terça-feira, julho 29, 2008

EMPRESTAR A RIA (?!) ,OU VENDÊ-LA.
Eis a questão.

Ontem, numa interessante Tertúlia – pelo que ela teve de confronto de posições – falou-se de coisas que poderão comprometer ou descompremeter o futuro da Ria de Aveiro.Na mesa – melhor do lado de lá – estiveram os que alcandorados a postos desenvolvimentistas, tinham -ou têm – por missão, no cumprimento das suas tarefas, o pugnar pelo futuro dentro do modelo estritamente económico, a que se ligaram. Eu compreendo-os …Presentes o Presidente da A.P.A e o Presidente da, ainda, Rota da Luz. E ainda, a questionadora, a Profª D Fátima Alves, que não deixou de colocar pertinentes questões, especialmente à catadupa de planos com que se vem brindando a Ria, baralhando-se uns aos outros, entrechocando-se, rapidamente caindo em saco roto, por inócuos.
Espera-se para breve a definição exacta do Órgão que virá gerir a Ria. Que terá de ser totalmente independente dos interesses que se movimentam em seu torno. Entregar esse órgão à disputa Autárquica, é passar um certificado de óbito à Laguna. Conciliar as pretensões válidas daquelas, as da A.P.A, as da pesca Artesanal, no sentido da utilização da Ria como área privilegiada de gozo da Natureza protegida, a manter a todo o custo, será a função exigível ao referido Órgão, que deverá gozar de autonomia, ser desburocratizado, mas acima de tudo responsável. E se fosse possível – deve sê-lo! – despartidarizado.


Ficou ontem claro que a sociedade civil exige a defesa intransigente da Ria, mantendo e preservando e melhorando, todas as suas virtualidades: - que são imensas. E mostrou ali na amostra, que repudia planos irresponsáveis e ofensivos à estabilidade e integridade lagunar. Vistam a roupagem que vestirem. Mesmo aos que mascarados de cordeiros, à primeira distracção mostram a dentuça do lobo mau. (Para que serão tais dentes ?!).

O P.I.B.A (Projecto Imobiliário da Barra), mascarado com uma Marina, é claramente o produto de mentes subordinadas aos interesses de grupos económicos, o (reles) resquício do 25 de Abril que tarda a ser extinto. Mas será, não tenhamos duvida. Aquele insulto, hoje, mercê da informação saída do esforço de contestação de há quatro anos, tem a absoluta oposição dos que se preocupam com o futuro da Ria .Valeu a pena ! Curiosamente o Presidenta da APA, no seu direito de contraditório, foi o único ponto da charla em que optou por nem sequer pretender, nele, falar. O que quererá dizer este silêncio?.
Seria interessante saber-se…É preciso estar atento. O polvo ainda mexe.

O Dr. Pedro Silva tem o discurso na ponta da língua. Só que o mesmo não resiste ao primeiro embate do contraditório.
Turismo de massa , captação de operadores, «venda» da marca ,etc. etc. ,é saber advindo das teorias de marketing turístico ,lido em qualquer revista. Mas não é, certamente, o modelo para «emprestar» -não o «vender» –, a Ria de Aveiro. O Dr. Pedro se mais actualizado pelo que vai no mundo turístico, se estivesse atento, saberia que a sua grande preocupação deveria ser a de planificar a «CULTURA DA RIA DE AVEIRO». Hoje o turismo começa a transmutar-se para este tipo de nova paixão, que a Internet ajuda a promover. Ora a «Cultura da Ria de Aveiro» – muito para lá dos passeiozinhos ridículos do vou ali e já venho – é de uma riqueza inigualável: a cultura lagunar, das suas gentes, dos seus costumes, das suas tradições, das suas artes, da sua natureza, limpa e límpida. Emprestemo-la para usufruto de alguns, mas guardemo-la, como jóia, com uma relíquia que é, e queremos que seja: -NOSSA.

