quinta-feira, outubro 29, 2009




IDEOLOGIA RELIGIOSA

Aos que me enviaram mensagens comentando o Blog Saramaguiano, uns enviando-me artigos de autores que pensam bem diferente de mim, outros comentando anonimamente o escrito (o que poderia neste caso ser bem evitado) e àqueles que replicaram, anuindo nuns pontos discordando em outros, apetece-me, em conclusão – ou talvez não - tentar clarificar o que penso sobre o problema religioso.
Devo começar por dizer que não me preocupo muito como problema existencial, e nele embrulho a minha falta de fé.Não me elogiando por isso, bem ao contrário – pois que não me preocupo com algo (que venha a seguir) que ultrapasse o simples penar desta vida. Ainda, também, «ninguém» me interrogou, se eu queria, ou não, outra «vida». Se mo perguntassem não perderia a oportunidade para impor condições.
O que me preocupa - isso é que é o ponto central da minha inquietude - é que a instrumentalização da fé, talvez mais exacerbada que nunca, possa levar às piores destruições da história da humanidade. Muito piores que todas as anteriores, algumas bem recentes.
Um outro Nobel da literatura, o nigeriano Wole Soyinka, afirmou aqui há tempo, «O fundamentalismo religioso será a bandeira do séc. XXI, como o racismo foi a do séc. XX»
Ora as diferenças de raça, já deu para entender, não trarão mais mal, expectável, à civilização. Quase poderíamos dizer ser assunto está ultrapassado.
Mas a ignorância e a intolerância, desmedidas e incontroláveis, as doutrinas de poder que estão por detrás do fundamentalismo religioso, essas são o desafio do século.
Esta instrumentalização da fé em formas de ideologias de poder remontam á noite dos tempos.
As ideologias fascistas e comunista foram as únicas que se meteram na história dos séculos, intrometendo-se entre as ideologias da fé, provocando, como aquelas, mortandades hediondas.
Hoje os terroristas vão substituir os fundamentalistas inquisitórios da fé católica, e de novo justificando a inspiração na religião querem pretensamente justificar todas as yihad, seja a que preço for. É difícil encontrar nos bastidores da História ideologias tão desencontradamente radicais: o Islão (Salafista) e o liberalismo ocidental (católico e protestante)
O problema é que como contraposição ao fundamentalismo islâmico, possa surgir um outro fundamentalismo católico, e ou protestante, que parece começar a aflorar, na defesa do seu Deus, literalmente ameaçado.
O fundamentalismo protestante, não o esqueçamos, é terrivelmente vingativo. Nos EUA o protestantismo é muito forte e pode virar extremismo. A proliferação de igrejas protestantes parece nunca ter acontecido como sucedeu depois dos acontecimentos do 11 de Setembro.
Ora sem me preocupar ou deter em leituras do passado, mais do que por simples interesse histórico, cultural, o que me preocupa é que a ideologia das religiões nos traga novos e muito mais terríveis holocaustos.
Com o «deus» bíblico, isso está provado, não podemos contar, como glosa Saramago -e eu apoio - porque a acontecer novo holocausto, agora seria uma luta entre vários «deuses», distraídos. E sei lá! se afinal, vingativos.
Aladino

segunda-feira, outubro 26, 2009

*Tenho muita pena : mas declaro-me vivo

Ao ouvir as palavras dos Vereadores do PS, na Câmara de Ílhavo, pareceu-me perceber um sentimento de confissão, grave: a de que andámos a fingir nestes anos todos.
Um dia já é muito no meu relógio para perceber que me enganei; esperar quatro anos para o confessar (e o declarar) parece-me de uma gravidade intelectual tanhada. Porque se escachoado antes da escolha (recente) cheiraria confissão de derrota, feito depois, cheira-me mal.
Independentemente da estima pelos declarantes (não se confunda…), esta confissão agora feita (tardiamente e a más horas) mina a batalha dos que, com menor ou maior dignidade, vão (ou deverão ir) fazer tudo, para, através de boas propostas, provar que o putativo Presidente não é nada aquilo que os vencidos da política resignadamente disseram. Porque sejamos claros: a derrota do PS, aqui na T.L. não foi do Partido, mas das pessoas. E há que frontalmente o assumir.
A vitória (possível) daqui a quatro anos começa com o trabalho, hoje!.Já!…
Há batalhas que se perdem. Mas a guerra não se esgota numa batalha.
Uns vão-se embora. É fácil e cómodo.
Eu fico. E declaro-me VIVO ,lamente-se ou não. O que os outros pensam ,a mim pouco se me dá. Fico por aqui mergulhado no meu canto de liberdade, lavrando umas páginas á solta, nem que seja só para sentir
que não me calo.
Tanto me importa que seja eu sozinho, a ficar por aqui para recordar à história que o que parece … não é.
Estes últimos anos foram tempo perdido, oportunidades desperdiçadas, benesses materiais paridas pela UE, e aqui malbaratadas à tripa forra. Foram anos de confrontação desmedida, achincalhamento do passado, negação do futuro. Como as imagens a andar, paradas, no rio que passa.
Um dia, vencida a guerra, a história o relembrará.
Ribau Esteves não teve opositores. Já lho disse, pessoal e frontalmente: -nem nos seus acólitos que deveriam de vez em quando perguntar-se: - o que andamos por aqui a fazer? E, agora, sabemo-lo confessadamente, nem nos seus putativos «contrários» que, de facto, ao que dizem, andavam lá a fazer de conta, a fazer um frete. Só agora! nos dizem que o mal do País é não ter (muitos) homens como «o seu presidente». (A aventura de RE no país real da politica, afinal não serviu para nada)
Afinal neste lameiro, chega-me tardiamente o sussurro, outrora clandestino, de cumplicidade com a «grandeza» do Politico.
No homem sempre existiu um terrível sentido de conservação. Só que nuns aparece muito cedo.
Noutros nunca se concretiza.Nasce-se, vive-se.. e morre-se, sem beber de outro cântaro.
Aladino

