terça-feira, novembro 03, 2020




 



A Peste Negra do Séc.XIV



A noite longa,  o desejo de espreitar a CNN ,nervoso ou inquieto com o Trump e as suas “boutades”,( só possíveis de terem um mínimo de aceitação por um país em claro retrocesso, social e cultural), levaram-me a uma leitura que,começada, foi até ao fim. Noite perdida ou ganha?

Assim li sobre o flagelo da peste negra. O assunto é de  uma flagrante  actualidade.

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Inicialmente vista como punição divina,castigo dos deuses  pelos pecados humanas, foi a sua “cura” entregue à boa vontade dos oragos  S. Sebastião e S.Roque.Logo receitadas punições tipo flagelação em procissão,  e outras penitências que se acreditavam  salvadoras. Curiosamente percebeu-se,á falta de virologistas como os que hoje no arengam diariamente com opinões contraditórias,mas sempre categoricamente doutorais, que os “ares“estavam carregados de vapores nocivos”, eventualmente provenientes da putrefação de variadas matérias ou provenientes de acontecimentos cosmológicos, provindos da  conjunção de planetas que provocariam os ditos vapores. A sua origem, sabe-se hoje, teve origem na Ásia. Dali ,comerciantes ,e até exércitos invasores. mongóis, fizeram-na chegar ao mediterrâneo. Em cinco anos (1374 -1352) alastrou a toda a Europa (excepção Finlândia e Islândia), terrivelmente mortífera, admitindo-se ter atingido uma taxa de mortalidade de 60%. Assim,admite-se, a peste originaria  cerca 6.000.000( seis milhões) de mortos.

Em Portugal foi arrasadora, levando a crer que teria provocado uma verdadeira razia, reduzindo a população a 1.500.000(um milhão e quinhentos mil) sobreviventes.

Não sendo aqui lugar de pormenorizar mais, adiantamos consequências sociais e económicas que o flagelo ocasionou no nosso país.


A mortandade originou que, muitos tementes a Deus, fizessem testamentos orais ou escritos (para salvação da alma) ao clero, transferindo a propriedade dos seus haveres a familiares e ou até á igreja.Sucedeu que muitos dos referidos cléricos(notários ao tempo),por morte dos testamentários, resolviam não dar conhecimento aos familiares do defunto,do facto, e assim ficarem na posse das propriedades. Os mosteiro, também entravam neste açambarcamento. E  como a Igreja não tencionava reparti-los ,o aumento da sua riqueza pela propriedade de novas propriedades e de outro tipo, tornou-se notório e preocupante.

Afonso IV resolve actuar. Logo tornou lei que os testamentos deixassem de ser feitos pelos clérigos e passassem ,obrigatoriamente, a  ser lavrados pela Coroa ou seus representantes(Juízes de Fora).

Sucede porém que, apesar de tal obrigatoriedade ,muitas terras ficaram abandonadas, por falecimento doproprietário sem prévio testamento. Passou assim,a ser vulgar, pequenas propriedade, alódios,casais, póvoas etc, ficassem abandonadas sem dono. E isso levou a que muitos  laboratores,  locupletassem  a propriedade abandonada. E de pobres fornecedores de mão de obra, passassem a “ricos” proprietários.




A perda de tantos braços conduziu a uma falta intensa de mão de obra disponível. E assim o custo da mão de obra disparou. Alguns trabalhadores da lavoura recusaram-se a exercer porque se tinham tornado proprietários. O trabalho ao ano,passou a trabalho precário. A escassez de braços para a lavoura, a criação de gado ou o artesanato viu subir fortemente os salários. Assim Afonso IV teve de intervir novamente:  mandou arrolar os assalariados, favoreceu os empregadores, e fixou o preço da mão de obra. E se não obrigou os assalariados a trabalharem ao ano,obrigou os proprietários a pagarem muito melhor e atempadamente. Aos falsos pobres(que mendigavam  sem terem disso necessidade ) mandou identificá-los,  obrigando-os a trabalhar.

A escassez   da força de trabalho, levando a uma continuado aumento dos salários,levou a que, nas cortes de 1352, fosse fixado uma tabelamento dos mesmos.

Fica assim  claro, que, a terrível pandemia, se teve custos brutais em vidas ceifadas, trouxe múltiplas transformações económicas, sociais e culturais, que vieram influenciar o panorama de equilíbrio de rendimentos, já que os pequenos e médios proprietários  foram surgindo e os assalariados conheceram um período de extrema e rápida melhoria das condições de prestação de trabalho. 


Nesse sentido apatece tentar perceber que alterações trará a pandemia do COVID19,questão que começa a ser abordada e equacionada. Concerteza alterações profundas, que poderão levar a novos arranjos geo-estratégicos ou até a profunda avaliação da globalização


SF


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