terça-feira, junho 28, 2022

Célebre Regata que até teve direito a ODE.....


O CVCN deu-me uma pipa de preocupações.Mas também , trabalheira desarcada durante  seis anos. O KAFKKIANO processo eleitoral ,foi de uma complexidade inenarrável. Durou praticamente um ano a ser derimido,e até meteu tribunal, e tudo. Que ninho de vespas para onde fui, então, literalmente  empurrado ?! (sina minha....)

Serenados os ânimos, exterminadas as vespas, foram anos, de muito e profundo gozo, e farto convívio. Houve de tudo e para todos os gostos. E assim se fez um novo e espectacular Clube Náutico : o CVCN.

Ora  em  Outubro de 2000 , o sócio Manuel Calão apareceu com o elegante iate “ O BLUE DREAM”, que ele próprio concebera e construíra.  Um barco de  elegantes linhas, prenunciando excelentes  singraduras. Nasceu em mim, a ideia de uma oportunidade para uma excelente confraternização. 

E vá de desafiar o Manel ,e o arrais João Senos, do moliceiro ”O ILHAVENSE” ,pertença do CVCN, para um memorável confronto

Aprazada a data ,com programa de festa  anunciado, fosse qual fosse o resultado, (o previsto, ninguém tinha duvidas,seria vencedor destacado, o “Blue Dream”) os barcos e tripulações (e muitos outros acompanhantes) postaram-se na Torreira de onde foi dada a largada. 

Inicialmente, como esperado, o “BLue Dream” adiantou-se. Todos o esperavam.  Mas a distância  que separava as embarcações ,até S. Jacinto, era muito(!) menor que a esperada.

E eis que, no canal do Triângulo, em manobra arriscada,“O ILHAVENSE “ultrapassa por  o “BLUE DREAM”, por BB.  Emocionante....  

Depois, já no Canal  e até ao Clube ,onde estava a meta e  havia foguetório preparado, “O ILHAVENSE”, para espanto de todos, aumentou sempre o avanço, chegando destacado à linha de chegada. Foguetório de arromba, parecia a “Senhora da Saúde”.

Todos nós( ou quase todos!) não gostamos de perder nem a feijões. Claro que o skipper do “BLUE DREAM” não gostou nada do modo como terminou a brincadeira.

Amuo (disfarçado). de pouca dura....pois o “Blue Dream” teve, depois, muitos momentos para  mostrar ser um excelente barco.

Arrumados as embarcações, foi servido o “petit couchon” e outras vitualhas , a exigirem  forte regadela  com  bom bruto bairradino. 

E  houve leitura exaltada da “ODE NÁUTICA” que ficou  para perdurar o momento. (Regalem-se que eu não duro sempre...)

O lanche , com pompa e circunstância habitual,  foi  oferecido pelo CVCN (então um mãos largas) a todos os sócios presentes,tendo durado  até altas horas da noite.Como costume neste tipo de aventuras.

E assim se passou mais um, dos muitos memoráveis dias, de forte e intenso convívio. Nesse tempo entendíamos que um clube náutico não era, só e apenas ,apeadeiro de embarcações. O que contava  era  o entrelaçar de amizades ,através de, muitas e boas ocasiões ,para reforçar laços de pertença.


Encontrada a documentação julgada perdida, aqui vos dou conta da mais célebre regata dos anais da Ria d’ibalho.


https://designrr.page/?id=208868&token=1351146242&type=FP&h=3006



Senos da Fonseca




domingo, junho 26, 2022

 


 A OBRA DA CRIANÇA 



A vida tem sempre surpresas.

Porque precisei de fazer,aqui na casa da Costa Nova ,uma reparação urgente, no telhado,pedi a amigo informação sobre possíveis firmas que a poderiam executar. Foi-me, assim, fornecido um número de telm,, que de imediato tentei. Logo que comecei a explicar o que queria ,ouvi surpreendido ,uma resposta pronta.

-Então não vou? Vou já Sr eng.O senhor não se lembra de mim ,mas vai lembrar-se. 

Pela tarde vejo sair de uma carrinha uma cara que logo me pareceu identificar. Não me era desconhecida.Muito mais depressa a identificou o João. Foi uma festa,os dois.

Era um rapagão de uns bons cinquenta e tais que, logo me diz: 

– Então não se lembra de mim da Obra da Criança ,da  sua irmã,D. Maria José?

Pronto.... recordei logo....

Depois de ajustar com ele o que fazer, prontamente me desafiou :vamos lá beber  uma cervejinha. Claro que bebemos. E até levou mais...para o caminho.

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Mais tarde fiquei só ,a lembrar o nascimento da Obra da Criança

Foi assim:

Em certo Natal ,tinha-me sido pedido ,pela minha Mãe, para levar um “cabaz” à Obra do Frei Gil (Ermida).A Zeca pediu-me para  a levar.  Chegados ao pátio, quando eu entregava os “bacalhaus e o resto”, a Zeca chama-me a atenção para uns gemidos que se faziam  ouvir. E fomos em procura dos mesmos. Demos com um miúdo deitado de bôrco ,na palha da abegoaria, com as costas todas vergastadas. Foi o fim....

