Se
tivesse de fazer um « Prólogo » ao livro « SABERES QUE TORNARAM POSSíVEIS AS GRANDES NAVEGAÇÔES PORTUGUESAS »,seria assim:
Prólogo
Alguns que escrevem livros, acostumam fazer nos princípios prólogos de sua defensão ,o que eu não fiz. E mais quem quem pode dizer mal de mim, que bom seja, pois aos maus não posso fugir, mas por qualquer parte sempre me hão-de maltratar .E contudo, eu não dou licença que alguém possa ser meu juiz ,senão quem ler os livros, senão quem ler os livros que eu li, e com tanto trabalho ,e tão bem, ou melhor, entendidos. Ainda assim a sentença há-de ser que para emendar meus erros escrevam da mesma matéria outras obras melhores ,nas quais mostrem saber mais que eu, disto falamos.,(.....) e bem sei que não deixam de repreender senão o que não entendem.(....) E não convido eu, aos que mais sabem , cuidando que os não há aí no mundo ,mas seria eu mais ditoso que as minhas faltas fossem causa do proveito que sua doutrina pode fazer. Ser eu curto em meu escrever e não ser mui ordenado, com bons exemplos ,e a falta de algumas coisas que deveria escrever e não fiz.E contudo ,o que com razão pode ser repreendido ,eu confesso que o não escrevi com malícia e pode-se emendar. Antes peço a quem conhecer meus erros, que os emende ;e todavia não murmurando em sua casa, porque desfaz em si.
(autor Fernão de Oliveira in « Gramática »)
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