*Citando CHAMALÚ ,Indio Quechua

sábado, outubro 24, 2009



CAIM

Em noite anterior, perdi umas boas duas horas a abordar o «CAIM» de Saramago. Levantei-me de madrugada, com o intento lhe dar mais um toque. Praguejando, percebi que talvez cansado da noitada, não gravei o texto. Coisas que acontecem….Aconteceu. Está encerrada a desdita...

Parece percorrer o País um frémito convulso de indignação inquisitória, onde à falta de fogueira se brame com a expulsão pátria do autor; se este fora, ainda, o tempo de Salazar, estariam já convocados vários desagravos e o «pobre» livro «Caim», apreendido e riscado a azul pelo zelo pidesco. Adiante…Mas –oh sorte saramaguiana!- se tivesse acontecido antes, o autor de «Caim» seria passado pelas brasas. Torquemada por bem menos mandou acender o lume no intuito de acabar com os maus costumes heréticos.
Leitor habitual de Saramago, apreciando os seus livros, mais uns que outros, uns obras primas outros vulgares, saídos da sua já longa e discutida lavra -quase sempre polémica o que é inteligente por parte do autor, que mesmo sendo Nobel não descura a promoção, não vá dar-se o caso de o leitor dele se esquecer - era certo que me atiraria ao «Caim», logo que houvesse intervalo no que estava a ler (Curiosamente dos irmãos Abel e Caim, Grim’s, desse notável Sepúlveda).
Dada a polémica entretanto suscitada, deixei o Sepúlveda em descanso por uns dias, e em duas noites ataquei Saramago.
O «Caim» é livro interessante :- leve de leitura, mesmo naquele jeito estranho do discurso directo em pontuação corrida, que depois de a ela habituados, permite um ritmo muito mais intenso e contínuo de leitura, tornando-se mais solta, com menos hiatos; o livro chega mesmo, em vários momentos, a fazer aflorar o sorriso pelo cutiladas cheias de humor, mimoseadas ao texto sagrado de onde é retirada a história e a personagem.Agora refeitas numa «nova» leitura literal levada a cabo por um não crente.
. Saramago reconhecendo, embora, que a Bíblia sendo mais do que um livro, pois que é uma biblioteca de vários livros, de vários autores, pretende apenas mostrar que lida literalmente, se esvai- passo a passo, facto a facto narrado- a ideia de um deus omnipresente e omnipotente, atento, bom, encerrando em si só virtudes -todas as virtudes! -«alguém !?» tolerante e apaziguador,pouco dado a vinganças deste mundo.
Ora sou eu agora, que em boa verdade Vos digo, que um agnóstico( como é o meu caso) ao ler trechos da Biblia não compreende como se possa tirar do seu conteúdo ,racionalmente, a afirmação(ou prova) da existência de um tal deus (à nossa imagem e semelhança ,ainda por cima). Podem dizer-me que a questão de Deus não é racional. Uma ova!,respondo. Podia essa afirmação ter tido um tempo para ser aceite, à falta de melhor. Com os passos gigantes da ciência, fácil é concluir que a questão se resolverá, um dia ,trazendo a explicação desse grande problema ,o qual é a razão da existência. Atrevo-me a prognosticar, já o abordei aqui várias vezes, que essa explicação se poderá resumir a um simples algoritmo que desencadeou o processo.
Saramago questiona algo tão simples como isto:
Numa infinidade do tempo- alguém consegue absorver facilmente o conceito de infinidade?! -a questão (história) religiosa, católica, resume-se temporalmente a dois mil e tantos, anos: Um ápice. Uma multimilionésima fracção do segundo elevado ao trilião, digamos, na infinidade temporal do universo . Onde esteve esse deus da Bíblia antes, nessa infinidade de tempo anterior? Por onde andou, e o que fez,pergunto? E mesmo neste curto instante que foram os dois mil anos, por onde terá andado tão distraído (e qual terá sido a causa da sua distracção,ou ausência) para se ter esquecido da tragédia humana que semeou, e literalmente abandonou á sua triste sina ?.

