer que se trata de um belo álbum .E no caso isso não seria, até, grave desqualificação. Pois tal indução poderia ser levada por conta da excelente edição que valoriza indiscutivelmente o trabalho ,excedendo o habitual de um livro cuja finalidade será -agora ainda por maioria de razão - elemento chave de consulta sempre que estudiosos –ou simples curiosos - se detenham em particularizar a atenção sobre uma quaisquer daquelas embarcações míticas em fase de total e imparável desaparecimento.
É evidente que a autora –por vezes inserindo-se no texto em excessividade,emotivamente - poderia ir mais longe .Não lhe seria difícil, certamente, tal desiderato. Interrogamo-nos,assim, sobre os caminhos possíveis para concluir :- provavelmente foi melhor assim.O livro é fácil de ler, atraente no conteúdo gráfico, leve e escorreito. Temos a certeza que nenhum que se inicie na sua leitura desistirá. E isso é o mais importante de um livro.
No próximo sábado o Livro será apresentado no Museu Marítimo de Ílhavo. Aqui está uma boa razão para franquear as pesadonas e disfuncionais portadas do dito.
E talvez lá possamos ouvir como pensa a Instituição responder ao desafio de AML, sobre as metodologias de preservação destes verdadeiros memoriais da nossa cultura.
Porque voltar ao litoral, pode até a AML voltar . Mas os barcos, esses, é que não voltarão .Disso estejamos certos.

Aladino
Ps- No próximo Blog analisaremos « Cultura Popular Portuguesa » de Clara Sarmento.

quinta-feira, novembro 06, 2008

SIM! NÓS TAMBÉM PODÍAMOS, SE

Data, provavelmente histórica, esta, a do dia em que Obama foi eleito, por margem esmagadora que excedeu todas as expectativas, Presidente dos EUA.E que só foi tão expressiva, porque toda uma nação quis dizer: basta! E para isso uniu-se para o afirmar de uma maneira categórica.
Pode dizer-se o que se quiser daquele País. Que a mim pouco ou nada me agradou, é verdade. Mas os grandes exemplos de como uma democracia consegue resolver os momentos cruciais da sua história, os grandes problemas, continua a ser lição que nos deve levar a meditar. Sobre Obama recaem hoje as esperanças de todo o mundo. As de reparar erros recentes da politica externa americana, que se saldaram por morticínios brutais. Mas a de reparar,também, a tragédia da falência de um sistema financeiro especulativo, bolsita, que originará uma recessão económica de que ainda ninguém conhece, exactamente, a dimensão. Na certeza de que sem os EUA, o mundo dificilmente avançará para melhor. E que por isso precisamos que se refortaleçam internamente, saindo da crise brutal em que mergulharam – e nos mergulhou, a todos.
Quanto mais depressa melhor para todos nós. Porque desse refortalecer renascerá a esperança de ver solvidos os problemas de África, do Médio Oriente e até do equilíbrio no continente Asiático.Com uns Estados Unidos fracos, o mundo tornar-se-á impróprio para viver.
Sim! … Os Americanos quiseram!
E ao quererem-no, todo o País Federal deixou o racismo e os preconceitos para trás, e uniu-se em torno de uma figura que começa (já!) a ser mítica, querendo partilhar do seu dream de que a hora de mudança chegou. Fora dos EU viveu-se este dia, com tanto ou mais interesse, e paixão, como se de uma eleição de um Chefe de Estado local, se tratasse. Aqui até de manhã. Impressiona como todo o Mundo da Informação se movimentou para satisfazer a curiosidade da sua clientela. Parecia que todos – os cidadãos do mundo inteiro - queriam participar nessa mudança, para depois sonharem, eles também, que era chegada o momento de ousar mudar.
E nós por cá, em Ílhavo. Também queremos?
No último, «O Ilhavense», o editorial (esplêndido) do Director do jornal, apontava com rara acuidade e dureza, mas objectivamente, um dos maiores problemas com que nos defrontamos em Ílhavo: o facto de estarmos - todos! - de costas voltadas, uns para outros, (quase) numa atitude xenófoba (?!), de nós e os outros, numa anti-vivência sem margem de tolerância, apreço e ou respeito, pelos que não pensam como nós. Aqui, quem não é por mim, é contra mim. «Abata-se», pois…E para o fazer, violenta-se o individuo e ou os símbolos que defende, subvertendo as regras do respeito e urbanidade, ofendendo -ou até destruindo - se preciso for, Instituições que ousam ser diferentes, independentes, utilizando-se para o efeito todos os meios ao dispor do «poder», válidos ou inválidos, legais ou ilegais. Para justificar a agressão, tudo é válido e justificado na outorga do voto, dito democrático, de livre escolha.
Então sabem porque é que ,aqui, não queremos?
Porque as máquinas partidárias são todas, o mais do mesmo. Iguais -pela incapacidade - na destrinça dos que justificariam uma escolha para OUSAR QUERER. A escolha recai invariavelmente no aparelho, naqueles que se levantam nos bicos dos pés, e que até usam muletas só para ficarem mais alto. E por isso tanto faz, serem de uns como dos outros. Mudar para o mesmo - senão para pior -, para quê?
Sei, porque assisti, a uma proposta feita ao aparelho partidário, que mesmo se guardadas as devidas distâncias, exagerando pois, poderia ser para Ílhavo o que Obama foi para os EUA. Personalidade em torno do qual – asseguro! -valeria a pena recriar um movimento do - SIM, NÓS QUEREMOS…
Mas a realidade é que o dito aparelho optou por, SIM, MAS É QUE NÓS NÃO QUEREMOS
Então se é assim, só resta aguentar e não perder tempo a perguntar o que é que eu posso fazer mais por Ílhavo.

Senos da Fonseca

quarta-feira, novembro 05, 2008

Perto e longe....


Remeto-me ao silêncio

e nele formulo a tua ausência

Nos lábios que invento.

Quanta sede ao adormecer.

Quanto secreto sofrer

De não Te ter.


SF
(20.10.2008)

quinta-feira, outubro 30, 2008

A Escola de Francisco Meneses…

Recebi, e mesmo ontem li «A Minha Escola», um curioso opúsculo em que Francisco Meneses(Dr) faz uma análise detalhada á «Escola Em Que Exerceu», que não sendo a «Escola Que Desejava» lhe motivou uma explicitação do que julga dever ser a tal escola para a qual o aluno apenas levaria (para lá) a mente motivada para aprender…e pouco mais, como nos diz F.M.

O olhar de F.M. sobre a Escola Portuguesa é pois muito crítico; olhar de alguém desencantado, senão magoado com aquilo, onde pouco se aproveita: os alunos são maus – civicamente mal preparadas em casa -, indisciplinados, e nem os professores que olham para o lado fazendo de conta, escapam ao azedo comentário de F.M., ao ser-lhes atribuída parte da responsabilidade por essa indisciplina, embora afirme que a Escola e o Professor se confundem para o bem ou para o mal, num só. Não é esta unidade que F.M. julga ser a ideal…

Mas as culpas deste estado caótico - que parece irrecuperável-, é fortemente consequência de uns tantos inteligentes que apareceram por ai ao longo dos anos a vender – assim mesmo! - Teorias Educativas a torto e direito, acomodando clientelas amigas. Pena que FM não inclua – ou passe adiante – de que nesta cambada estão incluídos aqueles que há trinta anos – sempre os mesmos – ocupam as cadeiras sindicais, apenas e só pugnando pela mediocridade e pelos tostões. Mais nada! Borrifando-se para a qualidade de ensino, coisa de que nunca mais ouviram ou - quereram ouvir - falar.

