sexta-feira, setembro 21, 2012


Ora digam lá…..
  Ultimamente têm circulado na Internet excertos  de textos provindos da pena  de monstros sagrados das escrita portuguesa: Eça ,inimitável na forma e conteúdo, ironicamente certeiro e contundente como nenhum outro, um  «farpador» exímio;  Torga ,telúrico, de uma tempera vibrátil, de uma força impetuosa   e vivência ofegantes ; Saramago, inconformado  fugitivo  de uma cegueira colectiva,   questionador  do iberismo na  europa dos ricos,um «Blimunda» vidente dos novos tempos . Catando esses nacos de prosa excelentes, vivos e contundentes,  cola-se o seu conteúdo  a uma leitura dos tempo actuais de crise profunda. Crise de um País à beira do soçobro, por infantilidade de uns impreparados politicos, inconscientes rapazotes que foram conduzidos a uma ratoeira  ideológico ,soberanamente montada, onde uns poderosos de rosto desconhecido, mas intenções escandalosamente bem conhecidas, pretendem,de uma vez,  vergar a dignidade do «trabalho». A luta de classes levada ao extremo.
 Se a referida crise serviu ao menos para reencontro com   as preciosidades literárias –ricas e ajustadas – dos  nossos maiores ,então ironicamente, poderemos dizer que nem tudo foi mau.
Depois :a barricada é lá em baixo na rua da  Bistega, indicava Eça.O (des)governo está morto e embalsamado.
Ora o certo é que eu sempre me deslumbrei –e por isso li e releio, assiduamente- aquele que para mim é,inquestionavelmente, o príncipe das letras lusas ,o P. António Vieira(sendo eu um descrente absoluto,o que não me impede de o eleger,príncipe dos príncipes).Ler Ant.Vieira cria-me sempre fervor e amargura.A amargura advém de me sentir canhestro e desprezivel escrevinhador de horas (e matérias) vagas. O fervor está em  em descobrir,permanentemente, um deslumbrante exercício de retórica humanista indestrutivel.Nem sequer confrontável. 
Não é preciso ir muito longe na sua leitura para encontrarmos quadros ,eles também, assustadoramente ,actuais.
Retiremos um ….
A primeira coisa  que me desedifica (…) é que vós vos comeis uns aos outros. Não só vos comeis uns aos outros ,senão que os grandes comem os pequenos .Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comerem os grandes bastará um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem ,nem mil para um só grande.
(….) porque a  a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos ,os que menos podem(…) são os comidos.(P .A.V.)
Oram digam lá,que não é actual.
SF
SF

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