Quanto á Professora Fátima Alves, eu percebi a sua desilusão com tanto plano. Mas os académicos são, em parte, os culpados. Custa a entender que dificilmente se encontrem, em Portugal, dois sábios com posição idêntica sobre o mesmo assunto. Então poderemos dizer: se um é sábio o outro não o é, de certeza. Verdade Lapalisseana.

Sabe Profª(?) os sábios anda muito promíscuos, eles também mais interessados em vender o seu saber, assoldando-o, do que usá-lo para o bem comum. E a verdade é que os sábios custam muito dinheiro à comunidade. Devem-lhe por isso, respeitoOlhe Prof.ª !.

Pessoalmente não gosto nada da promiscuidade entre a Universidade de Aveiro e a APA.

Acabo: -a Ria de Aveiro foi a circunstância das gentes que somos; que sejamos agora nós a circunstância que lhe proporcionará o remoçar...
Só isso....remoçar...

Valeu a pena, a Tertúlia de ontem. E de continuar. Já o vinha dizendo há um bom par de anos. Talvez repensada, para o período que se avizinha.

Senos da Fonseca

domingo, julho 27, 2008

Senos da Fonseca, errou no paragrafo 8º

-disse ELE (R.E)

Sem direito a contraditório, direi eu,agora, plagiando o meu antigo professor, Dr. Euclides :

-Abóboras …presidente…abóboras .

Não sei se R.E. pensa (?) –é difícil o acto de… eu sei-o … –que alguém ainda o leva a sério. Porque normalmente R.E., não pensa, fala! «E quem fala muito…pouco acerta» lá o diz o opiniático povinho

Porque entendamo-nos,

O paragrafo 8º do Prefácio a «Ângelo Ramalheira –O Rigor Cientifico Numa Personalidade de Eleição»,diz..
(…)
Ora, é a estas comparações que os farfalhos temem sujeitar-se, preferindo deixar os exemplos fechados nos arcazes onde repousam memórias, que não querem recordar..Débeis, temem as comparações. Vivem do escalracho poluído da retórica balofa. E isso lhes basta. Pobres de espírito…
(…)

Disse, e volto a afirmá-lo .

Vejamos :

Já lá vai praticamente meio ano, quando foi feita informação à Câmara da pretensão de honrar o Eng. Ângelo da Graça Ramalheira ,um ilustre «ilhavense» que aquela -e Câmaras anteriores - tinham, pura e simplesmente, descartado.

E solicitada ,então , a cedência de uma Sala para a evocação .E mais:

Sugerido, fosse atribuído o seu nome a uma artéria, e ou praça – tendo-se indicado dois locais - para memória futura.Justificadas as razões.

Parece-me pois, que meio ano ,seria suficiente para decidir, na matéria .Ou não seria?

Os «farfalhos » são pois, muitos e variados….e não só R.E..Cada um que enfie a carapuça...

Só há duas razões para explicar o esquecimento :ignorância ou temor .

Ignorância no caso, não!.Tinham informação, mais do que suficiente.

Outras desculpas –reactivas - remetendo «a coisa», para o modernaço thinking , metendo-a no baú pejado de teias de aranha, é escalracho poluído de retórica balofa .Repito-o.

Enganei-me ?!. Ora ..ora …isso queria eu, pensar «de que»….


O caso é só com Ângelo Ramalheira?

Que o fosse, e já seria merecedor de censura. Mas não é…

Querem outros exemplos:
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Euclides Vaz ,um portentoso escultor, dos mais notáveis do séc. XX, do seu país, onde está lembrado?

Frederico de Moura, um «ilhavense ,aveirense ,vaguense », um espírito humanista de dimensão invulgar, homem de superior cultura e rara capacidade em a tratar de vários modos e em várias vertentes, onde está lembrado?...

Manuel Ferreira da Cunha, incansável lutador pela sua terra, espírito cientifico(*) reconhecido pela França e Itália, feitor da desanexação em 1893, onde foi referido na tardia evocação do acontecimento.E onde está lembrado?