E de apreciação em apreciação – negativa, pois outra não poderia ser, tal o caos a que chegámos – eis-nos confrontados com a ESCOLA proposta por F.M.
É curiosa – e claro discutível – a proposta. Pena até que tal tipo de reflexão, não faça parte do curriculum obrigatório de todo o Professor no activo, fornecendo achega e propostas para serem eles (os Professores) os sujeitos da Escola, e não apenas os executantes revoltados de tantas incongruências vindas de cima.
A Escola de FM, onde em ultima análise os professores seriam respeitados – questão básica, mas não única –para o que teriam de provar que tinham conhecimentos científicos - e não mais, perguntamos, nós?.) para exercer a profissão. Todos estaremos de acordo que tal proposta é evidente. Já não estaremos todos de acordo, certamente, é com a proposição de na Escola de FM- em áreas específicas - não existir a dicotomia aprovação/reprovação, pois ao contrário consideramos fundamental que os miúdo passem desde cedo (logo mesmo no básico) a perceber que há objectivos a cumprir e que tem de se trabalhar para os atingir.
A Escola de FM teria de ter muitos e diversificados Auxiliares de Educação (não confundir com contínuos), e claro ter condições físicas para os albergar em situação estimulante quanto à produtividade do seu trabalho. Até aqui parece-me unânime a concordância.
Mas onde FM salta as barreiras do consenso é na proposta do curriculum para a sua Escola. Que se dividiria por três áreas:« área das educações» (ed.fisica, ed. tecnológica, ed. musical, ed. visual etc.) em que haveria apenas uma intervenção prática dos alunos) sem qualquer sujeição a avaliação; a «área dos saberes» (estudo do Meio, História, e Ciências da Natureza) sujeita ao procedimento normal de avaliação, feito de uma maneira encadeada e articulada; e finalmente a « área das competências», (Português e Matemática -e a Física não?! -) onde os alunos iriam ter um ensino / aprendizagem individualizado, conforme as suas capacidades. Assim se o aluno tivesse um dom (?!) em determinada cadeira desta área, poderia dar anualmente saltos quantitativos e qualitativos, não necessitando de esperar (penar) pelos restantes colegas. Esta é a proposta talvez mais polémica de F.M.,a merecer contudo debate.
FM, não nos explica a razão desta diferença qualitativa e quantitativa, destas disciplinas, que justifiquem métodos didácticos e pedagógicos ímpares, altamente complexos de gerir
(o exemplo dado por FM- o saber-se a raiz quadrada só por si, coisa banal como a multiplicação ou divisão porque haveria de atirar com um aluno para uma turma lá muito mais para a frente, sem estar sujeito ao normal encadeamento da matéria?).
Pois bem: há matéria para reflectir. Fez bem FM, em pensar e dar a sua opinião, muito valorizada por uma experiência de vinte anos de exercício de uma profissão que dantes era bonita, e agora parece ser um martírio. Talvez tardio o depoimento. Mas vale sempre a pena…
Gostámos do que lemos, para lá de ideias com que nem sempre concordamos. E ainda bem. A Escola é um reflexo da sociedade envolvente. Não pode haver Escola boa onde a sociedade está em perda acelerada de valores. Onde em nome de uma democracia de massas -quantos nela falam e tão poucos nela convivem – se consente uma avassaladora falta de responsabilização dos diversos agentes que a moldam: pais, família, professores, políticos, cidadãos.
Não há autoridade: nem moral, nem profissional, nem intelectual. Chamem-lhe o que quiserem, disfarcem o pudor, mas o que é verdade é que nos demitimos de saber ter autoridade no exercício de cada cargo que ocupamos. Não é só na Escola. Baralhamos e tornamos a dar. Nunca partimos…
Repara FM: porque é que recuperada a dita autoridade na Escola Privada (por consentimento tácito dos encarregados de educação) os resultados são bem diferentes, com o mesmo tipo de exigência curriculares?
FM até, em mero exercício académico poderia resolver algumas das questões que hoje são patentes na Escola Portuguesa. Mas não explica como isso poderia acontecer se anteriormente não se tiver mudado a sociedade. Eu sei ..eu sei …A Instrução conduz à Educação.

A questão é a do ovo :- qual nasce primeiro…
No final e em resumo :leitura obrigatória.
Senos Fonseca

quarta-feira, outubro 22, 2008


MRTRA(Movimento de Recuperação do Teatro do Recreio Artístico)

Na palestra anteriormente referida neste Blog, a Profª Rita Marnoto chamou a atenção para a necessidade de se recuperar o antigo «Salão do Clube dos Novos» ,hoje a Drogaria Vizinho.
Claro que é urgente e necessário. Vimo-lo dizendo há muito.
Por incrível que pareça o poder na TL anda há anos preocupado em recuperar O TEXAS, vá lá saber-se porque carga de água. E até para tal, diz ter feito uma parceria com privados. Mas sobre a necessidade de propor soluções para recuperar o histórico edifício do « Clube dos Novos (?) », com ou sem privados, com ou sem Instituições locais, sobre isso nunca se ouviu, intenção que fosse. O edifício que já tinha a sua história mesmo antes de se transformar no referido Clube, merece ser preservado, dando-lhe utilização condigna. Transformá-lo num espaço de fruição pública, com função cultural dirigida, específica, é o que urge fazer.
Ouviu-se dizer durante a Palestra que o prédio vai ser posto à venda. Uma oportunidade para facilmente se resolver a questão.
E não é pelo facto de ser um edifício Arte Nova, como disse a Profª R. Marnoto – porque o não é –mas pelo facto de guardar ainda no seu interior pedaços de um período histórico da Cultura Ilhavense, que urge preservar e reavivar, para identidade futura, comum.
E já agora – dando resposta ao desafio da palestrante - passemos um breve olhar pelo edifício Foi pertença do Cap. Pizarro, casado com D. Inês de Sousa Magalhães, avós do Visconde de Almeidinha. E foi ainda lá que nasceria esse grande ilhavense -ornamento da magistratura administrativa, uma glória de Ílhavo- , o Conselheiro José Ferreira da Cunha.
Ora em 1876 foi criada a sociedade de onde faziam parte, João Carlos Gomes, António Candido Gomes, José Craveiro, José António Magalhães, Francisco Rocha , Bernardo Camarão ( Kim Camarão)e Augusto Ferreira, que sob projecto do eng. Tavares Lebre constrói o primeiro teatro em Ílhavo, conhecido por «Teatro do Recreio Artistico». Na inauguração do teatro foi representada a peça «Camões no Rocio», em que participaram Eduardo Pereira e Rosa Gomes, acompanhados por João Barreto e João Carrolla. O teatro em cujo pano de boca se representava a apresentação de Egas Moniz, tinha nos parapeitos dos balcões, várias referências a dramaturgos e poetas ilustres ,como Gil Vicente, Garrett, Bocage etc, ainda hoje visíveis.
Ora seria só mais tarde, depois de introduzidos diversos melhoramentos, e luxuosamente decorado, que no referido edifício viria a ser instalado - então sim !- o«Clube dos Novos»
Recuperar todo este historial de um período que nos desenhou a diferença, impõe-se, pois.
Ora aqui está um movimento para o qual contribuiria com todo o gosto e empenho.


PS distrital no seu pior.

Sem grande surpresa, mas incrédulo, constato como é ainda possível , nos tempos de hoje ,existir uma estranha doença a minar a democracia, a que parece não se pôr cobro .
A lógica partidária (o poder a todo o custo) faz crer bastar a existência formal dos mesmos, para que se julgue viver dentro de um modelo consagrado ao exaltamento e prática das virtudes da dita, é subvertida sem despudor nem vergonha nos actos mais comezinhos da vida interna de cada um dos Partidos (de que dizem ser o seu pilar fundamental).
Como neste caso ridículo da eleição na Federação de Aveiro, praticam-se esquemas do mais reles e caricato enfeudamento dos menores aos trapaceiros das artimanhas, levadas a cabo para se perpetuarem no poder. E há quem aplauda …

Como é possível que a cegueira desses menores não lhes dê, no mínimo, uma nesga para poderem constatar que nunca serão pessoas antes de se sentir cidadãos . Que raio de virtude poderão eles descortinar numa eleição viciada, tortuosa, que foge ao confronto digno das ideias e se refugia nas artimanhas processuais para afastar confrontos de posicionamento, ainda que discutíveis, e por isso mesmo só esclarecidos pelo acto de escolha ? Que vil glória será a destes menores ao se julgarem condutores de não mais do que um cordato rebanho de distraídos obedientes?

Se isto é vida democrática…,vou ali e já venho.
Preocupa-me que este caso de Aveiro possa não ser um caso isolado. Pobre País e coitada da Democracia. Começa a ser temerário viver por cá…em paz.
Há fortes temores de ser real e de corresponder à verdade, a ideia que alastra no cidadão comum de que na politica é muito difícil encontrar gente digna.

O «Apito Dourado« é apenas um capítulo da «Politica Dourada»,no comprar de resultados.

