Entre as dunas
A duna estava deserta;
O céu parecia ter subido
Ainda lá para mais
acima,
Quando a areia se acolchoou
E o pássaro que fazia pio-pio
Calou-se um instante,
Para não nos perturbar.
Era já moreno o dia
Quando o abraço perpétuo
Te transformou, Menina,
Mulher.
Navegámos por entre o rio do desejo
À descoberta das suas
margens,
Fazendo da duna
O barco dos nossos
beijos.
Entre o juncal a saber a feno
E o cheiro da alfazema marinha,
Procurámos aconchego para um corpo
Entrar ,doce,
No outro.
As bocas eram tão jovens
Que arder, era saltar de uma para a outra
Até o vento nelas se incendiar
E iluminar os
esponsais.
Foi ali, tão perto do
mar
Era Setembro.Na areia frágil,
E meiga,
Ondulada docemente
pela brisa
Escrevemos
«Para sempre…»
Éramos nós, amor…
Éramos nós. Só nós.
Separados do mundo
Saciando a sede;
Em cada espasmo
matando
A inocência ali abandonada,
A cada entrega, consumada.
Só nós….
Viciados no vício de
nós.
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