AVEIRO-Apontamento
histórico
Aqueduto e Moinho da
Maré Medievais
Quando estudámos em profundidade a história de Ílhavo, constatámos
que a mesma seguia ,desde tempos
anteriores á Fundação, paralela à de Aveiro, pelo menos até ao Sec.XV/XVI. A partir daí houve uma
certa separação .Cada uma seguiu seu caminho: Ílhavo entre a lavra e os pescadores (e salinas),Aveiro
assumindo tiques mercantilistas com o boom
do Sal e do Bacalhau. Aveiro tem uma história fascinante, ainda pouco sistematizada .
Algumas matérias ainda bem longe do que
a cidade e as suas gentes mereciam.
Certo é que recolhi muitos elementos, trabalhei já alguns (caso
de
João Sousa Ribeiro -O Pai da Pátria, que editei em livro),e de vez em
quando vou recolhendo elementos, e vou-os interpretando.
Pego hoje num encadeamento de fotos, que na sua grande maioria me foram cedidas por Rui Bela --Onda Vídeo; e uma ou outra
de diferente proveniência, que referirei
no local próprio.
Sei que algumas fotos
serão certamente já conhecidas. A minha pretensão é dar-lhes um
encadeamento logico.
Para melhor compreensão mostro uma planta da Villa, do que foi
descrito, ela seria em 1696.
fig.1- Planta de Aveiro 1696
É muito interessante
esta representação: vêm-se as muralhas, as portas da Villa, a ponte que ligava
à Vila Nova, o canal do Gonçalo(hoje cais dos Botirões),o ilhote(caldeira do Côjo) e,ainda a localização
dos vários Conventos.
Julgo interessante chamar a particular atenção para dois
pontos.
1- Desenho do Aqueduto de Medieval Águas (no mapa a tracejado e com a leitura «tubo de água») que alimentava a Villa
Nova. Creio poder dizer-se que o aqueduto passaria na antiga Fonte Nova ,ponte da
Dobadoura, e viria parar ao fontanário dos Arcos (virado para a hoje, Praça
Melo Freitas).Sabe-se que em 1680 já
estava muito arruinado. Foi destruído em
1869.
fig. 2-Fontanário dos
Arcos (foto cerca 1920).Esta construção será Séc. XVIII.
2-Curioso,é já, o aparecimento do estabelecimento do moinho das marés, mandado construir
por D.João I para fazer em Aveiro moendas
de pão(1406). e cuja evolução trataremos.
Referiremos a evolução da sua edificação e posteriores alterações, que acompanharão
o evoluir da história da cidade até aos nossos dias.
Vejamos o aqueduto.
A foto que mostramos é de muita difícil percepção. Vê-se o
aqueduto a dar uma larga volta. Mas as edificações que se vêm levantam alguma dúvida. Pode dizer-se : foto
de fins Séc XIX. Creio sinceramente, mas irei estudar melhor. Apenas uma pista.
Fig.3- Aveiro:
O aqueduto e o ilhote do Côjo.-R.B.
O moinho de Marés, cuja primeira foto reproduzimos (arq. Rui
Bela) tinha o aspecto mostrado abaixo,, ainda no final Século XIX. Pertencera a José Ferreira Pinto Basto fundador da V.A., que em 1830 teria
encarregado o arq. José de Oliveira, de o construir, sobre o anterior moinho
medieval (ver sequência dos seus proprietários, abaixo)
Fig 4- Aveiro
fins Séc.XIX, início Séc.XX (moinho do lado direito)-R.B.
Repare-se que do lado esquerdo do moinho, nos terrenos por onde hoje passa a Av. Central(mais tarde Lourenço Peixinho),havia um a entrada (varadouro) para embarcações.
Fig.5- Aveiro fins primeiros decénios Séc XX (pode
ver-se o dito varadouro)-R.B.
A Rua que se distingue teve o nome de Rua do Côjo, e creio
que mais tarde, Rua José Estevão.
Se virmos outra foto (ou melhor, uma foto trabalhada ),apreciaremos ainda a
existência, a nascente, do aqueduto
Fig.6- Aveiro(moinho).Ao fundo o Aqueduto-R.B.
Nas fotos já significativamente posteriores , deduz-se a
iniciação da Av.Central ( mais tarde Lourenço Peixinho), a qual faria desaparecer o varadouro. O moinho por sua vez foi já reconstruido em nova traça, e para lá vai a Escola
Fernando Caldeira.
Fig.9- Aveiro: Ponte (primeira Década de vinte)-RB
Em finais do Séc. XIX, Augusto Rocha, arquitecto e director da Escola Fernando Caldeira, mandou executar um primeiro piso(com traça de Arte Nova),que virá a ser acrescentado, posteriormente por um segundo( já em 1908
Fig.10- Escola Fernando Caldeira (1920) e a pequena ponte
para o Côjo
( arq. Arq. Horta Carinha)
( arq. Arq. Horta Carinha)
Fig.11-
Aveiro :pode apreciar-se a primeira ponte dos Arcos, e o edifício da Companhia de Moagens ,onde mais tarde
se viria a estabelecer a Sapataria Miguéis-R.B.
