Faláucia....só faláucia
Cai leve e fresca a tarde, num
azul daqui avistado.Um azul mais pálido do que o habitual.
Sobre a ria parece pairar uma
fina poeira que lhe retira nitidez.De quando em quando, um simples estremecer da brisa alvorota a superfície lagunar.Que passos adiante, resta espelhosa, branda, suave.
Começa a entardecer. Lá fora, e em mim, aqui dentro.
Sinto o que vai por aí: uns pensando nunca se enganar, outos pensando que erram ,seja qual for a sua decisão.
Estas horas desenham-se inúteis,
porque indefinidamente ansiosas. No meu interior a tempestade anuncia-se, nesta
pretensão de me fixar à superfície das
coisas lucidas. Apetece-me colocar ali na lareira uns cavacos a rechinar, fechar
a porta às notícias enxofradas vindas de fora, e consolar o meu interior.
Espero pela noite plácida,
convivendo com a angústia, à falta de entretenga com a cama. Adivinho que terei
pela frente uma lua amarelecida, quente, postada lá no alto
celeste. Luz de lamparina a querer
iluminar o céu enevoado, onde descobrirei
uma ou outra estrela, tímida, a querer mandar-me qualquer mensagem.
Desassossegado, olho para trás,sem ter, sequer, saudades de nada.
Será isto ressaca de tédio
provocada por ingestão excessiva, de tanta vacuidade, de tanta filáucia resmoneada, inócua, charlatã, desavergonhada.
Ou será que estou com medo de ver morrer a esperança ?SF
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