sexta-feira, outubro 02, 2015






Faláucia....só faláucia

Cai leve e fresca a tarde, num azul daqui avistado.Um azul mais pálido do que o habitual.
Sobre a ria parece pairar uma fina poeira que lhe retira nitidez.
De quando em quando,  um simples estremecer da brisa  alvorota a superfície lagunar.Que passos adiante, resta espelhosa, branda, suave.
Começa a entardecer. Lá fora, e em mim, aqui dentro.
Sinto o que vai por aí: uns pensando nunca se enganar, outos pensando que erram ,seja qual for a sua decisão.

Estas horas desenham-se inúteis, porque indefinidamente ansiosas. No meu interior a tempestade anuncia-se, nesta pretensão de me  fixar à superfície das coisas lucidas. Apetece-me colocar ali na lareira uns cavacos a rechinar, fechar a porta às notícias enxofradas vindas de fora, e consolar o meu interior.

Espero pela noite plácida, convivendo com a angústia, à falta de entretenga com a cama. Adivinho que terei pela frente  uma  lua amarelecida, quente, postada lá no alto celeste. Luz  de lamparina a querer iluminar o céu enevoado, onde  descobrirei uma ou outra estrela, tímida, a querer mandar-me qualquer mensagem.
Desassossegado, olho para trás,sem ter, sequer, saudades de nada.

Será isto ressaca de tédio provocada por ingestão excessiva, de tanta vacuidade, de tanta filáucia resmoneada, inócua, charlatã, desavergonhada.
Ou será que estou com medo de ver morrer a esperança ?

SF

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