O Edifício no Séc. XX adquire uma beleza emblemática, com traça que se enquadra numa
série de edifícios Arte Nova ,disseminados pela cidade.
Passou de mão em mão e teve as mais diversas utilizações:
Edificado em 1406
1830 Adquirido por José Ferreira Pinto Basto que o reconstruiu para
moagem.
1856-Adquirido por Mendes Leite para depósito de chumbo
1858-Serviu como depósito de
carvão
1859- E depois para depósito de
frutas
1866-Redacção do Jornal e Tipografia(Distrito de Aveiro)
1888- Adquirido por Francisco Almeida Negreiros para fábrica de arroz
1896-Adquirido por João Pedro Soares para tanoaria
1896-Francisco Silva Rocha
casado com a filha de Pedro Soares, converte-o
na
«Escola de Desenho Industrial», depois
«Escola Fernando Caldeira».
1925 - Aquisição por Alfredo Esteves (funcionou como
Sede do
Clube Os Galitos)
1925-
Vendido ao MInistério da Marinha para implantar a Capitania do Porto
de Aveiro
e habitação do Capitão do Porto.
2004-Adquirido pela C.M.A
2009-Instalação da Assembleia Municipal
Fig.12-Edifício da
Assembleia Municipal de Aveiro (2009)-C.R.
photos
Créditos fotograficos: Foto
2,3,4,5,6 ,7,8 9 e 11 - Arq. Onda Vídeo -Rui
Bela
Foto
10- Arq. dr. Horta Carinha
Foto
12 CR photos
Senos da Fonseca- Março 2015
4 comentários:
Caríssimo Senos da Fonseca,
Parabenizo-o pela excelente iniciativa de divulgação do nosso passado e da evolução do tecido urbano.
Relativamente ao aqueduto, acredito que a primeira fotografia demonstra que passaria nas traseiras da Quinta do Seixal, adjacente ao então chamado Esteiro do Cojo (designação que passará a ser empregada para a antiga zona do "Esteiro da Fábrica", do lado oposto). Depois se chamará "Cojo" ao espaço onde hoje encontramos o Fórum. Vemos traseiras de parte do edifício do que virá a ser o Collegio Aveirense, mais tarde hotel e pensão, hoje local do Ed. Corticeiro, com frente voltada para a "Rua do Seixal", i.e. Vol. Guilherme Gomes Fernandes.
Reconheci imediatamente pois vivi nessa rua até aos 18 anos de idade (nos anos 80, bem entendido)!
Os melhores cumprimentos!
Um trabalho é sempre um trabalho de muito trabalho para o autor mas este com imensas desculpas crece de algumas imprecisões umas óbvias outras por direi eu mau estudo pelo menos de situações mais recentes que ajudam e muito a um raciocínio evidente mas senão vejamos:
O aqueduto nunca passaria pela ponte Dobadora pois ele progredindo desde a zona das nascentes da Fonte Nova haveria todo o interesse que ultrapassasse o problema de tudo relacionado com a Ria e portanto tendencialmente para Norte com a vertente para Poente com a ideia de abastecimento de diversos pontos culminando com a fonte da Ribeira , na Praça da Ribeira , depois Comércio e agora Melo de Freitas. Outro exemplo para não me alongar muito o edifício da Companhia de Moagens de Aveiro contemplou sim a Sapataria de Aveiro e não a do Migueis que apareceria num edifício muito idêntico mas anexo à Costeira precisamente no enfiamento da ponte mais a poente e não da outra a nascente e......bem como no princípio dizia um trabalho tem sempre o seu valor e aberto à "" discussão " muito maior valor terá «««« da discussão nasce a luz »»»
Para o comentário anterior tem a assinatura de José Augusto Paiva Rodrigues
Caro Senos da Fonseca,
Tem conhecimento de mais fotos que contemplem o aqueduto?
E/ou que contemplem a actual Rua Conselheiro Luís de Magalhães ou imediações?
Ou que contemplem o local de onde foi tirada a foto 3?
Quanto aos edifícios nas fotos 3 e 6:
- Convento do Carmo quase totalmente igual ao actual (à direita ao fundo);
- Igreja nova da Vera Cruz (à esquerda, ao cimo, segundo este artigo https://scontent.fopo3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/123134011_10207910281352157_7730307617246113783_n.jpg?_nc_cat=107&ccb=1-5&_nc_sid=825194&_nc_ohc=Dqud6toRPVUAX9yyrnO&_nc_ht=scontent.fopo3-2.fna&oh=c962236dccac99e4fbd03216dfbf6877&oe=61BD8C51
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