sábado, março 21, 2015


AVEIRO-Apontamento histórico

Aqueduto e Moinho da Maré Medievais
 
Quando estudámos em profundidade a história de Ílhavo, constatámos que  a mesma seguia ,desde tempos anteriores á Fundação, paralela à de Aveiro, pelo menos  até ao Sec.XV/XVI. A partir daí houve uma certa separação .Cada uma seguiu seu caminho: Ílhavo entre a lavra e os pescadores (e salinas),Aveiro  assumindo tiques mercantilistas com o boom do Sal e do Bacalhau. Aveiro tem uma história  fascinante, ainda pouco sistematizada . Algumas  matérias ainda bem longe do que a cidade e as suas gentes  mereciam.

Certo é que recolhi muitos elementos, trabalhei já alguns (caso de João Sousa Ribeiro -O Pai da Pátria, que editei em livro),e de vez em quando vou recolhendo elementos, e vou-os interpretando.

Pego hoje num encadeamento de fotos, que na sua  grande maioria me foram cedidas por Rui Bela --Onda Vídeo; e uma ou outra de diferente proveniência, que  referirei no local próprio.

Sei que algumas fotos  serão certamente já conhecidas. A minha pretensão é dar-lhes um encadeamento logico.

Para melhor compreensão mostro uma planta da Villa, do que foi descrito, ela seria  em 1696.


                                                    fig.1- Planta de Aveiro 1696

É  muito interessante esta representação: vêm-se as muralhas, as portas da Villa, a ponte que ligava à Vila Nova, o canal do Gonçalo(hoje cais dos Botirões),o ilhote(caldeira do Côjo) e,ainda a localização dos vários Conventos.
Julgo interessante chamar a particular atenção para dois pontos.

 1- Desenho do Aqueduto de Medieval Águas  (no mapa a tracejado e com a leitura «tubo de água») que alimentava a Villa Nova. Creio poder dizer-se que o aqueduto  passaria na antiga Fonte Nova ,ponte da Dobadoura, e viria parar ao fontanário dos Arcos (virado para a hoje, Praça Melo Freitas).Sabe-se que em 1680 já estava muito arruinado. Foi  destruído em 1869.
 
               
                            fig. 2-Fontanário dos Arcos (foto cerca 1920).Esta construção será Séc. XVIII.
 
                  2-Curioso,é já, o aparecimento do estabelecimento do moinho das marés, mandado construir por D.João I para fazer em Aveiro moendas de pão(1406). e cuja evolução  trataremos. Referiremos a evolução da sua edificação e posteriores alterações, que acompanharão o evoluir da   história da cidade até aos nossos dias.

Vejamos o aqueduto.

A foto que mostramos é de muita difícil percepção. Vê-se o aqueduto a dar uma larga volta. Mas as edificações que se vêm  levantam alguma dúvida. Pode dizer-se : foto de fins Séc XIX. Creio sinceramente, mas irei estudar melhor. Apenas uma pista.
 
                                               Fig.3- Aveiro: O aqueduto e o ilhote do Côjo.-R.B.
O moinho de Marés, cuja primeira foto reproduzimos (arq. Rui Bela) tinha o aspecto mostrado abaixo,, ainda no final  Século XIX. Pertencera a José   Ferreira Pinto Basto  fundador da V.A., que em 1830 teria encarregado o arq. José de Oliveira, de o construir, sobre o anterior moinho medieval (ver sequência dos seus proprietários, abaixo)
 
                                Fig 4-  Aveiro  fins Séc.XIX, início Séc.XX (moinho do lado direito)-R.B.
 
Repare-se que do lado esquerdo do moinho, nos terrenos por onde hoje passa a Av. Central(mais tarde Lourenço Peixinho),havia um a entrada (varadouro) para embarcações.

                      
                Fig.5-  Aveiro fins primeiros decénios Séc XX (pode ver-se o dito varadouro)-R.B.
 
 A Rua que se distingue teve o nome de Rua do Côjo, e creio que mais tarde, Rua José Estevão.

Se virmos outra foto (ou melhor, uma  foto trabalhada ),apreciaremos ainda a existência, a nascente, do aqueduto

                        

                                          Fig.6-  Aveiro(moinho).Ao fundo o  Aqueduto-R.B.
Nas fotos já significativamente posteriores , deduz-se a iniciação da Av.Central ( mais tarde  Lourenço Peixinho), a qual faria desaparecer  o varadouro. O moinho por sua vez foi já  reconstruido em nova traça, e para lá vai  a Escola  Fernando Caldeira.
 