A Bíblia está para os católicos como o Corão está para os islamistas.
Já o repeti.O que me impressionou naqueles,foi, que fosse qual fosse a sua formação, ou nível social, os islamistas sempre me mostraram um enorme conhecimento corânico. Embora absurdo aos meus olhos, porque recolhido em escolas (madrassas) diferentes, originavam interpretações diferentes a muitos dos seus pontos.
Uma má recolha de ensinamentos do Corão justifica a onda de terrorismo islâmico que aflige,hoje,o mundo.
A igreja católica já foi, ela também, intolerante. E tem por isso na sua história, um período de trevas manchado de sangue de inocentes, num passado não muito longínquo. Hoje, pouca a pouco, a Igreja católica vem-se identificando com Cristo.
Para mim Cristo e «Deus» são conceitos perfeitamente desligados. Cristo existiu e foi um paradigma de virtudes (eu sei…eu sei…) e ensinamentos para a humanidade. Quando se pretendeu transformá-lo num filho de Deus, criou-se o absurdo. Assim, para mim não foi «deus» que criou Cristo; Cristo é que gerou pelas palavras de «outros» a necessidade de se aproximar de uma figura divina, para melhor O promover.

«Mal acomparado»: Saramago para vender o seu livro criou a polémica; os Apóstolos para «venderem» a imagem de Cristo, e a superiorizar em relação aos circundantes, deram-lhe uma áurea divina.
A Bíblia, tirando a frequência com que é lido nos templos, é algo que normalmente existe nas casas católicos só para fazer de conta e enfeitar móveis na «sala do Senhor». Conheço católicos praticantes, milagrosamente agraciados com o dom da fé, que nunca a lerem. Muitos, Diria quase todos os que conheço. E a verdade é que a maior parte nem sequer tem conhecimentos para nela penetrar, para lá de uma leitura superficial.Quanto mais para lhe descobrir o que lá não está escarrapachado.
Ler o livro de Saramago nada tem a ver com uma leitura bíblica. O livro de Saramago é apenas uma leitura de um não teólogo do que lá está.É uma obra de arte (escrita), de que se gosta ou de que se não se gosta, boa ou má, e que só e apenas deve ser julgada pelo seu valor como arte profana.
Saramago e todos os que produzem arte, são livres de a exprimir, como melhor entendem. José Saramago não pede crédito aos seus leitores, e muito menos lhes dá certeza que a sua leitura seja a correcta. Espera deseja -o ,claro! - que o leiam e no fim digam : gostei (ou detestei) o livro(como expressão artística) e não por interpretação de esta ou aquela passagem.
Estranhamente parece que ainda ninguém se lembrou de que esta incursão não é única (depois do «Evangelho Segundo Cristo»): entre outros fazem-lhe companhia o «Dios no digo esso » ou o «Evangelho Segundo Judas».Incursões recentes de escritores ao texto sagrado, desmistificando-o. Apontando-lhe diversas inverdades,ou contradições.
Porquê despejar o fel sobre o Nobel português? Será por ele ser de facto português?

Aladino

segunda-feira, outubro 19, 2009

Este gosto de ir ALEM- TEJO

Não sei porquê, de vez em quando cresce em mim uma certa nostalgia que me leva a uma nova e repetida fugição ao Alentejo. É certo que aguento lá pouco tempo. Vou lá embeber-me naquela terra de horizonte a horizonte, antevista, onde brotaram esperanças adiadas de uma mudança que nunca existiu - talvez porque a ninguém conviria-,e isolar-me no seu mar de silêncio à espera de, numa visita qualquer, perceber como pode o homem ser, apenas e só, um escravo do chamamento telúrico da terra, sem intervir sobre a natureza geográfica, desmoralizado pela agrestia que o cerca. Ali mais parece que o homem não fez, antes se deixou fazer.
A volta é mais para encher o olho no bucolismo de um qualquer povoado perdido na imensidão da planície, alcandorado nas faldas de uma ou outra mamoa onde parecem repousar uns perdidos chaparros frondosos a tonificar o ambiente, do que para ancorar em qualquer lado predestinado. Nunca parto para ir a…mas sim para deambular por… Deixo-me ir, perdido em emposta, por aí abaixo, até que o diafragma da retina dispara para captar umas esganadas ruelas com o casario tão sobrante de branco, tão alvo, que parece ter sido brochado na véspera para «me receber». Aí fundeio. Para admirar o encaixilhado das suas portas e janelas debruadas a azulão impante, a chocar com o diluído pachorrento, monótono, da paisagem.



Foto: Lénia Santos

Ou de um amarelo torrado, mais a condizer com a acalmia daquela.

Foto Lénia Santos

Gosto de ver aquele casario debruçado sobre ruela tão estreita que mais parece assim desenhada para que se sombreassem uns aos outros. Porque havendo tanto espaço para que raio haviam aqueles pardieiros de se encostar uns aos outros ao longo de uma linha que a réstia do sol alinhou?!
Gosto, assim, de encher a vista naqueles lugarejos perdidos na planície. Estimula-me ver aquelas gentes remansosas, no fim de tarde escaldante, acocoradas num banquito de pau de sobro, reunidas à porta no vagar da sombra, quase não dando pelo passar do intruso, como que abstraídas dele, e também ,do correr do tempo. O tempo no Alentejo parece correr mais devagar, e por isso, nesse sentido invejo-os.
Deixando estes povoados, só a atitude pachorrenta de uns refocilantes recolhidos na sombra de um qualquer chaparro me estimula.E um ou outro casario isolado de paredes de feitura tosca, virginais no seu branco de cal encimadas pelo telhado



