quinta-feira, agosto 14, 2008




Os novos Califas


Dois dos maiores problemas com que se defronta o mundo, residem:

-na Globalização

-no fanatismo religioso
.

Sobre a Globalização já aqui reflecti por diversas vezes, a última das quais, ainda recentemente, no blog de 25 de Julho.

Abordemos o segundo.

Um novo livro de Hugh Kennedy - «La Corte de los Califas»- induz-me a reflectir sobre observação própria, que sempre me intrigou e me despertou a atenção.

Em vários e múltiplos contactos com gentes árabes, por razões de relacionamento comercial, que me obrigaram a visitas constantes a Marrocos, Tunísia e Argélia, dei por mim especado, mas atento, a observar o quanto o vulgar cidadão, árabe, tinha de culto na questão religiosa. Observei com curiosidade que o Corão era sabido, evocado, reproduzido, e até levado à regra,pelo comum cidadão, com um conhecimento absoluto e pormenorizado de toda a complexidade e emaranhado dos seus ensinamentos, o que a meu ver contrastava com o (comum) praticante cristão ocidental, que por norma tem um conhecimento, vago e distante, da Bíblia.

Isso suscitou o meu interesse por compreender um pouco o islamismo.

E do que me fui apercebendo impressionou-me como foi possível, no séc.VII e VIII, àqueles povos árabes, dominarem e propagarem o islamismo do Profeta, por fronteiras tão longínquas e distantes como as do Império Persa, as províncias bizantinas da Síria e Egipto etc.etc Um mundo gigantesco, que ia do Atlântico à China. E fui observando que feita essa guerra das conquistas, como se tratasse de uma Guerra Santa levada a cabo em nome do profeta, me pareceu haver similitudes com a expansão da fé cristã, em nome da qual, mais tarde, os portugueses fizeram crer, ser essa, a intenção primeira da descoberta de novos mundos. Ora, o certo é que hoje se tem plena consciência - e conhecimento -de que, quer uns, quer outros, fizeram-no apenas por meros interesses comerciais, que se sobrepuseram aos fins religiosos.


Maomé e os Califas


Impressionou-me, e dei conta disso no « Ensaio»,a questão dos moçárabes na Península. Apercebi-me que os conquistadores árabes eram, afinal, honoráveis e tolerantes vencedores (para o tempo!).De facto, depois da conquista, os muçulmanos convidavam(?!) as populações a absorver o islamismo,aceitando, compreendendo, e até tolerando, aqueles que não o desejassem fazer.Aceitando que em troca do pagamento de uma taxa ,pudessem conservar a sua fé, e manter os seus ritos. Encontrei com espanto a referência ao facto de, em alguns templos da Península -caso da igreja de S.Miguel, em Aveiro - se praticar, eventualmente, o culto simultâneo do cristianismo e do islamismo.

E assim como aconteceu na Península Hispânica, onde houve convivência entre as duas religiões, também no Egipto se verificou a convivência com os coptos; e na Palestina com os judeus. Assim parece que, paulatina e de um modo inteligente, a adesão massiva ao Corão foi-se fazendo, nos primeiros séculos da expansão, parecendo não haver grande pressa nisso.

"O Profeta"

Apercebi-me como na religião islâmica existe uma especial protecção contra a pobreza extrema. E apercebi-me, ainda, do extraordinário desenvolvimento cientifico daqueles povos, na época da expansão, especialmente –para mim gratificante –da matemática ,da navegação, da construção naval etc. Um extraordinário conhecimento cientifico -que muito útil nos foi! – que contrasta com o estado de uma certa indigência intelectual, hoje patente nestes povos, que parecem querer emergir ,embora nem sempre pelos bons meios, e boas práticas, para atingir esse fim.

É esta reflexão que me leva a ter um pouco de esperança de a actual jhiad possa, ainda, ser despida do fanatismo exacerbado do fundamentalismo religioso que a comanda e parece ser seu objectivo final :- a destruição dos valores ocidentais. E que desse modo se possa voltar à convivência com um islamismo que na sua essência é bem diferente da imagem que hoje dele temos, fruto das práticas abomináveis de alguns dos seus novos califas bem diferentes daqueles da corte de Maomé.


Aladino

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