sábado, novembro 01, 2014

a casa do olhar


 A Casa do Olhar 

 

Esta casa onde nunca morou

A indiferença,

Nem sequer o fazer de conta

Das vezes sem conta

Em que houve os dias maus,

Em que as rosas pareciam

Nascer ao revés.

É, hoje ainda, a casa do olhar

E espelho pousado

Sobre o cristal azul da ria 
 
 

Não virás, eu sei.

Nunca mais voltarás.

Mas eu pressinto

No crepúsculo das tardes

O marulhar de um corpo

Vindo da finas areias

Misturar- se  nas letras

Dos meus livros,

Parecendo ali ficar em vigília

Perpétua.

 

 

Descubro-te neles

Elevo as tuas mãos

Com que me acaricio

Cinjo o teu corpo

No sonho da sua violência

A provocar a lembrança

Dos amantes que fomos.

A morte não consegue

Apagar os sinais densos

Que gravámos, vida fora.

 

 

Olha : não sei dar o nome

À vida na tua ausência.

Sei apenas

Que somo as horas perdidas

À procura do chão do teu corpo.

Para a seu lado me deitar.

O inverno vai chegar.

Ai quem me dera

Amar  sem te magoar

A prolongar a primavera.

 
Sabes amor ?
Queria morrer amanhã ..amanhã de amanhã...
Desde que  fosse ontem..
 
SF (1 Nov 2014 )

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