sábado, novembro 30, 2013





 

De: Mim

Para.: Ninguém

(Qualquer semelhança entre este exercício, e  alguém, é pura coincidência. Ninguém é  de ninguém.)

 
Sábado do meu descontentamento

 
Começo a despertar e a dispensar-te do meu pensamento.

O que fazes ostensiva em nome dum «mata à fome»,começa a deixar que se não refugie, em  mim,  a «minha» imagem de  Ti ( não o que és...)

Afinal constato, tu nunca poderias ser, o amor que idealizei, tu poderes ser. Verdadeiro lapso, que a mentira deixou sobreviver. O fazer de conta não duraria.....uma mentira continuada.

 
E é assim: amo-te como aos poentes. Ou o luar à noite. Com o desejo que o momento exista, mas que não fique. Gosto da sensação de vê-lo ,mas já não, de o ter .

 SF  NOV 2013

domingo, novembro 17, 2013



Mapa  de 1783(5?)

Se os anteriores mapas publicados,referentes à Laguna de Aveiro e às vicissitudes ocorridas na zona mais instável  da sua área geográfica,são  preciosos –porque pouco ou nada divulgados –o presente mapa é,a nosso ver,de extrema raridade.
 
Mapa da Barra da Vagueira de 1783
 
Tenho mesmo pena de, aquando da edição de João Sousa Ribeiro[1] não ter possuído esta imagem cartográfica –e tanto a procurei! – pois ela é,sem duvida,a melhor representação que conheço da Barra da Vagueira. Que veio resolver a grande crise lagunar do Séc. XVIII, salvando vidas, libertando as populações da tragédia das pandemias -que dizimaram cerca de 2/3 da população na região – trazendo de novo vida á Laguna.Permitindo o reinicio do sonho das gentes.
Mas  o mapa levanta algumas questões curiosas, que assinalo:
1-      A representação incide com clareza e evidência, sobre a barra da Vagueira, aberta em 1757 a expensas totais por essa figura ímpar aveirense, o Capitão  mor João Sousa Ribeiro, para nós a maior figura da história de Aveiro. Ombro com ombro a José Estevão.
2-      A representação  assinala com rigor a  veia do canal mais profundo. A largura da barra que chegou a ultrapassar as 250 braças, permitia, ainda à data,   fácil acesso e boa manobra interior a navios de alto bordo.
3-      Contudo detectava-se já um problema de instabilidade nas imediações da Barra.O cabedelo norte começava a desaparecer, e corria-se o risco de romper, desfazendo a barra.
4-      E é por isso que olhando atentamente o mapa se nota marcado em duas linhas XX (avermelhadas),  uma obra projectada de intervenção, que consistiria em fazer um paredão de ligação do cabedelo à ilhota central, o que desviaria certamente as águas, evitando a pressão sobre o cabedelo. 
Aqui  envio esta preciosidade, mapa que como os anteriores(e outros a chegar) me foram gentilmente cedidos por Rui Bela, do seu acervo RIALIDADES:
 S F  Nov 2013





[1] Fonseca,Senos in «O Pai da Pátria João Sousa Ribeiro»

sexta-feira, novembro 15, 2013


Mapa de 1867


No seguimento do mapa ,cópia rara,que mostrámos no ultimo blog,vimos agora  trazer nova carta representativa da zona da Ria de Aveiro,em data próxima ao final do Séc XIX(1867),registo muito curioso  a  que raramente se tem acesso,e onde se podem analisar as seguintes particularidades da zona envolvente da  barra aberta, em 1808.
 
