sábado, dezembro 31, 2022

 

Tenham um BOM ANO....




À medida  que os anos passam(bem preenchidos e pouco doridos) a vida parece-me, cada vez mais, uma roleta. Fui um inveterado negacionista da aposta, onde quer que fosse. Até no religioso.
 Apostei nas pessoas. Nem sempre , apostei certo. Erro meu. Apenas e só nunca submetido.  Aos homens e às ideias. Muito menos aos dogmas. Quem se submete a estas pantominas vive uma vida de ilusão. Sonhei fugir, assim, à pequenez humana a que todos parecemos condenados. Cedo percebi, contudo, que a história do  mundo está cheia de  seres delirantes que , inebriados pela megalomania,  acabam em títeres ,”bestas -feras” humanas.. Mesmo assim, têm seguidores amestrados . Multidões de humanos infectados pela cantilena de que a liberdade de uns, se compra com o amordaçar da liberdade, dos outros.
Não acredito no céu. Para mim, o “céu” era aqui, na terra... Assim  nos foi prometido, mas não cumprido. Afinal não era preciso voar. Chegava saber mergulhar ao “inferno do desassossego humano".E para baixo todos “os santos” ajudam.

Meus caros: 

cada minuto meu é uma permanente inquietação : vivo sempre a pensar já no minuto seguinte, como se fosse o decisivo ,”the last and the least”.(exacto)...Perece-me morrer de véspera, e deixar tudo no “caos”.
Afinal o que andei “por aqui” a fazer?


Senos da Fonseca



domingo, dezembro 25, 2022


 O Senhor Zé e o «Visconde»


Mais uma sota, nesta segunda-feira, permitiu-me o reencontro. Eu, a Zefa e a Bernarda, falámos de muita coisa. De entre elas catei uma bonita «estória». Vo-la conto…

- Olhe – diz a Bernarda: este tempo desembestado faz-me recordar a nossa vida em pequenas. O palheiro onde nos abrigávamos do tempo, feito de um tabuado mal encostado, deixava passar o vento frio por entre as frinchas, que inté  zunia. Então, nas noites de surriada, tiravam-se os cobertores serranos da enxerga e punham-se a fazer de anteparo. E para não ir para a enxerga e ter frio, abusacávamo-nos em volta do borralho. À luz de um candeeiro trémulo, por vias da fisga ventosa que escapulia entre frinchas, íamos ouvindo os maiorais, enquanto uns cavaquitos apanhados do outro lado, no matagal da Maluca, ardiam, mitigando o frio. E entre co
nversa lá íamos assalgalhando, quebrando o jejum.

Numa lengalenga familiar, ouvíamos «histórias» do antigamente. Lembro uma, que fez o encanto da minha meninice. Sabe?!: sempre pensei, porque fui testemunha viva da heroicidade demente daqueles «arraises», que, às vezes, até parecia não regularem bem, quando no meio do areal, frente ao desalmado mar, gritavam: – «bota prómar, que este mar enxogalhado não mete medo a homes». E nós, que ficávamos especadas na praia, arrepiadas a ver o meia-lua encabritar-se na primeira vaga, e logo atrás dela vir a segunda ainda mais danada, arrepanhávamos os cabelos e só sabíamos gritar: –  ai o meu Pai, coitadinho, que lá fica!


foto .a.h cravo

Ora um dia, contou o meu avô, o Chico «Cuteta», o Sr. José (José Estêvão) tinha vindo, como habitualmente, à borda, a conversar com as «nossas» gentes. A saber da nossa vida. Trazia com ele uns «fidalgotes» da cidade, que se vestiam astrapalhados, dizia o Ti Cuteta, com a areia a entrar-lhes para as polainas. «Que inté» pareciam um barco alquebrado «a meter auga»…

Parando, apresentou-os ao arrais Thomé. Um dos fidalgos, homem de larga bigodeira engomada e retesada que, mais parecia imitar o «meia-lua», dirigiu-se sorridente ao Thomé, dizendo-lhe:

- Atão vossemecê é que é um dos tais «ílhavos» que o Visconde diz pedirem meças ao campino, a saber qual mais valente (?): se o que defronta o touro, se o que investe o mar!!!!... Sim senhora, finalmente vejo um dessa espécime. E Vossemecê que pensa do que diz «Visconde» (?), pergunta o fidalgo letrado, ao Thomé.

- Ora saiba òspois que eu penso que esse tal Visconde – òsculpe mas não o conheço – é zamparilha. Ora essa: – olhe …

E zás!!! A um boi que vinha dar o chicote ao «calão», fila-o pelos cornos, torce… torce… torce… até que o boi ajoelha e cai de borco na areia, resfolegando e espumando, preso pelas manápulas do Thomé. 




