Pedaços referenciais da história da pesca do bacalhau.
A gravura abaixo, incluída no livro “Gloucester on The Wind” é, sem dúvida, um documento de grande importância, ponto de referência para melhor situarmos a epopeia portuguesa da pesca do bacalhau. Excelente referencial que valeu a procura..
Há quem pense que a história da pesca do bacalhau é,só e apenas, a transcrição das listas de embarcações e respectivos capitães que a organização das pesca, largamente documentou a partir de 36. E é só. “copy e past” e já está.
Ora já no primeiro livrinho “Nas Rotas dos Bacalhaus” ,editado em 2005 ,tivemos a oportunidade de ir exactamente ao recomeço das tentativas para marcar presença, de novo ,nos mares da Terra -Nova, depois da nossa expulsão no Séc.XVI.Registámos então um notável documento sobre a tentativa falhada da Companhia de Pescarias Lisbonense, referenciando a ideia induzida , a convicção depois de apreciados os documentos que, na constituição da mesma, estariam envolvidos capitais judaicos. A Companhia Lisbonense, em 1835, enviou a pescar á Terra Nova, 5(cinco) escunas.
Terá sido mesmo, em 1842, que Portugal terá tentado negociar com os franceses e ingleses,a possibilidade de constituir uma base para a pesca sedentária (concessão) na Terra Nova.,o que não conseguiu. A Companhia pretendia usar o Faial como o ponto de tratamento e secagem do bacalhau pescado. Isso levanta ou indicia que, não só os capitais eram judaicos ,como os promotores estarem muito ligados comos Açores.E mais. Tudo que lemos levou-nos a crer que, a presença de açorianos na Nova Inglaterra(Gloucester) era já corrente, há muito.E que os Bensaúdes, por exemplo,entre outros, teriam delegações comerciais com as fisheries de Gloucester.
Pois agora encontramos no livro acima referido, uma gravura onde se referem pescadores açorianos, com o seguinte rodapé : “ Pescadores Portugueses que estão entre os mais duros e astutos entre os pescadores no Atlãntico Norte”(1880).
Pescadores Açoreanos (1880)
Fica agora claro: os portugueses,e em particular os Açoreanos ,já há muito que frequentavam aquelas águas,e até muitos deles,ocuparam lugares de capitães de schoonners,algumas mesmo ,sua propriedade.
Cap.João Silveira da schoonner Leonor Silveira
Assim torna-se claro, e evidente:
As famílias Bensaúde e Mariano(de origem judaica), já de há muito (cremos de 1845) mantinham relações comerciais com as fisheruies de Gloucester.
E assim ,em 1855, a Bensaúde encomenda um navio de bacalhau que vem comandado por capitão português (açoreano) José Ferreira da Cunha.Logo os irmão Marianos (judeus) fazem encomenda de nova carga de bacalhau : só que agora(1855) ,adquirem ,carga e navio. Este, o hiate SparK capitaneado pelo. mesmo Cap.Ferreira da Cunha,será rebaptizado Julia I (O capitão Cunha era familiar dos Goularts ,irmãos Marianos).
Julia I
O Julia I era uma escuna hiate de dois mastros.Acabou por ser transformado (1895)em Portugal ,num lugre de três mastros, armando na Figueira da Foz.
Os irmãos Bensaúde, entretanto, adquirem uma escuna inglesa( “Hydranta”) rebaptizando-a “Creoula”.E em 1873, adquirem o lugre “Argus”,para em 1889, adquirirem a escuna “Hortense”. Face aos bons resultados mandam construir, em
S .Pedreo de Moel o patacho “Social”.Em 1873, uma escuna de nome “Dauphin” vai á praça nos Açores. Bensaúde compra-a ,mantendo-a na pesca da baleia. Em 1874 muda-lhe o nome para “Gazela”,enviando-a para Lisboa onde sofrerá total remodelação nos estaleiros de J.Mendes ,em Setubal.E o “Gazela”irá pela primeira vez ao bacalhau comandado pelo cap. Paulo Bagão.
Por sua vez os Marianos, compram o patacho “CorriD.Allen”rebaptizando-o “Júlia II”. Em Março de 1889,adquirem o hiate “Julia III”(que tinha sido construído em Fão.
O Cap. Ferreira da Cunha resta em Portugal e passa a ocupar lugar na Administração do Mariano & Irmão , que irá passar a “Atlântida”,fixada na Figueira da Foz.
Senos da Fonseca
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