Aladino

segunda-feira, outubro 20, 2008


Ílhavo no seu melhor…

Ílhavo foi, no último fim-de-semana, pródigo em acontecimentos de conteúdo cultural o que me apraz registar. E muito mais que os enunciar, há que sobre eles reflectir.
Comecemos, pela excepcional mostra fotográfica - A Maritime Album - patente no Museu, e com que este viu comemorado um seu aniversário do depois de ….Comemoração sem o espavento do ano passado, retirando algum dos excessos então cometidos, remetendo-se ao essencial de um aniversário.Nem que seja comemorar a perda de vários dedos, o que importa é estar vivo. Adiante…que em dias de festa não se fala nisso…

A exposição, uma punhado de obras que faz parte de um espólio de meio milhão de fotos, uma mostra a preto e branco – o que é inteiramente do meu agrado - expõe com rara beleza, e intensidade muito forte, embarcações, gloriosas ou do simples mètier. Umas a nascer outras em decomposição, mas sempre ligadas intensamente ao meio onde exercem(ou exerceram) o seu labor: ora em paz ou na guerra, a exposição diz-nos que neste mundo onde por vezes o homem parece estar a mais - ou quando não está a mais,evidencia a sua fragilidade - a beleza existe sempre, o que é preciso é ter olhos para a captar.

Mas o MMI teve uma excelente prenda, que vem enriquecer o seu património: -a oferta promovida pelos Amigos do Museu e apoiada pela Câmara, de um quadro (óleo, creio) de Fausto Sampaio, o que é um excelente dote. O lenço como não podia deixar de ser, fixava uma parte da Costa-Nova. Não sei se li que o quadro tem a data de 1933. Creio ter visto. E se creio ter visto, assumo que há qualquer coisa de estranho, pois o que lá é reflectido, é anterior a 1932.(o que pode muito bem ter acontecido). Outro pormenor estranho no quadro, é o de quem pintou esplendorosamente a Costa-Nova, não ter sido imune em recriar um azul de água, esplendoroso, daqueles que a ria só exibe em dia translúcido, puro e calmo, do sol em brasa, sem mácula de nuvem, num dia em que nunca – asseguro - um céu arrenegado como o que está patente no quadro, poderia dar. Pormenor apenas entrevisto por um amante desse azul. Em todas as circunstâncias, um bonito quadro do pintor apaixonado por este rincão que lhe forneceu paisagem natural de brilho inexcedível (o azul daquela ria !), mas e também riqueza na paisagem humana que lhe dá vida, que o artista retrata naquele jeito pontilhado tão característico do pintor bairradino.
E ainda outra prenda…
Mas na comemoração do dito aniversário do MMI, é de salientar a palestra proferida pela Prof. drª Rita Marnoto, uma investigadora muito centrada nos aspectos da Literatura Portuguesa, e seu cotejo com outras literaturas europeias, latinas.

R.M abordou de uma maneira muito límpida e cativante, o Humanismo em Camões. E em uma matéria que provavelmente se não julgaria interessante para todos, conseguiu prender os ouvintes – seus conterrâneos - com a clareza e vivacidade com que expôs o poeta pátrio submetendo-o a uma leitura actual. Camões já foi utilizado para tudo. Para o melhor e para o pior. Parece chegado o tempo de fixar a sua grandeza sem outra leitura que não seja a da exaltação da rara dimensão da sua obra épica, pioneira. E ao fazê-lo R.M não poderia deixar de sublinhar esse período em que a confiança na capacidade humana, gerada pela vitória do conhecimento sobre as coisas, fez acreditar a possibilidade de dominar o mundo e equiparar a nação portuguesa, no seu feito épico - colocando-a na vanguarda de um sentimento de superioridade - ao mundo antigo medieval, ou mesmo da Grécia e Roma.

Camões foi o relator exaltado dessa ideia advinda já de épocas anteriores (Séc. XIV e Séc. XV), mas que com os Descobrimentos fez brotar como que uma espécie de revolução histórica. Pelo feito descomunal, pela excelência dos variados víveres advindos do mesmo, a nação portuguesa pôde ombrear com o topo das nações europeias. Essa consciência foi a motivação de poetas, escritores e sábios, desde Garcia de Resende, Rodrigues de Sá, Caminha, Castanheda, Pedro Nunes, tendo finalmente atingido níveis grandiloquentes de panegírica com

Cessem do sábio grego e do troiano
..……(…) ………………………. o que fizeram
Que eu canto o peito ilustre lusitano,

de Camões.

Mas por cá…
Falou-se ainda de algo que desapareceu e de que não restava memória para o lembrar, já que o MMI nos fala em exclusivo de outras águas e de outras gentes, depois da dita remodelação que ontem se comemorou.
Ora agora essa falta foi colmatada, pois que o fim-de-semana teve um outro - e grande - motivo de interesse.
No sábado, no salão da Junta da Freguesia, Manuel Leques deu-nos um magnífico trabalho, de real importância, cujo título é bem elucidativo: «O Vale da Maias e as Azenhas de Vale de Ílhavo».
Li (já) o livrinho, e dele realço a excelente qualidade descritiva do autor. Impressiona que uma pessoa há tanto afastada do nosso convívio (pois M.L. exerce a sua actividade profissional nos EUA), zele tão bem a língua portuguesa, reproduzindo as suas ideias com tanto à vontade e precisão. Manuel Leques, que eu conhecia apenas por um outro trabalho correlacionado com o actual, agarrou no «Tombo de Águas» de D. Joana Maria de Almada Castro e Noronhas (donatária da Vila), feito por provisão régia de 1772, e conseguiu identificar as azenhas e os veios de águas aí descritos, com o panorama existente na sua meninice, no inicio do Séc. XX.
Uma excelente achega para a história local, até porque indo mais longe trata com um elevado sentido pedagógico e minúcia, em pormenor, as diversas técnicas usadas naquele tipo de centro de produção medieval que se prolongou até aos nossos dias, quase de um modo imutável.
M.L. no seu trabalho equaciona o «de onde vieram aquelas gentes que foram ocupando o vale da Madriz» e deram origem a Vale de Ílhavo?
Já falei nisso também anteriormente. Os primeiros moinhos de água que por ali proliferaram foram certamente pertencentes aos Mosteiros (Convento Jesus, Carmo etc.) e Igrejas da região. E a grandes senhores (Sousa Ribeiro, Camelo, Madahil, Vidais), que foram aforando os mesmos a naturais da região, e a outros vindos propositadamente de fora (Candelos, de Coruche).
Depois foi uma actividade que arrastou o desenvolvimento, já que o Vale era prometedor, permitindo criar grão ao pé da porta, substituindo os maninhos e a floresta, por cultivo.
Toca M. Leques. nos célebres episódios do desvio das águas para Aveiro, e depois para Ílhavo. Cenas dignas de um «quando os lobos uivam» local. Que ainda falta escrever.
Há tanta coisa que falta, que eu não sei se muito não se irá perder no tempo.

Aladino

domingo, outubro 12, 2008


Para mim a vida não foi cruel….(até agora!)

Hoje a conversa no Mar da Palha, estava um pouco bizarra. Cada um, já não muito longe do fim, a deitar contas ao que resta da vida. Havia unanimidade de que é sempre bom, um homem ir á frente. Como lhe compete, observei, sabe-se lá dificuldade das veredas a prosseguir.
Uma mulher adapta-se claramente ao aspecto mais terrível e cruel, que é o da solidão. Falo das mulheres das gerações anteriores, pois não sei se com os ganhos, ditos civilizacionais, no futuro, as coisas se irão processar da mesma maneira.

