E agora ?
Compreendo mal as opiniões
veiculadas pela comunicação social ,sobre o resultado das eleições do passado
dia 4.E muito menos os Blogs que por aí correm,na «nuvem»
Contínua a fazer-se uma leitura, para
mim absolutamente errada, das razões porque o PS foi derrotado.
Para mim é claro que o PS perdeu,
não porque não foi capaz de ir buscar votos a um hipotético centro. Não foi
buscá-los aí, porque aí, não havia nenhuns votos para ir buscar.
Os votos que o PS perdeu foram
Os que fugiram para o BE
E os que perdeu : nos que não votaram. (Convencidos que estavam, que o PS
,ao fim e ao cabo iria, se Governo ,fazer mais ou menos o mesmo, que o Governo
da direita radical, tinha feito .
A linguagem do PS foi de
compromisso.E com compromissos não se rompe para buscar desmotivados. Ao não clarificar (de um
modo decidido) que admitiria somar os
seus votos aos votos de todos aquele que estivessem contra a coligação
,deixou sempre a duvida, de que, afinal,
se não viesse a ter a maioria, acabaria- malgrè tout - por se encostar à
direita.
Claro que as esquerdas radicais
ajudaram a encostar o PS ás boxes. Numa coisa foram claros :o
inimigo numero um dos radicais de esquerda era o PS. Juraram -oh se jurararam !
- que não fariam acordos de governo com
o PS, por haver linhas vermelhas intransponíveis .
Mas é claro como água, que os
votos no PS foram dos que não queriam
acordo algum com a Coligação. Foram contra o Governo .
E assim, há que fazer (queira-se
ou não !) uma soma dos votos que não
querem este Governo nem esta política. E a maioria está expressa nestes números : a maioria ,clara, está
contra este Governo .
Não era nada chocante, então, que
essa maioria governasse ,se...E agora ?... ,perguntam-me alguns amigos..
Agora, respondo eu, é que o PS está numa posição onde tudo lhe vai ter de passar pela mão .
Para já ruiu um tabu: finalmente o PC abriu a gaiola e soltou o passarinho :até pode participar numa governação....veja-se lá...O PC percebeu que a rua já não chega....
O BE fará o mesmo ....
E o PS vai saber exactamente o
que pode fazer :
- Ou arranja um intrincado problema a Cavaco
(que o merecia com a pressa mostrada na
nomeação de Passos Coelho sem ouvir as restantes forças ,cuja soma de votos era
maioritária)
- Ou coloca a coligação em lume brando ,apertando-a com uma tenaz na garganta, encostando-a
permanentemente às cordas, socando-a valentemente quando ela levantar, de novo, as garras contra o
Estado Social.
Claro que em sintonia com os partidos à esquerda,
fixando com antecipação os pontos comuns
que justificarão o dia da rutura concertada.
Aqui está uma tarefa para a qual
é preciso um hábil politico.
De resto, o problema do PS, é o
problema de todos os Partidos Socialistas, numa Europa cada vez mais em crise. Estes
partidos têm urgentemente de mudar de atitude e adaptar a sua linguagem e
fins(e práticas...) aos novos desafios sociais. As posições estão extremadas:
não há meio termo .A luta vai ser entre
radicalismos :
o da direita, cada vez mais
servente do Capital (sem rosto ,nem bandeira)
e uma esquerda que tem de romper com as hesitações de um statuo de convivência, à espera que
esse Capital se arrependa e converta. O que nunca acontecerá.
Pensar Marx, sem a experiência
desastrosa do comunismo primário....Isso sim ,é fundamental...
SF
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