Fim de tarde de 25 Abril de 2023
Não tenho emenda.Talvez,é verdade, nunca a tenha querido.Vivo cada dia,cada hora, intensamente. Às vezes, com e por coisas que já nem valem a pena (por mim ou para mim).
Todo esse tumulto sinto-o, gasta-me profundamente. Vivo como se arcasse com todas as culpas do mundo,parecendo que chego sempre atrasado ao fim dos meus sonhos.
Este dia de Abril,foi o primeiro em que sinto já nada poder fazer,de útil,para atrasar a besta fascista.E ela está aí.Como nunca se mostrou : tão desafiadora !. A exigir uma pega de caras
O rebanho começa a acovardar-se.Esta nova ameaça tem muitas cores misturadas,Por isso dificil de compreender até onde quer ir. Usurpadores do cravo ,ontem,pregado na lapela só por um dia, misturam-se hoje, já não se descortinando por que lado começa o circulo. Os extremos deram a chamada volta do cão.
Hoje apenas me parece bem viva a memória que retenho do tempo em que acreditávamos:FASCISMO NUNCA MAIS....ABRIL SEMPRE!...
Mito?!
Talvez não.
Poema que,afinal, nunca acabei....porque sempre o quis incompleto.Inacabado....E assim era feliz....
Inacabado mas nunca transfigurado.....
E assim, depois de muito hesitar, acabei por fazer o meu « poema ?!!!!!» o 49º de Abril.
Para cumprir ABRIL.... magoado? desalentado? Talvez incómodo: deveria ter guardado só para mim ,o desalento. meu....
SF
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ABRIL 2023
Não sei se anunciadora de morte.
Ou de nada mais que ilusão perdida,
Absurdamente traída.
Tarde de melancolia carpida,
Daquele que foi
O dia de todas as alegrias vividas.
A minha alma de hoje
Não é igual à alma de “ontem”.
Hoje já não há gritos, já não há cantares,
Já não há palavras incontidas
Nem novo futuro sonhado .
Na minha alma de ontem soava
Num tambor feito de prata
Do tamanho do meu país,
O grito da Liberdade,
Então conquistada.
Hoje sai dele um trémulo tlim-tlam
Triste aviso de negros augúrios
Advinhados.
SF 2023
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