Medo da morte, logo que a conversa entra em maior proximidade, é já perceptível em todos.
Eu já abordei aqui, várias vezes, o tema. Eu o que tenho medo é de um dia qualquer, ter medo dela.
Porque não há objectivamente razão para eu ter medo dela, mas sim do que virá depois dela ,para os indefesos. Por muito que deixe tudo programado sei que o mundo não é bom para esses, em particular.
Chegado aqui, pouco - muito pouco mesmo - deixei ficar para trás. Tive uma vida já longa,de tão curta.Duvidei por diversas vezes que isso aconteceria, pois que a minha vida foi de uma violência física ,desmesurada ,excessiva. No cômputo geral fui feliz ( se é que se pode sê-lo, perante a realidade que nos cerca?!) .Se medir essa felicidade por mim, e em mim.Ainda que menos no que me ultrapassou. E mesmo nestas situações, consegui vislumbrar razões que me recompensaram das escolhas – ou sorte - imperfeitas, e nelas mesmo soube encontrar motivação para me superar e aceitar a missão com redobrada força interior. Capaz de minimizar os imponderáveis, para os quais não tinha (nem tenho) solução, mas contra as quais lutei como se houvesse. Nunca me rendi. Fiz até dessa situação, sem queixume nem amargura (exteriores), uma procura interior que me fez perceber melhor que a franqueza e a fraqueza não admitem partilha.
Amado por uns odiados (?!) por outros: de há muito que me vem sendo dada(colada) esta qualificação com a qual passei a conviver, ainda que com ela não concorde.Não é minha. Exagerada, pura e simplesmente.
Mas , se tiver algo de verdade ,então já agora ,
Aos primeiros dei-me, mas não todo. Reservei sempre uma parte de mim mesmo, que nunca deixei antever. Por instinto de precaução. Para que se doesse, doesse menos. Por isso creio que fui mais «amado» do que aquilo que dei em troca. Foi bom. Porque, repito, não dei tudo, tendo recebido muito mais.
Aos segundos pareceu-me que não é bem «ódio» mas apenas irritação por eu nunca ir atrás deles para me poderem exibir a seu lado. Nunca soube nem me quis mudar para sítios ensoleirados: preferi sempre ficar no meu sítio: - onde mora a fantasia, o sonho utópico que me inquieta e me transforma no mexeroto que gosto de ser.Mais a viver do instinto que do acto mental.
Não tive momentos cruéis a toldarem-me a alegria de viver, salvo o desaparecimento, um a um, dos que me eram próximos. Mas mesmo essa sucessiva repetição dolorosa, aceitei-a como inevitabilidade tirana da vida. Não me revoltei contra ela (por essas serem as regras do jogo), nem contra NINGUÉM, porque só me queixaria se antes LHE tivesse agradecido a dádiva (o que nunca sucedeu).
E sempre nesses actos compreendi que era melhor que tivesse sido assim, por aqueles que ali estavam, no final, já não eram os meus. Já nem sequer percebiam que eu era, ainda, o seu.E quando assim é, não é vida, é morte em vida. Sem serem cruéis, esses momentos foram terríveis estados de alma, amargos, quase ininteligíveis para a compreensão dos que me rodeavam. Eu queria amparo; o que me ofereciam era desamparo, no aconchego do tem paciência é a vida.E eu sem saber, uma vez mais, porque é que se tem de ter paciência com a vida, tive-a.
Quando deixei a vida activa, preocupei-me como ia percorrer o tempo que restava. E foi agarrando-me à construção de palavras que percebi que caminhava bem mais despreocupado do que antevira, por finalmente poder perceber muita coisa que a lufa-lufa da vida me tinha deixado escapar. A escrever, embora isolado do meu semelhante –eu!.., um obsessivo do convívio! -, parece que O visito todos os dias, para lhe dar conta dos meus desencontros, talvez para me perder ainda mais.
Uma coisa é certa: -Não mudo.
Porque já não tenho tempo para isso. E mesmo que o quisesse fazer, estava certo que a caneta não mo deixaria fazer. Porque então, tudo o que dissesse era mentira.
E no momento mais crucial do dia, que é quando me olho, de manhã, ao espelho, ao não me encontrar comigo, tenho a certeza de que não descansaria enquanto não me fosse procurar por entre o lixo da mediocridade.
Senos da Fonseca

quinta-feira, outubro 09, 2008


1-Indiferença, numa terra que incensa os mortos e ofende os vivos.

É estranha esta Terra da Lâmpada.
Profundamente estranha. Anda a Câmara, e o seu Presidente, apostados numa louvável (?) campanha paga a peso de ouro, de que a «Nossa Tradição é o Mar», e com a mesma, empacotaram-nos numa de bacalhau, que mais parece a propaganda republicana do Bacalhau a Pataco.

Louvável e cheio de êxito a regata dos Talls Ships. Seja qual tiver sido a sua dimensão, houve uma adesão incondicional, ao seu desenrolar.



Estranho é que para a sua organização técnica se tenha ido buscar um oficial da Marinha Guerra, ex-Comandante do «Creoula», porque ao que parece duvidava-se da capacidade de um - dos muitos!-, que ainda há por aí.
Ninguém falou nisso.
Indiferença, numa terra que incensa os mortos e ofende os vivos.

2-Mas… lá que os há (ainda!).hay


Se o Sr. Presidente queria melhor resposta para o seu insultuoso acto, teve-a, quando por aquela janelinha que se rasgou ,os Pilotos –todos de Ílhavo ,penso eu que ..-enfiaram um a um, milimétrica e crono metricamente, todos os barquinhos lá fora.




O Sr. Presidente devia ir a pé aos «Pilotos»,em peregrinação, agradecer-lhes a sua preciosa e arriscada, colaboração .
E já agora pedir-lhes desculpa.

3- Caixa da Memória

Alinharam as suas fotos(à la minute),da inscrição no Grémio -diziam- para lembrança futura.Edição de luxo ,merecida.Uma espécie de «Lista dos Ultimos Irredutiveis. Repetiam :- «para que a memória dos tempos » os não esqueça.

Papagaios!

Porra!.. nem foi preciso um ano para se esquecerem de lá ir,e constatar que ainda há muitos, ainda vivos.

«Caixa de Memória» ou «Memória Encaixada»?.

4-Fórum Náutico

Pomposo .Está na moda.Uma mão cheia de nada, a repescar ideias dos outros e a comprá-las para a Câmara poder usar e abusar.

Se não entras no circo ,não bebes ,é a ideia.

Novidades?!:-nem uma .Esquecimentos:- mil !!!

Por exemplo as Regatas de Barcos Tradicionais,a recuperação destes, e ou a feitura de modelos históricos.
A «Cultura da Ria de Aveiro» ,já aqui o disse, faz parte disso, juntando-lhe mais tempero .

O que jamais será,é a destruição da mesma em nome de um qualquer aumento de IMI Municipal.

É mesmo verdade : há idiotas cheios de ideias e outros ditos vazios das mesmas ,mas cheios de pesporrência.

Parece que agora só falta escolher um Assessor para dirigir o Forum Náutico .Já lá se sugere um Ex.
Mas eu penso que não seria pior ir buscar um a Freixo de Espada a Cinta, dentro da linha delirante das escolhas que vêm sendo feitas.

Aladino

sábado, outubro 04, 2008


DESPEDIDA ….


Hora de cerrar os vitrais,
correr as portas
e deitar um olhar de adeus
ao silêncio daquela luz.
Ouço o longínquo apelo
Da gaivina a espairecer
No quintal da infância.

Verão ainda, ou já inverno?

Sou todo silêncio, pouco mais;
As pálpebras dormentes
Impedem saber em que rosa- dos- ventos
Descortino o tempo.
Invento no espaço
A cor da palavra suspensa
Na torpôr da tarde.

Já inverno, o pôr do sol
Vem de madrugada.
Por ali fico indefeso a ler teu poema
Com a luz apagada.
Na praia iluminada

Senos da Fonseca (Out 2008)

