«Ria» adormecida
Desligo-me do mundo real
E volto a sonhar com o deixar-me entrelaçar
Nos teus cabelos.
E em ti pousar. Mergulhar.
Meu corpo sobre o teu, ofegante,
Bate em uníssono de desejo
Não há brisa.Para o momento ser ainda maior.
A brancura falsa do luar toma muitas cores
No suave anoitecer concedido aos amantes.
As casas de risquinhas coloridas
já se cobriram de um cinzento em redor
Basta de demora com as palavras fora de nós;
É chegado o momento de comunhão apetecida.
Porque melhor que o sonho da vida em cenário falso
É mesmo concretizar o sonho quando acordados
Antes que a noite se aposse do nada da minha vida.
Vejo-te chegar : Vens!.
Os teus lábios carnudos oferecem -me
O céu.
Os teus braços correndo ao meu encontro
Trazem-me as tuas mãos, primeiro.
Enlaço-me nelas, percorro o teu peito
Obedecendo ao teu puxar suave.
E em gestos de pressa arrebatadora
Louco, corpo febril em procura ardente
Desnudo-te, puxando a ponta do teu véu,
Para assim poder sorver a tua seiva nascente.
Já não há tempo para nada.
Deixamos de ser os dois para ser um só;
Ouço o teu sussurro, sinto o teu espasmo
E todas as suaves variações do teu corpo
Ah! como é bom tanta coisa fazer
No cúmulo do prazer
A loucura da vida esquecer.
Sinto – me igual por dentro como por fora: -nú
Procuro refúgio de náufrago resgatado
E colo-me a ti languidamente.
O mundo não existe: só eu e tu!,
Na suavidade dum enlaço sossegado.
Como pode um mar assim tão bravo
Virar, ainda que tão brevemente
Ria adormecida ?
Ah ! como é bonito este poente de hoje:
As suas cores nevoentas a esconder que a vida corre
[ e foge.
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