              

                           

Este levanta-se, sacode as mãos, põe o boné, e diz para o amigalhaço do Sr. José:

- Ora diga agora ao tal «Visconde» que faça isto com o mar. E veja quantos homes eram precisos para o abraçar. Todos os que há no mundo. O «manso», esse (!), como-o eu em bifes. Sem sal parecem feitos de palha. O mar, esse (!), – e ao dizê-lo tira respeitosamente o boné – bebe-se aos golinhos, senão afogamos no seu sal. Essas gentes de que fala o dito, enfarpelam-se de vermelho e são bailarinos. Morres-lhe pouca gente, por certo. Olhe em volta Vossa Senhoria, e repare na nossas gentes: vê-os quase todos de preto. Vestem-se assim pelos que ali (apontando o mar) ficaram. Mas isso não os quita de «zangalharem» com ele, as vezes que forem precisas.

Enquanto a conversa decorria, o Sr. José ria a bom rir.

- Pois… Ó Pinheiro!!!, meteste-te com boa rês. Logo este gladiador do mar.


Senos da Fonseca


segunda-feira, dezembro 19, 2022

 Odisseia....


Hoje só para relevar e extrair uma nota para o trabalho que tenho em mãos, esgotei um dia inteiro a dar voltas  na “Odisseia” de Homero. Com a finalidade de  interpretar a fuga de Odisseu, da ilha de Calipso,no navio à vela que construiu, na praia de Esquéria.

Curioso: como é possível que existam tão poucas informações sobre as técnicas de construção naval mediterrânicas, a ponto do relato de Homero (na “Odisseia”) seja uma das mais citadas.Com mais (?)e concretas informações. O problema é dilucidar sobre o termo gomphoi e o harmoniai. É preciso cuidado quando escrevemos história informativa.

(::::)

E já que estou com a mão na massa,aqui vai,um pouco da »Odisseia »,essa, de Homero


(....)

E diz-me qual é tua terra, qual é a tua cidade, para que até lá

as nossas naus te transportem, discernindo o percurso por si sós.

É que os feácios não têm timoneiros, nem têm lemes,

como é hábito entre as naus dos outros; mas as próprias naus

compreendem  os pensamentos e os espíritos dos homens,

e conhecem  as cidades e férteis campos de todos,

atravessando o abismo do mar rapidamente, ocultadas

por nuvens e nevoeiro . Nunca receiam que algo de mal

lhes aconteça, nem nunca têm medo de se perder.

(....)



Boa noite. Bons sonhos. Cansado mas satisfeito, vou à nana que amanhã há que começar cedo. Oprazo para o final do trabalho,está próximo. E eu gosto de cumprir prazos. E pode até ser que hoje, me aconteça  sonhar com a jovem Nausicaa....


Senos da Fonseca




 Odisseia....


Hoje só para relevar e extrair uma nota para o trabalho que tenho em mãos, esgotei um dia inteiro a dar voltas  na “Odisseia” de Homero. Com a finalidade de  interpretar a fuga de Odisseu, da ilha de Calipso,no navio à vela que construiu, na praia de Esquéria.

Curioso: como é possível que existam tão poucas informações sobre as técnicas de construção naval mediterrânicas, a ponto do relato de Homero (na “Odisseia”) seja uma das mais citadas.Com mais (?)e concretas informações. O problema é dilucidar sobre o termo gomphoi e o harmoniai. É preciso cuidado quando escrevemos história informativa.





E já que estou com a mão na massa,aqui vai,um pouco da »Odisseia »,essa, de Homero


(....)

E diz-me qual é tua terra, qual é a tua cidade, para que até lá

as nossas naus te transportem, discernindo o percurso por si sós.

É que os feácios não têm timoneiros, nem têm lemes,

como é hábito entre as naus dos outros; mas as próprias naus

compreendem  os pensamentos e os espíritos dos homens,

e conhecem  as cidades e férteis campos de todos,

atravessando o abismo do mar rapidamente, ocultadas

por nuvens e nevoeiro . Nunca receiam que algo de mal

lhes aconteça, nem nunca têm medo de se perder.



Boa noite. Bons sonhos. Cansado mas satisfeito, vou à nana que amanhã há que começar cedo. Oprazo para o final do trabalho,está próximo. E eu gosto de cumprir prazos. E pode até ser que hoje, me aconteça  sonhar com a jovem Nausicaa....


Senos da Fonseca


  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...