quinta-feira, outubro 02, 2008



Setecentos mil milhões?! UPA..UPA!!!
Acabo de saber que o Congresso Yankie, depois de variadas e continuadas fitas ,acabou por aceitar o plano Paulson. Curioso, o facto de este milionário ter feito um plano em que um dos salvados é precisamente ele, um anterior e fanático especulador bolsista.
Ora, ou me engano muito, ou os 700 mil milhões(custa a escrever por extenso, não custa?),já não terão ,na prática, o efeito pretendido .A bolha implosiva é muito maior do que ao princípio se pretendia fazer crer.
Pela Europa ,dia a dia , a confusão aumenta.
Por cá a Comunicação Social traz apenas as notícias convenientes ,destinadas a não criar confusão e descontrolo. Mas quem ler no exterior, depressa perceberá o que aí vem.
Estúpido é que os políticos da nossa praça até se sirvam disto para atacar o Governo .Claro que este Governo não fez tudo o que havia (e seria possível?!) fazer .Longe disso. Mas fez mais do que nenhum outro, desde Abril , para levar o País, e Instituições, a perceber que um País ,uma Câmara ,um Banco ,uma Casa –enfim uma Família! - não podem gastar mais do que produzem, e que a vida não é o que se quer ,mas o que se pode, efectivamente, alcançar.
Uma coisa parece certa: a politica de correcção do défice é agora mais precisa do que nunca. Mas socialmente há muito a fazer. Esta crise pode muito bem ser aproveitada pelo Governo ,voltando-a a seu favor.
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Para quando a barrela?
A propósito:
A Câmara de Ílhavo, como muitas outras, viveram os últimos anos na pura convicção de que quem vier a seguir que pague as contas…
Até há bem pouco ( dez anos?!), as Câmaras tinham a noção de que uma das suas principais preocupações era investir de um modo adequado, as suas capacidades de gerar receitas. Juntavam a isso umas ajudas pontuais que vinham dos governos.
De repente tudo mudou : considerou-se que não havia limites para o endividamento, e entraram num regabofe de misturar tudo no mesmo saco. E daí que os investimentos básicos, estruturantes, fossem rapidamente superados pelos gastos de pura tontearia, obras de fachada ,despropositadas, e ou desadequadas à finalidade, festas e festarolas -a que chamaram pomposamente eventos culturais! - propaganda, culto da personalidade com resquícios fascistóides, promoção de assessores de assessores, pó-pós à descrição , etc. etc.
Fácil : é fácil a qualquer peralvilho gastar dinheiro -principalmente quando não é dele – e passear-se a fazer figura de rico (viram aquela do Santana que em duas noites malbaratou cinco mil euros com o cartão da CML? Pois .. pois…sorriam-se…
E por cá?
Impressiona contudo olhar hoje em volta e atentar que, ao contrário do que o cacique rico da parvónia apregoa, somos (hoje) uma comunidade em perfeita recessão, a viver de propaganda que cria a ilusão de que estamos na senda de progresso. Os impostos municipais alinhados pelos mais altos níveis permitidos por Lei, são esbanjados ao desbarato, e a verdade é que sendo dos mais altos, não estão de acordo –de modo algum! – com a péssima qualidade de vida usufruída numa terra transformada em dormitório.
Atingindo a divida dos cofres autárquicos, nível preocupante, inventa-se um estratagema de semear passivos por colos -e barrigas - alheios.« Ílhavo Mais» será engorda para uns, mas futuro comprometido para todos nós, e mais grave será para os vindouros – pois a hipoteca ultrapassará os cinquenta anos.
Investimentos reprodutivos? Ora …ora…Só se for um alterne (alternância) para o famigerado Texas.
Perdemos as virtudes e enriquecemos nos defeitos. Exaltamos o pior de nós, envergonhados com a nossa identidade anterior.
Vivemos num faz de conta : pura encenação , teatro de fantoches ,vendedores de ilusões, tudo nos serve para recriarmos(e nos contentarmos) com a ilusão .
Se nos aproximássemos dos actores víamos-lhe o fioco ; distinguíamos-lhes a albarda sob o fatico domingueiro ; pesávamos a pesporrência da ciência de desenvolvimento que apregoam, e verificaríamos, que bem vista, não dá para encher nem um caneco. E que a sua virtude não nutre uma terra desvirgada da sua inocência e lindeza – aprumo e cara lavada - de antanho .Ílhavo incha!...mas não medra. Essa é a verdade
Os «Ílhavos» de hoje vivem das comoções festeiras grandiloquentes, indiferentes á luta temporal que os rodeia. Não têm voto na matéria, nem compromissos, e por isso mesmo aceitam-se mansos. Seguem na procissão de pesípelo, figurantes angélicos, indiferentes aos negócios públicos, enrodilhados no farfalho da vaga vertiginosa que os leva, não se sabe bem para onde.

Só que de vez em quando incomodam-me. A mim, que como dizia o outro, moscas por moscas, - prefiro as moscas antigas, saciadas, ás moscas ávidas e ferozes, famintas de Setembro.
Deixem –me, por isso, em paz. Eu já nem as orelhas abano, para não me parecer com essa cáfila
Oh! god : - que quantidade de lixívia, de sabonete de potassa ,de sabão , de areia e de escovas ,vão ser precisos, para fazer uma barrela a esta terra?

Aladino

quinta-feira, setembro 25, 2008

Ponto de ordem

Num dos últimos Blogs fiz uma aproximação (?!) de R.E. ao Major. Referia-me ao caso das obras do parque desportivo que o Autarca de Gondomar teria feito sem licenças, nem concursos, nem com respeito, ao que parece, pela propriedade privada.
Falava assim, de erros técnicos graves, com sérios prejuízos, futuros, para a edilidade
Ora hoje, na Comunicação Social, o mesmo Major, num novo processo, é acusado de eventuais práticas que configuram burla intencional e gravosa (agravada), com eventual prática de ilícitos de enriquecimento no exercício do cargo.
Ora relativamente a RE, posso ter muito má impressão sobre uma certa irresponsabilidade na condução dos actos autárquicos. Os erros, em minha opinião, são mais do que muitos. Mas não tenho – que fique claro - nem objectivamente nem subjectivamente, qualquer indício de práticas de ilícitos, envolvendo actos do tipo dos que pendem agora sobre o Sr. Major. Erros sim; apropriação de algo por vias de abuso do poder, não tenho o mínimo indício de tal.
Que fique, pois, claro.

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A HECTACOMBE FINANCEIRA

Espanta-me como alguns Sábios ainda duvidem que mais tarde ou mais cedo, a crise, directa e indirectamente, vá chegar ao País. Vai!..e já vão ver como…
A crise neste momento tem ainda, quase e só, uma dimensão financeira. Se o plano Bush for em frentes na hora em que rabiscamos o blog, parece que foi aprovado- o Estado Americano (todos os contribuintes americanos) vai (vão) adquirir os activos podres dos Bancos, fazendo implodir a tal bolha especulativa imobiliária. Só que, ficando o Estado com milhões de prédios na mão, a pergunta é:- o que irá fazer com eles? Ora dos anteriores donos que por não poderem satisfazer os seus compromissos viram os seus prédios hipotecados, serem executados, só uma pequena parte se irá candidatar a adquirir novamente o que perdeu, mas em condições exigidas de muito mais segurança.Será uma percentagem mínima que conseguirá voltar a ter habitação própria. Em consequência a construção e actividade imobiliária descerão inexoravelmente Atrás delas virá um abrandamento que se reflectirá em outros centros de produção. O crédito apertar-se-á cada vez mais, as grandes indústrias (automóvel, aeronáutica e muitas outras) abrandarão, e a recessão será inevitável.
Ora neste quadro – para mim evidente - o dinheiro que vinha dos EUA alimentar os grandes bancos europeus deixará de atravessar o Atlântico. Será todo preciso do outro lado.
Em consequência os Grandes Bancos Europeus irão limitar os empréstimos ao pequeno Banco Nacionais.porque lhes falta liquidez. Então a crise financeira chegará aos pequenos Paises.E depois e pelo mesmo modo, a seguir virá um abrandamento (maior ou menor) da actividade económica, o desemprego subirá, e a recessão estará aí em breve.

Porque é que isto sendo o BABA da política económica parece ser difícil de intuir, e levar a tomar medidas quanto antes?
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Intervenção dos Orgãos Reguladores? - Sim e depressa


O Presidente da CMVV dizia hoje algo profundamente errado. Dizia Carlos Tavares que a situação não exigia maior regulação, mas sim maior transparência nos produtos financeiros. Ora parece ser bem claro que há que passar ao crivo os produtos financeiros oferecidos (fundos, seguros, capitalização, etc.) mas para o fazer é preciso muita proximidade e intervenção constante do Órgão regulador (e fiscalizador).
Pois acreditamos que tenha de ser nessa maior intervenção que possa estar um dos instrumentos mais valiosos para antecipar a crise e diminuir-lhe os efeitos.

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Recessão Económica já chegou hoje á Europa

A recessão económica começou já a chegar. A Irlanda – lembram-se como ainda há meio ano era dada como exemplo de desenvolvimento sustentado- entrou em colapso. Parece que Alemanha e Espanha se seguirão – é lógico. Juntamente com A Grã-Bretanha eram os países que têm a economia mais ligada(dependente) do sistema fiduciário americano. Foram as primeiras a apanhar os efeitos do Tsunami.

Portugal está muito ligado aos empréstimos Ingleses e alemãers.Se aquelas entrarem em quebra notória, ninguém nos vai valer.
E isto seja qual for o governo que lá esteja. E para situações difíceis e muito complicadas o certo é que só este deu, ainda, mostras de encarar as dificuldades com grande coragem e sentido de responsabilidades.
Imaginemos numa crise destas termos lá o Pedrito ou Luís F. Meneses .E o Ribau!?