ôcre desmaiado pela continuada cozedura, alapado no cocuruto do monte a interromper a extensão da terra pardacenta.Imensidão de planície a servir de rodapé a um céu de azul esmaltado, tão sereno e limpo, que parece aquietado com a braseira de um sol portentoso.
Sempre tive a noção de o Alentejo ser um motivo excepcional para um fotografo amante da imagem desnudada de subtileza, mas forte no contraste do preto e branco. Imagem que pode nesta paisagem um pouco entristecida, adquirir uma força estética soberba. Poderosa nos contrastes focados de um sobro frondoso a emergir de



um deserto onde parece não existir vida; ou de uma silhueta humana, estática, sobraçando uma vara que lhe serve de amparo, olhar perdido nas lonjuras de uma superfície enrugada pelos sulcos tatuados na superfície da terra seca.



Mas desta vez encontrei belíssimos exemplares de imagens coloridas.,não menos fortes, de uma beleza que enchem o olho.
A mistura cromática (trabalhada ou não?) destes momentos proporciona cambiantes que nos estimulam os sentidos, reclamando a sua apreciação.
Reproduzo aqui algumas que mais me impressionaram.



(Fotos de Nuno Veiga)



Seja contudo qual for a côr com que pintemos o lenço, ele é sempre fabuloso na harmonia que ressalta do fluir do tempo, da constância das formas, da luminosidade, ora estonteante do meio dia, ora repousante no desvanecer da tarde, quase a lutar para se deixar ficar e sobreviver.
Sinto que nos momentos que lá passo fujo de mim e das minhas angustias. E também me invade o devaneio de querer voltar a sentir.A ser eu de novo.

Começo a parecer um estranho. Não sou feito para os céus .Sei apenas o que havia que fazer. E fi-lo. Os que estiveram atrás de mim empurraram-me. O que é que eu poderia fazer? Negar-me?!

É chegada a hora de voltar.Fugir da paz; virar as costas ao silêncio.

E volto então para me defrontar, de novo, com o vozear do mar a desafiar-me .De novo! Sempre ele(!) a lembrar-me que há que cumprir o destino. Ah! cão!,porque te me lembras que um homem não pode ser homem sem provar do teu salgado gosto?Porque «a» deténs enlaçada nos teus braços e m'a não deixas levar, comigo,para onde eu fôr? Porque me prendes, orfão de espanto, a ouvir o teu vozear quando bates,inclemente,com a onda no areal?

Se apartado de ti eu findasse com as minhas angústias a viver ao desbarato as minhas ilusões,ia para longe afogar a sede de te amar,oh!... mar.

Aladino

segunda-feira, outubro 12, 2009


O «Príncipe» arrasou…
Vivó «Príncipe»

Certamente a preparar-me para a hecatombe que racionalmente (já)esperava no acto eleitoral, aqui, em Ílhavo, entretive-me nos últimos dias da semana que passou, a reler Maquiavel. Ao fazê-lo perceberemos, claramente, muita da realidade que enforma o Poder Autarquico,onde se praticam,com rara oportunidade e actualidade, muitos dos ensinamentos que o apóstolo do poder como fim sem olhar a qualquer meio para o alcançar e conservar, nos legou no seu notável escrito «O Príncipe»(1532) . Nicolò di Bernardo Machiaveli, nome dado ao pimpolho nascido, em Florença, perto da ponte do «Vecchio»,desde muito cedo deu demasiada atenção às prédicas de Savonarola que anunciavam os flagelos adivinhados se os governantes não deixassem de ser corruptos.
Ora Maquiavel cedo notou que por causa desse aviso, Savonarola,perdeu a cabeça que lhe foi cortada (entre outras coisas), por afrontar os poderosos.Que acham que ser corrupto, é natural e até parecem dizer justificável,um mal menor.
Nomeado cinco dias depois do acontecimento, Secretário da Chancelaria da Cidade, Maquiavel depressa se decidiu que, melhor seria especializar-se em explicar aos poderosos que um «Príncipe», alcançado o Poder,deve cuidar-se, pois se seguir os ensinamentos clássicos -ser justo, prudente e clemente -não governará por muito tempo. Por isso Maquiavel lhes ensina as artes que devem aprender para tal não suceder: -não serem bons porque mesmo que o fossem, em torno «deles» outros o não seriam. Não valeria pois, a pena, sê-lo, mas apenas parecê-lo.É com isso, e só com isso,ensina Maquiavel, que um «bom Príncipe» se deve preocupar,se pretender reinar por muitos e bons anos.
E desse modo postula que o «Príncipe» depois de alcançar o poder, tem é de se preocupar em conservá-lo. Por isso adverte: o fim justifica os meios empregues para tal feito.E mais importante, faz notar que o vulgo se deixa cativar pela aparência e com o êxito (demagogia).
Ora o recém-nomeado Professor da Cátedra de Ciência Politica da Universidade Sénior do Prior Sardo, o «Principezinho» cá do burgo, teve, forçosamente, de ler a bíblia de Maquiavel,para bem desempanhar este novo e mui digno encargo. E por isso, lá, aprendeu o essencial: nos nossos dias se vê (bem)como aqueles que têm pouco em conta a palavra dada e souberam burlar com astúcia e engenho «os homens», superaram aqueles que se detiveram em ser leais.
E certamente,foi inevitável, terá atentado e reflectido na pergunta de Nicolò:- é melhor ser amado ou temido? ou vice-versa?
Ora Maquiavel ensina os «Príncipes» que o melhor (e mais conveniente) é ser um e outro, simultaneamente, sublinhando que sendo difícil combinar ambas as coisas é mais seguro ser temido que amado. A ciência de um «bom» Príncipe, ensina o autor, é ser um fingido em acordo com as circunstâncias.
Aí chegado RE sabia-a toda.E sabendo que sabia e que os outros nada sabiam de tais saberes,soube até fingir que ficaria mais quatro anos ,para se dedicar a acabar os que os outros não saberiam,incultos sopistas de tais saberes.
RE mostrou assim ,que é um sábio,sabido, a merecer continuar «Príncipe».Pois que não tendo atributos para ser «rei», inverte pragmaticamente a máxima e guia-se por :
" mais vale príncipe muitos anos ,que rei apenas por uns dias".