Luís Barreto ,o demiurgo da Costa-Nova, onde está lembrado ?

Filinto Elíseo, de quem crítico de literatura, Teófilo Braga, disse ser o maior cultor da língua portuguesa ,depois de Camões e P.António Vieira; sobejamente enaltecida a sua grande qualidade poética por Hernâni Cidade, no que foi seguido por Camilo, Mendonça Figueiredo etc etc-Filho de «ílhavos».Onde está lembrado?

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Não. Não fui excessivo. Fui apenas - e uma vez mais !- tolerante.

Engolindo sapos …
Mas pelo eng. Ramalheira, um sapo sabe-me a doce conventual.

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E agora que já sabe…?!

Venha lá esse livro .Ao contrário do que pensa,não me amofina.Empolga-me saber que fui o causador, reactivo.

Sabe que mais?

Abóboras….Presidente …abóboras…
Senos da Fonseca

(*) Sobre Manuel Ferreira da Cunnha consultar www.senosfonseca.com na janela FIGURAS

sexta-feira, julho 25, 2008


MARX, cada vez com mais razão.



Mário Soares é citado, hoje, na Comunicação Social, a recuperar Marx.

Parece que andou muito distraído.

Neste Blog -creio que já no ano passado – levantei a mesmíssima questão. Precisamos de recuperar uma ideologia, senão, será o descalabro total.

Marx estava correcto nas suas teorias. Foram é mal aplicadas.Isto é hoje claro: a aplicação prática do marxismo na União Soviética – Marx julgava que a mesma se iria concretizar num país industrialmente desenvolvido, como por exemplo na Inglaterra – deu cabo das boas intenções – e ideias – de Marx. O comunismo duro e puro, centralizado de Lenine (o menos mau), a paranóia terrifica de Staline (o pior) e seus continuadores, até Grovachov (que pôs finalmente em causa o processo) não permitiram que um socialismo cientifico, recuperasse e corrigisse os erros do Capitalismo, que começaram a ser evidentes, logo no início da revolução industrial, dos fins do séc.XIX.

Ora o que hoje estamos a assistir, já o referi várias vezes. O Capitalimo mostra ser autofágico, alimentando-se de si próprio para continuar a sua senda de exploração, agora não já regional mas global. A Globalização incontrolada, exacerbada e hiperbólica, tendo como única regra a satisfação das necessidades do mercado, que ele próprio incute e gera nas pessoas, fazendo-as dependentes do consumismo irracional, seja a que preço for, é feita hoje por processos especulativos sem rosto, e a níveis que fogem já ao controlo dos blocos políticos. Se a paranóia do mercado não for parada, estancada e controlada, este Capitalismo selvagem acabará numa tragédia, de que ninguém ficará para contar como foi.

Hoje o Capitalismo galopa sobre o seu próprio cadáver. Isto é: - para gerar mais riqueza, canalizada só para alguns, muito poucos -que nem sabemos quem são! -, obriga o social a despejar tudo, e a pagar-lhe as dividas, recuperando as migalhas que distribuiu com o único fito de as mesmas voltarem breve à sua posse. Para «ele», para o privado, ficará só a parte lucrativa. E assim sob a forma de apoios ao investimento estrangeiro, é pago hoje aqui por «uns», para que «lhes» explore a mão-de-obra local; e amanhã será já por outros; e depois por outros, sempre…sempre de um escalão social mais atrasado (mão obra a tuta e meia). De degrau em degrau vai descendo a escada da exploração até ao último degrau. E aí chegado como acabará a história, importa interrogar-mo-nos?

Mas para aproveitar o «bom» do Marxismo, temos de lhe vestir outra roupagem. E reconsiderá-lo nas Escolas, reexaminando-o, corrigindo-o, discutindo-o. E aí nasce a questão, que é o saber quem ainda não está tocado pelo podre do capitalismo, disposto a arriscar (?!)