Era o fim da picada…


Aladino

quarta-feira, setembro 24, 2008

Volto,hoje, ao que me aflige:

como mudar ideologicamente o estado do mundo.?
Poderia aqui contar histórias da treta. Era fácil –facílimo !- sustentar essa inutilidade vaidosa. Eu prefiro pensar, e dar conta do que penso, sem outra intenção que não seja a de me sentir bem ,sabendo que enquanto pude, tentei compreender o meu tempo. E saber que me preocupei com ele. Não faço o Blog para que me leiam, mas sim porque gosto de falar e discutir ideias. E agora retirado da vida activa, é esta a maneira de participar.
Dia a dia a observação da convulsão capitalista, confirma o que tantas vezes, nestes anos a blogar, aqui fui dizendo - deixado à solta o capitalismo, devora-se, destrói-se a si mesmo. É auto-fágico quanto deixado sem trela,à solta.
E foi isso o que aconteceu. A engenharia (?) especulativa atingiu níveis impensados. E o certo é que muitos bendiziam o que julgavam ser distribuição de benesses dadas em nome de progresso. E por cá foi-se copiando :- um pouco mais tarde, é certo. E até apareceram Bancos a pagarem 10% das despesas ,diziam, e dizem ,como se eles só não dessem um atilho, a quem lhes desse um porco. Gastem amigos ,nós pagamos era o slogan ,deste e outros incentivadores compulsivos ao gastar desenfreado.
As entidades reguladoras nada fizeram para acabar com o facilitismo. Não havia dia que o telefone não ringasse a oferecer dinheiro; toda a gente parecia querer ser o Pai Natal, de todos os dias. Natal já não era quando o homem quisesse:-era todos os dias ,porque os especuladores assim queriam ,apanhar os últimos trocos.
Muitos –tantos! - sentiram-se experts na especulação bolsista ,que deixavam envergonhados quem se recusava a entrar na jogatina de brincar aos papel pardo das acções. Mesmo que estes, se o fizessem, só arriscassem o que era seu. Enquanto os chico – espertos do ganho fácil arriscavam com o pelo do cão do seu banco, emprestado. Quando chegou a hora da verdade, é que foram elas. Pagar o pêlo do cão do banco ,custou-lhes o próprio pêlo, e o da familia.Tansos…

Ora agora é que é a altura de perguntar :- então tem, ou não, de haver intervencionismo do Estado ,no mercado? Então paras se salvarem milhões de famílias, tem ou não de se SOCIALIZAR a divida contraída? Estamos dispostos - todos! - a entrar nesse empréstimo social? Ou ainda não percebemos que a injecção de triliões de dollars, e ou euros, injectados para suportar activos que se transformaram de repente em passivos, terão de ser pagos por todos nós, proporcionalmente? Ou continuar-se-à a pensar que o dinheiro dos cofres dos Estados, existe mesmo ali ao lado, produto de poupanças geradas, para gastar quando for preciso?

A desgraça, a nosso ver, ainda não chegou cá em toda a dimensão. O tsunami deu-se nos EUA; cá, vai chegar lá para o fim do ano, vão ver….
Há que encontrar outro modelo social, económico e politico. E só a Europa pode consegui-lo.
A convulsão social que vem aí pode ter fins trágicos .E ou depressa se encontram os meios e os métodos –a nova forma - de acabar com a «roleta capitalista», ou entraremos num período que só sabemos como começa ,mas não sabemos como acabará.
É mesmo verdade: basta de discutir falsos esquerdismos. A esquerda se quer salvar a Europa tem de perceber que é agora, ou nunca! Concentre-se essa esquerda no essencial ,deixe com pragmatismo a luta de classes - que já nada tem de realismo - e salve-se o que está por aí esfarrapado.
E deixemo-nos de tonterias : não é um País que mudará o mundo. Todos terão de procurar e aceitar as novas regras. Onde estão os dirigentes que ponham mão á obra? Aqui é que está o busílis. Aqui é que começa a minha primeira dúvida, e o desconforto.
É que neste ponto entrámos em crise , por esse mundo fora.
Aladino

terça-feira, setembro 16, 2008

A Quinta de Alqueidão (2)


Obviamente DEMITA-SE.


A fazer fé nas informações - e no que nos vai chegando pela Comunicação Social -, o processo, famigerado e rocambolesco que envolve a referida Quinta, entrou agora numa fase do vale-se tudo.

A Câmara de Ílhavo (RE) parece ser, agora, acusada de litigante de má fé, e ao Tribunal de Ílhavo foi já remetido o processo (em Agosto Último), visando obter a demolição do que, segundo a autora, está ilegitimamente construído no terreno de que é legalmente a única proprietária .Nada mais nada menos do que a Biblioteca Municipal e o Forum.

E nem sei se a Srªa da Nazaré estará por lá bem, e segura, no seu altar. Deve estar espantada para estes negócios terrenos ,tão diferentes,presume-se,do que se passará lá pelas alturas.

A CMI (vidè RE) é acusado de má fé – o que não é caso virgem! – por no início do propósito da construção, quando o Empreiteiro e presumível legal dono do terreno onde se pretendia edificar a Biblioteca, moveu um processo de impedimento e RE que não tinha pago (isto é cumprido com as obrigações perante as quais o empreiteiro cederia à Câmara ,o terreno) solicitou (particularmente) a suspensão do mesmo para negociar.E o certo é que, parece, nunca o fez com intenção de …mas apenas para ganhar tempo e permitir a consumação da agressão à propriedade alheia(?!).

Reaberto o processo, o Tribunal decidiu, como se informou no Blog anterior, confirmar que «o terreno, não cumpridas as clausulas contratuais era (de facto) propriedade do empreiteiro, e não da Câmara.

É incrível a leveza com que assunto de tal monta foi conduzido ,ao arrepio de qualquer propósito de levar ao conhecimento dos orgãos autárquicos,os factos; quer à Câmara(no seu todo)quer á Assembleia Municipal,que foram sempre os ultimos a saber. Importa agora conhecer que atitude tomarão, uma e outra entidade autárquica, e que responsabilidades vão exigir a quem procedeu tão leviana como desastradamente, num caso de tamanha dimensão onde está envolvido um montante de dinheiro publico, cuja salvaguarda exigiria sentido de responsabilidade e transparência de atitudes.

É espantosa a leveza com que o processo foi conduzido, usando e abusando de toda a prepotência de quem se julga acima de toda e qualquer Lei. Caciquismo próprio do mais desenfreado e pateta trauliteiro.


Mais espantoso, e a merecer a intervenção do Ministério Publico, é saber-se, como é que foi perpetrada a trapaça que levou o Estado a não verificar se o ónus que pendia sobre o terreno não tinha cessado na altura de inicio da obra,permitindo fazer-se filho em mulher alheia .

Parte da comparticipação, ao que parece ainda não foi paga.E ainda bem !.Pasme-se (!):- ainda há pouco tempo foi contundentemente verberado o atraso do Governo,por ter cancelado as tranches vencidas(?!).É preciso falta de vergonha para assim descabeladamente proceder no intuito de iludir a opinião públicae daí retirar beneficios eleitoralistas.

Há casos por esse País fora na alçada da justiça por razões bem menores ( O caso do major, a Câmara do Porto com o caso das Antas, etc ).


Aqui parece haver uma clara má fé. Má fé na maneira de negociar o incumprimento com o proprietário, e no abuso de poder com que se procurou intimidar o mesmo. Mas até prova em contrário , deduz-se má fé , provinda da omissão das situações ás entidades comparticipantes. E tão ou mais grave, houve evidente má fé, ao se esconder(até hoje), pelos mais diversos e irresponsáveis procedimentos - incluindo a omissão e falsidade -, os factos aos orgãos fiscalizadores,autarquicos. Omitindo até a existência de novos processos em curso - impedindo desse modo, deliberadamente, a fiscalização dos negócios e ou procedimentos da Câmara.

Dir-me-ão que tudo pode terminar em negociação. Claro que sim! Mas a que custo e com que prejuízos para a Câmara?!. Negociar com as calças arriadas nos joelhos, nunca foi modo de acertar contas.