Perante sobre tudo o que acima reflicto, teria eu alguma duvida em que o «Príncipe» do burgo viesse a ter, de novo, uma aceitação esmagadora?
Então por esse País fora não foram vistos até á exaustão muitos «principezinhos» para quem a arte da política não engloba a fidelidade aos valores, morais,éticos e civicos, afadigados em demagogia desmiolada, a justificar que todos os meios são válidos para alcançar os fins...numa fuga atabalhoada para a frente?
Aqui,(em Ílhavo) foi apenas a representação de mais um dos episódios maquiavélicos da arte política de bem cavalgar o poder (a de manter-se como num rodeo, o maior tempo na sela, sem se ser atirado ao tapete)
Aladino
NB-Parece que a «maquiavélica» personagem ,terrivel convencedor de «Principes» para obter as suas pretensões, só não terá tido muito êxito com Catarina Sforza.Depois de uma noite passada com o travesseiro,Catarina logrou desfazer as promessas da véspera,exigindo bem mais dinheiro ,a Maquiavel, pelas suas tropas.O que teria levado o jovem (Maquiavel) a restar ciumento do travesseiro,por este,afinal, ser mais bem maquiavélico que ele próprio.
Terá sido deste episódio que se admite, tenha vindo a ideia «maquiavélica», de que um bom travesseiro vale bem mais que um bom regaço.Por vil seja tido quem a isso der mau sentido.

sábado, outubro 10, 2009


Dia de reflexão ?
Antes fosse ..

Porque se o fosse eu sabia de fonte segura que amanhã esta santa terrinha se libertava de um terrível pesadelo.
Mas as gentes cá do sítio não são muito dadas a reflectir. Decidem por impulso, certamente que é mais seguro ter um «sanapaio no quete» que dois bacalhaus á borda.
Quem não precisa de reflectir sei eu bem quem é.

Por falar em reflectir

Interroga-me uma leitora se aquilo que escrevo reflecte a pessoa que sou?
Provavelmente chocada, ainda, com umas liberdadezitas que deixei voar,e que, ao que parece, fizeram corar e até ofenderam - vá de retro!- muitos espíritos.
Descanse a leitora.
Não!.. o que escrevo não reflecte o que eu sou, mas sim o que gostava de ter sido.
A vida ,minha cara, nunca nos deixa ser o que desejávamos ser; viver é tentar ser o mesmo, sem nunca ser igual. A escrita(ou outra qualquer expressão de arte) é que nos deixa ser exactamente como pretendíamos ser.
A vida tem pouco de estética; muito mais e apenas «do possível». Eu por mim tentei sempre desesperadamente ser livre; mas, o mais que consegui, foi não perder a ideia de quem sou. Foi isso apenas que consegui salvar. Não desgostei da vida que amassei; mas ninguém me pode impedir de sonhar.

E já agora ,criticado por sonhar…
Pois assim o fui. Falar de amor, e sobre ele poetizar aos setenta, parece ser ofensivo.
Sorrio-me com doce perdão. Tão novos e já precisam de «viagra» para sonhar.
Mas não ficaram sem resposta:
-«Éh pá o que me espanta são as V/ poesias de luta parada no tempo; nem lutaram nele …nem deixam que outros ousem fazê-lo, com outros argumentos». Mudem lá de cassete…
Olhem! :-eu por mim «saio de cima» logo que a V geração mostre «argumentos»….Mas enquanto puder falo de algo sem o qual não vale,de modo algum, a pena viver.