A Zeca levantou-o e disse-me decididamente, sem ligar aos que tomavam conta(?) dos rapazitos:

Vamos levá-lo a Vagos ,ao Dr Frederico. E lá  fomos de imediato. Os funcionários do Frei Gil tiveram o bem senso de ficarem mudos ,especados, a olharem para nós....

Tratado o miúdo regressámos .A Zeca  de mão em riste,fez um aviso:

– Amanhã vou falar com o Frei Gil. Ai se alguém mais toca nos miúdos. Depois ajustamos contas.

E ao outro dia confronta o Frei Gil. E decide obter o seu acordo

-Vou levar os miúdos para Ílhavo,ao que prontamente o Frei Gil ,acorda. (como e porquê ,tão rapidamente, nunca soube, mas advinho....)

Mas para onde?


Aí entra a pressão sobre minha Mãe, esta sobre o meu Pai que, com o Cap Zé Vaz ,usam o amigo Zé Capote ,casado com a Sr Piedade, que é herdeira com o seu irmão Jaime de uma excelente casa de lavoura ,ao Cruzeiro, pedindo para cederem a mesma.

Casa boa, de excelente lavoura mas, claro, a precisar de  muita obra. Que logo foi idealizada. Dinheiro para a tornar aceitável? : os peditórios continuados aos fins de semana, batendo porta a porta ,por ílhavo e arredores. Nestes eu ia acompanhando o Cap Zé Vaz,o Sr Celestino e até o Américo Ribeiro. O Cap Zé Vaz tinha um jeitão para estender o saco; o Sr. Américo Ribeiro ,desavergonhado “ não pedia”: impunha!...

As obras logo começaram. Outros miúdos começaram a ser acolhidos. Nesta fase o Capitão e o Sr José Celestino foram incansáveis.

No espírito da Zeca logo começou a medrar a ideia de “coisa” muito maior. O contacto com a Igreja, na pessoa do Padre Urbino,até correu bem.A Igreja era apenas. chamada  para dar cobertura, claro. A Zeca a andar, qual buldózer,sempre para a frente,imparável. E assim nasceram   as actuais  instalações da Obra, com novas edificações, ainda hoje ,creio, razoáveis. Naquele tempo excelentes.

Infelizmente( ou talvez não, porque se fosse outro o destino, o CASCI não teria nascido) as relações com o P. Urbino começaram a complicar-se. A Zeca decide bater com a porta.

É então que germina nela, a ideia de uma Obra muito mais abrangente. E assim  nasce o CASCI. Instituição com os seus sócios aderentes, mas que,inicialmente não prescindiu dos peditórios. Do  nada nasce  aquela Instituição de referência, que chegou a ser,no global, uma das  maiores Obras Sociais do País. 

Foi um nunca mais tirar o pé do acelerador. Foi consumir inteiramente uma vida, num único desígnio.

Excessivo querer? Talvez...


Senos da Fonseca



sábado, junho 25, 2022

 


A aquisição pelo ILLIABUM da SEDE



Num post que coloquei hoje, falei,entre outras, da aquisição por parte do Illiabum,da Casa dos Oficiais da Marinha Mercante(Sede)

Decidi   relembrar esse grande passo, dado então pelo Illiabum, quando, poucos anos atrás se encontrava em vias de extinção. Vamos lá fixar (para lembrança do historial do Illiabum) :


A Comissão que organizou e levou a cabo a comemoração dos  25 Anos do Illiabum,  que tive a honra de motivar,  não pertencia à Direcção do clube. Face à situação catastrófica das finanças do Clube, quando se sugeriu ,em Assembleia Geral, a entrega das chaves à CMI, propusémo-nos  levar a cabo um ambicioso programa. Ao tempo notável. E mais notável  ainda , porque, encerradas as contas no final, o valor recolhido nos eventos levados a cabo, entregue á Direcção do Clube,foi suficiente para pagar todo o seu passivo.

Consequência foi que, no acto eleitoral seguinte,o Prof Guilhermino incitou o grupo a constituir uma lista ,e assumir a Direcção. Inevitável. 

Foi  um nunca mais parar: o Clube ganhou fôlego e, um dia, propusemos em reunião, a tentativa de adquirir o prédio onde estava a sede de que pagaríamos renda (1.000$00 esc/mês). Houve quem julgasse que eu delirava....A pretensão não  fera motivada porque a direcção da Casa dos Oficiais tivesse colocado qualquer problema ao Illiabum. Não. Mas porque, pouco ou nada ,os Oficiais utilizavam o segundo piso, completamente abandonado ,o qual poderia ser de grande utilidade ao Clube.

Contactei diversos oficiais com quotas na instituição e, como esperava, encontrei muita disponibilidade : uns a oferecer as acções ; outros disponibilizando-se  para as vender ao valor nominal. O curioso é que sendo o capital social 500.000$00,a instituição tinha parado ,em caixa,350.000$00.E avançámos....