O processo revela-se tortuoso, falho de transparência, envolto em (falhado) conluio com terceiros - quem?! ,urge apurar - visando lesar – ou pelo menos iludir –as boas regras processuais com a entidade Estado,desse modo comprometendo futuro relacionamento.( evidente, quando nos anunciaram a celebração do Protocolo de construção do Palácio da Justiça ,que iria ser levada a cabo nas mesmas condições e riscos)
Este caso é um verdadeiro acto de promiscuidade, moral, intelectual e processual. É em tudo um mau exemplo do modo como uma Autarquia deve pautar o seu procedimento, cumprindo ela(também e em primeiro lugar), exemplarmente, o que exige aos seus edis.

Mas há por detrás deste processo, muita coisa a esclarecer. Oh!. lá .. se há ….
Se RE tivesse um pouco de decoro e vergonha na cara -o que não é expec tável –DEMITIA-SE imediatamente, permitindo esclarecer(e resolver) a questão…

Se o não fizer ,as forças políticas - e em especial o sr Presidente da Assembleia Municipal - deverão pôr em andamento todos os procedimentos visando apurar responsabilidades, sob pena de se constituírem, eles também , coniventes
Mas se estas o não fizerem por cobardia politica, então….

Aladino

PS- Tomei conhecimento da interpelação feita ,hoje, pelo P.S ,sobre este caso. E ainda das trapalhadas através das quais R.E. tentou fazer crer que desconhecia, o que já todo o mundo sabia.
Ao primeiro, nunca é tarde para corrigir rumo. Há agora que exigir explicações totais. Ou avançar noutro sentido: a exigência da perda de mandato, do sr. Presidente da Câmara.
Ao segundo julgo que é chegado o momento de dizer:basta! Assuma a responsabilidade das sua irresponsabilidades.DEMITA-SE ANTES QUE SEJA TARDE.

Aladino

sexta-feira, setembro 12, 2008

Fim de Verão…Voltando á «Terra da Lâmpada»(TL).

Retirar um tempo aos trabalhos onde me envolvo, às vezes inesperadamente, permite uma olhadela ao Blog, e dentro deste á Terra da Lâmpada.
É tempo de regresso, de aviar as malas e emalar a trouxa, e á falta do carro do «Zé Pachacho» para levar a tralha, vai-se de pó-pó, o que é mais depressa :e por isso tempo de olhar para a T.L com um olhar mais atento.
No Jornal «O Ilhavense» apareceu o anúncio da Venda da Quinta de Alqueidão. Assim vão desaparecendo, aos poucos, pedaços da nossa história, sem quase nos apercebermos de tal desaconchego. A esta hora, João Sousa Ribeiro ,o Capitão – Mor de Ílhavo, pai da pátria (lagunar), deve estar a revolver-se no túmulo. Tanta honra, tanto alarde na casa senhorial d’ «Alqueidão, para agora ser retalhada em lotes.
Mas o que tem de singular este anúncio, é sugerir uma leitura de algo misterioso e ainda não explicado, que é o da pertença do lote (?!) da referida Quinta, o local onde foi edificada a Biblioteca Municipal. Que o Tribunal veio sentenciar ser propriedade do Construtor Civil, de quem se dizia, a Câmara o ter recebido a troco de (não se sabe de quê, ao certo). Comprou mas não pagou (ou não cumpriu com o prometido, o que vai dar ao mesmo), e agora o terreno reverteu (inapelavelmente) para o dito empreiteiro. E o que está nele edificado (na nova demanda judicial em curso), poderá ter de ser demolido (como é expressamente pedido na referida demanda).

Então a que diz respeito este anúncio de venda? Ao local (e ao que lá está indevidamente aposto), ou só ao terreno que nos impingiram ser o local para construir o Palácio da Justiça (cujo protocolo com o Ministério da Justiça nos disseram ter sido já assinado (?!)) Haverá por aí alguém que ajude a clarificar esta trapalhada? Então como se compreende a emissão de licenças de construção, e se recebem comparticipações para a mesma, quando sobre o terreno pendiam ónus ainda de todo não resolvidos? Alguma vez isso poderia suceder com um particular?
E quais serão(de momento) as preocupações do partido da Oposição (P.S) que permite (até hoje) o silêncio em vez de nos explicar o que andam os seus representantes por lá a fazer,na Câmara, sem obrigar a que entidade hierarquicamente superior venha esclarecer o imbróglio?
Coitado do major Valentim. A ver cada vez mais próximo o dia em que verá o sol poalhado de ferrinhos, por muito menos. Comparado com o Tenente Lateiro (e que lata!), da «Terra da Lâmpada», o major é um cabo raso, um aprendiz.
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O «PIMBA».

O PIMBA (Projecto Imobiliário da Marina da Barra), volta a ser notícia. O R.E já tinha ameaçado (curioso nuè?!) com a pipa de massa que o Promotor iria exigir ao Estado, por este lhe ter negado o projecto Imobiliário delirante, que a CMI, e R.E, promoveram, (e a Câmara pagou!). Muito mais do que o dito.
O Projecto no seu todo está chumbado, e bem chumbado. Pode voltar – e voltará – mas reduzido à sua essência inicial, que era o de fazer uma Marina inofensiva para o ambiente, e útil para as finalidades do Turismo sustentado da Laguna (há vinte anos que o vimos sugerindo). Imobiliário– já o afirmámos tantas vezes -terá de ser algum. Mas com conta peso e medida. E sujeito a uma clara e inequívoca definição, e condição: -pousado em terra.
As trapalhadas da gestão da APA, praticadas pelo «socialista» Raul Martins – um perfeito incapaz, inapto e descabelado homem do aparelho partidário distrital, que um dia se viu nomeado para a Presidência daquele organismo, apenas e só por razões politicas -, culminaram com o fervor e a pressa do «socialista» Cravinho, e daí as trapalhadas de um concurso internacional (?) feito á medida de um mestre-de-obras, habituè e expedito em alimentar a sua estrutura empresarial com as obras portuárias.O concurso antes de o ser já teria (?) destinatário apalavrado, infere-se das candidaturas que não apareceram. E quando assim é, sabe-se na gíria, porquê…
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O PIMBA, MIRÓ E MOEDAS RARAS…
O suporte financeiro do projecto PIMBA era do BPN, que vendo sendo notícia recente com a indiciação da prática de ilícitos em fase de investigação, consumados na Presidência de uma patética figura nem sempre referenciada pelos bons motivos, mas isso sim, profundamente comprometida com os diversos barões do PSD.
Ora hoje a Comunicação Social dava conta que o actual Presidente, Miguel Cadilhe, para salvar o Banco de possível dissolução, resolveu vender muitos dos activos, e destes, para lá das pinturas de Miró e da colecção de moedas raras (euro 2004), alguns projectos em carteira, de «finalidade duvidosa».
Estou na expectativa de saber se os 49,9 % do PIMBA (mais do que duvidoso, pateticamente escandaloso), detidos pelo BPN, foram alienados, e nesse caso quem se teria proposto à sua compra?

Ora aí está uma boa altura para a CMI, de R.E - que tão farta de recursos deve andar, tantos e tão inimagináveis gastos tem levado a cabo - os adquirir, e fazer com os Irmãos Cavaco uma parceria público – privada. Coisa que parece ter sido o poço de petróleo achado na pinhal da Amarona, que lhe vai permitir continuar a cantar e rir…como a cigarra tonta.
E por hoje basta….
MAS HÁ MAIS…
Aladino

terça-feira, setembro 09, 2008


A visita ao S.Paio

Segunda –feira, mal ataviado e mal informado ,procurei, contudo, não faltar ao encontro anual com o Orago.
Desamoirei
o «Costa-Nova», essa beleza de bote de fragata (já agora aqui fica a informação, pois andam sempre a perguntar-me que tipo de barco é aquele), icei velas e, toque- toque – no caso bole-bole que o vento estava mareiro- em duas horas e meia atracava o C.N. ao cais dos pescadores, na Torreira.
A meio da singradura, na ilha da Testada descobri dois enormes bandos de flamingos, que sossegados - tão sossegados que nem reagiram ao meu pum-pum! para ver se os fazia levantar, e assim admirar o deslumbrante espectáculo daqueles pernas longas ,rosados, flaps em baixo, a ganhar altura - procuravam a mariscada que lhes dá os salpicos da plumagem





Os Flamingos


Chegado á Torreira, o foguetório estreloiçava no ar, avisando que a festa ainda ia a meio. E a procissão, também, pensei eu de que ….
Amainadas as velas, trincados os cabos, arrumadas as tralhas, fechados os paióis de proa e ré, olhei espantado para uma série de bateiras embandeiradas que se faziam ao regresso. Interrogado um amigo com quem regateei (?!), em tempos, no Moliceiro «O ilhavense» - paz á sua alma e a quem assim ordenou o seu fim, o de apodrecer no cais da Bruxa - fui informado que a regata dos «Chinchorros» em que eu pretendia participar hors – série, se tinha realizado no sábado.
Bem, engano por engano - um homme nasce p’ra ser enganado, se for que não se importe



Cangas há muitas!

