Andorinha do mar
Detenho-me
Neste fim de tarde ensolarada
Sentado no murete que me separa da ria
Encho os olhos com o azul vivo das suas águas.
E trago lá de longe as asas da gaivota que graciosamente
Esvoaça.
Conto uma a uma as conchas sem perceber
Para onde foi o seu morador.
E desperto com o chap- chap da tainha que me faz negaças.
Sentado aqui, solitário, vejo mais céu.
Intriga-me esta enormidade sem fim
onde as estrelas se penduram.
Sinto no confronto com a sua grandeza
Que a vida parece custar menos, a mim.
Ou que é menos fria, e que nela há (ainda) acenos frescos:
Uma andorinha do mar veio pousar a meu lado.
Apetece-me viver apenas com os sentidos.
Sentir sem possuir, guardar cá dentro;
A vida na essência do momento.
SF (Agosto 2011)
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