Ílhavo infectado por alzheimervid-20
- Ontem assisti a mais um capítulo do processo de decadência de Ílhavo.
- Há muito que a minha perplexidade vinha aumentando. Aumentava à medida que me fui apercebendo que, os decisores culturais instalados na poder local, empenhados como andam na compra/venda de enlatados( que vão distribuindo, “cais a cais,milha a milha”,vá lá que só alcançam 23!...), vinham esquecendo algo de básico: relembrar aos presentes alguns dos nossos (e seus) maiores de antanho. E o ano era convidativo para tal missão.
- Ílhavo perdeu a inteligência e a consciência social do seu passado. E expia em estertor, contaminado por um vírus pandémico tipo alzhmeier colectivo 20, que não mata,mas provoca desinteresse, esquecimento,. Ílhavo não precisava de ser confinada, porque já o era: física, espiritual e socialmente. Já não há nem idiotas com algumas boas ou má ideias. Porque em Ílhavo já ninguém pensa. Não pensa, nem quer pensar : toda a vida, espiritual e intelectual, amortalhou-se. Finou-se.
- O mar por tradição? Já era....
- Os novos mandantes, mudaram o rumo, entraram terra adentro. Encalharam. Para quê ir mais longe? O gosto está no fato feito. No fatico, pensam, os iluminados. Não interessa o que se dá, mas como se dá. Às colheres ou pelo gargalo. Em Ílhavo engole-se ...bete-se palmas. Bacalhau basta...
- A Câmara poderá ter no seu seio, engenheiros, jardineiro, coveiros etc. Só não tem um decisor(para não lhe chamar outro nome) cultural. Porque o desígnio ou ilustração dos seus vereadores, estaria nos seus actos. E estes confinam-se à vozearia da faneca que, garante-se, é expressa em papel pautado, musica celestial..
- Esta fartura de pimba tem como objectivo levar as gentes a não pensar. O cidadão (mesmo o que andou com livros na mão a fazer de conta), não pensa nem discute. Encolhe os ombros e vai à vidinha. Não lhe tendo sido pedida opinião(quem em ílhavo paga imposto),sentem não lhes ser necessário ter carácter.E não tendo de arrastar o pesado fardo, daquele, melhor se dobram.Viver é só e apenas o momento. Pouco interessa o que está para trás, nem o que há-de vir.
- Ora este ano havia a singularidade de festejar duplamente os centenários de nascimento, de duas grandes figuras do passado ilhavense: Mário Sacramento e Mário Castrim(Manuel Nunes da Fonseca).
- Não me atreverei a dizer que, a dimensão(no seu todo) destas figuras de referência seja igual. Mário Sacramento é um valor pátrio: cidadão de carácter impoluto, sem uma ruga que lhe tolde a grandeza, um condutor tolerante mas incansável em procura dos caminhos da liberdade, fraternidade e igualdade.Um profissional médico lembrado pelos mais desfavorecidos e notado pelos colegas de profissão. Um intelectual que ombreia com os maiores ensaístas do seu tempo.
- Não é ílhavo que honra Mário Sacramento. É Mário Sacramento que honra Ílhavo. Este esqueceu-o. Desonrou-se...
- Mário Castrim foi um jornalista crítico, um obsessivo defensor de uma escolha assumida: de um mundo que queria melhor. Ensaísta, dramaturgo,escrevia excelente e facilmente. Sempre com o aceno do garrote do lápis azul censório, pendente sobre os seus escritos. Num outro plano ,Mário Castrim merecia ser lembrado.
- No meio deste pandémico esquecimento, salvou-se o Jornal local “ O Ilhavense”.Espero que não se esqueça de quem vem a seguir.
- Senos da Fonseca
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