! dizia o Felisberto «Ógado da Inês «Mamalhuda» -que até de vaca era corno! -decidi render de imediato visita ao S.Paio, não fosse ele levar a mal, a falta de urbanidade. E com santos, nada hácomo os não indispor, que zangados podem atirar cá para baixo alguma maroteira.
A procissão, essa, já não ia no adro, pois tinha era acabado. Os andores jaziam já encanteirados dentro da igreja, ainda exuberante e prodigiosamente floridos, exibindo, ao lado, um dístico: Proibido roubar flores. Sem mais. Que raio ?! Lá que se roube um Multibanco, eu compreendo. Mas uma flor(?), flor, não das outras, está bem de ver!.. Se ali estivesse a Manelinha Leite, aproveitava para afirmar com aquele ar de beata empedernida: - a onda de criminalidade já chegou ao interior dos lugares de culto, tudo por culpa desses maçons socráticos.
E foi então aí que vislumbrei o Sampaio, não o pequeno e mulato S.Paio, avinhado como uma linguiça, escurecido por tanto baptismo com tintol.
Este Orago tem uma história.
A Torreira (meados séc.XVIII) é um pouco mais nova que a Costa-Nova. Começou por ser um ponto do litoral onde se empregou a Xávega. Ora, conta a tradição que um dia, na coada de uma das artes, terá vindo arrolado um santinho de pau, com rosto de criança, que logo foi adoptado para orago, por aquela gente da borda. Companhas sem orago, não puxa remo . O ser o orago, uma criança, até teria as sua vantagens, deveriam ter pensado aquelas gentes. Mas para o que eu não encontro explicação, é para o facto da tradição, mandar verter almudes de vinho sobre a criança-santo, despejando-os pela cabeça abaixo do pobrezito, a tal ponto que as faces rosadinhas tomaram uma cor arroxeada que mais parecia provocada por cirrose de figadeira empapada em vinhaça, a que só faltaria uma cebolada para dele fazer umas excelentes iscas.
Ora o S.Paio é santo de muita devoção lá para a Galiza. E eu acredito, mais, que aqueles que trouxeram as artes grandes no séc.XVIII, para estas bandas, teriam trazido com eles o santinho, dando conta do seu feitio milagreiro. A entrega do santo deveria ter tido festa de arromba. E copos a mais.Ás tantas foi um banhada. E daí a tradição foi o que foi .Mas ao que parece, já não é…
Voltemos ao rendez – vous:
No andor estava o Orago, que muito embora exiba a cara de menino, tem um corpo de rapaz espigadote. Estive tentado a dizer-lhe: -Vai chamar o teu irmão mais novo. Mas como nisto de falar com santos, não sei em que dialecto se faz, decidi antes inquirir uma santa, que ajoelhada em frente do irmão mais velho, se lhe encomendava, confiadamente.



O S.Paio (espigadote)

-Olhe por favor, não me sabe dizer o que é feito do santinho «bebedola»?
-Está guardado….
-Então porquê? Não me diga que têm medo que o roubassem…adiantei eu, com cara de santa ingenuidade.
-Pois olhe o senhor, que até «assucedeu», uma vez….Uns «escaramentados velhacos», quiseram levá-lo p’rá Aveiro….Mas não é por isso. É que faziam –lhe uma tropelias e o Sr Prior achou por bem acabar com elas…
O santo não compareceu ao encontro, não por sua culpa ,que até devia de gostar desta visita de um ateu, respeitoso, seu conhecido e com quem mantém bom relacionamento desde há mais de cinquenta anos. Paciência…
Como habitual dei uma volta pelo arraial da feira antes de entrar numa das muitas tasquinhas para a bacalhauzada do costume. São dois quilómetros de barraquinhas das vendas.
Tudo de marca(?!): malas Versage, óculos Raybam, camisolas La Coste, Calvin Kleiner, etc. etc. Este ano proliferavam, contudo, os hair dressers a anunciar:
Fazem-se TERERÉS e RASTA
Nas vendas de roupa, por todo o lado se exibiam body’s para todos os gostos e tamanhos: vermelhinhos como as «papoilas(ih,ih!) saltitantes» do Benfica, negros como a Briosa, ou branquinhos como as pombas que pretendem engaiolar.
Dei comigo a apreciar como uma Murtoseira avantajada, daquelas que só debaixo de um capote de Varino disfarça os refegos, mirava e remirava, tirando medidas a um dos vermelhos, tipo fio dental. Não entendi lá muito bem – ou imaginei - como seria a troglodita vestida (despida), com o bodesão a conformar-lhe as regueifas. Ainda se fosse ás riscas.O que estaria ela a pensar fazer com aquele body extra largo? Dei tratos de polé á minha imaginação que dizem fértil, a pensar no que seria o ataque do bode (salvo seja)
Mas a verdade é que na feira se encontra tudo.
Por exemplo: - eu que me vejo atrapalhado sempre quero comprar uns boxers (fino não é?!) -XL, lá, tinha ao dispor a medida XXXL. A 5€ a molhada. Não podia perder a oportunidade, até porque a marca era convidativa: «DESPERADO», assim mesmo. Elucidativo,quando um home se vê com as ditas na mão…
Adiante que estamos a falar de coisas sérias...…
Regressei ao cais. Foi aí que deparei com um grupo especado, embasbacado, contemplando o «Costa-Nova». Claro que quando cheguei meteram conversa, inquirindo onde tinha eu ido buscar aquela maravilha. Palavra puxa palavra, e eis que do grupo, há um velhote simpático que me atira:


O «Costa-Nova»

-Pena é que tenha sido pintado «à moliceiro». Foi lamiré bastante para eu já o não largar…
-Então mestre diga-me porquê…
-Olhe: - ali e ali faltam os botões de rosa; ali, àquelas letras falta-lhe ressaimento, e no painel de popa falta a corda da embelezadura. E a bica não é pintada em preto.

Fiquei espantado: andei eu na semana passada a dilucidar sobre as diferenças, levando horas a ensaiar a dissertação, e o homenzinho, um pintor de Varinos, Faluas e Fragatas, explica-me, ali, tudo bem explicado, em duas penadas. Ora era exactamente como eu pensava ser. As diferenças são, de facto, abismais.
Então abri o jogo e lá lhe expliquei que eu sabia a diferença. Só que não podia levar o barco todos os anos à Moita para ser pintado por mestre. E assim, tinha-me socorrido do que havia (do melhor!) por cá. Como não havia outros para acomparar, fiquei-me pelos mestres de cá, e o barquinho faz um vistão. Pudera…
Conversa puxa conversa, e quando dou comigo – e com o «Costa-Nova» - velas içadas, ambos desejosos de regressar para trazer cumprimentos do orago á Srª da Saúde,o CN estava em seco, encalhado, abusacado no lodaçal.
-Estou bem aviado, pensei. Agora vou passar aqui a noite. Resolvido lá me atirei para o lodo.e zás fui por ali abaixo. Espetado até à cintura, eu já queria, era ao menos, saltar para dentro. Mas o que vale é que por aquelas bandas tenho muito conhecido. Lá vieram quatro deles, safar-me: -a mim e ao «C.N».
A calmaria apanhou-me entreáguas, e lá arrolei com a maré e com um sopro de vento, até ao CVCN.
Lancei mourão às dezanove. Tempo de tirar as arrufadas da bica da proa; o Clube estava vazio. Parecendo «O Ilhavense» no cais da Bruxa.
E eu descontraidamente lá vinha para casa todo sujo de lodo, quando ouço uma voz:
-Onde é que vai de cuecas?!
Então não era mesmo verdade que despidos os calções …por causa do lodaçal, eu nem tinha dado que vinha naquele preparo!....
Ao menos se estivesse atento, tinha calçado as «Desperadas».
Mas no fim, cumpri a minha promessa. As contas com este estão em dia.

Senos Fonseca
Setembro 2008

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...