segunda-feira, setembro 01, 2014


 

Entre as dunas


A duna estava deserta;

O céu parecia ter subido

Ainda lá  para mais acima,

Quando a areia se acolchoou

E o pássaro que fazia pio-pio

Calou-se um instante,

Para não nos perturbar.

 

Era já moreno o dia

Quando o abraço perpétuo

Te transformou, Menina,

Mulher.

Navegámos por entre o rio do desejo

 À descoberta das suas margens,

Fazendo da duna

 O barco dos nossos beijos.

 

Entre o juncal a saber a feno

E o cheiro da alfazema marinha,

Procurámos aconchego para um corpo

Entrar ,doce,

No outro.

As bocas eram tão jovens

Que arder, era saltar de uma para a outra

Até o vento nelas se incendiar

 E iluminar os esponsais.

 Foi ali, tão perto do mar

Era Setembro.Na areia frágil,

E meiga,

 Ondulada docemente pela brisa

Escrevemos

«Para sempre…»

 

Éramos nós, amor…

Éramos nós. Só nós.

Separados do mundo

Saciando a sede;

Em  cada espasmo matando

A inocência ali abandonada,

A cada entrega, consumada.

Só nós….

Viciados no vício de nós.  
 
SF    2 Set-2014

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...