 
Registemos:
1-      Nesta representação pode ver-se o dique que cortava as águas para o Canal de Mira (comportas).E foi sobre ele que irá ser executada a 1ª ponte das DUAS ÁGUAS (1861).
2-    Nesta representação é já assinalada a ponte da Cambeia, que dava acesso á estrada para Aveiro,construida em 1865.
3-      O Farol da Barra de Aveiro, logicamente, não nos aparece representado,pois  à data, estaria em construção (que só terminaria em 1893).
4-     O Canal de Mira aparece-nos praticamente assoreado,sem ligação franca ao mar.Situação que só seria corrigida com as obras no «Triangulo» da separação das duas águas,e o retirar das comportas.
5-      Curioso ,sem duvida,é o  rigoroso desenho da ilha do Posso,que foi pertença de João Sousa Ribeiro[1]e a ilha do Monte Farinha.
6-      Pode detectar-se o que mais tarde viria a ser o esteiro(canal ) de Oudinot,embora  com um traçado ligeiramente diferente do existente até ao século passado.
7-      Muito curiosa, a restinga situada atrás do Forte (Novo),praticamente dividida em duas por uma entrada de águas.Esta restinga corresponde à zona onde hoje se situa o Porto Comercial.
Pelas razões expostas,e porque o mapa é uma raridade(feito chegar ás minhas mãos por Rui Bela),julgo de interesse a sua divulgação e as  minhas chamadas de atenção.

 

 SF- Nov 2013

 

 

 

 



[1]  Fonseca,Senos -«O Pai da Pátria»- João Sousa Ribeiro

domingo, novembro 10, 2013



 Ao  crico....

Em um destes dias da semana, que hoje termina, logo de manhãzinha, aprestava-me eu para o exercício físico diário, matinal, fiquei pasmado como espectáculo que se me deparou, ainda mal tinha transposto a porta.


Dezenas e dezenas de pequenas embarcações apinhavam-se na c’roa da Biarritz. Na sua beirada  uma multidão de gentiaga gadanhava com as cabritas as areias que a maré punha a descoberto.

Olhando mais para Sul,constatei existirem outros dois grandes bancos de pesca  da apanha do crico: – um em frente à antiga mota das barcas, e um outro já embrenhado no canal de Mira.

Fui observá-los, tentando fazer um calculo das embarcações envolvidas neste esforço de pesca :  eram cerca de 250,num total de MIL!!!!!mariscadores(e mariscadeiras) embarcados.
Espectáculo deslumbrante. Uns nas bateiras(ou chatas que hoje substituem o bateirame),cabritando de dentro; outros na c’roa, gadanhando,enquanto o mulherio  passava o crico   para as nassas,  para logo depois o lavarem à borda,ensacando-o de imediato.

Abordando uma tripulação, inquiri qual seria a média da apanha por embarcação. Cerca de 200kg!!!.Isto significa, apenas, que neste canto da Ria se pescam por maré mais de 5 Ton,que segue logo para Espanha.

Ora se pensarmos que do outro lado (canal de Ovar) o esforço de pesca é igual, senão maior, constata-se  como ainda hoje a Ria é, um celeiro  pródigo para a sustentabilidade da pesca artesanal.Cujos réditos  superam  o valor vendido em lota, da pesca costeira. E há que admitir que se calcula que no referente à apanha da ameijoa, apenas um quinto do valor apanhado passa pelas malhas do controlo.

Durante toda a semana tem sido uma azáfama. A apanha continua e o berbigão está simplesmente esplendoroso.










Esta apanha do crico (trato deste assunto no livro «Bateiras», em fase de conclusão), vem de tempos longínquos, tendo sempre uma importância fundamental na actividade piscatória (tendo  sido  criada, mesmo, uma embarcação própria para a sua apanha:- a Berbigoeira.


 

 

                                                                     Berbigoeira c/sarilho

Enfim: do meu terraço o dia surge esplendoroso de vida. Bendito o sítio que em tempos escolhi .Aqui sinto-me defendido das agressões da vida. Rendido à  grandiosidade  da natureza, com o olhar encharcado  desta   luz     imaculada,a   sublinhar e dimensionar  estas figuras            humanas. Por vezes dando-me a ilusão da eternidade.
SF  Nov 2013
 

quarta-feira, novembro 06, 2013





   Mapa de 1801


Através do Rui Bela que consistentemente vai acumulando o mais extraordinário espólio sobre a Região, vieram parar-me ás mãos ,para decifrar, três preciosidades.