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Dinheiro ?!: É para já.
Parece que anda aí, a rodos…

Atente-se no colapso imobiliário, começado na América, e cujo efeitos ainda não sabemos de que modo os iremos pagar, ou que quota-parte iremos assumir.

Certo é que por cá o sistema fez o mesmo, só que em menor dimensão (só porque somos menos e começámos mais tarde).
A partir da década de oitenta os bancos assentaram as suas estratégias no endividamento colectivo. Para isso oferecendo, com o beneplácito dos Governos, dinheiro fácil. Dinheiro para casa, móveis, obras inventadas, a pagar em dez (!), depois em vinte, agora já vai em trinta anos; e por este andar o cidadão ainda vai pagar mesmo depois de enterrado, e bem enterrado. Já se fala passar para 50 anos.

Para alimentar a indústria automóvel, à beira do colapso, os carros ofereceram-se a três anos, depois a cinco, agora já vai em sete. Ou até já nem se compram: - alugam-se.

Até hoje no Diário de Aveiro se oferecia dinheiro,de imediato. Ring.ring…e já está. É só dizer quanto, para poder ir de férias (a fazer figura de rico)

Há dias um banco ofereceu-me uma aplicação a quinze meses a quinze por cento. O cartaz era assim mesmo que dizia. Eu que não sou parvo perguntei à funcionária se o banco estava numa de mecenato, a vender mais barato do que compra. Então ela explicou: quinze por cento ao ano (1,2% mês) só diz respeito à taxa vencida no 15º mês, e só para o capital remanescente. Quanto ao resto, nos outros meses (14) afinal era uma aplicação pior que muitas outras que andavam para aí.

Para ir a um Banco, aconselhamos: -não leve um dicionário; leve antes um intérprete.

Os Bancos aqui – e lá fora – são verdadeiros caças níqueis, com publicidade consentida profundamente enganosa.
Agora aparecem as empresas paralelas a meter o cidadão em mais sarilhos. Primeiro ofereciam mil via telemóvel, agora cinco mil, amanhã dez mil. Tudo parece fácil, Recebe já, e paga …. Sei lá quando. Muitos iludem-se e um dia acordam e nem a camisa lhes deixaram

. Conheço muitos amigos que estão com sérios problemas. Não por eles, mas para salvar os filhos da desgraça, desgraçando-se eles também. Convenceram os putos que eram Berardos em potência, e agora deixaram-nos com o papel na mão, inútil, E as promissórias com os avais dos Pais, essas ainda vão servir para aguentar a desgraça imediata. Mas chegados ás gerações seguintes, os pais (os filhos de hoje) a sua assinatura nem para promissórias vale algo.

Até quando este Capitalismo selvagem, enganoso e destruidor, vai continuar a andar por aí à solta?

Tive esperanças que Sócrates já tivesse actuado.Sei que romper o sistema pode originar uma catástrofe.

Mas não tenho a certeza de que a desgraça não chegue, continuando nós a ir por onde vamos.

Aladino

segunda-feira, julho 21, 2008





Pena que há dez anos não nos tivessem dado o apoio, que agora o Governo promete à Renault – Nissan, para o carro eléctrico


Tenho fortes razões, para me queixar -neste particular – da vida, essa magana ingrata, que me fez passar á distância de um cabelo, aquilo que me poderia – e até certo ponto julgo que merecia – dar : um cantinho,um rodapé, por pequeno que fosse, da história.

Se no tempo em que bati - mendiguei – a todas as portas das esferas governamentais, estas tivessem compreendido que o caminho que propunha, era, o viável e correcto, para resolver (no sector que me dizia respeito) aquilo de que tinha a certeza viria a suceder ,mais tarde : -a crise petrolífera. Que já em fins de 90 se tinha começado a desenhar.

Se nos tivessem apoiado – como agora se dispõem a apoiar a solução do carro elétrico da Renault-Nissan- então, o único problema que faltava conseguir resolver – o problema do desenvolvimento de novas baterias. – resolver-se-ia. E hoje Portugal seria o primeiro país, não só a conceber a primeira scooter eléctrica mundial a - Electron –, como seria o primeiro a fabricá-la em série com resultado que hoje, fácil é adivinhar, seria um êxito mundial.