Obama e o Prémio Nobel

Este Nobel foi claramente um sinal de esperança. Concedido não pelo que foi feito mas por aquilo que todos desejamos ardentemente aconteça.
Na Europa ,já todos percebemos a era dos grandes Estadistas já se foi.Por isso a Europa atravessa uma crise de valores, que é temível se de repente ,tal como sucedeu na América não aparecer uma figura mobilizadora. Obama apanhou a América na crise maior da sua história(depois de 1929).Mas ao ouvi-lo defrontamo-nos com uma personalidade que nos toca ,porque tem uma capacidade verdadeiramente de dizer as coisas difíceis de um modo tão claro e incentivador, que nos faz ,de facto acreditar no «Yes we can».
Vê-se que não é um papagaio falante; mas alguém que tem um discurso de uma racionalidade inultrapassável.
Claro que a tarefa que tem pela frente é de uma complexidade assustadora. Nunca os EUA estiveram tão fracos, e principalmente assustados. Muitos parecem querer ,só e apenas fechar-se no seu quintal e importarem-se pouco com o que vai no quintal dos vizinhos.
Ora uma Europa sem os EUA é um território politico sem força para defender as suas ambições e até as suas fronteiras.
Obama não é só um referencial de esperança para os americanos. É-o também para os Europeus. Os chefes políticos desta velha europa perceberam que não podem mais correr os erros de embarcarem, de novo, nas aventuras de um qualquer «Busch» inapto, irresponsável ,impreparado e troglodita. Por isso ofereceram a Obama esta prenda (o Nobel) como que a dizer-lhe :pode contar connosco.
E é verdade. A paz e a sustentabilidade ambiental, do mundo, tal como o conhecemos, está como nunca depositada nas mãos de um só homem. Tarefa tamanha para um Homem só…mas a história assim o ditou.
E se este falha …
Aladino

sexta-feira, outubro 09, 2009

As palavras que nunca LHE cheguei a dizer….

Dói-me esta saudade
Do tempo em que em ti morava.

Dói-me a imagem
Dos teus lábios carnudos
Que eram de rosa aveludados.
Túmidos a implorar que os trincasse,
Em tropel furioso de tantos beijos.

Enfeitavam provocantes
O teu bonito rosto
Deixando adivinhar promessas de novas madrugadas;
Onde corpos em dança desencontrada,
Unidos por bocas em paixão,
Se entrelaçavam numa luta de sombras desassossegadas.

Meu amor
Chega-te a mim
Vamos juntos marear.

Se a ria quer morrer no mar
A soluçar de saudade,
Deixa-a ir….

Eu quero viver em ti.
Postado na varanda do teu olhar
A olhar o céu,
Para lhe roubar as estrelas
E com elas enfeitar
O sonho real de te amar.

SF ( sem data)

quinta-feira, outubro 08, 2009

Só me faltava mais esta papalvice…

Nunca digas desta água não beberei….É bem certo.
Andei uma vida sem «patrão». Pugnei sempre por ser um pássaro que nunca se deu ou se adaptou, ou mesmo se aquietou, ainda que a gaiola «fosse de ouro».
Gaiola para mim foi, sempre e só, o que a minha consciência me ditou.
Afinal bem preguei aos peixinhos . Oh! «Pe. Tóino» anda cá baixo um instante -porque a mim ainda não me dá jeito ir aí, aonde estás-para me explicares como fizeste, para que eles (os peixinhos, bacalhaus incluídos) te prestassem atenção, já que os homens preferiam os prazeres das riquezas mundanas, a ouvir as tuas pregações? Como pode ter acontecido que nem eu próprio fui ouvinte atento – e seguidor – das minhas pregações? É bem certo «faz o favor de fazer o que eu digo, não olhes para o que eu faço».

E zás….Então não querem lá saber que me «contrabandeei» para o Ribau?
Assim foi. Tomei hoje conhecimento de ter sido «nacionalizado ?!», o «CASCI»
Por via de tal resolução, «administrativamente decretada», eu serei – pois então?! – desde já um devoto, fiel e submisso trabalhador para o novo «Patrão» Ribau Esteves. Ainda me hão-de ver de mão em riste a fazer o sinal dos dedinhos( a gaita é se me engano e faço como o Ministro Pinho).
E porque esta será talvez a notícia mais marcante do dia deste pantanal -e da campanha - não perco a oportunidade de aqui a anunciar em primeira mão, ainda que a vontade de me meter nesta bagunça, seja nenhuma.
Vamos lá a explicar:
Fizeram-me chegar, hoje, às mãos (embora a tenha lido com os pés!) a entrevista ao «Diário» das Beiras, onde entre muitos delírios, o senhor Presidente declarou que o CASCI integrava a (sua) obra grandiosa e inigualável, digna de se poder mostrar ao mundo; tal e qual como o Hospital de Cuidados continuados (. Hoje não acontece por causa da revolução que fizemos(...). Quantos concelhos têm um Hospital de cuidados como o nosso, ou instituições de apoio à deficiência como um CASCI?- assim disse, mais exactamente, o Senhor Presidente
Parece pois que o CASCI tem, finalmente, um «dono».
Convenhamos :
O iluminado não é tonto «na sinhor»: avaliando o CASCI, este vale bem, (por baixo se pensarmos que o tal Hospital quando for pago, custará 5.000.000 €- cinco milhões de euros), - 30.000.000€-trinta milhões de euros!...Vale-os com certeza.
E como está tudo pago -naquela casa (tudo!!!!),o que se fazia pagava-se- com esforço dos que o fizeram sem ajuda da «senhora Câmara»-e muito menos de RE- ,a divida prenha da Câmara ,avaliada em 40.000.000 €-quarenta milhões de euros!!!) estará, pela entrada do activo CASCI, praticamente saldada(faltam só 10.000.000€)
De onde viriam os dez milhões que faltam?
Hellas! -diz o brilhante gestor: tal como o Benfica com o fundo de capitalização dos seus jogadores, a Câmara de RE utilizaria os activos (o pessoal) que viria do CASCI, colocando-os em Bolsa, e zás…Saldo ZERO.
Eu lá estou incluído no rol. Valho pouco mas …sempre dava para uns trocos! O mundo capitalista está farto de valorizar o mau papel. Porque não o voltar a fazer.
E eis como um pássaro livre,depois de velho, vai vassalar príncipe tão belo e sabedor.
Aqui há justiça grande. Castigo merecido: iustum enim est bellum quibus necessarium (justa é,de facto a guerra para aqueles aos quais é necessária).
Senos da Fonseca