Hoje exponho e comento,a primeira: o  mapa de David Rumsey e Jonh Carry que se pretende seja de 1801.


                 



 Ora este mapa, datado de 1801,curiosissimo,de uma raridade assinalável , levanta-me uma série de dúvidas:

           1- Atente-se que o nome de Aveiro,refere uma hipotética designação de ou Nova Bragança  .No meu livro «O Pai da Pátria- João Sousa Ribeiro» relato este acontecimento p 137. E se é certo que o Prior da igreja de S Miguel,com medo das represálias do Marquês de Pombal  após o regicídio de  1758 sobre D  José I, alvitrou a hipótese da mudança de nome, o certo é que oficialmente, tal propósito nunca tal aconteceu, E como referido no livro  referido, foi precisamente  por interferência de João Sousa Ribeiro que Aveiro -Villa, foi elevada a Cidade. Não é pois compreensível a referência  no Mapa.
 
            2- A Barra, na posição que tem hoje, e que corresponde ao que está representada no mapa, só foi aberta em 1808.Como poderia então estar já formada como se representa no mapa? Nessa data -cerca de 1800 -em melhor ou pior estado, a barra, era a aberta pelo referido Cap-mor João Sousa Ribeiro  (1757) próximo da Vagueira. Por isso a data de 1801 parece-nos absolutamente errada.

             3-Muito interessante é sem duvida  a baía referida com alguma exactidão no Porto de Mira.
Duvidamos contudo que nessa data a  baía, tão larga e espaçosa (foi um portinho de média dimensão que serviu a Gândara),ainda existisse com aquele aparato. Esta representação parece-nos recolhida do mapa de Joan Blau (1665),onde aí sim, o Porto de Mira é assim desenhado.

              4-O Mapa ,contudo, tem uma preciosidade. Marca como nenhum outro até à data ,que conhecemos, o nome de todos os lugarejos.E salvo uma ou outra discrepância ,parece-nos correcto.
 
                    E assim sendo, apenas duvido da exactidão da data que lhe é atribuída.

     SF (Nov 2013)

 

sexta-feira, novembro 01, 2013


E porque hoje fazias anos.....lembro-Te


Olha amor!
Anda! … junta as tuas mãos
Mete-as aqui aconchegadas nas minhas
E vem fazer o que tantas vezes fizemos, sós:
Vamos falar aqui baixinho
Como que a rezar ( o que eu nunca soube fazer)
Mas baixinho ouves melhor a minha voz.

Partiste há uma imensidão de tempo.
E nesse tempo turbulento e desesperante
Nunca soube ao certo de onde soprava o vento.
No recanto dos  teus encantos, procuro-te a cada momento.
Olho para a ria, onde vejo cintilar os teus olhos verdes
E neles o reflexo das estrelas, estilhaços do coração
Então o nada será tudo…serão farrapos da emoção(?)

Tenho trabalhado, mas sem ter a tua crítica
Não consigo distinguir o bom do mau.
Ai daqueles que como eu perdem o ajuste!
Nunca mais o seu trabalho será alegria.
Nem o sono, acredita, disfarce de doçura
Não há  mais  noites de ternura,

Exprimir-me mesmo ,para quê?
O muito que tinha ainda para te dizer
Melhor será nunca ficar dito.

Olha amor:
A renuncia por vezes é bela!
Mesmo que por vezes seja dolorosamente fria
Porque aqueles que me ouvirão
Não amarão o que eu digo
Com os ouvidos com que tu me ouvias.
Se era erro: – lixo. Se era fantasia, amor, loucura paixão
Iam para o álbum.
Tu foste sempre a decisora das minhas grandes decisões
Tu foste a doçura de um longo passado
E se o recordo é porque Tu estás sempre presente.

SF- 1.11.2013 (dia teu aniversário)

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...