A Electron

Voltemos um pouco atrás.

Tive então no final da década de 90 a clara percepção que os veículos de duas rodas eram aqueles por onde a experiência da motorização eléctrica poderia ser a solução ideal, para a movimentação de largos estratos da população urbana. O Projecto que então coordenei, conseguiu, conjuntamente com as empresas a que nos ligámos exteriormente, resolver os pontos mais difíceis do complexo –e totalmente inovador - exercício tecnológico. Quando o veículo foi mostrado em Colmar (França) tudo ficou de boca aberta. A própria BMW logo se mostrou interessada em analisar a novidade. O êxito parecia estar ali a dois dedos de distância. A ELECTRON era de facto - quase! - perfeitíssima. A motorização invulgar (que levaria a Honda a tentar adquirir os direitos do seu Know-How) permitia perfomances iguais ou superiores às dos
melhores veículos térmicos, e em muito maior segurança.

Havia apenas uma questão.

De facto apesar de todos os esforços e contactos, só na Alemanha, na SONNENCHEINE, foi possivel encontrar disponibilidade para apurar o desenvolvimento das baterias de gel, que desde logo se mostraram muito superiores às que até ali eram produzidas (ácidas), e muito mais seguras. Contudo nós precisávamos de uma autonomia mínima de 55 km, e na prática apenas se conseguia -e não a 100%-cerca de 35-40 Km. Insuficientes para uma utilização citadina.Estávamos a 10% do caminho para o êxito, para o lugar no podium.

Por outro lado – ao contrário do agora se vem equacionando – o veiculo eléctrico não pode ser carregado instantaneamente, mas, no melhor dos casos, numa demora de 1 a 2 horas. E ainda assim, só parcialmente (30%).

A conclusão a que chegámos foi a de que:

1) As baterias teriam de se reduzir em volume, transformando-se em packs, que seriam integralmente substituídos nos locais de abastecimento (pack montado num tipo de gavetão, de pôr e tirar).

Isso exigiria um novo conceito de baterias, de menor volume e com níveis de descarga mais lentos. As baterias de litium, eram, a nosso ver, as que poderiam vir resolver o problema, se se avançasse para a sua produção, em aumento da relação de capacidade /peso.

Assim fomos aos E.U.A. para tentar convencer os fabricantes americanos (BELL, LOCKEED, e o próprio centro de investigação da Universidade de S. Francisco) a se integrarem no projecto, desenvolvendo os ditos acumuladores energéticos. Sem êxito. O lobby do petróleo não estava interessado no projecto. E fechou-nos as portas.

Do lado do Governo português não se conseguiram apoios para colocar a «Tudor» (fabrica de baterias) a trabalhar com o centro de pesquisa da EDF (a EDP de França), no sentido de se estudar nova bateria.
O projecto Electron, fabricadas que foram as primeiras centenas de veículos, apesar de ter sido recebido com os maiores encómios e esperanças, teve pois, de abortar. Só e apenas, por …ter nascido cedo demais.

Hoje tenho a certeza, tudo seria bem diferente. As baterias de litium, desenvolvidas em packs resolverão satisfatoriamente o problema. Creio que hoje ,de novo,se deveria voltar aos ensaios com os veículos de duas rodas, dada a sua mobilidade e simplicidade, que poderiam resolver os grandes problemas do trânsito urbano, com graus de emissão (poluentes) zero. E zero também na questão do ruído.

Tenha-se em atenção que nas primeiras séries da scooter eléctrica, o preço era apenas 30% mais elevado que o veiculo térmico, normal. Nada que a produção de grande série, de imediato, não resolveria. Tínhamos a certeza que a produção em série traria esse preços bem para baixo. O apuro do sistema de controlo electrónico garantia uma fiabilidade e duração, muito superiores às do vulgar veiculo, movido a motor de combustão.