.

domingo, outubro 04, 2009



«Costa-Nova-200 anos de História Tradição»
Quem faz um filho fá-lo por gosto….

Hoje é, exactamente, um daqueles raros dias em que pedi tréguas á vida. Informei mesmo a família que não ousasse perturbar-me a liberdade de uns momentos só meus, a fim de fundir numa só resposta o muito que tenho a agradecer a tanta – é que foi surpreendentemente tanta! –gente amiga que se me tem dirigido a propósito do livro «Costa-Nova -200 Anos de História e Tradição».
Eu e o CASCI sentimo-nos recompensados: um dia e meio (dois!)foi o tempo bastante para que este ultimo amealhasse umas significativas migalhas, importantes para o inesgotável e nunca suficientemente consumado fim, de prática solidária, activa. Eu sabia que as migalhas viriam para confortar o alforge e prover, assim, a necessidades urgentes. Desejava-o muito. Mas que concluiríamos a tarefa em apenas dois dias, essa era apenas a ambição que guardava, secretamente, apenas e só, para mim :-a de bater o livro «Ensaio Monográfico de Ílhavo», que levou, mais ou menos, um mês a esgotar.
As muitas – mesmo muitas! - reacções despertadas pelo livro que constantemente me vêm chegando, levam-me a intuir que os dois livros provocaram reacções e simpatias diferentes: o «Ensaio» interessou (sinceramente, creio, que vivamente), só a alguns .Outros guardam-no como documento no convencimento da sua validade futura. Satisfaz-me qualquer que seja a opção. (Vou definitivamente acertar com a Editora a sua reedição, para o ano).
Já o livro «Costa-Nova», esse, mexeu com as pessoas, avivou-lhes as memórias há muito fechadas a sete chaves, gravadas no mais íntimo de cada uma à espera de serem sacudidas. Estavam guardadas, mas não mortas. Ninguém melhor definiu essa provocação como aquela amiga que se abeirou para me dizer: - o teu despudor mexeu comigo. Despertou-me…tanta recordação. Ao ler o livro foi como se me puxasses pela mão a dizer-me: anda, vem daí sonhar…
Vou pois então tentar responder a todos os que de longe – mensagens, cartas ou telefonemas – ou de perto, directamente, me interpelaram. Todos me embaraçando com a sua apreciação….Embaraçando, é exacto.
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Na apresentação a amiga Zita Leal, poeticamente, sem que nunca - mas nunca!- os dois falássemos do livro, insinuou, anteviu ou percepcionou, algo de muito exacto e verdadeiro: este livro (disse) pareceu ser a fazedura (digo eu) dum filho.Afirmação transcrita na comunicação Social e que, parece,veio para ficar.Digo propositadamente fazedura e explico já porquê.
Um filho é a coisa mais fácil de fazer (eu sei…eu sei…?!): às vezes até por distracção acontece. Ora foi exactamente como aconteceu com este livro. Andava há muito a ser desejado -é certo - mas nasceu de um impulso repentino, descontrolado: brotou de mim num ápice, não custando nada a consumar. Foi um delírio tremendo, um verdadeiro e repetido orgasmo que me endoidou horas -dias!.. semanas! - na intenção de partilhar o prazer com alguém. Um mês ? Creio que sim, mais coisa menos coisa.
A Zita chegou a ruborizar-me quando afirmou que o ora nascido teria saído de uma relação de amor,(minha), com a areia da Costa-Nova. Os poetas sonham, figurando! Poesia pura ou questão semântica na utilização da preposição?
Ora manda a verdade dizer, já que falam nisso,
(…)que na areia da Costa-Nova aprendi todos os saberes –muitos!- dessa coisa a que se chama «amor»: esta confissão, é, de facto, entrevista no livro. Eu pensava que passaria despercebida.
Pois foi lá nas suas areias, debaixo da lindeza do seu tecto estrelado, enquanto prometia, não um dos seus adornos, mas uma mão cheia de estrelas à «amada» da aventura, que nas cálidas noites da Costa-Nova, ao tempo em que identificava no céu a estrela mais bela para ofertar à deusa, a enloilava e amaciava, usando a subtileza do jogo de mãos na procura (consentida e partilhada) de acariciar, pousando-as em cada saliência ou reentrância, no delírio de amar. Hoje, esgotado o stock de estrelas, consumido em tantas promessas, é já certo nada ter para ofertar de belo.
E também foi no leito da sua areia que percebi rapidamente que as bocas não são só para se tocar, mas para se morderem, num desaforo sôfrego, audaz e incontido, no «trauto» do beijo: mistura frenética do enlaçar de línguas empapadas de areia que nos despertava outros desejos bem mais suaves, mas não menos sôfregos.
E foi ,ainda,no areal da Costa-Nova que aprendi a agarrar no meu amor e a levá-lo no voo dos pássaros que nos espreitavam, ciumentos, ao encontro da graça dos anjos :-ao céu!.

