quinta-feira, maio 13, 2010


Visita Papal– no timing certo….

Temos para nós que esta visita de Bento XVI a Portugal se deu em boa hora, com vantagens evidentes para ambas as partes.Concretizada no momento próprio, certo e adequado.
Já aqui o disse mais do que uma vez, mas é sempre bom repeti-lo: não sei o que é esse mistério da fé, na crença de uma qualquer divindade. Não me revejo nos que dizem a vida não ter sentido se não se acreditar numa outra (?!)- que ninguém sabe explicar o que será ou como se materializará, pois ao se materializar negava-se a si mesma .Mas nutro enorme respeito pela Igreja, pela prática religiosa ( excluído o beatério) que conduzida segundo finalidades cristãs ,pode trazer enormes benefícios à comunidade. E temo, até, que uma sociedade que não dá aos seus jovens uma educação básica (teórica),de princípios morais e éticos, se arrisca a desagregar-se rapidamente, por demasiadamente centrada numa lógica individualista .Fui educado dentro de princípios católicos, muito rígidos e fortes. Mas logo que chegada a idade de decidir por mim, foi-me dada total liberdade de escolha. Sem qualquer tipo de influência ,para um ou outro lado. A decisão foi inteiramente minha. E nunca a questão mereceu abordagem para se procurar entender o meu desvio.
Posto isto vejamos :
a) A igreja atravessa uma das maiores crises dos seus dois milénios de vida. Como disse Bento XVI, o grave da questão - a dimensão que a mesma tem no mundo - é que o ataque, a sabotagem, vem de dentro dela própria. Do vício -do pior dos vícios !- de alguns (?) dos seus representantes. É certo que a Igreja - e as Instituições dela emergentes - , conviveram sempre -e bem !– com a licenciosidade e o vicio. Muitos Papas encabeçaram a lista dos mais libertinos, viciosos, licenciosos e vis pulhastras, empunhando o báculo mais como gládio do que como símbolo doutrinal de Cristo. Só que pelo menos até ao século XIX a Igreja soube gerir dentro das suas paredes o vício carnal. Hoje não é o poder de um Rei, qualquer, que se atira ao Papa para lhe subtrair, esta ou aquela mordomia. É a Senhora toda poderosa da Comunicação Social que acolhe com intenso furor a denuncia do nefando e horrível crime da pedofilia.
Só os ingénuos não percebiam que o ambiente onde decorria a prática religiosa, católica, era fortemente propícia ao crime carnal. Só que enquanto o adultério se ficou pela frequência de camas das que se espenujavam, concessoras, frente dos pobres castos caídos na tentação das demoníacas ninfas , tudo era murmurado, passado no escondido do rebate dos templos entre as «ti zefas» das matinas,no abrigo do xaile que abafava o diz-se.Só desatentos poderiam ser levados a supor que o abrir do breviário era exorcismo bastante para afastar o diabo nos ataques ao terceiro pecado da alma.
Agora vem tudo escarrapachado, a bold, nos jornais, ou cacofoniado nas noticiários televisivos
com foro de moléstia onde já nada, nem ninguém, se aproveita.
Umas dezenas de casos viraram milhões. Hoje, pior que um Padre só um Politico.

O Papa precisava, por isso, de um banho de multidão que de um modo espontâneo lhe manifestasse a simpatia. Portugal e o fervor religioso das suas gentes e a sua identificação com Fátima, melhor do que nenhum outro poderia oferecer esse acolhimento afectuoso, quente e sincero.

b) Mas também é certo que o País precisava,também ele, de se reconciliar. Encontrar algo que unisse o seu Povo,afastando-o das querelas partidárias,encerrando por uns dias o coliseu dos gladiadores , onde diariamente se contam polegares. Para cima ou para baixo, matando ou esfolando, raramente percebendo. Todos estamos cansados do espectáculo.

Nas multidões que acolheram Bento XVI estiveram gentes de todas as cores partidárias(pois...pois!!!) estou bem certo. E nestes momentos terrivelmente difíceis que assolam a Europa - e não Portugal unicamente - é benéfico que exista um sentimento de unidade em torno de algo, mesmo que esse algo seja indecifrável..

O momento para o País foi pois de uma oportunidade flagrante. Parece mesmo que o País pôs a politica de lado e se sentiu capaz de se unir em torno de um sentimento comum. Salazar soube gerir bem o problema religioso no seu tempo. Usou a Igreja para pedir sacrifícios ao Povo, mas manteve aquela em respeito sempre que a mesma quis ultrapassar a sua vocação pastoral.

O tempo vai ser de pedir sacrifícios. E nada nos diz que seja por pouco tempo. Creio que o pior ainda está para vir. Para nós e para todos.

Claro que a fé não pode retirar ao Homem o sonho de um mundo mais igual. Infelizmente a Igreja condescendeu demasiado com o apetite da exploração dos mais fracos pelos mais fortes.
Talvez ainda seja tempo de se humanizar, mesmo que para isso, Cristo - um outro - «desça» à Terra. Ou seja, se afirme na Terra.
A Igreja sabe que não pode parar a Ciência. E sabe que a explicação está próxima.

Aladino

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...