Desculpem-me companheiros: hoje não
estarei
Quisera eu ,hoje de novo ,reunir convivas
Amigos !
E para eles erguer fausta mesa
Onde a amizade fosse coisa viva.
De baco colher o melhor mel das cepas
Vinhos sublimes, sem igual e variados
E com eles erguer o copo, saudar a vida
Falar de coisas sérias, outras não
Que a vida não é só siso, é também riso.
Corro até à janela do meu navio
Onde embarquei neste resto de vida;
Fico absorto olhando o céu, hoje sem as sardas luminosas
A noite está fria como eu.
E insossa sem o acre da maresia.
A vida parece parada, untuosa,
Já nela não mora a poesia.
Vou –me esconder atrás da porta
Para enganar a
realidade;
Se ela entrar que me não encontre.
Fico apenas com as duas sensações:
A de viver só o que é real
E de já não sonhar com os «impossíveis».
Mesmo o mínimo de
sonho me parece logo real.
Desculpem-me companheiros: hoje não estarei.
SF (22 Jan 2013)
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