A determinada altura tínhamos já garantido a maioria do capital, por larga e confortável margem(cerca de 70%).Altura para, publicamente mas e também particularmente, enviarmos convite, a todos os Sócios restantes, propondo-lhes a aquisição das suas quotas.

Sem surpresa logo fomos  contactados pelo Presidente da Casa dos Oficiais,Cap João São Marcos,para uma urgente  reuniã. Logo aceite( isso queria eu....mas no Clube)

Pessoalmente,note-se, tinha uma excelente relação com o Capitão.

Na reunião tida no Clube,  onde estava a direcção deste,o Capitão S. Marcos, como seu hábito ,entra a matar. Eu seria um lírico(fruto da juventude) se pensasse que os oficiais iriam vender as suas acções, pois estes  não precisariam do dinheiro para nada. 

Deixei continuar, fazendo de conta que estava a aprender a lição.....

Até que, com muita humildade (coisa rara em mim) me dirigi ao  Capitão,em termos que recordo:

-Pois é , Senhor capitão .Tudo certo, o Illiabum só tem que agradecer as deferências recebidas da Casa dos Oficiais ,de que o senhor é o ilustre presidente.. Mas sabe sr Capitão (?): quando quero atingir um objectivo, já não páro . E assim, quero dar -lhe a conhecer,para não haver mais equívocos,que,neste momento, o Illiabum já tem(e de longe )a maioria do capital(70%). E Sr .Capitão: os Senhores têm 350 contos parados. Sugiro que façam uma excursão e  gastem tudo. Senão, quando formos  a direcção da instituição , no próximo acto eleitoral, essa importância pode reverter, como dádiva, ao Illiabum. E o processo de aquisição ficará,assim, praticamente de borla.

Bem : creio que nunca vi o Cap. São Marcos tão siderado. Sem saber o que fazer, ou contestar.

Momento para lhe dar o estoque final

- Sr. Capitão: tem aqui presente o Vosso secretário, o Sr. Artur São Marcos (que era simultaneamente secretário do Illiabum).  Ele pode confirmar tudo o que eu disse, Por isso proponho que, o Senhor, sócio fundador do Illiabum, se junte a nós. Ajudando-nos a reunir todo o restante capital(o que permitirá“fundir “as duas instituições.

Resposta seca (pouco habitual no Cap S.Marcos)  :  Oh João ...vou pensar...

E assim o Illiabum adquiriu o capital restante (salvo uma ou outra acção que nunca foi encontrada).

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Adquirida a Sede, foi o tempo de procedermos a uma total remodelação da mesma, tendo em vista criar condições para que,as sócias, frequentassem ,também elas ,a Sede do Illiabum, à noite.

Um tempo louco de trabalho (de todos!) ,mas muito gratificante.

Devo dizer que as minhas cordiais relações com o amigo Capitão ficaram um pouco abaladas. Mas foi tempo de pouca dura .Recomeçaram e até se intensificaram. Ao ponto de passados alguns bons anos ,ter sido um dos que mais, insistentemente, me fez assumir o CASCI.E assim foi até ao fim. Ao ponto de lhe ter dedicado uma biografia já quase no fim da sua vida, o que, creio, lhe foi muito gratificante. E bem merecida.


Senos da Fonseca


sexta-feira, junho 24, 2022

 


Inteligência Artificial…

Já não terei muito tempo para me preocupar com a inteligência artificial. Mas antevejo questões diabólicos no desenvolvimento imparável que,certamente, o desenvolvimento daquela  vai ter. Provocando uma verdadeira revolução civilizacional, levando o homem para limites impensáveis. 

Sempre pensei na possibilidade de, o Homem, através da conexão á máquina onde pudesse  manipular  as partes cerebrais que enviassem sinais,.Corrigindo , ou excitando ,enviando  mensagens (sinais determinantes) a zonas orgânicas que, por qualquer motivo, deixaram de funcionar: por exemple no caso da Parkinson ou até corrigindo distúrbios cardíacosno . Isso sempre entrevi. Se tivesse enveredado por essa actividade ,era nisso que perderia o meu tempo ºutil. Mas ao reflectir sobre esse sonho, dei comigo a pensar o inverso: a máquina comandar o (nosso) cérebro e provocar procedimentos impensáveis, alterando comportamentos e decisões, no mau sentido.Alterando radicalmente os nossos procedimentos normais.

Isto parece-me agora evidente: se na primeira hipótese tal  avanço pode ajudar (fantasticamente), em caso inverso, pode ser trágico ao  “transformar um indivíduo normal” num “monstro” humano..

O Homem tem uma necessidade imparável de ir mais longe. De descobrir e entrar em novos patamares julgados impossíveis. Nada  pode parar. Essa ânsia. .Por isso,este possível avanço  da ciência  que, está próximo de se concretizar,pode vivar tragédia, se mal utilizado.

Penso eu de que....

Senos da Fonseca

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...