segunda-feira, abril 21, 2014


 Na ante câmara do 25 Abril

 

Um grito de angústia

Ecoa neste país

São os homens…são os homens,

Perdidos entre as brumas da derrota
 
A clamar;

Tudo neles é uma sombra dum passado

Em que lhes prometeram

Mais do que a Liberdade:

Fraternidade.

Hoje por onde quer que se vá

Vemos um punhal

Apontado ao coração do seu Povo

São os homens…são os homens.

Que  já não sonham

Nem sabem, mas sofrem.

 
Deixo-me ficar por aqui  a velar…..
 

A crença e a esperança

Já se foram; nada mais resta;

Nada mais do que

O terrível  desespero

Na elipse do grito

Que ecoa por entre cadáveres (vivos)

Adormecidos,

À sua sorte abandonados.

Deixo-me ficar por aqui  a velar….


Neste país já não se levam

Os velhos  para a montanha;

Neste país mais comodamente

Se matam os velhos

Dentro das cidades estranhas.

E com o talão atestando o óbito,

Devidamente carimbado,

Pode ser que o falecido troque a carreta

Pelo  «audi»…premiado..
 

Deixo-me ficar por aqui  a velar….

 

Neste país até o vento

Parece triste

Depois do assassinato

Das vermelhas flores

E já nem os trigais

Ondulam

Nem  as espigas se beijam

E se acariciam,

E os pássaros já não chilreiam

A fazer amor

No escondido dos beirais;

Vento  este, ruim (!)

Salgado de tanta dor.

 
Deixo-me ficar por aqui  a velar

 
Os lobos descem ao povoado

Disfarçados

De avozinhas celestiais;

São loucos e façanhudos

A vasculhar os tostões

Sofridamente   amealhados.

Ai do Povo…ai do Povo

Sugado por estes vilões

De olhos cavos

E aguçados dentes;

Gente vulgar, gentes soezes

Ai do Povo..ai do Povo

A  ser  roubado de novo

Por estes corvos negrões

Que enchem o papo

«Faminto»

Àqueles insaciáveis ladrões

Deixo-me ficar por aqui  a velar…

Sf abril 2013

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