Acesa a fogueira, foi por ali, tantas vezes, que me imolei, voluntário, a me deixar estorricar no brado tumultuoso das labaredas que os nossos corpos alimentavam.
E foi também lá que aprendi a colher as pétalas da rosa escondida no tufo que cobre o ventre húmido, sequiosas de serem desfolhadas, umas vezes sob um luar prateado a ofuscar as estrelas, outras sob arrufos de água que espargiam os nossos corpos, arrefecendo-os do doidejo estouvado.Insuficientes contudo para pôr fim ao desabuso e desacoitá-los.
Razão tem a amiga Zita: fui uma meretriz das areias da Costa-Nova. Ponto final….
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Quando senti pelos sinais exteriores que aquilo -a história da Costa-Nova - ia nascer, começaram as angustias habituais. Só que desta vez muito mais intensas. Quase me recusei a assistir ao parto, temendo que o menino (o livro), mais do que me desiludisse ,desiludisse a família .A extensa família dos «costanovenses».
Nascido, nem me atrevi em pegar-lhe ao colo (a abri-lo) com medo de lhe descortinar alguma má formação genética . E hoje dorme descansado sem que ouse estorvar-lhe o sono repousado na prateleira.
Quero-lhe tanto que tenho temor de o acordar.
E percebo então agora- e só agora !-a razão porque o meu Pai nunca me pegou ao colo,quando era bébé. Porque temia deixar-me cair!. Só um Pai é capaz de tal sacrifício.
E mais..,
entendo agora também, e muito claramente, que o meu Pai se tivesse zangado com um familiar, quando este viu o «seu» pimpolho, e predestinasse : «vai dar um homem grande».O meu Pai queria iludir-se, e ouvir, afinal, o trocadilho. Mas o primo tinha razão. Homem grande( como está á vista…) e nada mais do que isso.
O «Costa-Nova» também não é, nem vai ser - mais do que isso.
A determinada altura da gestação dei que o livro começava, ele também, a ter fotos a mais. Estava aos meus olhos pesado. Insistiram que não…que deixasse o catraio nascer assim mesmo…
Acontece que muitos que se abeiram, agora, para me dizer:- «O livro é tão lindo!»,devem ficar intrigados com a minha fugidia (e enfastiada) resposta :- pois..pois, não consegui ir mais longe. De qualquer modo, reconhecido.
É que mal sabem eles a ferida que a sua gentileza reabre, a ponto de doer.
Eu queria (só!) que o livro fosse bonito por dentro (bonito pelo prazer da sua leitura). Essa foi a minha aposta.Pouco (ou nada mesmo ) preocupado com o a beleza estética da aparência (para mim sempre apreciação secundária).Eu gostaria de ouvir (e ouvi, felizmente) que o livro era bonito de se ler. Disso,sim, gostei. Com isso me envaidei.
Não sei e nem perco tempo a pensar nisso - se todos o apreciarão.
Um «filho» que acaba de nascer, tem para nós a promessa de ser ainda melhor que todos «os outros». No caso, sem enjeitar nenhum «dos outros», este talvez seja o preferido por ter a cor dos olhos do «pai»: azul, como o azul insuperável da «Costa-Nova», fascinantemente doce que me alimentou a vida, mas que não me mata a fome dela, tanto ainda me consome.
A todos os que me quiseram dar merecimento da sua simpatia o meu obrigado.

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Sem referir os muitos que me contactaram,abro uma excepção para o «Kilino» (pseudónimo de António Lino, um amigo dos bancos da escola, muito próximo, que partiu, rapazito ainda para o Brasil, e por lá ficou. Era o António Lino,que morava no Pedaço, colega de escola, companheiro inseparável de todas as horas de juventude .Pois o livro «Costa-Nova» trouxe-o até mim, de novo .No seu Blog
www.kilino.net
(...)
Tenho um BLOG (www.kilino.net). Nele divulgo a nossa TERRA, critico políticos e futebol, mostro o Rio de Janeiro,escrevo sobre mim, faço versos e prosas e tem em seu meio vídeos de rir, etc...Este teu velho companheiro de um passado já distante mas nunca esquecido, espera que recebas estas minhas noticias para recordares nosso saudoso passado.
(....)
António Lino indica-nos a linha editorial do que faz..
«Costa-Nova» foi o motivo que o despertou para o contacto. Leiam o Blog do Kilino, e podem ter a certeza que valerá a pena.
E por aqui me fico ,antes que avance em outras confissões….

Senos da Fonseca (Out 2009)

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...