Há dias um ex-aluno meu da F.E.U.C, que encontrei por acaso, atirou-me:

-Olhe Eng F.você nasceu dez anos mais cedo; se hoje fosse apresentada a scooter eléctrica, você teria os governantes a seus pés. Foi pena…

Pois foi.

Teria sido a cereja em cima do bolo de quem teve uma vida profissional que nunca se contentou com a vulgaridade, e fez do impossível, apenas algo um pouco mais demorado a fazer.

Mas já me sinto satisfeito (?!) de ter sido o responsável pelo projecto do primeiro veículo eléctrico de duas rodas, não apenas sonhado – o que já não era pouco – mas totalmente concretizado.De que há farta literatura, aqui e por essa Europa fora, nos jornais da época. Tive muito orgulho na belíssima equipa que me acompanhou em todos os níveis, e na empresa –Famel- que se propôs ao impossível. Foi pena…para todos nós...


Isto do golpe de asa não ser para todos, é por vezes amargo. Fico a pensar no que poderia sido. Mesmo assim orgulho-me do que fizemos, e que a história não poderá escamotear.

Faço votos para que o Governo avance na sua intenção de apoiar o projecto Renault – Nissan. Este tipo de projectos tem que ter apoios governamentais que lhe dêem à partida condições para a sua sustentabilidade. E até benefícios, fiscais e materiais, para que a revolução energética que permitirá uma independência do petróleo, se concretize,acarretando benefícios para a qualidade de vida, de toda a ordem, tipo e dimensão..

Senos da Fonseca

quarta-feira, julho 09, 2008



Exposição Temporária de João Carlos e de Cândido Teles



No passado sábado (dia 5), motivado pela anunciada exposição que reunia os dois mais expressivos pintores ilhavenses, João Carlos (C.G) e Cândido Teles, dei comigo a entrar na «Barragem», que é como o neto Miguel classifica o inestético edifício do Centro Cultural de Ílhavo.


O interior daquele monstro inestético é muito mau; pior por dentro que por fora. Não tem ponta por onde se lhe pegue: inestético (a entrada para o Salão da Exposição, essa é deprimente), delirante (a escada de caracol não tem qualquer função ou utilidade); chocante a pobreza (e inadequadação) do piso do salão de exposição; imprópria a iluminação da sala para aquele tipo de exposições ( e que deveria constar do caderno de encargos da obra, se é que o houve), porquanto como o reafirmou o Sr. Presidente, a mesma destinava-se, só e apenas, para albergar a exposição permanente dos trabalhos daqueles dois artistas ilhavenses.

Da exposição, só as obras dos autores escaparam. Valha-nos isso.

Se a alma dos dois artistas pairasse nas suas obras, dever-se-iam ter sentido terrivelmente consternadas com tanta azelhice (e desleixo) de quem preparou a exposição.

1-Parece.nos perfeitamente claro que o bom senso mandaria que os dois pintores não devessem ser patentes numa mostra conjunta. Porque não há o mínimo ponto de encontro entre técnica, temática, motivação e expressão, artística, que permita qualquer tipo de abordagem, comum. Talvez que numa selecção muito criteriosa (e reduzida) dos trabalhos dos autores permitisse uma exposição lado a lado. Com tal quantidade de trabalhos de um e do outro, não nos parece aconselhável metê-los num único espaço, comum.

2-Por outro lado parece-nos que não se ganha nada com a exposição em quantidade, quando esta não segue nenhum critério (ou pelo menos não o conseguimos descortinar); -nem cronológico, nem temático, nem outro qualquer. Nada. Os quadros estavam espalhados ao sabor de coisa nenhuma. Como no catálogo.

