Amanhã, de novo,o amor, trazes-mo
Tu….
No leito
Revolto onde tudo é desalinho
Postas-te possuidora
Sentada sobre mim.
Lá fora
as águas dóceis
Da ria correm
É verão…
Deixa-as ir
Nem eu sei para onde, elas, irão.
Tempo onde os morangos
Sangram colorindo
Os teus lábios
De um rubor vilão.
Deitado
Com as mãos
pousadas
Na nuca, peço- te
Sossego,
Vencido.
Sobre mim sinto o aroma
De todo o teu corpo
De amor entontecido.
E toque a toque penetras- me,
Corpo eriçado,
curvado
Esfinge de helena
Grega,
Peitos túmidos
espetados
Pela força
dos teus braços
Sobre os meus joelhos,
Deixas apenas que a espuma das palavras
Chegue aos lábios
Num estertor de animal ferido.
Só nós
meu amor
Só nós
..
No mundo não
existe
Alguém!....ninguém!....
Tudo à volta é o nosso rumor.
E continua o frenesim do teu
Bamboleio ritmado
Fausto festim
De corpos incendiados
No carmesim da colcha enrodilhada.
Só nós meu amor,
Só nos..
Ninguém
ouve a música
que sai
Dos nossos corpos amurados
Em outras margens.
Ai!....
O vai vem, o sobe e desce
teu,
Permitem aos tropeções
Um corpo dentro
De outro corpo,
A dar amor às
golfadas
Soergo- me um pouco
Para que avances mais;
Um degrau de prazer
Ainda mais (!?)....
Trazes então
a boca
Ao encontro da minha.
A perversão
Da tua língua
húmida
Faz -me enlear
No mais gostoso paladar
Do teu doce amor.
É a ria que não pode
parar.
Envolvo -me na dança
Frenética
dos nossos corpos
E vou ao teu encontro
Implorando que me abras
As portas do teu porto.
Negas- me!
Hoje a possuidora és
tu!
E é então
que me apertas
Entre teus joelhos
E bem preso, manietado
Puxas- te toda à frente
Levada pelo desejo
Imparável
de seres toda…
Toda minha.
E eu pássaro
De asas quebradas
Soldadas
Pelo fogo do amor intenso,
Imenso !
Abandono- me aos gestos nupciais
Colho a tua mão
Entrego me ao prazer
De esbeijocar os dedos
Puxo- te a cabeça
De um modo doce
Quase a medo
E enleio- me no teu cabelo
A ouvir os
compassados ais
Do teu fim de linha.
E vem o silêncio
Lado a lado,
Inertes, os nossos corpos brilham.
Saciados
De tanto sal de beijos
E afagos
É tempo de morrer a teu lado.
Neste espairecer lento
No gozo de gastar o ultimo
Alento.
E tantas loucuras dizer
Que importa?
Palavras leva- as o vento,
E de novo, o amor
Amanhã,
trazes-mo tu.
SF Setembro 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário