Um grito de angústia
Ecoa neste país
São os homens…são os
homens,
Perdidos entre as brumas da derrota
A clamar;
Tudo neles é uma sombra dum passado
Em que lhes prometeram
Mais do que a Liberdade:
Fraternidade.
Hoje por onde quer que se vá
Vemos um punhal
Apontado ao coração do seu Povo
São os homens…são os
homens.
Que já não sonham
Nem sabem, mas sofrem.
Deixo-me ficar por
aqui a velar…..
A crença e a esperança
Já se foram; nada mais resta;
Nada mais do que
O terrível desespero
Na elipse do grito
Que ecoa por entre cadáveres (vivos)
Adormecidos,
À sua sorte abandonados.
Deixo-me ficar por
aqui a velar….
Neste país já não se levam
Os velhos para a
montanha;
Neste país mais comodamente
Se matam os velhos
Dentro das cidades estranhas.
E com o talão atestando o óbito,
Devidamente carimbado,
Pode ser que o falecido troque a carreta
Pelo «audi»…premiado..
Deixo-me ficar por
aqui a velar….
Neste país até o vento
Parece triste
Depois do assassinato
Das vermelhas flores
E já nem os trigais
Ondulam
Nem as espigas se
beijam
E se acariciam,
E os pássaros já não chilreiam
A fazer amor
No escondido dos beirais;
Vento este, ruim (!)
Salgado de tanta dor.
Deixo-me ficar por
aqui a velar
Os lobos descem ao povoado
Disfarçados
De avozinhas celestiais;
São loucos e façanhudos
A vasculhar os tostões
Sofridamente amealhados.
Ai do Povo…ai do Povo
Sugado por estes vilões
De olhos cavos
E aguçados dentes;
Gente vulgar, gentes soezes
Ai do Povo..ai do Povo
A ser roubado de novo
Por estes corvos negrões
Que enchem o papo
«Faminto»
Àqueles insaciáveis ladrões
Deixo-me ficar por
aqui a velar…
Sf abril 2013
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