sábado, agosto 01, 2020



Batalhão Guarda Municipal


(Nota: Na Vista-Alegre tem aparecido grupo de interessados, muito activos, gerando uma dinâmica muito interessante,no ponto de vista cultural,artistico e outros.Relembro uma folha distinta do seu passado evocando o  Batalhão dos Artistas da Viosta -Alegre que tanto se distinguiu e afirmou

nas lutas liberais,especialmente na Patuleia)


Em 29 de Março de 1834, é criada a Guarda Nacional, fixando-se que a mesma deveria instituir um batalhão em cada concelho. Batalhão esse que vem a organizar-se em Ílhavo, em 1836, ocupando os cargos de comando, por eleição municipal, o tenente-coronel Luís António Lomba, o major Francisco Monteiro e o ajudante António José da Rocha. Para capitão da 2ª companhia foi escolhido José Ferreira da Cunha, um bravo que muito se distinguiria na justeza de carácter, na rectidão de princípios e na ousada valentia [1]que patenteou em momentos críticos da política local.
Em 13 de Setembro de 1836, a Câmara Municipal faz a aclamação, com toda a solenidade, da Constituição de 1822.Aclamação que, registe-se, teve lugar apenas três dias depois da realizada em Lisboa, antecedendo o mesmo acto que viria a ser realizado no Porto, a 17 de Setembro do referido ano. Por esta revolução destituía-se a Carta Constitucional ,partindo-se para a formulação da Constituição de 1838 que aparece referida no brasão da bandeira do Batalhão de Ílhavo.
Por esta revolução destituía-se a Carta Constitucional, partindo-se para a formulação da Constituição de 1822,aclamação que ,registe-se teve lugar apenas  dias depois de realizada em Lisboa, antecedendo o mesmo acto que viria a verificar-se no Porto a 17 de Setembro do mesmo ano.
Destas contradições, muito embora a carta se tenha mostrado flexível e tenha respondido aos mais diversos compromissos políticos, o referido suporte constitucional não suportará a ânsia de mudança motivada pelas rupturas entre os sistemas sociais e políticos e, assim, em 1838, aparece a Constituição Setembrista, cuja intenção seria a de reconduzir o sistema aos princípios democrá- ticos, mas que teria uma vigência curta, de menos de quatro anos.
Em 1846, depois de uma reorganização em que fundamentalmente se instituiu que os coman-
dantes não fossem eleitos pelos municípios, mas sim pelo governo, o batalhão de Ílhavo passa, a partir de 26 de Agosto de 1846, a ser comandado por Alberto Pinto Basto que, em Outubro do mes- mo ano, lhe muda o nome para Batalhão da Vista- Alegre, título que lhe foi conferido pela Junta do Povo de Ílhavo, vindo também a ser conhecido por 1º Batalhão dos Artistas.
E é deste período que se conhece a intervenção do batalhão nas lutas liberais, quando as populações de Ílhavo e de Aveiro, sob o comando de João Carlos do Amaral Osório e Sousa, 2º Visconde de Almeidinha, do Morgado da Sr.ª da Nazaré,  juntam aos setembristas do Porto, no pronunciamento do Minho contra o golpe palaciano de D. Maria, considerado uma traição da corte, marchando sobre o Porto, posicionando-se em Vila Nova de Gaia. A 28 de Outubro desse ano pode ler-se em O Nacional:
Ontem perto da noite tivemos nós, os portu gueses, a satisfação e a honra de ver entrar nesta cidade, o honrado e valente general visconde de Sá da Bandeira, à frente de alguns batalhões nacionais de Ílhavo e da Vista- Alegre (O Nacional, n.º 130).

                                                                                            Bandeira do Batalhão de ìlhavo
Foi este o batalhão que acompanhou Sá da Bandeira na acção de Valpaços (Val-de-Passos), tentando atrair o inimigo para fora das muralhas de Chaves. Desta acção valorosa nas lutas turbulentas do século XIX ,serão atribuídas ao batalhão de Ílhavo, por portaria de 22 de Novembro de 1846, quatro Medalhas do 1º grau da antiga e muito nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor Lealdade e Mérito pelos serviços prestados em Val-de-Passos. O fim do regime monárquico começava então a delinear-se.


              

Senos da Fonseca


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