quarta-feira, maio 02, 2007


Finalmente

ENSAIO MONOGRÀFICO DE ÌLHAVO SécX –Séc. XX



E pronto .

Está definitivamente marcada a data de 31 de Maio, para a apresentação do livro
« Ensaio Monográfico de Ílhavo».

UF!!!...

Não da maneira que pretendia ,embora comece a perguntar-me se não é lirismo a mais da minha parte ,continuar a pregar aos peixes no deserto

A Editora pretende que a apresentação seja feita ,primeiro em Aveiro ,e só depois –se eu o quiser – em Ílhavo . Tem certamente razão.

Eu é que estava com os habituais pruridos :o livro foi feito ,em homenagem às gentes de Ílhavo –por Elas e para Elas !- e por isso pretendia que a ordem de apresentação fosse diferente.Mas a realidade é o que é .
Ìlhavo ?...porquê…. se nem uma Livraria digna desse nome tem ,disseram-me.E se está proibido de o apresentar na Biblioteca ou outro desses locais ,porquê?


Chegado aqui o que me apetece dizer ?

1- Que estou feliz de ter conseguido chegar ao fim Poucos imaginam os sacrifícios feitos para tal .Foi o culminar de uma vida ,que teve sempre em vista ,indiferente a todos os sacrifícios , em construir algo que fosse útil para os meus concidadãos .As minhas contas de cidadania , estão inteiramente saldadas

2- Que os aspectos que voltam a revestir a apresentação deste livro ,trazem a lembrança dos tempos inquisitoriais .Só não vou para a fogueira ,porque os tempos são outros e há outras maneiras de cozer em lume brando.

Oxalá ,ao fim e ao cabo ,corra tudo bem .Pelo menos farei por isso

Recupero ,para aqui a «INTRODUÇÃO » ao Ensaio .Porque acho que vale a pena .


1. O que é, ou pretende ser, este livro ?
Tão só o diário de bordo de uma viagem através dos tempos, embarcado como moço na grande aventura das gentes desta terra.


.....Ainda Portugal não tinha nascido, e já eu «assistia» ao lavrador descendo à borda, para ali, em jeito de garimpeiro com o botirão, procurar pitadas para acrescento à avara produção dos encharcados terrenos, que, lá no Cimo, surribava ; «descobri-os» a receber - e a aceitar - os que vieram fundear ali na borda, gente mais rude mas como eles disposta a vencer o desafio esgotante de investir contra o meio que, parecendo ingrato, continha, contudo, promessas escondidas no seu ventre ; depois «vi-os» já cidadãos da Pátria - ainda mal esta se sustinha de pé -, (já) apostados em participar num futuro colectivo; «com eles» assisti ao nascer da laguna, e vi-os exauridos a disciplinar a água informe, engolfados em artes de suada magia, a transformar a água na flor alva do sal ; «embarquei com eles» na primeira grande aventura da faina maior, quando o mar era ainda tenebroso, e infindas as suas distâncias - mar nunca dantes navegado! ; «com eles» saltei para a borda e «com eles» fui vogando, mar abaixo, em procura de novos pousios que servissem de alimento para a sua sede de aventura - passando a Taprobana, além do cabo vicentino ; «vi-os» esperar por nova arremetida aos bacalhaus; e enquanto para tal se aprontavam, «entrevi» os que por cá ficavam no cais a rasgar novos horizontes do saber, -desejosos de poder querer -, inquietos na construção de uma nova ordem num novo País - que queria poder ser.
E quando pousei o saco no cais para receber a cédula de desembarque, olhei nostálgico - meu pranto feito doce canto - para aqueles deuses, com a consciência lúcida e perene, no convencimento de que não sendo o que já fomos, poderemos ainda ser o que quisermos. Se o ousarmos, pois que não - importa chegar, mas sim partir…
Ousaremos?!...


3. Não sei se as novas gerações vão procurar o futuro baseando-se numa identidade que veio de trás, de muito longe. Quero acreditar que sim… À cautela deixo-lhes o meu testemunho do que fomos, não para que acreditem, mas para que o discutam.
Para que esta terra - não seja só lugar de estar, mas de ser.


4. Foi um trabalho desarcado. Por vezes esgotante, obsessivo. Uma procura desenfreada por tudo quanto era fonte de recolha de indícios. Não tive - que isso fique claro ! - qualquer intenção de desilustrar o trabalho de outros ; mas tão só o de corrigir o que julgo ser evidência estar errado : e assim, equacionar novas hipóteses para aquilo que foi a ampliação do nosso espaço colectivo, feito pela desmedida inquietação das gentes que o enformaram. A memória do seu quotidiano empolgou-me, fascinou-me, fazendo despertar em mim uma insaciável curiosidade para rastrear, passo a passo, a sua história, para desse modo melhor a degustar. Pena que para a contar - me falte engenho e arte .
Por muito pouco que um individuo saiba, pelo menos a história da sua Terra, essa, deve sabê-la. É o mínimo exigível.

Aladino /Senos Fonseca

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