                             
                    
                                              Fig.9- Aveiro:  Ponte (primeira Década de vinte)-RB
Em finais do Séc. XIX, Augusto Rocha, arquitecto e director da Escola Fernando Caldeira, mandou executar um primeiro piso(com traça de Arte Nova),que virá a ser acrescentado, posteriormente  por um segundo( já em 1908
 
                     
         
                     Fig.10- Escola  Fernando Caldeira (1920) e a pequena ponte para o Côjo
                                               ( arq. Arq. Horta Carinha)
 
Fig.11- Aveiro :pode apreciar-se a primeira ponte dos Arcos, e o edifício da Companhia de Moagens ,onde mais tarde se viria a estabelecer a Sapataria Miguéis-R.B.
O Edifício no Séc. XX adquire uma beleza  emblemática, com traça que se enquadra numa série de edifícios Arte Nova ,disseminados pela cidade.
Passou de mão em mão e teve as mais diversas utilizações:
 
                            Edificado em 1406

                             1830 Adquirido por José Ferreira Pinto Basto que o reconstruiu para moagem.

                             1856-Adquirido por Mendes Leite para depósito de chumbo

                             1858-Serviu como depósito de carvão

                             1859- E depois para depósito de frutas

                             1866-Redacção do Jornal e Tipografia(Distrito de Aveiro)

                             1888- Adquirido por Francisco Almeida Negreiros para fábrica de arroz

                             1896-Adquirido por João Pedro Soares para tanoaria

                             1896-Francisco Silva Rocha casado com  a filha de Pedro Soares, converte-o na

                                    «Escola de Desenho Industrial», depois  «Escola Fernando Caldeira».

                              1925 - Aquisição por Alfredo Esteves (funcionou como

                                       Sede do Clube Os Galitos)

                            1925- Vendido ao MInistério da Marinha para implantar a Capitania do Porto

                                      de Aveiro e habitação do Capitão do Porto.

                            2004-Adquirido pela C.M.A

                             2009-Instalação da Assembleia Municipal



Fig.12-Edifício da Assembleia Municipal de Aveiro (2009)-C.R. photos

Créditos fotograficos:   Foto 2,3,4,5,6 ,7,8  9 e 11 - Arq. Onda Vídeo -Rui Bela

                                           Foto 10- Arq. dr. Horta Carinha

                                            Foto 12 CR photos

Senos da Fonseca- Março 2015

 

4 comentários:

Rui Teixeira disse...

Caríssimo Senos da Fonseca,
Parabenizo-o pela excelente iniciativa de divulgação do nosso passado e da evolução do tecido urbano.

Relativamente ao aqueduto, acredito que a primeira fotografia demonstra que passaria nas traseiras da Quinta do Seixal, adjacente ao então chamado Esteiro do Cojo (designação que passará a ser empregada para a antiga zona do "Esteiro da Fábrica", do lado oposto). Depois se chamará "Cojo" ao espaço onde hoje encontramos o Fórum. Vemos traseiras de parte do edifício do que virá a ser o Collegio Aveirense, mais tarde hotel e pensão, hoje local do Ed. Corticeiro, com frente voltada para a "Rua do Seixal", i.e. Vol. Guilherme Gomes Fernandes.
Reconheci imediatamente pois vivi nessa rua até aos 18 anos de idade (nos anos 80, bem entendido)!
Os melhores cumprimentos!

Japrodri disse...

Um trabalho é sempre um trabalho de muito trabalho para o autor mas este com imensas desculpas crece de algumas imprecisões umas óbvias outras por direi eu mau estudo pelo menos de situações mais recentes que ajudam e muito a um raciocínio evidente mas senão vejamos:
O aqueduto nunca passaria pela ponte Dobadora pois ele progredindo desde a zona das nascentes da Fonte Nova haveria todo o interesse que ultrapassasse o problema de tudo relacionado com a Ria e portanto tendencialmente para Norte com a vertente para Poente com a ideia de abastecimento de diversos pontos culminando com a fonte da Ribeira , na Praça da Ribeira , depois Comércio e agora Melo de Freitas. Outro exemplo para não me alongar muito o edifício da Companhia de Moagens de Aveiro contemplou sim a Sapataria de Aveiro e não a do Migueis que apareceria num edifício muito idêntico mas anexo à Costeira precisamente no enfiamento da ponte mais a poente e não da outra a nascente e......bem como no princípio dizia um trabalho tem sempre o seu valor e aberto à "" discussão " muito maior valor terá «««« da discussão nasce a luz »»»

Japrodri disse...

Para o comentário anterior tem a assinatura de José Augusto Paiva Rodrigues

Pedro Santos disse...

Caro Senos da Fonseca,

Tem conhecimento de mais fotos que contemplem o aqueduto?
E/ou que contemplem a actual Rua Conselheiro Luís de Magalhães ou imediações?
Ou que contemplem o local de onde foi tirada a foto 3?

Quanto aos edifícios nas fotos 3 e 6:
- Convento do Carmo quase totalmente igual ao actual (à direita ao fundo);
- Igreja nova da Vera Cruz (à esquerda, ao cimo, segundo este artigo https://scontent.fopo3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/123134011_10207910281352157_7730307617246113783_n.jpg?_nc_cat=107&ccb=1-5&_nc_sid=825194&_nc_ohc=Dqud6toRPVUAX9yyrnO&_nc_ht=scontent.fopo3-2.fna&oh=c962236dccac99e4fbd03216dfbf6877&oe=61BD8C51

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