3 -Desconheço por outro lado se a Câmara (o Museu) é detentora de obras dos vários períodos de Cândido Teles, um verdadeiro experimentador estético, que se deixa absorver pelo meio em que sucessivamente se integra, experimentando técnicas mas não modismos. (Ria, África, Alentejo e de novo Ria -moliceiros). Se as tem teria sido muito mais interessante retirar algumas das presentes (que nada acrescentam) e incluírem-se as que dessem a conhecer os referidos períodos mencionados, permitindo, assim, ter uma ideia da evolução do artista. Sempre gostei particularmente do primeiro período de CT, como seu pontilhado impressionista, e depois a fase do Alentejo, quente , cromaticamente muito trabalhada, sóbria mas intensa, contrariamente à de Africa, em que o escuro rouba, a meu ver, alguma das particularidades do mestre.Á excepção das figuras. Foi pois uma oportunidade perdida, esta, em que sem critério (ou se existia era imperceptível e incompreensível) as obras foram achapadas pela área da exposição.

4-De João Carlos ficaram por expor algumas obras, particularmente bonitas. O que deu origem a murmúrios que, parece, voltam a exorcizar os espíritos, com a falta de uma explicação que há muito deveria já ter sido dada.

Ao contrário de Cândido Teles, João Carlos, em nossa opinião, esteve escassamente representado. Porque João Carlos, justifica, se se pretender mostrar toda a busca e experimentação nas mais diversas maneiras de exprimir a arte, que lhe consagremos uma só sala. Porque claramente João Carlos na sua inquietação de artista sôfrego desbaratou carradas o talento por tudo onde pudesse exprimir arte: e por isso não foi apenas um pintor desenhista, mas um notável entalhador – com raízes muito profundas na temática local –como ainda modelou o barro com a afeição de um ceramista; e ainda um extraordinário xilógrafo . Por isso dar a conhecer o espírito fecundo de JC, não é apenas mostrar as suas pinturas e ou desenhos.É muito mais do que isso.

5-Que dizer do catalogo? Desde logo a abrir, deplorável (patareca e patega) a preocupação – parece que única! - em mostrar a foto do Sr. Presidente, omnipresente, fosse qual fosse o início de leitura. Da frente para trás ou de trás para a frente. Um culto de personalidade doentio, este, de por tudo e por nada lhe colarem a fotografia em panegírico laudatório.

Um catálogo em que as obras expostas não são numeradas nem identificadas, reduz a efectiva utilidade da brochura guia. Incompreensivel !....Pior era impossível fazer-se.

6-Outra questão que não mereceu a mínima atenção aos responsáveis, prende-se com a falta de qualidade da iluminação da Sala, falha imperdoável do projecto, que se mostra perfeitamente inadaptado para as funções que presidiu à sua feitura. De um lado a luz batia em cheio nos quadros; do outro estava completamente arredia. Era sol e sombra,o ambiente.


Em resumo, repetimos:

Salvo as obras dos artistas – notáveis algumas delas –, tudo o resto mostrou em elevada dose leviandade, ligeireza, desconhecimento, despreparo e até negligência.

Pareceu apenas e só, o descarte enfastiado de uma promessa feita por linguaraz, no habitual exercício de demonstração da leveza da palavra vã.

Por entre os presentes os comentários eram de profundo desagrado. Mas como habitualmente tudo ficará pelo rumorejo.

Temos pois, o que merecemos. Isso sei de fonte sabida.


Aladino

domingo, julho 06, 2008

O Discurso do Século
.
Um surpreendente discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc,de descendência indígena, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixou embasbacados os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia.
A conferência dos chefes de Estado da. União Européia, Mercosul e Caribe, em Maio de 2002 em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irónico, cáustico e de exactidão histórica, que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.
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Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a descobriram só há 500 anos.
O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país -, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.
Consta no Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!
Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.
Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indemnização por perdas e danos. Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano 'MARSHALL MONTEZUMA', para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?
Não! No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo.
No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.
Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.
Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas. Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América.
Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..
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Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Europeia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira dívida externa.

Aladino


            Os nós da vida.... ..  INQUIETUDE... A VIDA COMO ELA É ...  Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a e...